Por Emir Sader, na Revista do Brasil:
A própria circunstância do recente processo eleitoral reafirmou a necessidade de romper os monopólios e oligopólios na mídia brasileira, sem o que os próprios debates políticos no Brasil são viciados por participações desproporcionais de meios de comunicação, que reafirmam seu papel de partido da oposição.
A composição do novo Congresso, por sua vez, representa um apelo ainda mais forte para que o poder do dinheiro não seja determinante na representação parlamentar. Ainda antes que se desse a prisão dos executivos de empreiteiras brasileiras no último 14 de novembro, já era pública a lista das dez grandes empresas que financiaram a eleição de 70% dos congressistas brasileiros. Cinco dessas empresas estão entre as envolvidas em investigação no escândalo da Operação Lava Jato, o que por si só reforça a necessidade do financiamento público das campanhas eleitorais.
Dilma reafirmou, durante a campanha, a necessidade de o país retomar um novo ciclo de crescimento econômico, para construir a infraestrutura de que necessita para aprofundar e estender as políticas sociais, além de manter a linha de proteção do nível de emprego e a tendência de aumento da renda do trabalhador.
Porém, essas necessidades se chocam com a correlação de forças políticas concretas com que o país sai das eleições. Em primeiro lugar, ficou claro durante a campanha eleitoral que o conjunto do grande empresariado está com uma postura de oposição política ao governo, o que ficou expresso com as manipulações da Bolsa de Valores. As especulações que seus porta-vozes na imprensa corporativa fazem circular sobre as autoridades econômicas servem para pressionar o governo e, eventualmente, manifestar descontentamento público caso os nomes escolhidos para compor a equipe ministerial, em especial da área econômica, não sejam os da sua preferência.
O que é certo, mais além das pressões que tentam emparedar a presidenta, é que o governo precisa encontrar formas de estabelecer um novo pacto com o grande empresariado, que dispõe dos recursos necessários para o país voltar a crescer. Além da indispensável baixa reiterada da taxa de juros, é preciso encontrar as formas de levar o grande capital a investimentos produtivos funcionais ao modelo econômico e de distribuição de renda, elemento essencial do governo.
Por outro lado, a chamada base aliada está totalmente desarticulada. Se não se logra um acordo geral com o PMDB – que vai ter custos em termos de composição dos ministérios e execuções orçamentárias – a Câmara pode se tornar um espaço de oposição e de sabotagem.
Como terceiro foco de problemas, o governo tem de encontrar uma forma de fazer valer a norma constitucional que proíbe monopólios e oligopólios nos meios de comunicação, assim como a propriedade de concessões de estações de rádio e TV por políticos com mandato, sem depender do Congresso. Também se espera que seja possível contar com a proibição de financiamentos empresariais em campanhas eleitorais, em votação já decidida pelo STF – embora ainda não concluída – , dado que o Congresso tampouco aprovaria algo nessa direção.
Assim, se configura um quadro paradoxal para a transição ao novo ciclo pretendido por Dilma: por um lado, a militância que foi decisiva na sua vitória exige avanços; mas o bloqueio institucional que se monta contra ela a obriga a redefinir acordos com setores conservadores, sem os quais o boicote econômico e o cerco parlamentar pode tornar frustrante o seu segundo mandato.
A composição do novo Congresso, por sua vez, representa um apelo ainda mais forte para que o poder do dinheiro não seja determinante na representação parlamentar. Ainda antes que se desse a prisão dos executivos de empreiteiras brasileiras no último 14 de novembro, já era pública a lista das dez grandes empresas que financiaram a eleição de 70% dos congressistas brasileiros. Cinco dessas empresas estão entre as envolvidas em investigação no escândalo da Operação Lava Jato, o que por si só reforça a necessidade do financiamento público das campanhas eleitorais.
Dilma reafirmou, durante a campanha, a necessidade de o país retomar um novo ciclo de crescimento econômico, para construir a infraestrutura de que necessita para aprofundar e estender as políticas sociais, além de manter a linha de proteção do nível de emprego e a tendência de aumento da renda do trabalhador.
Porém, essas necessidades se chocam com a correlação de forças políticas concretas com que o país sai das eleições. Em primeiro lugar, ficou claro durante a campanha eleitoral que o conjunto do grande empresariado está com uma postura de oposição política ao governo, o que ficou expresso com as manipulações da Bolsa de Valores. As especulações que seus porta-vozes na imprensa corporativa fazem circular sobre as autoridades econômicas servem para pressionar o governo e, eventualmente, manifestar descontentamento público caso os nomes escolhidos para compor a equipe ministerial, em especial da área econômica, não sejam os da sua preferência.
O que é certo, mais além das pressões que tentam emparedar a presidenta, é que o governo precisa encontrar formas de estabelecer um novo pacto com o grande empresariado, que dispõe dos recursos necessários para o país voltar a crescer. Além da indispensável baixa reiterada da taxa de juros, é preciso encontrar as formas de levar o grande capital a investimentos produtivos funcionais ao modelo econômico e de distribuição de renda, elemento essencial do governo.
Por outro lado, a chamada base aliada está totalmente desarticulada. Se não se logra um acordo geral com o PMDB – que vai ter custos em termos de composição dos ministérios e execuções orçamentárias – a Câmara pode se tornar um espaço de oposição e de sabotagem.
Como terceiro foco de problemas, o governo tem de encontrar uma forma de fazer valer a norma constitucional que proíbe monopólios e oligopólios nos meios de comunicação, assim como a propriedade de concessões de estações de rádio e TV por políticos com mandato, sem depender do Congresso. Também se espera que seja possível contar com a proibição de financiamentos empresariais em campanhas eleitorais, em votação já decidida pelo STF – embora ainda não concluída – , dado que o Congresso tampouco aprovaria algo nessa direção.
Assim, se configura um quadro paradoxal para a transição ao novo ciclo pretendido por Dilma: por um lado, a militância que foi decisiva na sua vitória exige avanços; mas o bloqueio institucional que se monta contra ela a obriga a redefinir acordos com setores conservadores, sem os quais o boicote econômico e o cerco parlamentar pode tornar frustrante o seu segundo mandato.
3 comentários:
Nas batalhas de antigamente, e creio que até hoje, seja uma legião, ou os regimentos, ou mesmo exércitos inteiros quando perdiam seus estandartes sofriam a pior humilhação imposta pelos inimigos. As tropas de César que desembarcaram na Britânia (Inglaterra) recusavam-se a descer dos navios até que o porta estandarte pulou na água, obrigando todos os demais a segui-lo, pois se ele fosse capturado, a legião ficaria humilhada. Depois que o governo vencer o 3º turno, a prorrogação e a cobrança de pênaltis, será hora de impor aos raivosos adversários a derrota definitiva, tomando-lhes as Bandeiras, os símbolos, os estandartes. Evidentemente o objetivo não será humilhar ninguém mas, apenas, deixá-los sem discurso.
BANDEIRAS DA DIREITA. Algumas delas encontram eco nos medos e anseios da Classe C, que precisa ser reconquistada pelo governo, especialmente a do Centro-Sul do país. O governo pode se apossar de algumas delas como já fez antes? Como fazê-lo? É importante debater a questão? É o que o texto do link abaixo procura fazer: refletir a respeito.
http://reino-de-clio.com.br/Pensando%20BR5.html
Bem. O blog é seu e faça dele bom proveito! Adeus!
O professor Mário Sérgio Cortella não se agastará comigo de citar um trecho de seu livro "Não Nascemos Prontos provocações filosóficas", até porque já presenteou-me com vários livros de sua lavra quando entramos em contato por email sobre uma data citada em um seu livro: "o animal satisfeito dorme", de Guimarães Rosa. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual."(p 11). O espaço não me permite maiores citações, mas permite-me dizer sobre a falta de acomodação dos estamentos sociais que, quando conseguem qualquer ganho, seja financeiro, material, existencial, a tendência é não acomodar-se e buscar melhorias, não se deitando como um bovino para ruminar o que adquiriu. Já chamaram o bravo povo nordestino de bovino, povo que nos deu um Jorge Amado, Graciliano Ramos, João Ubaldo Ribeiro, Ariano Suassuna, Dr. Arthur Ramos e tantos outros intelectuais de primeira plana dentre os brasileiros. Como se percebe, trata-se de opinião de algum analfabeto, ou desmiolado, ou quem sabe desmemoriado ou ignorante mesmo. Portanto, o ideal ou utopia de crescer é inerente ao ser vivo, principalmente no homem, fato normal e saudável. Entretanto, burlar a tendência natural do crescimento através de subterfúgios como estamos vendo acontecer com o adversário da Presidenta Dilma Rousseff, a meu ver já ultrapassa os limites da normalidade do crescimento, tornando-se comportamento obsessivo, merecendo tratamento psicológico, ou psiquiátrico, imediato, inclusive para outras pessoas que lhe ajudam a procurar picuinhas e filigranas para desacreditar um pleito normal, democrático e digno de um povo evoluído. Minas Gerais, terra de Juscelino, Milton Campos, Israel Pinheiro, Tancredo Neves, não merece que um elemento falte à ética para tumultuar a vida do País que, graças ao labor de seu povo, vem galgando posições no cenário mundial, inclusive acobertado por uma imprensa plena de privilégios, mas também sob a égide de outro país que não quer perder o seu antigo quintal. Por isso, venho pedir aos BRASILEIROS, principalmente os 54 milhões que votaram na candidata vencedora que estejamos sempre alertas e prontos a desmascarar quaisquer atitudes golpista, venha e onde vier, alertando este nosso POVO TRABALHADOR E SOFRIDO, para as artimanhas que forem engendradas por quem quer que seja, pessoas ou outras nações, através de informações e movimentos dentro dos ditames das Leis e da ÉTICA.
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