Reproduzo artigo de Mino Carta, publicado na revista CartaCapital:
Ocorre-me recordar Claudio Marques, que se dizia jornalista como tantos outros dispostos a enganar o público e, eventualmente, a si próprio. Assinava uma coluna no Shopping News, jornal publicitário de circulação gratuita na São Paulo de 1975. Tempo de ditadura e de recrudescimento do Terror de Estado após o discurso dito “da pá de cal”, pronunciado no começo de agosto pelo ditador Ernesto Geisel para avisar aturdidos navegantes que “a distensão lenta, gradual, porém segura” haveria de sofrer uma interrupção. Foi nesta ocasião que Ulysses Guimarães, em pronunciamento na Câmara, comparou Geisel a Idi Amin Dada.
Pois Claudio Marques, caçador de comunistas agachados atrás de cada esquina, passava seu tempo a denunciar os vermelhos comandados por Vlado Herzog, a cujos cuidados estavam entregues os programas noticiosos da TV Cultura. Marques contava com a aprovação ampla, geral e irrestrita do DOI-Codi, ex-Operação Bandeirantes, e foi enfim premiado com a prisão, ou melhor, o sequestro dos jornalistas alvejados, a começar por Herzog, assassinado pelos torturadores no mesmo dia em que deu entrada no quartel do DOI-Codi. Dia 25 de outubro, um sábado.
Os tempos mudaram, felizmente. Não há mais torturadores e porões para hospedá-los e aos seus instrumentos, por exemplo. Há, entretanto, herdeiros de Claudio Marques afinados com os dias de hoje e ainda velhacos e daninhos. A semelhança entre o caçador de comunistas a serviço do DOI-Codi e esses jornalistas (jornalistas?) é percebida pela obsessiva preocupação que cultivam desde a primeira eleição de Lula com a quantidade de anúncios governistas nas páginas de CartaCapital. Trata-se, obviamente, de uma ofensa gravíssima ao pretender insinuar, com leveza de britadeira, que vendemos a alma ao Sapo Barbudo. Alguém, no meio da tigrada, proclama: CartaCapital não tem credibilidade.
Não ouso afirmar que a vice-procuradora da Justiça Eleitoral Sandra Cureau (pronuncie Quirrô) seja sucedâneo do DOI-Codi. Creio, porém, que na sua ação inquisidora desfechada contra esta publicação ela tenha levado em conta as aleivosias assacadas contra nós por sem-número de colegas (colegas?), embora não tenha dúvidas quanto à origem tucana da assoprada final e decisiva: o candidato José Serra gosta de dar telefonemas. Assim como não me abalo a crer que o nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff seja determinante. Obrigatórios sim, a definição e seus motivos desde o começo da campanha oficial, como se dera em 2002 e 2006 em relação a Lula. Dever para com os eleitores.
Registro que o Estadão no domingo 26 decidiu desvendar a evidência. Um humorista diria: surpresa, estão com o Serra, e eu que até ontem não tinha percebido. Melhor o Estadão, de todo modo, do que o resto da tropa de choque, Globo, Folha, Veja, a agirem como partido político, conforme a óbvia constatação do presidente da República. Barack Obama foi além quando disse que não daria entrevista à Fox porque esta não era órgão midiático e sim “partido político”.
Lula errou, na nossa visão, ao afirmar: “A opinião pública somos nós”. A frase é certamente perigosa. Da mesma forma foi erro incluir tempos atrás no programa de governo a criação de uma entidade destinada a classificar os órgãos da mídia ao sabor dos seus comportamentos em relação aos direitos humanos. Esta não é tarefa governista, e CartaCapital não usou meias-palavras na ocasião para condenar a iniciativa. Diga-se que o prato indigesto saiu prontamente do cardápio, graças a uma barganha lamentável pela qual se fez a felicidade dos torturadores da ditadura e dos seus mandantes, muitos já no além, ao aceitar a ideia da anistia polivalente.
CartaCapital reprovou também a criação de uma tevê pública federal por enxergar de saída o seu inescapável destino: servir ao poder contingente, como se dá com a Cultura paulista, em mãos tucanas há 16 anos. Resta ver se o Brasil estaria maduro para uma tevê estatal, nascida do entendimento de que esta há de ser uma instituição permanente a servir à nação em lugar do governo do momento. Sinceramente, não aposto nesta maturidade.
O fenômeno que mais me aflige põe-se, no entanto, a propor por quês. Por que os profissionais da mídia nativa aderem tão compacta e fervorosamente ao pensamento dos patrões? Por que lhe tomam as dores como se eles mesmos pertencessem à categoria? Uma premissa. Em termos econômicos, a situação nas redações é semelhante àquela da população brasileira em geral. Os jornalistas graúdos, assinaturas celebradas, ganham mais que os colegas americanos e europeus, e nem se fale dos salários da nossa televisão. Astronômicos, trafegamos entre nababos. Na zona cinzenta flutuam os remediados. À ralé sobra esperança. A maioria dos recém-formados não tem emprego. Este, ninguém que conseguiu quer perder.
Pode-se concluir que os graúdos curvam-se diante da generosidade patronal enquanto os miúdos em tempos bicudos contentam-se com as migalhas? Talvez a explicação valha em relação a muitos casos graúdos e miúdos. Mas há que se ressaltar, em relação a outros, o ardor com que assumem os interesses do patrão. Estamos diante de uma identificação visceral, a ponto de justificar, no meu ponto de vista, uma investigação profunda a se valer das lições de Balzac e de Freud. Ambos ficariam muito impressionados, creio eu, ao registrar que os profissionais nativos chamam o patrão de colega, e nisto são únicos no mundo. Quem sabe mais ainda Balzac do que Freud.
No mais, vale acentuar que esta unicidade, esta exclusividade, invade outros terrenos. Um: o nosso sindicato se dispõe de bom grado a oferecer aos empresários da comunicação carteirinha de jornalista. Dois: sem falar da mediocridade dolorosa, a nossa mídia é única na sua capacidade de se alinhar de um lado só na hora de uma eleição, por exemplo. E não somente nesta. Mundo democrático afora vigora o pluralismo que a Folha de S.Paulo, com inefável hipocrisia, afirma existir em suas páginas. Nos Estados Unidos, no Reino Unido, na França, na Alemanha, só para citar alguns países, tem vez o jornalismo de todas as tendências. Aqui não, só existe uma, a favor da minoria privilegiada.
O que espanta é a tenacidade com que essa mídia permanece atada ao passado oligárquico. Os editoriais de hoje são absurdamente iguais àqueles de 47 anos atrás, que invocavam o golpe para impedir a cubanização do Brasil. Agora falam em mexicanização e venezuelização, e clamam contra o assalto à democracia e à liberdade de imprensa, perpetrado pelo presidente da República e seu partido e fadado a prosseguir à sombra de Dilma Rousseff.
Durante o ano de 1963 e nos primeiros meses de 1964 anunciavam a iminente marcha da subversão. Nunca passou. Veio foi a Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade, de imponentes efeitos subversivos. E lá se foi a liberdade, com a bênção dos editorialistas. Os quais aí estão agora para prestar seu solerte serviço. Salvo raras exceções, editorialistas, colunistas, articulistas. Diretores, redatores-chefes, editores, repórteres. A turma toda.
Os colegas do lado de lá, um exército, prestam-se a acusar sem provas, omitir fatos, frequentemente mentir com a expressão do dever cumprido. Encantou-me, na Folha de S.Paulo de segunda 27 a entrevista da vice-procuradora Sandra Cureau, aquela que atendeu a uma entrevista anônima para cometer uma inominável prepotência contra CartaCapital, esta sim, verdadeiro atentado à liberdade de imprensa. Mas a entrevistadora ali estava para agradar à doutora, a ponto de mencionar seus cabelos loiros e olhos azuis. Nem foi capaz, está claro, de uma única, escassa pergunta a respeito da ação movida contra nós.
Recordo que na semana passada manifestamos a certeza de que não contaríamos com a solidariedade dos barões da mídia e dos seus sabujos, bem como das chamadas entidades de classe. Aqueles são mestres em mau jornalismo. Mas será mesmo jornalismo? Quanto a estas, confirmam apenas a sua patética inutilidade. Para não dizer do viés tendencioso, ou francamente alinhado.
Patética é também um bom qualificativo para a atuação da mídia nativa ao longo deste ano, iniciado com a previsão de uma retumbante vitória tucana. E quando se viu que o ardil de Lula funcionava e que Dilma crescia graças inclusive ao seu próprio desempenho, começou a sarabanda.
Não se diga que os velhos morteiros deixaram de funcionar. É inegável, porém, que munição foi oferecida de graça pelo próprio PT, mais uma vez, do seu lado a dar tiros no pé. Está claro que o fogo aberto para denunciar ameaças à democracia e à liberdade de imprensa não passa de tentativa frustrada de invocar fantasmas do passado. Pesou, isto sim, o caso Erenice, no qual se mesclam dois fenômenos tão antigos quanto os fantasmas, contudo resistentes, dois vícios gravíssimos da tradição verde-amarela, dois pecados impredoáveis: nepotismo e clientelismo.
É espantoso: a rapaziada ainda não percebeu que o País mudou em latitude e longitude em relação à época do golpe. Certo é que a mídia detinha amplo poder há 50 anos, quadra favorável à influência dos ditos formadores de opinião. Bastava alcançar os senhores da minoria e seus aspirantes para alcançar os fins buscados.
Desta vez com o segundo turno, a mídia poderá enxergar no resultado um prêmio de consolação. Vale sublinhar, entretanto, que o PT concedeu espaço exagerado aos seus aloprados, como já houve em outras ocasiões, e mostrou, assim, lacunas sérias na organização e na união. Cabe ao presidente da República anotar que muitos dos problemas surgidos para seu governo tiveram sua origem nas fileiras petistas.
Os coronéis ainda mandavam em largas áreas e na hora da eleição lotavam a caçamba do caminhão depois de colocar a cédula preenchida nas mãos dos seus peões. Chamava-se voto de cabresto, e dava certo. Esse gênero de penosas tradições foi tragado pela transformação de um país então de 70 milhões de habitantes e hoje de 200. E com os documentos em dia para chegar logo à maioridade, à contemporaneidade do mundo.
Os senhores não apreciam a perspectiva e torcem contra. Deixa como está para ver como fica. O primeiro ato da debacle foi encenado na eleição de Fernando Henrique Cardoso e no seu segundo mandato. Cabe a ele o papel de primeiro motor da mudança, a ser concretizada no governo Lula.
FHC em 2002 lança sobre seu candidato José Serra uma sombra espessa e maligna. Com baixo índice de aprovação e pífia atuação, de sorte a deixar ao sucessor burras à míngua, o príncipe dos sociólogos torna-se cabo eleitoral de Lula. A maioria tira do governo FHC lições evidentes e parte para a votação inédita, a favor do ex-metalúrgico em vez do costumeiro bacharel engravatado. A identificação com o igual cresce naturalmente, não é imediata nas proporções que fermentarão em seguida.
A maioria não é mais aquela, a pressão dos patrões e dos capatazes não a condiciona e, principalmente, não lê jornal e ao Jornal Nacional prefere a novela e os Faustões da vida. Os editoriais e as manchetes mantêm, contudo, o tom de outrora, na desmiolada convicção de atingir a todos, do Oiapoque ao Chuí.
De todo modo, não nos iludimos quanto à possibilidade de uma redenção da mídia, pelo menos a curto prazo. Os caminhos são conhecidos porque experimentados com ótimos resultados em países mais adiantados. Difícil, por ora, percorrê-los. Trata-se de criar leis para limitar o monopólio da comunicação e conter a influência patronal nas redações, ao se cancelar, inclusive, e de vez, a figura do diretor de redação por direito divino.
Leis nesse sentido estão em vigor em países de democracia mais antiga e protegida. Aqui é dramaticamente visível, como cabo das tormentas em meio ao mar revolto, o obstáculo representado pelo próprio Congresso, que deveria debater e aprovar as novas leis. Inúmeros deputados e senadores são donos de instrumentos midiáticos e não é por aí que rapidamente chegaremos a uma solução aceitável, assim como não seria se o governo pretendesse ditar as regras.
Sobram perguntas, angustiantes: o que haverá de ler, ou ouvir, o cidadão consciente quando interessado em saber dos fatos? Em quem confiar no espectro sombrio da mídia nativa? Como distinguir entre a informação honesta e a opinião eventualmente distorcida, corrompida até pelo partidarismo?
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segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Rage Against the Machine, o MST e TV Globo
Reproduzo matéria publicada no sítio do MST:
O Rage Against the Machine fez uma apresentação no Festival SWU, em Itu, na noite deste sábado. Zack de la Rocha, vocalista da banda, dedicou a música "People of the sun" ao MST. Ele disse o seguinte: "Esse som vai para os irmãos e irmãs do MST: People of the sun".
Durante a música "Wake Up", o guitarrista Tom Morello vestiu o boné do MST. Misteriosamente, a TV Globo cortou a transmissão que fazia ao vivo da apresentação.
Durante encontro com militantes do MST, Zack de la Rocha afirmou que vai doar parte do cachê da banda ao movimento. "O MST tem uma experiência muito importante de solidariedade humana e na criação de espaços fora do modelo capitalista, e é muito importante para muitos de nós que, nos EUA, que estamos lutando pelas mesmas coisas. Eu acho que MST já criou um exemplo maravilhoso de luta por justiça social e econômica, é um grande exemplo para nós", declarou.
O Rage Against the Machine é uma banda de rock norte-americana, uma das mais influentes e polêmicas da década de 1990. Uma forte característica é a mescla de hip-hop, rock, funk, punk e heavy-metal, com letras enérgicas e politizadas.
Junto com a música de protesto, demonstraram a luta pela causa política, contra a censura, a favor da liberdade e em defesa dos mais pobres.
O som do grupo é bastante diferenciado, devido ao estilo rítmico e vocal de Zack de la Rocha e as técnicas únicas de Tom Morello na guitarra.
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O Rage Against the Machine fez uma apresentação no Festival SWU, em Itu, na noite deste sábado. Zack de la Rocha, vocalista da banda, dedicou a música "People of the sun" ao MST. Ele disse o seguinte: "Esse som vai para os irmãos e irmãs do MST: People of the sun".
Durante a música "Wake Up", o guitarrista Tom Morello vestiu o boné do MST. Misteriosamente, a TV Globo cortou a transmissão que fazia ao vivo da apresentação.
Durante encontro com militantes do MST, Zack de la Rocha afirmou que vai doar parte do cachê da banda ao movimento. "O MST tem uma experiência muito importante de solidariedade humana e na criação de espaços fora do modelo capitalista, e é muito importante para muitos de nós que, nos EUA, que estamos lutando pelas mesmas coisas. Eu acho que MST já criou um exemplo maravilhoso de luta por justiça social e econômica, é um grande exemplo para nós", declarou.
O Rage Against the Machine é uma banda de rock norte-americana, uma das mais influentes e polêmicas da década de 1990. Uma forte característica é a mescla de hip-hop, rock, funk, punk e heavy-metal, com letras enérgicas e politizadas.
Junto com a música de protesto, demonstraram a luta pela causa política, contra a censura, a favor da liberdade e em defesa dos mais pobres.
O som do grupo é bastante diferenciado, devido ao estilo rítmico e vocal de Zack de la Rocha e as técnicas únicas de Tom Morello na guitarra.
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Serra: escola ruim é culpa dos “migrantes”
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Eu ainda trabalhava na Globo, em 2006, quando Chico Pinheiro e Carla Vilhena fizeram uma bela entrevista no SPTV 1 (noticiário local que vai ao ar na hora do almoço) com José Serra – então, candidato a governador pelo PSDB. Entrevista dura, com perguntas firmes, mas respeitosas. E agiram assim, igualmente, com todos os candidatos a governador.
No meio da entrevista, Serra deixou escapar uma frase curiosa: culpou os “migrantes” pela falta de qualidade da escola paulista. Um tremendo ato falho. A elite paulista – e parte dos tucanos – nutre preconceito pelos nordestinos.
A entrevista pode ser vista aqui. O trecho sobre os “migrantes” está aos 5 minutos e 45 segundos.
O povo simples do Nordeste, e os nordestinos que vivem em todo o país, merecem saber disso, merecem assistir essa entrevista.
É preciso entender o que é hoje o núcleo duro do PSDB (que já não guarda relação com o ideário generoso – ainda que moderado – de Covas, Montoro e outros): é um partido voltado e dominado pela elite paulista.
PSDB é São Paulo. PSDB é a elite de São Paulo que não gosta de nordestino.
E o Serra, na entrevista de 2006, revela isso.
No dia da eleição mesmo, último 3 de outubro, minha irmã recebeu mensagem de uma conhecida (filha da classe média paulistana), que dizia o seguinte: “Pena que Tiririca não ofereceu passagem para os eleitores dele voltarem ao estados de origem. Seria um milhão a menos de ‘pessoas’ em São Paulo”.
Esse é o pensamento de boa parte dos eleitores do PSDB em São Paulo. Se pudessem, mandariam os nordestinos de volta.
Você não precisa gostar da Dilma ou do PT para votar contra Serra no segundo turno. Basta compreender que tipo de interesse Serra representa.
Voltando à entrevista de 2006, lembro bem: Serra saiu do estúdio da Globo furioso. Talvez por isso, pouco tempo depois, numa outra entrevista que iria ao ar no SP-TV 2 (edição da noite), o jornalista Carlos Tramontina recebeu ordens expressas do Rio de Janeiro, para cortar as perguntas duras. Aliás, recebeu do Rio exatamente as perguntas que deveriam ser feitas. A equipe do jornal ficou muito chateada, lembro bem. Porque até ali todas as entrevistas tinham sido feitas com liberdade – como aquela do Chico e Carla Vilhena.
Mas é que a Globo, sob Ratzinger, virou sucursal do projeto serrista de poder. Ou seria o contrário?
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Eu ainda trabalhava na Globo, em 2006, quando Chico Pinheiro e Carla Vilhena fizeram uma bela entrevista no SPTV 1 (noticiário local que vai ao ar na hora do almoço) com José Serra – então, candidato a governador pelo PSDB. Entrevista dura, com perguntas firmes, mas respeitosas. E agiram assim, igualmente, com todos os candidatos a governador.
No meio da entrevista, Serra deixou escapar uma frase curiosa: culpou os “migrantes” pela falta de qualidade da escola paulista. Um tremendo ato falho. A elite paulista – e parte dos tucanos – nutre preconceito pelos nordestinos.
A entrevista pode ser vista aqui. O trecho sobre os “migrantes” está aos 5 minutos e 45 segundos.
O povo simples do Nordeste, e os nordestinos que vivem em todo o país, merecem saber disso, merecem assistir essa entrevista.
É preciso entender o que é hoje o núcleo duro do PSDB (que já não guarda relação com o ideário generoso – ainda que moderado – de Covas, Montoro e outros): é um partido voltado e dominado pela elite paulista.
PSDB é São Paulo. PSDB é a elite de São Paulo que não gosta de nordestino.
E o Serra, na entrevista de 2006, revela isso.
No dia da eleição mesmo, último 3 de outubro, minha irmã recebeu mensagem de uma conhecida (filha da classe média paulistana), que dizia o seguinte: “Pena que Tiririca não ofereceu passagem para os eleitores dele voltarem ao estados de origem. Seria um milhão a menos de ‘pessoas’ em São Paulo”.
Esse é o pensamento de boa parte dos eleitores do PSDB em São Paulo. Se pudessem, mandariam os nordestinos de volta.
Você não precisa gostar da Dilma ou do PT para votar contra Serra no segundo turno. Basta compreender que tipo de interesse Serra representa.
Voltando à entrevista de 2006, lembro bem: Serra saiu do estúdio da Globo furioso. Talvez por isso, pouco tempo depois, numa outra entrevista que iria ao ar no SP-TV 2 (edição da noite), o jornalista Carlos Tramontina recebeu ordens expressas do Rio de Janeiro, para cortar as perguntas duras. Aliás, recebeu do Rio exatamente as perguntas que deveriam ser feitas. A equipe do jornal ficou muito chateada, lembro bem. Porque até ali todas as entrevistas tinham sido feitas com liberdade – como aquela do Chico e Carla Vilhena.
Mas é que a Globo, sob Ratzinger, virou sucursal do projeto serrista de poder. Ou seria o contrário?
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A "neutralidade" sórdida de Josias de Souza
Reproduzo artigo de Brizola Neto, publicado no blog Tijolaço:
O blog de Josias de Souza, sob o pretexto de noticiar uma baixaria que está circulando na internet, ajuda a espalhá-la. Porque acusações de caráter sexual, ou têm uma autoria a quem possa ser atribuída – e imputada a devida responsabilidade – ou não se divulga.
Dar curso a notícia que se sabe falsa, mesmo dizendo - e sem a devida ênfase – que é falsa é fazer o jogo do boateiro anônimo e covarde.
Se, amanhã, algum anônimo fizer afirmações falsas de teor sexual contra José Serra, todos os que o divulgarem estarão metidos no jogo sujo.
E tenho certeza que o jornalista será o primeiro a não expor um homem a tal sordidez.
Esperava-se, no mínimo, o mesmo em relação a uma mulher.
Mas na hora em que se trata do que disse – e disse mesmo, saiu publicado nos jornais, sem desmentido – a mulher de José Serra, o cuidado é outro. Primeiro, ao falar que a difusão de panfletos associando Dilma ao aborto está em curso, diz que “teria sido distribuído em templos evangélicos do Rio”, enquanto o seu próprio jornal afirma que estes panfletos foram distribuídos até na reunião do PSDB. E a declaração de Monica Serra, cuja notícia reproduzo aqui do site do Estadão, sem que tivesse havido desmentido ou pedido de desculpas, é tratada no condicional:
“Sua esposa, Mônica Serra, disse o seguinte: ‘A Dilma é a favor da morte de criancinhas’.” (a fala de Dilma)
Mônica teria dirigido o comentário a um eleitor, durante caminhada pelas ruas de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ). Coisa do mês passado.
Serra esquivou-se de responder. Presente à platéia da TV Bandeirantes, Mônica não se deu por aludida. Disse que não sabe do que Dilma está falando.”
Quer dizer, fica tudo sem uma posição. Não é uma suposição, boato, nem mesmo é uma acusação. É um fato, uma declaração pública, não desmentida. Mas é tratada com indulgência fraternal.
Eu gostaria de saber como reagiria a nossa purista mídia diante de um coluna que, depois de abordar boatos mentirosos sobre uma suposta homossexualidade do candidato da direita, abordasse uma declaração pública de um dirigente da campanha de Dilma de que Serra ” é a favor de matar as criancinhas”. Tenho certeza que haveria – com justíssima razão – uma enorme grita contra a irresponsabilidade de quem o fizesse.
Mas contra Dilma, vale tudo, inclusive a sordidez disfarçada de “neutralidade”.
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O blog de Josias de Souza, sob o pretexto de noticiar uma baixaria que está circulando na internet, ajuda a espalhá-la. Porque acusações de caráter sexual, ou têm uma autoria a quem possa ser atribuída – e imputada a devida responsabilidade – ou não se divulga.
Dar curso a notícia que se sabe falsa, mesmo dizendo - e sem a devida ênfase – que é falsa é fazer o jogo do boateiro anônimo e covarde.
Se, amanhã, algum anônimo fizer afirmações falsas de teor sexual contra José Serra, todos os que o divulgarem estarão metidos no jogo sujo.
E tenho certeza que o jornalista será o primeiro a não expor um homem a tal sordidez.
Esperava-se, no mínimo, o mesmo em relação a uma mulher.
Mas na hora em que se trata do que disse – e disse mesmo, saiu publicado nos jornais, sem desmentido – a mulher de José Serra, o cuidado é outro. Primeiro, ao falar que a difusão de panfletos associando Dilma ao aborto está em curso, diz que “teria sido distribuído em templos evangélicos do Rio”, enquanto o seu próprio jornal afirma que estes panfletos foram distribuídos até na reunião do PSDB. E a declaração de Monica Serra, cuja notícia reproduzo aqui do site do Estadão, sem que tivesse havido desmentido ou pedido de desculpas, é tratada no condicional:
“Sua esposa, Mônica Serra, disse o seguinte: ‘A Dilma é a favor da morte de criancinhas’.” (a fala de Dilma)
Mônica teria dirigido o comentário a um eleitor, durante caminhada pelas ruas de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ). Coisa do mês passado.
Serra esquivou-se de responder. Presente à platéia da TV Bandeirantes, Mônica não se deu por aludida. Disse que não sabe do que Dilma está falando.”
Quer dizer, fica tudo sem uma posição. Não é uma suposição, boato, nem mesmo é uma acusação. É um fato, uma declaração pública, não desmentida. Mas é tratada com indulgência fraternal.
Eu gostaria de saber como reagiria a nossa purista mídia diante de um coluna que, depois de abordar boatos mentirosos sobre uma suposta homossexualidade do candidato da direita, abordasse uma declaração pública de um dirigente da campanha de Dilma de que Serra ” é a favor de matar as criancinhas”. Tenho certeza que haveria – com justíssima razão – uma enorme grita contra a irresponsabilidade de quem o fizesse.
Mas contra Dilma, vale tudo, inclusive a sordidez disfarçada de “neutralidade”.
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Quem é o "homem-bomba" de Serra?
Reproduzo matéria de Claudio Leal e Marcela Rocha, publicada no Terra:
No final do primeiro bloco do debate na Rede Bandeirantes, Dilma Rousseff (PT), cobrou de José Serra (PSDB) esclarecimentos sobre Paulo Vieira de Souza, ex-membro do governo tucano em São Paulo que, segundo a petista, “fugiu com R$ 4 milhões de sua campanha”. Na plateia, o questionamento deixou os petistas efusivos. Integrantes do PSDB, preocupados com o cerco da imprensa a partir deste instante, prepararam uma saída à francesa do senador eleito Aloysio Nunes, que mantinha relações estreitas com Vieira de Souza. Minutos depois, o senador eleito deixou o estúdio e não retornou.
Mais conhecido como Paulo Preto, Paulo Vieira de Souza foi diretor de engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa). Ele era o responsável direto por grande parte das obras viárias do governo de São Paulo. Chamado de “homem-bomba do PSDB”, em matéria da revista Veja, publicada em maio deste ano, Paulo Preto foi demitido oito dias depois de ter inaugurado o trecho sul do Rodoanel. Quando Aloysio Nunes deixou o debate, depois do questionamento sobre Paulo Preto, o correligionário Cícero Lucena ocupou o seu lugar na plateia.
No instante da acusação, Serra olhou para assessores, o marqueteiro Luiz Gonzalez e o estrategista Felipe Soutello. Tempo encerrado. Nos bastidores, a denúncia agitou a plateia e as conversas de pé-de-ouvido. “Ele está desnorteado. Isso, no boxe, é nocaute”, mordiscou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT). Mais abaixo, o coordenador de comunicação de Dilma, o deputado estadual Rui Falcão, informava: “A imprensa já noticiou: ele era diretor da Dersa e fugiu com quatro milhões”. Dinheiro que, segundo a pergunta-acusação de Dilma no debate, teria sido arrecadado para campanha tucana.
“Serra deve ter levado um susto”, comemorou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. “A Dilma colocou o tema do Paulo Preto na campanha. Foi colocado e não houve qualquer reação. Está na pauta das discussões dos próximos dias”, avaliou Edinho Silva, presidente do PT paulista.
Ainda segundo a matéria da revista Veja, “Vieira de Souza e Aloysio se conhecem há mais de 20 anos. Quando, no ano passado, o tucano sonhou em ser o candidato de seu partido ao governo de São Paulo, Vieira de Souza foi apresentado como seu ‘interlocutor’ junto ao empresariado. A proximidade entre os dois é tão grande que a família dele contribuiu para que o ex-secretário comprasse seu apartamento”.
Em agosto, a revista IstoÉ publicou uma matéria de capa, segundo a qual líderes do PSDB acusam Paulo Preto “de ter arrecadado dinheiro de empresários em nome do partido e não entregá-lo para o caixa da campanha”. A publicação traz também uma declaração de um diretor de uma das empreiteiras responsáveis por obras de remoção de terras no eixo sul do Rodoanel: “Não fizemos nenhuma doação irregular, mas o engenheiro Paulo foi apresentado como o ‘interlocutor’ do Aloysio junto aos empresários”.
À saída do debate na TV Bandeirantes, os petistas questionavam a falta de resposta do tucano à acusação feita por Dilma com base na denúncia da revista IstoÉ. O deputado Jutahy Magalhães Jr., diz “desconhecer completamente a história” e acrescenta que o comportamento mais ofensivo da ex-ministra flagra “a preocupação com os números”. A afirmação é referente às pesquisas eleitorais. Segundo o último Datafolha – publicado no sábado (9) – Dilma tem 54% dos votos válidos, contra 46% de Serra.
O candidato tucano e sua equipe avaliaram que a estratégia da petista era conclamar sua militância. “Ela falou para dentro do partido”, avaliou o jornalista Luiz Gonzalez, coordenador de marketing da campanha. Para Serra, a petista se comportou de forma atípica para poder usar as imagens em seu programa de televisão. O marqueteiro da petista, João Santana Filho, sorriu com a declaração.
O deputado eleito Sérgio Guerra (PSDB-PE) provocou: “Esta foi a primeira intervenção de Ciro Gomes (PSB) na campanha”. O socialista é integrante novo na campanha de Dilma e, segundo aliados, entrou para “bater”. Para o governador de São Paulo, Alberto Goldman, a petista fez afirmações “estapafúrdias”: “Eu nunca vi em 40 anos um suicídio desta forma que ela está fazendo”. E completou: “Ela está totalmente perdida”.
Tucanos e petistas monitoraram, durante o debate, a reação de grupos focais espalhados pelas regiões brasileiras. Nas pesquisas do PT, houve aprovação da linha de ataques assumida por Dilma, o que justificou a manutenção dos ataques a Serra em todos os blocos do debate. Nas qualitativas tucanas, a petista aparecia como “agressiva” e “raivosa”.
Ainda em relação às análises particulares, o coordenador jurídico da campanha, José Eduardo Cardozo, opinou: “No confronto frente a frente, a linha vai ser essa”.
Os tucanos usam o exemplo deixado por Geraldo Alckmin em 2006 contra Lula, então candidato à reeleição. O primeiro confronto entre os dois, já no segundo turno, foi marcado por ataques mútuos. O tucano, diferente do que fizera no primeiro turno, resolveu subir o tom contra o petista. À época, o PSDB avaliou que esta mudança de comportamento foi o que rendeu uma vitória ainda mais folgada a Lula.
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No final do primeiro bloco do debate na Rede Bandeirantes, Dilma Rousseff (PT), cobrou de José Serra (PSDB) esclarecimentos sobre Paulo Vieira de Souza, ex-membro do governo tucano em São Paulo que, segundo a petista, “fugiu com R$ 4 milhões de sua campanha”. Na plateia, o questionamento deixou os petistas efusivos. Integrantes do PSDB, preocupados com o cerco da imprensa a partir deste instante, prepararam uma saída à francesa do senador eleito Aloysio Nunes, que mantinha relações estreitas com Vieira de Souza. Minutos depois, o senador eleito deixou o estúdio e não retornou.
Mais conhecido como Paulo Preto, Paulo Vieira de Souza foi diretor de engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa). Ele era o responsável direto por grande parte das obras viárias do governo de São Paulo. Chamado de “homem-bomba do PSDB”, em matéria da revista Veja, publicada em maio deste ano, Paulo Preto foi demitido oito dias depois de ter inaugurado o trecho sul do Rodoanel. Quando Aloysio Nunes deixou o debate, depois do questionamento sobre Paulo Preto, o correligionário Cícero Lucena ocupou o seu lugar na plateia.
No instante da acusação, Serra olhou para assessores, o marqueteiro Luiz Gonzalez e o estrategista Felipe Soutello. Tempo encerrado. Nos bastidores, a denúncia agitou a plateia e as conversas de pé-de-ouvido. “Ele está desnorteado. Isso, no boxe, é nocaute”, mordiscou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT). Mais abaixo, o coordenador de comunicação de Dilma, o deputado estadual Rui Falcão, informava: “A imprensa já noticiou: ele era diretor da Dersa e fugiu com quatro milhões”. Dinheiro que, segundo a pergunta-acusação de Dilma no debate, teria sido arrecadado para campanha tucana.
“Serra deve ter levado um susto”, comemorou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. “A Dilma colocou o tema do Paulo Preto na campanha. Foi colocado e não houve qualquer reação. Está na pauta das discussões dos próximos dias”, avaliou Edinho Silva, presidente do PT paulista.
Ainda segundo a matéria da revista Veja, “Vieira de Souza e Aloysio se conhecem há mais de 20 anos. Quando, no ano passado, o tucano sonhou em ser o candidato de seu partido ao governo de São Paulo, Vieira de Souza foi apresentado como seu ‘interlocutor’ junto ao empresariado. A proximidade entre os dois é tão grande que a família dele contribuiu para que o ex-secretário comprasse seu apartamento”.
Em agosto, a revista IstoÉ publicou uma matéria de capa, segundo a qual líderes do PSDB acusam Paulo Preto “de ter arrecadado dinheiro de empresários em nome do partido e não entregá-lo para o caixa da campanha”. A publicação traz também uma declaração de um diretor de uma das empreiteiras responsáveis por obras de remoção de terras no eixo sul do Rodoanel: “Não fizemos nenhuma doação irregular, mas o engenheiro Paulo foi apresentado como o ‘interlocutor’ do Aloysio junto aos empresários”.
À saída do debate na TV Bandeirantes, os petistas questionavam a falta de resposta do tucano à acusação feita por Dilma com base na denúncia da revista IstoÉ. O deputado Jutahy Magalhães Jr., diz “desconhecer completamente a história” e acrescenta que o comportamento mais ofensivo da ex-ministra flagra “a preocupação com os números”. A afirmação é referente às pesquisas eleitorais. Segundo o último Datafolha – publicado no sábado (9) – Dilma tem 54% dos votos válidos, contra 46% de Serra.
O candidato tucano e sua equipe avaliaram que a estratégia da petista era conclamar sua militância. “Ela falou para dentro do partido”, avaliou o jornalista Luiz Gonzalez, coordenador de marketing da campanha. Para Serra, a petista se comportou de forma atípica para poder usar as imagens em seu programa de televisão. O marqueteiro da petista, João Santana Filho, sorriu com a declaração.
O deputado eleito Sérgio Guerra (PSDB-PE) provocou: “Esta foi a primeira intervenção de Ciro Gomes (PSB) na campanha”. O socialista é integrante novo na campanha de Dilma e, segundo aliados, entrou para “bater”. Para o governador de São Paulo, Alberto Goldman, a petista fez afirmações “estapafúrdias”: “Eu nunca vi em 40 anos um suicídio desta forma que ela está fazendo”. E completou: “Ela está totalmente perdida”.
Tucanos e petistas monitoraram, durante o debate, a reação de grupos focais espalhados pelas regiões brasileiras. Nas pesquisas do PT, houve aprovação da linha de ataques assumida por Dilma, o que justificou a manutenção dos ataques a Serra em todos os blocos do debate. Nas qualitativas tucanas, a petista aparecia como “agressiva” e “raivosa”.
Ainda em relação às análises particulares, o coordenador jurídico da campanha, José Eduardo Cardozo, opinou: “No confronto frente a frente, a linha vai ser essa”.
Os tucanos usam o exemplo deixado por Geraldo Alckmin em 2006 contra Lula, então candidato à reeleição. O primeiro confronto entre os dois, já no segundo turno, foi marcado por ataques mútuos. O tucano, diferente do que fizera no primeiro turno, resolveu subir o tom contra o petista. À época, o PSDB avaliou que esta mudança de comportamento foi o que rendeu uma vitória ainda mais folgada a Lula.
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