Reproduzo artigo do teólogo Leonardo Boff, publicado no sítio da Adital:
É importante que na intervenção do Papa na política interna do Brasil acerca do tema do aborto, tenhamos presente este fato para não sermos vítimas de hipocrisia: nos catolicíssimos países como Portugal, Espanha, Bélgica, e na Itália dos Papas já se fez a descriminalização do aborto (cada um pode entrar no Google e constatar isso).
Todos os apelos dos Papas em contra, não modificaram a opinião da população quando se fez um plebiscito. Ela viu bem: não se trata apenas do aspecto moral, a ser sempre considerado (somos contra o aborto), mas deve-se atender também a seu aspecto de saúde pública. No Brasil a cada dois dias morre uma mulher por abortos mal feitos, como foi publicado recentemente em O Globo na primeira página. Diante de tal fato devemos chamar a polícia ou chamar médico? O espírito humanitário e a compaixão nos obriga a chamar o médico até para não sermos acusados de crime de omissão de socorro.
Curiosamente, a descriminalização do aborto nestes países fez com que o número de abortos diminuísse consideravelmente.
O organismo da ONU que cuida das populações demonstrou há anos que quando as mulheres são educadas e conscientizadas, elas regulam a maternidade e o número de abortos cai enormemente. Portanto, o dever do Estado e da sociedade é educar e conscientizar e não simplesmente condenar as mulheres que, sob pressões de toda ordem, praticam o aborto. É impiedade impor sofrimento a quem já sofre.
Vale lembrar que o cânon 1398 condena com a excomunhão automática quem pratica o aborto e cria as condições para que seja feito. Ora, foi sob FHC e sendo ministro da saúde José Serra que foi introduzido o aborto na legislação, nas duas condições previstas em lei: em caso de estupro ou de risco de morte da mãe. Se alguém é fundamentalista e aplica este cânon, tanto Serra quanto Fernando Henrique estariam excomungados. E Serra nem poderia ter comungado em Aparecida como ostensivamente o fez. Mas pessoalmente não o faria por achar esse cânon excessivamente rigoroso.
Mas Dom José Sobrinho, arcebispo do Recife o fez. Canonista e extremamente conservador, há dois anos atrás, quando se tratou de praticar aborto numa menina de 9 anos, engravidada pelo pai e que de forma nenhuma poderia dar à luz ao feto, por não ter os órgãos todos preparados, apelou para este cânon 1398 e excomungou os médicos e todos os que participaram do ato. O Brasil ficou escandalizado por tanta insensibilidade e desumanidade. O Vaticano num artigo do Osservatore Romano criticou a atitude nada pastoral deste Arcebispo.
É bom que mantenhamos o espírito crítico em face desta inoportuna intervenção do Papa na política brasileira fazendo-se cabo eleitoral dos grupos mais conservadores. Mas o povo mais consciente tem, neste momento, dificuldade em aceitar a autoridade moral de um Papa que durante anos, como Cardeal, ocultou o crime de pedofilia de padres e de bispos.
Como cristãos escutaremos a voz do Papa, mas neste caso, em que uma eleição está em jogo, devemos recordar que o Estado brasileiro é laico e pluralista. Tanto o Vaticano e o Governo devem respeitar os termos do tratado que foi firmado recentemente onde se respeitam as autonomias e se enfatiza a não intervenção na política interna do país, seja na do Vaticano seja na do Brasil.
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4 comentários:
com relaçãoao ao assunto do Papa corre la pelos cantos do Maranhão que foi uma delegação de bispos se quixarem da eleição do PT.ao ponto do PAPA tomar partido.Tem como o Companheiro Miro verificar dentre suas fontes....Porque se isto é veridico..quem teve a ideia,,?que partido..nome dos bispos ..presente em Roma..?
atenciosamente
Rebeca Perez Silva
Em encontro com bispos do Maranhão, em Roma, o papa reiterou a posição católica a respeito do aborto, condenando o uso de phttp://construindoopensamento.blogspot.com/rojetos políticos que defendam .. era isto que eu havia falado...cambada de sem Futuro#dia31 vote13
Fala de Jair Stangler
"O bispo Dom Luiz Carlos Eccel, de Caçador, Santa Catarina, divulgou nesta sexta-feira, 29, uma carta de apoio à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, um dia depois que o papa Bento XVI pediu aos bispos que orientassem os fíéis para votar em candidatos “contra o aborto e a favor da vida”.
É o segundo texto de apoio a Dilma que o bispo divulga. O primeiro data do dia 12 de outubro. No texto divulgado nesta sexta, o bispo afirma que “o Santo Padre foi muito oportuno e feliz nas suas colocações”, mas alerta para “facções sociais, políticas e religiosas” dentro da própria igreja que “estão manipulando o texto do papa, para justificar a sede do poder”.
Depois, Dom Luiz afirma que viu nos telejornais que tanto Dilma quanto o candidato tucano, José Serra, concordaram com o papa: “Ambos concordaram com as Palavras do Papa, dizendo que é missão dele exortar para uma vida coerente com os valores da fé e da moral, e que as palavras do Papa valem para todas as pessoas de fé, no mundo inteiro”.
A seguir, o bispo afirma que Lula “tem defendido a vida, e sempre se pronunciou contra o aborto. Nesses últimos anos o Brasil tem crescido e melhorado em todos os aspectos, de maneira especial no respeito à vida e a valorização da dignidade humana. Esta é a Vontade de Deus! E as pessoas, em plena posse de suas faculdades mentais, vão
reconhecer esta verdade.”
De acordo com Dom Luiz, “nosso país está em pleno desenvolvimento e assim queremos continuar”. O bispo ainda destaca que Dilma “não fugiu para o exterior durante a ditadura, mas a enfrentou com garra e, por isso,
foi presa e torturada. Ela queria um país livre, e que todas as pessoas pudessem viver sem medo de serem
felizes, vencendo a mentira e o ódio com a verdade e o amor”.
Ele cita ainda palavras de Jesus para justificar seu apoio à petista: “Ninguém tem maior amor do aquele que dá a própria vida pelos irmãos.”
Ao final, o bispo agradece as palavras do papa: “Obrigado Santo Padre por suas sábias palavras! A Dilma é a resposta para as nossas inquietações a respeito da vida. Quem sofreu nos porões da ditadura, não mata
Sexta-feira, 29 Outubro, 2010
Bravo Divulga companheiro
O Papa é um pateta.
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