Por Altamiro Borges
Campanha agressiva da Jovem Pan
Flexibilização é apenas um atalho
Na quinta-feira passada (23), num evento em São Paulo, chefões
de poderosas emissoras de rádio defenderam a extinção do programa “Voz do
Brasil” – o que prova que a proposta de “flexibilização do horário” de
transmissão, em debate no Congresso Nacional, é pura manobra. Segundo Nathália
Carvalho, do sítio Comunique-se, os diretores das rádios Bandeirantes, Estadão
e Jovem Pan – Rodrigo Neves, Acácio Costa e Paulo Machado de Carvalho Neto,
respectivamente – afirmaram que o programa é um “entulho autoritário”.
Para as rádios “privadas”, que exploram uma concessão
pública, a exibição da “Voz do Brasil” deveria ser opcional. O diretor da Jovem
Pan, que promove diariamente uma campanha agressiva contra o programa, avalia
que o uso da frequência para divulgar as ações dos poderes Executivo e
Legislativo não se justifica nos dias de hoje. “Estamos em uma cidade grande,
com problemas sérios de trânsito e deixamos de prestar serviço às 19h em função
de um programa feito de uma forma absolutamente discordante”, afirmou Carvalho.
Já o diretor da Band foi mais maroto no trato do problema.
Mesmo rejeitando o programa, ele defendeu o projeto de lei que tramita no
parlamento, que permite que as rádios privadas transmitam a “Voz do Brasil” até
às 23 horas. “Vamos conseguir prestar serviço no horário de 'pico' e continuar
divulgando as informações do governo”. Para ele, este é um caminho
intermediário. “Hoje, as emissoras têm que passar o programa gratuitamente e se
erram são apenadas com multas pesadas”, reclamou Neves.
Por último, o diretor do Estadão/ESPN afirmou que o mais
antigo programa de rádio do país serve apenas para o governo se promover “gratuitamente”
e lamentou a resistência em efetuar mudanças na transmissão. “Macaco não
costuma serrar o galho onde está pendurado”, ironizou Costa. Ele apenas esqueceu-se
de dizer que a famiglia Mesquita explora uma concessão pública. Na prática, as
poderosas emissoras desejam o fim da “Voz do Brasil”. O projeto de
flexibilização do horário é apenas um atalho!
Em São Paulo, uma liminar já permite que as rádios
Bandeirantes AM e FM, Estadão/ESPN AM e FM, Rádio Record, Rádio Tupi FM, Nativa
FM, Rádio Capital, Gazeta FM, 105 FM, MIX FM, Metropolitana FM, Antena 1 e
Transamérica não transmitam o programa. A decisão da Justiça não inclui Jovem
Pan, CBN e Rádio Globo. A ofensiva dos donos da mídia visa garantir esse “direito”
no país inteiro.
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