Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:
Há cerca de três meses, os analistas da oposição mal continham seu entusiasmo. Ao olhar as pesquisas disponíveis em junho e julho, alegremente prognosticavam dificuldades para Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2014.
No ápice da fantasia, chegaram a prognosticar: a presidenta era “carta fora do baralho”. Que nunca se recuperaria do desgaste das manifestações e marchava para a derrota inexorável.
Os porta-vozes oposicionistas afobaram-se e decretaram prematuramente o fracasso de uma candidatura petista. Não foi a primeira vez. Em 2001, para nove entre dez, Lula jamais venceria, pois o “povo brasileiro” nunca aceitaria um presidente da República como ele. Em 2005, pontificavam que o “mensalão” havia destroçado as chances da reeleição. Em 2009, apostavam no “erro” de Lula ao indicar Dilma Rousseff. Ela “não ia pegar”, afirmavam, e terminaria atrás de José Serra.
Não foi diferente neste ano. De tanto torcer pelo insucesso da presidenta, falaram bobagens. Agora, são obrigados a dar meia-volta. Com base nas pesquisas de novembro e dezembro, resta-lhes fazer contas para calcular a probabilidade de um segundo turno.
A partir da avaliação dos números atuais, o cenário mais provável é aquele no qual a vantagem da petista é maior. Perante o tucano Aécio Neves e o pessebista Eduardo Campos, ela teria votos suficientes para resolver a disputa no primeiro turno.
Daí o desejo quase unânime dos antigovernistas de que os dois tenham “bom senso” e cedam as vagas aos pesos-pesados de seus partidos. Não há pesquisa publicada sem o comentário de que, com José Serra e Marina Silva, a eleição ficaria mais competitiva e a possibilidade de um segundo turno aumentaria.
Apesar de parecer lógico, o raciocínio está errado. Marina e Serra são nomes mais conhecidos e, portanto, largam melhor. Mas não significa serem eles os candidatos que mais longe podem chegar. Ao contrário, sua performance de hoje está perto do “teto”, o máximo que poderiam alcançar na urna.
Aécio e Campos ainda têm espaço para crescer, mesmo que seus índices atuais tenham ultrapassado o “piso”. Com eles, a chance de um segundo turno, na verdade, é maior.
É uma hipótese admissível de acordo com os resultados dos levantamentos deste momento. O que não significa ser verdadeiro o pressuposto de que um segundo turno seria complicado para Dilma. Quem disse?
Na última pesquisa do Ibope, a presidenta chega a 43%. Aécio e Campos somam 21%, ante 36% de brancos, nulos e indecisos. Estes, em nenhum cenário, ficam abaixo de 27%. Ou seja, nem sequer quando se apresentam os nomes de Marina e Serra cai a menos de um quarto a proporção do eleitorado que não quer ou não consegue escolher um candidato. Em outras palavras: há 75% do eleitorado a ser distribuído entre quem vai disputar a eleição. Caso se aceite esta premissa, a chance de segundo turno aumentaria se o agregado, Aécio Neves e Campos, passasse de 37%. Não é impossível.
Se os prováveis nanicos (“encorajados” por tucanos e simpatizantes de Campos) alcançarem de 3 a 4 pontos porcentuais, se o mineiro e o pernambucano crescerem 6 pontos cada um, em média, teríamos o segundo turno. É uma probabilidade pequena (pois implica a queda de Dilma, que nada indica ser provável), mas existente.
Só quem pouco conhece a política brasileira acreditaria, no entanto, que, nesse hipotético segundo turno, haveria transferência integral dos votos dos candidatos derrotados para o oposicionista remanescente.
Se Campos não fosse para o segundo turno, apenas uma parcela de seus eleitores ficaria com o PSDB. Especialmente no Nordeste, onde seu desempenho tenderia a ser melhor, muitos optariam por Dilma, pelo apoio de Lula e por não restar um nordestino no páreo. Quanto aos verdes de Marina, somente a minoria é tucana em segunda opção.
Algo semelhante aconteceria se Aécio naufragasse no primeiro turno. Em Minas Gerais, onde teria parte expressiva da votação, muitos de seus eleitores admitem perfeitamente votar no PT. Não tivemos o “lulécio” (a combinação de votos em Lula e Aécio), em 2006, e o “dilmasia” (de Dilma com Anastasia), em 2010?
O segundo turno não é a hipótese mais provável, mas possível. Para as oposições, contudo, o problema é que ele não alteraria o favoritismo de Dilma.
Há cerca de três meses, os analistas da oposição mal continham seu entusiasmo. Ao olhar as pesquisas disponíveis em junho e julho, alegremente prognosticavam dificuldades para Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2014.
No ápice da fantasia, chegaram a prognosticar: a presidenta era “carta fora do baralho”. Que nunca se recuperaria do desgaste das manifestações e marchava para a derrota inexorável.
Os porta-vozes oposicionistas afobaram-se e decretaram prematuramente o fracasso de uma candidatura petista. Não foi a primeira vez. Em 2001, para nove entre dez, Lula jamais venceria, pois o “povo brasileiro” nunca aceitaria um presidente da República como ele. Em 2005, pontificavam que o “mensalão” havia destroçado as chances da reeleição. Em 2009, apostavam no “erro” de Lula ao indicar Dilma Rousseff. Ela “não ia pegar”, afirmavam, e terminaria atrás de José Serra.
Não foi diferente neste ano. De tanto torcer pelo insucesso da presidenta, falaram bobagens. Agora, são obrigados a dar meia-volta. Com base nas pesquisas de novembro e dezembro, resta-lhes fazer contas para calcular a probabilidade de um segundo turno.
A partir da avaliação dos números atuais, o cenário mais provável é aquele no qual a vantagem da petista é maior. Perante o tucano Aécio Neves e o pessebista Eduardo Campos, ela teria votos suficientes para resolver a disputa no primeiro turno.
Daí o desejo quase unânime dos antigovernistas de que os dois tenham “bom senso” e cedam as vagas aos pesos-pesados de seus partidos. Não há pesquisa publicada sem o comentário de que, com José Serra e Marina Silva, a eleição ficaria mais competitiva e a possibilidade de um segundo turno aumentaria.
Apesar de parecer lógico, o raciocínio está errado. Marina e Serra são nomes mais conhecidos e, portanto, largam melhor. Mas não significa serem eles os candidatos que mais longe podem chegar. Ao contrário, sua performance de hoje está perto do “teto”, o máximo que poderiam alcançar na urna.
Aécio e Campos ainda têm espaço para crescer, mesmo que seus índices atuais tenham ultrapassado o “piso”. Com eles, a chance de um segundo turno, na verdade, é maior.
É uma hipótese admissível de acordo com os resultados dos levantamentos deste momento. O que não significa ser verdadeiro o pressuposto de que um segundo turno seria complicado para Dilma. Quem disse?
Na última pesquisa do Ibope, a presidenta chega a 43%. Aécio e Campos somam 21%, ante 36% de brancos, nulos e indecisos. Estes, em nenhum cenário, ficam abaixo de 27%. Ou seja, nem sequer quando se apresentam os nomes de Marina e Serra cai a menos de um quarto a proporção do eleitorado que não quer ou não consegue escolher um candidato. Em outras palavras: há 75% do eleitorado a ser distribuído entre quem vai disputar a eleição. Caso se aceite esta premissa, a chance de segundo turno aumentaria se o agregado, Aécio Neves e Campos, passasse de 37%. Não é impossível.
Se os prováveis nanicos (“encorajados” por tucanos e simpatizantes de Campos) alcançarem de 3 a 4 pontos porcentuais, se o mineiro e o pernambucano crescerem 6 pontos cada um, em média, teríamos o segundo turno. É uma probabilidade pequena (pois implica a queda de Dilma, que nada indica ser provável), mas existente.
Só quem pouco conhece a política brasileira acreditaria, no entanto, que, nesse hipotético segundo turno, haveria transferência integral dos votos dos candidatos derrotados para o oposicionista remanescente.
Se Campos não fosse para o segundo turno, apenas uma parcela de seus eleitores ficaria com o PSDB. Especialmente no Nordeste, onde seu desempenho tenderia a ser melhor, muitos optariam por Dilma, pelo apoio de Lula e por não restar um nordestino no páreo. Quanto aos verdes de Marina, somente a minoria é tucana em segunda opção.
Algo semelhante aconteceria se Aécio naufragasse no primeiro turno. Em Minas Gerais, onde teria parte expressiva da votação, muitos de seus eleitores admitem perfeitamente votar no PT. Não tivemos o “lulécio” (a combinação de votos em Lula e Aécio), em 2006, e o “dilmasia” (de Dilma com Anastasia), em 2010?
O segundo turno não é a hipótese mais provável, mas possível. Para as oposições, contudo, o problema é que ele não alteraria o favoritismo de Dilma.
1 comentários:
Faço somente uma correção:
os verdes, não tendo Marina, votam sorrateiramente no PSDB.
Jandui
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