Por J. Carlos de Assis, no Jornal GGN:
A musa do verão deste ano no Rio chama-se Venina. É um produto da parceria jornal Valor e Tevê Globo. A palavra é da mesma raiz de veneno, mas o princípio ativo é de muito má qualidade. Na verdade, precisou de ser embalado triplamente para envenenar a opinião pública brasileira contra a presidente da Petrobrás. O mais forte sortilégio para o envenenamento foi uma entrevista de 25 minutos de Venina no Fantástico; o segundo, uma reapresentação dos “melhores momentos” da entrevista no Jornal Nacional; terceiro, uma tréplica do Jornal Nacional depois da entrevista de Graça Foster, que a havia desmentido.
O que continha a entrevista de 25 minutos? Tinha, essencialmente, uma antiga denúncia significativa a propósito de irregularidades no setor de Comunicação. Foi em 2008, Graça estava longe de ser presidente. Gerou uma comissão de inquérito, e da comissão de inquérito resultou a demissão do responsável, retardada porque ele estava de licença médica. Portanto, essa denúncia teve pleno efeito. Acaso houve outra denúncia objetiva a respeito de mais irregularidades na Petrobras? Só a suprema má fé ou imbecilidade dos jornalistas do Fantástico e do Jornal Nacional justificariam uma resposta positiva.
Nada, nenhuma sombra do que Venina disse na entrevista pode se aproximar sequer um milímetro das grandes trapaças que o diretor de que foi gerente por anos, Paulo Roberto, praticou na empresa. Ele próprio negou qualquer relevância nas supostas denúncias dela. É até possível que ela tivesse ouvido o galo cantar, mas não sabia onde. No e-mail para Graça Foster que se tornou uma espécie de peça de resistência de suas denúncias, conforme reiterou várias vezes, só há palavras vagas e imprecisas, impossíveis de serem tomadas como indicações objetivas de irregularidades. Imaginem, uma empresa de 85 mil funcionários, cada um mandando e-mails vagos para todo lado, superiores e pares!
E quanto à credibilidade da musa? Sim, alguém descobriu que ela havia assinado pela Petrobras dois contratos, em 2004 e 2006, com alguém que viria a ser seu marido. É verdade que ela correu para dizer que o contrato foi descontinuado depois que ela se casou formalmente em 2007. Questão ética. Imaginem agora se a Globo fosse tão perversa com ela como tem sido com Graça Foster? Os repórteres do Fantástico correriam para dizer ao Brasil e ao mundo que contratar pela Petrobrás com namorado pode, mas não com marido! Aliás, como é que foi exatamente essa descontinuação contratual? Teve multas? Pagas por quem?
E quanto à motivação de Venina? Sou incapaz de dizer alguma coisa. É preciso convocar psicólogos. Noto apenas que, quando há uma massificação de qualquer assunto pela grande mídia, aparecem malucos por todo lado para surfarem na onda e tentar aparecer. É claro que isso não aparece do nada. O gigantesco episódio de corrupção na Petrobras, descoberto por eficazes instrumentos de investigação, notadamente a delação premiada, uma vez descoberto pode suscitar a exaltação de um ego gigantesco capaz de achar realmente que sabia de tudo antes, e tudo denunciou no tempo certo.
Agora vejamos por que a Globo e grande parte da mídia querem derrubar Graça Foster. O esclarecimento está numa agenda de bolso da Petrobrás de 2015. Ela diz: em 2006 foi descoberto o pré-sal; em 2014, o pré-sal está produzindo 520 mil barris por dia; a produção acumulada chegou a 360 milhões de barris; a vazão média por poço é de 25 mil barris/dia; o tempo médio de perfuração de poços no pré-sal nos campos de Lula e Sapinhoã passou de 134 dias em 2010 para menos de 60 dias em 2013. Alguém viu ou ouviu a Globo falar sobre isso?
Ora, essas conquistas da Petrobrás são intoleráveis para os que querem entregar nosso petróleo às grandes petroleiras mundiais, inclusive mediante a mudança do regime de exploração conforme acaba de ser proposto pelo tucano Aloysio Nunes em projeto na Câmara. O oportunismo é descarado. Estão tentando transformar a corrupção na Petrobrás, praticada por um punhado de bandidos, em corrupção da Petrobrás, como pretexto para esquartejar, aí sim, a empresa, subtraindo ao Brasil seu principal instrumento de desenvolvimento.
* J. Carlos de Assis é economista, doutor pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.
A musa do verão deste ano no Rio chama-se Venina. É um produto da parceria jornal Valor e Tevê Globo. A palavra é da mesma raiz de veneno, mas o princípio ativo é de muito má qualidade. Na verdade, precisou de ser embalado triplamente para envenenar a opinião pública brasileira contra a presidente da Petrobrás. O mais forte sortilégio para o envenenamento foi uma entrevista de 25 minutos de Venina no Fantástico; o segundo, uma reapresentação dos “melhores momentos” da entrevista no Jornal Nacional; terceiro, uma tréplica do Jornal Nacional depois da entrevista de Graça Foster, que a havia desmentido.
O que continha a entrevista de 25 minutos? Tinha, essencialmente, uma antiga denúncia significativa a propósito de irregularidades no setor de Comunicação. Foi em 2008, Graça estava longe de ser presidente. Gerou uma comissão de inquérito, e da comissão de inquérito resultou a demissão do responsável, retardada porque ele estava de licença médica. Portanto, essa denúncia teve pleno efeito. Acaso houve outra denúncia objetiva a respeito de mais irregularidades na Petrobras? Só a suprema má fé ou imbecilidade dos jornalistas do Fantástico e do Jornal Nacional justificariam uma resposta positiva.
Nada, nenhuma sombra do que Venina disse na entrevista pode se aproximar sequer um milímetro das grandes trapaças que o diretor de que foi gerente por anos, Paulo Roberto, praticou na empresa. Ele próprio negou qualquer relevância nas supostas denúncias dela. É até possível que ela tivesse ouvido o galo cantar, mas não sabia onde. No e-mail para Graça Foster que se tornou uma espécie de peça de resistência de suas denúncias, conforme reiterou várias vezes, só há palavras vagas e imprecisas, impossíveis de serem tomadas como indicações objetivas de irregularidades. Imaginem, uma empresa de 85 mil funcionários, cada um mandando e-mails vagos para todo lado, superiores e pares!
E quanto à credibilidade da musa? Sim, alguém descobriu que ela havia assinado pela Petrobras dois contratos, em 2004 e 2006, com alguém que viria a ser seu marido. É verdade que ela correu para dizer que o contrato foi descontinuado depois que ela se casou formalmente em 2007. Questão ética. Imaginem agora se a Globo fosse tão perversa com ela como tem sido com Graça Foster? Os repórteres do Fantástico correriam para dizer ao Brasil e ao mundo que contratar pela Petrobrás com namorado pode, mas não com marido! Aliás, como é que foi exatamente essa descontinuação contratual? Teve multas? Pagas por quem?
E quanto à motivação de Venina? Sou incapaz de dizer alguma coisa. É preciso convocar psicólogos. Noto apenas que, quando há uma massificação de qualquer assunto pela grande mídia, aparecem malucos por todo lado para surfarem na onda e tentar aparecer. É claro que isso não aparece do nada. O gigantesco episódio de corrupção na Petrobras, descoberto por eficazes instrumentos de investigação, notadamente a delação premiada, uma vez descoberto pode suscitar a exaltação de um ego gigantesco capaz de achar realmente que sabia de tudo antes, e tudo denunciou no tempo certo.
Agora vejamos por que a Globo e grande parte da mídia querem derrubar Graça Foster. O esclarecimento está numa agenda de bolso da Petrobrás de 2015. Ela diz: em 2006 foi descoberto o pré-sal; em 2014, o pré-sal está produzindo 520 mil barris por dia; a produção acumulada chegou a 360 milhões de barris; a vazão média por poço é de 25 mil barris/dia; o tempo médio de perfuração de poços no pré-sal nos campos de Lula e Sapinhoã passou de 134 dias em 2010 para menos de 60 dias em 2013. Alguém viu ou ouviu a Globo falar sobre isso?
Ora, essas conquistas da Petrobrás são intoleráveis para os que querem entregar nosso petróleo às grandes petroleiras mundiais, inclusive mediante a mudança do regime de exploração conforme acaba de ser proposto pelo tucano Aloysio Nunes em projeto na Câmara. O oportunismo é descarado. Estão tentando transformar a corrupção na Petrobrás, praticada por um punhado de bandidos, em corrupção da Petrobrás, como pretexto para esquartejar, aí sim, a empresa, subtraindo ao Brasil seu principal instrumento de desenvolvimento.
* J. Carlos de Assis é economista, doutor pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.
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