terça-feira, 13 de outubro de 2015

E se a Volkswagen fosse brasileira…

Por Renato Rovai, em seu blog:

Imaginem se ao invés de uma empresa alemã, a Volkswagen fosse uma bem sucedida montadora brasileira com enorme penetração internacional. Algo como a Petrobras ou mesmo como algumas das maiores empreiteiras do mundo que estão sendo investigadas na Operação Lava Jato.

Se uma dessas empresas brasileiras tivesse programado um software pra burlar o controle de poluentes em 5 milhões de veículos que foram espalhados pelo mundo gerando enormes prejuízos para a saúde de milhões de seres humanos e para o meio ambiente, o que você acha que estaria acontecendo hoje?

Você realmente acha que a mídia nacional estaria tratando o caso com a mesma tranquilidade e quase silêncio que o faz em relação à empresa alemã?

Você acha que o governo brasileiro estaria sendo poupado como o governo alemão?

Você acha que o governo brasileiro teria condições de dizer que vai dar todo apoio necessário à empresa para que ela possa sair desta crise e garantir o emprego dos seus trabalhadores?

Você acha que a empresa poderia agir sem grandes traumas apenas mudando o seu presidente e anunciando que a partir de agora as coisas serão mais difíceis e ponto final?

Você acha que a mídia internacional que tem tratado tudo que ocorreu na Volkswagen de forma comedida e sem fazer ataques ao país sede da empresa, ao seu povo e ao seu governo agiria da mesma forma?

Pois é, caros leitores, a Volkswagen não é uma empresa brasileira e tem conseguido operar uma crise muito maior do que a que vivida pela Petrobras e as grandes empreiteiras nacionais contando para isso com a colaboração do governo alemão e de outros grandes países do globo e a compreensão da mídia nacional e internacional.

A empresa perdeu em valores da bolsa quase 30 bilhões de euros em dois dias e reservou 6,5 bilhões apenas para pagar possíveis multas pelos prejuízos causados. Recursos que pelos cálculos do mercado serão insuficientes para bancar o estrago. Já que seus prejuízos tendem a ser muito maiores.

Mas o governo alemão já adiantou que pode ajudar a Volkswagen. E que não vai deixar que ela seja arrematada por uma empresa japonesa ou americana. Porque a Volkswagen é estratégica para a Alemanha.

Como a Petrobras também é estratégica para o Brasil. Como, mesmo privadas, as grandes empreiteiras nacionais também o são tanto para a geração de emprego quanto para o desenvolvimento nacional.

Ou seja, investigar e punir os que cometeram crimes tanto usando a Petrobras como a partir das empreiteiras é fundamental. Algo que aliás, nem a Volkswagen e nem o governo alemão parecem dispostos a fazê-lo no caso deles. Mas entregar todo o setor das grandes obras e todo a área de extração de petróleo para os seus concorrentes internacionais é burrice. Ou ainda pior, é crime de lesa pátria.

Tanto na área de extração de petróleo quanto na de construção de grandes obras o Brasil acumulou expertise e competitividade internacionais. Não conseguimos fazer softwares e nem carros nacionais de alta qualidade. Mas extração de petróleo e grandes obras sim.

Por isso é absurdo que o país não tenha o mesmo respeito com os seus ativos que os alemães têm. Por isso é absurdo que os acordos de leniência da Lava Jato ainda não tenham sido assinados e que se queria apenas assinar delações. Por isso que a Volkswagen vai continuar a ser alemã e vai se recuperar rapidamente e a Petrobras e as grandes empreiteiras brasileiras tendem a suar sangue para voltar a ser o que eram antes da crise.

Se a Volkswagen fosse brasileira ela estaria perdida. Seria vendida a preço de banana e teria o seu mercado entregue para empresas de outros países. Que é o querem fazer com a Petrobras e o que estão fazendo com o setor da construção civil de grandes obras.

Mas a Volkswagen é alemã. E por isso vai se salvar numa boa. Já as nossas empresas…

2 comentários:

Rocha elcias disse...

TA AI UMA VERDADE BASICA E QUE AS AUTORIDADES IGNORAM

wilson yoshio disse...

A VolksFrauden esta para a Alemanha assim como a Petrobras esta para jose sechevron