Por Paulo Pastor Monteiro, no sítio Opera Mundi:
No ápice da campanha militar da administração de George W. Bush e de termos como "guerra contra o terror" e "eixo do mal", os Estados Unidos prenderam menores de idade muçulmanos e os interrogaram no presídio de Guantánamo, em Cuba. A informação aparece em documentos publicados e divulgados pelo Wikileaks.
Entre os detidos estavam Omar Ahmed Khader, canadense, de 17 anos (à época de sua transferência para o presídio cubano), Yasser Talal, saudita, também de 17, e Naqibullah, paquistanês, de apenas 15 anos. Segundo informações do jornal espanhol El País, Yasser Talal, assim como outros dois presos, cometeu suicídio se enforcando.
Os documentos não sugerem e nem demonstram nenhum sinal de preocupação com a faixa etária dos três suspeitos. Os relatórios revelam que eles eram tratados de acordo com o perigo que, teoricamente, representariam. E também pelas informações que poderiam fornecer a respeito de grupos ou acampamentos terroristas.
A ficha de Naqibullah, o mais novo entre os três menores, relata que ele foi sequestrado e, após isso, estuprado por membros do Talibã. O texto informa que o obrigaram a realizar serviços manuais em um acampamento na vila de Khan, no Afeganistão.
Enquanto estava sequestrado, o exército norte-americano realizou uma incursão no local e capturou diversos integrantes do grupo, inclusive o menor. De acordo com a mensagem, ele não ofereceu resistência: “o detido foi capturado em posse de uma arma, mas esta não havia sido disparada”.
Mesmo sem representar perigo, Naqibullah foi levado para Guantánamo em janeiro de 2003. O texto explica que os EUA esperavam obter dele informações a respeito dos acampamentos do Talibã na região onde ele permaneceu detido.
Em agosto de 2003, oito meses após ter sido preso, os responsáveis pelo presídio fizeram uma nova avaliação e apontaram que, “embora o detento pudesse ter informações” relevantes para a inteligência norte-americana, deveria ser dada a ele a "oportunidade de 'crescer fora' do extremismo radical ao qual foi submetido".
Sem arrependimento
Omar Ahmed Khader é classificado como um detento com “alto valor de inteligência” e de "alto risco" para os EUA e seus aliados. A ficha relata que, em uma incursão do exército norte-americano a “uma suposta” sede da Al Qaeda, o detento teria matado um soldado utilizando-se de uma granada de mão. Ele foi preso nessa ação e transferido para Guantánamo em outubro de 2002.
Segundo o documento, o pai de Khader era apontado como um amigo íntimo de Osama Bin Laden. Ele teria incentivado que seus dois filhos fossem para o Afeganistão para dar apoio à Al Qaeda e ao Talibã na luta contra os Estados Unidos.
De acordo com o relatório, Khader era habilidoso no uso de explosivos e armas e se destacava nos treinamentos. Nos interrogatórios, ele teria dado “informações valiosas” de amigos próximos a seu pai, de organizações de apoio à Al Qaeda, além de detalhes sobre campos de treinamentos pelos quais teria passado. “Embora tivesse apenas 16 anos na época de sua viagem ao Afeganistão, foi avaliado como uma pessoa inteligente e instruída, que compreende a gravidade de suas ações e afiliações”, afirma o texto.
Apesar de ser mostrar “cooperativo” e “comunicativo”, a mensagem diz que ele agia de maneira hostil aos seus interrogadores e aos guardas do presídio. O texto também observa que Khader ainda “permanecia fiel aos valores islâmicos” e que “não demonstrava nenhum sinal de arrependimento pela morte do soldado”.
Jihad
O jovem Yasser Talal tinha 17 anos e vivia na Arábia Saudita quando decidiu ir para o Afeganistão para se tornar um jihadista e lutar contra os Estados Unidos. A mensagem esclarece que ele considerava a jihad (“guerra santa”) como um dever religioso de um “bom muçulmano”. Ele viajou para Kundur, no Afeganistão, onde recebeu treinamento de como usar metralhadoras, armas de pequenos calibre e explosivos.
Cerca de um mês após ter se mudado para o centro de treinamento, o local onde ele estava foi cercado por militares norte-americanos. Durante a operação, Yasser foi ferido por um disparo. Após sua captura, Yasser recebeu atendimento médicos e, em 20 de janeiro de 2002, chegou em Guantánamo. A ficha prisional avalia que ele representava um nível médio de perigo e baixo de inteligência, mas que deixava claro a sua aversão aos guardas e aos Estados Unidos. “Ele ameaçou abrir a barriga de um dos guardas e disse que beberia o sangue dele”, acusa a mensagem.
A ficha de Talal é encerrada em março de 2006. Em sua última avaliação, ele ainda era apontado como perigo potencial para os Estados Unidos.
No ápice da campanha militar da administração de George W. Bush e de termos como "guerra contra o terror" e "eixo do mal", os Estados Unidos prenderam menores de idade muçulmanos e os interrogaram no presídio de Guantánamo, em Cuba. A informação aparece em documentos publicados e divulgados pelo Wikileaks.
Entre os detidos estavam Omar Ahmed Khader, canadense, de 17 anos (à época de sua transferência para o presídio cubano), Yasser Talal, saudita, também de 17, e Naqibullah, paquistanês, de apenas 15 anos. Segundo informações do jornal espanhol El País, Yasser Talal, assim como outros dois presos, cometeu suicídio se enforcando.
Os documentos não sugerem e nem demonstram nenhum sinal de preocupação com a faixa etária dos três suspeitos. Os relatórios revelam que eles eram tratados de acordo com o perigo que, teoricamente, representariam. E também pelas informações que poderiam fornecer a respeito de grupos ou acampamentos terroristas.
A ficha de Naqibullah, o mais novo entre os três menores, relata que ele foi sequestrado e, após isso, estuprado por membros do Talibã. O texto informa que o obrigaram a realizar serviços manuais em um acampamento na vila de Khan, no Afeganistão.
Enquanto estava sequestrado, o exército norte-americano realizou uma incursão no local e capturou diversos integrantes do grupo, inclusive o menor. De acordo com a mensagem, ele não ofereceu resistência: “o detido foi capturado em posse de uma arma, mas esta não havia sido disparada”.
Mesmo sem representar perigo, Naqibullah foi levado para Guantánamo em janeiro de 2003. O texto explica que os EUA esperavam obter dele informações a respeito dos acampamentos do Talibã na região onde ele permaneceu detido.
Em agosto de 2003, oito meses após ter sido preso, os responsáveis pelo presídio fizeram uma nova avaliação e apontaram que, “embora o detento pudesse ter informações” relevantes para a inteligência norte-americana, deveria ser dada a ele a "oportunidade de 'crescer fora' do extremismo radical ao qual foi submetido".
Sem arrependimento
Omar Ahmed Khader é classificado como um detento com “alto valor de inteligência” e de "alto risco" para os EUA e seus aliados. A ficha relata que, em uma incursão do exército norte-americano a “uma suposta” sede da Al Qaeda, o detento teria matado um soldado utilizando-se de uma granada de mão. Ele foi preso nessa ação e transferido para Guantánamo em outubro de 2002.
Segundo o documento, o pai de Khader era apontado como um amigo íntimo de Osama Bin Laden. Ele teria incentivado que seus dois filhos fossem para o Afeganistão para dar apoio à Al Qaeda e ao Talibã na luta contra os Estados Unidos.
De acordo com o relatório, Khader era habilidoso no uso de explosivos e armas e se destacava nos treinamentos. Nos interrogatórios, ele teria dado “informações valiosas” de amigos próximos a seu pai, de organizações de apoio à Al Qaeda, além de detalhes sobre campos de treinamentos pelos quais teria passado. “Embora tivesse apenas 16 anos na época de sua viagem ao Afeganistão, foi avaliado como uma pessoa inteligente e instruída, que compreende a gravidade de suas ações e afiliações”, afirma o texto.
Apesar de ser mostrar “cooperativo” e “comunicativo”, a mensagem diz que ele agia de maneira hostil aos seus interrogadores e aos guardas do presídio. O texto também observa que Khader ainda “permanecia fiel aos valores islâmicos” e que “não demonstrava nenhum sinal de arrependimento pela morte do soldado”.
Jihad
O jovem Yasser Talal tinha 17 anos e vivia na Arábia Saudita quando decidiu ir para o Afeganistão para se tornar um jihadista e lutar contra os Estados Unidos. A mensagem esclarece que ele considerava a jihad (“guerra santa”) como um dever religioso de um “bom muçulmano”. Ele viajou para Kundur, no Afeganistão, onde recebeu treinamento de como usar metralhadoras, armas de pequenos calibre e explosivos.
Cerca de um mês após ter se mudado para o centro de treinamento, o local onde ele estava foi cercado por militares norte-americanos. Durante a operação, Yasser foi ferido por um disparo. Após sua captura, Yasser recebeu atendimento médicos e, em 20 de janeiro de 2002, chegou em Guantánamo. A ficha prisional avalia que ele representava um nível médio de perigo e baixo de inteligência, mas que deixava claro a sua aversão aos guardas e aos Estados Unidos. “Ele ameaçou abrir a barriga de um dos guardas e disse que beberia o sangue dele”, acusa a mensagem.
A ficha de Talal é encerrada em março de 2006. Em sua última avaliação, ele ainda era apontado como perigo potencial para os Estados Unidos.
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