Por Thiago Cassis
Sete de Março de 2015. Pouco mais de quatro meses depois da sétima eleição para presidência do Brasil após a redemocratização.
O jornal O Estado de S.Paulo traz um artigo em sua primeira página, assinada por Rômulo Bini Pereira, General do exército e ex-chefe do Estado Maior da Defesa (2004), intitulado 'Vamos à guerra!'.
O título faz alusão ao discurso proferido recentemente pelo ex-presidente Lula, que usou a expressão vamos à guerra para conclamar a militância a defender a principal estatal brasileira, a Petrobras. A empresa símbolo do Brasil que já foi alvo da cobiça tucana quando o então presidente FHC tentou privatizá-la, tornou-se agora o bastião das forças conservadoras e de grandes grupos financeiros, que cinicamente a utilizam para tentar desestabilizar o atual governo e interromper o processo de desenvolvimento em curso no Brasil.
Já no primeiro parágrafo o aviso sobre o tom do discurso: nos conflitos da humanidade, a pior e mais sangrenta guerra é a entre irmãos. O General Pereira deixa como exemplos daquilo que vislumbra acontecer no Brasil a Guerra da Secessão nos Estados Unidos e a Guerra Civil Espanhola. E ainda chama os crimes de Estado cometidos no período da ditadura militar de lutas fratricidas das décadas de 1960 e 1970.
Não demora muitas linhas para que o General desfie todo um conhecido repertório repetido à exaustão pela direita nos últimos anos e, sobretudo, durante a última campanha eleitoral: Venezuela, MST, Cuba e até o Foro de São Paulo. E nesse caminho ainda coube uma grande dose de ironia ao desqualificar a forma de falar do ex-presidente quando escreve que as esquerdas brasileiras temiam um possível golpe institucional conduzido pela zelite. Ou então um pouco mais adiante quando afirma que para Lula, se equiparar ao seu irmão Nicolás Maduro, só faltou criticar o Satã do Norte. Veja que aqui ele se adianta em dizer que os EUA têm lado. Será que ele se lembrou de 1964?
Como um tenebroso déjà vu da fatídica capa de semanário, publicada dois dias antes das eleições presidenciais, o militar afirma não ser compreensível que essas duas lideranças políticas (Lula e Dilma) desconhecessem os graves problemas na empresa (Petrobras).
Daí pra frente o General sobe o tom.
Segundo ele, por conta da expressão figurativa de Lula utilizada para defender a Petrobras vamos à guerra e uma posterior convocação do exército do Stédile, em referência à militância do MST, novamente as Forças Armadas serão chamadas a intervir. Na sequência o texto reverencia o ditador Castelo Branco e ataca a Comissão Nacional da Verdade que teria enxovalhado a integridade e a honradez do ex-ditador e de outros tantos torturadores.
O leitor pensa que o artigo de opinião chegou no limite do desespero de uma classe dominante sem projeto para o país, derrotada quatro vezes consecutivas nas urnas e que agora clama novamente por uma intervenção militar. É quando o ex-chefe do Estado Maior da defesa, afirma: As Forças Armadas fazem parte da sociedade brasileira, que lhes concedeu o maior índice de credibilidade entre as nossas instituições, superior até ao das religiosas. Elas não podem ser alijadas das grandes decisões nacionais. E continua: essa participação não é um ato de indisciplina nem de arroubos golpistas. É um ato democrático de quem preza sobremaneira a paz e a ordem. Ou seja, amigo que chegou até aqui neste texto, uma intervenção militar, destituindo uma presidenta eleita pela maioria de votos, segundo o General, é, me perdoem pela repetição, um ato democrático de quem preza sobremaneira a paz e a ordem.
Pausa para retomar o ar. Olhar um pouco a janela.
Esse artigo foi publicado com destaque em um dos três jornais com maior veiculação no Brasil. Uma apologia escancarada a um novo golpe militar.
Qual a real influência entre os brasileiros de um texto publicado no jornal Estado de S.Paulo e de outros grupos de comunicação, que deram sustentação junto à opinião pública para a ditadura durante os anos 60 e 70? Não consigo quantificar. Se por um lado podemos afirmar que as opiniões defendidas editorialmente por esses veículos perderam as quatro últimas eleições presidenciais, por outro é notório que venceram na construção do senso comum e no enraizamento de suas pautas conservadoras nos corações e mentes de uma enorme parcela da população.
Mas além de discutir os efeitos causados pelo texto, penso nos sintomas que ele representa. No espaço que as forças conservadoras retomaram - se é que de fato algum dia perderam - em nosso país. Isso é preocupante. Outro ponto a se questionar é que, talvez, a opinião que as palavras do General expressa não seja majoritária dentro das próprias Forças Amadas.
De qualquer forma, tanto em 64, quanto no período atual, lá e cá, nos encontramos no limite de um processo que ou avança na defesa dos interesses populares e nacionais, ou retrocede em nome de interesses externos e de uma pequena, porém poderosa, classe dominante aparelhada pela grande mídia, que ainda exerce uma abismal influencia na formação de opinião da sociedade.
Nossa democracia corre perigo. Os sinais são claros. Mas espero que as forças progressistas não se conformem em se fechar na defesa. Quem não faz, toma diz um popular ditado brasileiro. Chegou a hora de irmos à guerra! E a próxima batalha já está marcada: todos às ruas no dia 13 de março pra defender o Brasil!
Sete de Março de 2015. Pouco mais de quatro meses depois da sétima eleição para presidência do Brasil após a redemocratização.
O jornal O Estado de S.Paulo traz um artigo em sua primeira página, assinada por Rômulo Bini Pereira, General do exército e ex-chefe do Estado Maior da Defesa (2004), intitulado 'Vamos à guerra!'.
O título faz alusão ao discurso proferido recentemente pelo ex-presidente Lula, que usou a expressão vamos à guerra para conclamar a militância a defender a principal estatal brasileira, a Petrobras. A empresa símbolo do Brasil que já foi alvo da cobiça tucana quando o então presidente FHC tentou privatizá-la, tornou-se agora o bastião das forças conservadoras e de grandes grupos financeiros, que cinicamente a utilizam para tentar desestabilizar o atual governo e interromper o processo de desenvolvimento em curso no Brasil.
Já no primeiro parágrafo o aviso sobre o tom do discurso: nos conflitos da humanidade, a pior e mais sangrenta guerra é a entre irmãos. O General Pereira deixa como exemplos daquilo que vislumbra acontecer no Brasil a Guerra da Secessão nos Estados Unidos e a Guerra Civil Espanhola. E ainda chama os crimes de Estado cometidos no período da ditadura militar de lutas fratricidas das décadas de 1960 e 1970.
Não demora muitas linhas para que o General desfie todo um conhecido repertório repetido à exaustão pela direita nos últimos anos e, sobretudo, durante a última campanha eleitoral: Venezuela, MST, Cuba e até o Foro de São Paulo. E nesse caminho ainda coube uma grande dose de ironia ao desqualificar a forma de falar do ex-presidente quando escreve que as esquerdas brasileiras temiam um possível golpe institucional conduzido pela zelite. Ou então um pouco mais adiante quando afirma que para Lula, se equiparar ao seu irmão Nicolás Maduro, só faltou criticar o Satã do Norte. Veja que aqui ele se adianta em dizer que os EUA têm lado. Será que ele se lembrou de 1964?
Como um tenebroso déjà vu da fatídica capa de semanário, publicada dois dias antes das eleições presidenciais, o militar afirma não ser compreensível que essas duas lideranças políticas (Lula e Dilma) desconhecessem os graves problemas na empresa (Petrobras).
Daí pra frente o General sobe o tom.
Segundo ele, por conta da expressão figurativa de Lula utilizada para defender a Petrobras vamos à guerra e uma posterior convocação do exército do Stédile, em referência à militância do MST, novamente as Forças Armadas serão chamadas a intervir. Na sequência o texto reverencia o ditador Castelo Branco e ataca a Comissão Nacional da Verdade que teria enxovalhado a integridade e a honradez do ex-ditador e de outros tantos torturadores.
O leitor pensa que o artigo de opinião chegou no limite do desespero de uma classe dominante sem projeto para o país, derrotada quatro vezes consecutivas nas urnas e que agora clama novamente por uma intervenção militar. É quando o ex-chefe do Estado Maior da defesa, afirma: As Forças Armadas fazem parte da sociedade brasileira, que lhes concedeu o maior índice de credibilidade entre as nossas instituições, superior até ao das religiosas. Elas não podem ser alijadas das grandes decisões nacionais. E continua: essa participação não é um ato de indisciplina nem de arroubos golpistas. É um ato democrático de quem preza sobremaneira a paz e a ordem. Ou seja, amigo que chegou até aqui neste texto, uma intervenção militar, destituindo uma presidenta eleita pela maioria de votos, segundo o General, é, me perdoem pela repetição, um ato democrático de quem preza sobremaneira a paz e a ordem.
Pausa para retomar o ar. Olhar um pouco a janela.
Esse artigo foi publicado com destaque em um dos três jornais com maior veiculação no Brasil. Uma apologia escancarada a um novo golpe militar.
Qual a real influência entre os brasileiros de um texto publicado no jornal Estado de S.Paulo e de outros grupos de comunicação, que deram sustentação junto à opinião pública para a ditadura durante os anos 60 e 70? Não consigo quantificar. Se por um lado podemos afirmar que as opiniões defendidas editorialmente por esses veículos perderam as quatro últimas eleições presidenciais, por outro é notório que venceram na construção do senso comum e no enraizamento de suas pautas conservadoras nos corações e mentes de uma enorme parcela da população.
Mas além de discutir os efeitos causados pelo texto, penso nos sintomas que ele representa. No espaço que as forças conservadoras retomaram - se é que de fato algum dia perderam - em nosso país. Isso é preocupante. Outro ponto a se questionar é que, talvez, a opinião que as palavras do General expressa não seja majoritária dentro das próprias Forças Amadas.
De qualquer forma, tanto em 64, quanto no período atual, lá e cá, nos encontramos no limite de um processo que ou avança na defesa dos interesses populares e nacionais, ou retrocede em nome de interesses externos e de uma pequena, porém poderosa, classe dominante aparelhada pela grande mídia, que ainda exerce uma abismal influencia na formação de opinião da sociedade.
Nossa democracia corre perigo. Os sinais são claros. Mas espero que as forças progressistas não se conformem em se fechar na defesa. Quem não faz, toma diz um popular ditado brasileiro. Chegou a hora de irmos à guerra! E a próxima batalha já está marcada: todos às ruas no dia 13 de março pra defender o Brasil!
4 comentários:
Quem é esse ilustre General Pereira? A mídia é pródiga em descobrir esses "ilustres" que vem escrevendo coisas, pensando que a população que votou nos candidatos do PT não tem consciência do que acontece.
Como o Gal.de pijama, que tal dar o mesmo destino ao decadente jornalão? Já vai longe o tempo em que alguém dava importância a essas mumificações.
Vamos voltar à 1964? Quem é esse general que quer ditar normas para o povo brasileiro baseado em ditaduras recentes?
Gostei dos comentarios amigos. Percebam q 64 se repete com o discurso d sempre agora é o bolivarismo q os militares querem nos livrar. A democracia foi feita e tem se q respeitar. Chega d horror e opressao. Farao d tudo para trocar o governo e vender o q resta e da lhe fmi e ai sim o afundamento da economia do brasil q é forte. Povo nao caia na mentira da midia. Abracos a todos
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