Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Xico Graziano é assessor especial do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e diretor do site Observador Político, ligado ao IFHC (Instituto Fernando Henrique Cardoso). Uma semana após a eleição presidencial do ano passado ele já começara a se estranhar com os movimentos que pedem “impeachment” de Dilma Rousseff.
Coordenador digital de Aécio Neves durante a campanha presidencial de 2014, o ex-deputado federal pelo PSDB Xico Graziano foi atacado nas redes sociais em novembro do ano passado por criticar um protesto a favor do impeachment de Dilma Rousseff.
À época, Graziano declarou que falar em impeachment contra a petista uma semana após sua vitória nas urnas era “absurdo” e “antidemocrático”. A opinião gerou polêmica e o tucano foi acusado de ser “comunista” e “petralha”.
Após os protestos antipetistas de 15 de março e 12 de abril, a pressão de movimentos como Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre e Revoltados On Line obrigou o PSDB, sem lá muita convicção, a encomendar um parecer ao jurista Miguel Reale Júnior sobre a viabilidade de encaminhar à Câmara dos Deputados um pedido de impeachment da presidente recém-reeleita.
Tudo isso foi jogo de cena do PSDB, pois é amplamente conhecido o fato de que não existem elementos para abrir um processo de cassação de Dilma Rousseff por crime de responsabilidade, o que permitiria interromper seu mandato recém-obtido nas urnas.
O parecer do jurista encomendado pelo PSDB apenas disse a realidade: “ainda” não haveria “elementos” para abertura de processo de impeachment contra a presidente da República. A frase é curiosa, pois induz à crença de que esses elementos como que estariam germinando e passarem a existir seria mera questão de tempo.
Aécio Neves declarou publicamente, pois, a suposta inviabilidade de atender aos movimentos que querem porque querem exterminar um mandato eletivo concedido pela maioria do eleitorado brasileiro. A reação desses movimentos foi destemperada e passaram a insultar Aécio, Fernando Henrique Cardoso e o próprio PSDB.
Foram usados termos como “traidor”, “arregão”, “covarde” e outras pérolas.
Eis que Graziano volta ao palco e faz um duro ataque aos fanáticos de extrema direita que querem o impeachment com ou sem motivo, como se fosse natural exigir que seja jogado no lixo o desejo da maioria dos eleitores, expresso na eleição presidencial de 2014, bastando, para isso, qualquer desculpa.
Vale ler o “desabafo” de Graziano ante os insultos disparados pelos fanáticos contra FHC e Aécio.
A irritação de Graziano, porém, não se deve aos seus supostos pendores democráticos. Ao chamar os extremistas de direita de “ignorantes políticos” ele pareceu ter buscado um substituto para o adjetivo “burros”. Nesse “desabafo”, ele até tenta explicar por que não faz sentido pedir “agora” o impeachment de Dilma Rousseff.
O trecho abaixo, escrito por Graziano, deixa muito clara a razão de ele não querer mexer com isso “neste momento”.
“(…) Quem venceu, que enfrente a crise. Afinal, foram eles, do PT, que enfiaram o país nessa desgraceira. Que paguem por sua irresponsabilidade e safadeza. Quem quer sentar naquela cadeira para pagar o mico do PT? Lula e Dilma que se fritem (…)”
Entendeu, leitor? O que Graziano pensa, de fato, não é que pedir o impeachment de Dilma sem amparo de provas é antidemocrático. Ele calcula um fato: quem quer que seja que esteja na Presidência da República agora vai ter que aplicar o ajuste fiscal e, assim, arcar com uma imensa onda de impopularidade, que virá da direita, do centro e até da própria esquerda.
Dilma está sofrendo ataques de todos os lados, até do PT.
O fato é que se a economia estivesse bem e a direita tivesse a mesma maioria no Congresso que tem neste momento, não hesitaria em inventar qualquer desculpa para derrubar Dilma Rousseff, sobretudo se ela estivesse sofrendo a mesma crise de impopularidade.
Assim como o ex-presidente Fernando Collor foi derrubado sem amparo de provas, o mesmo poderia ser feito contra Dilma. Porém, como já se disse várias vezes neste espaço – e como Graziano, inclusive, disse, claramente, em seu texto no Facebook, supra reproduzido:
“Quem quer sentar naquela cadeira para pagar o mico do PT?”
Dilma Vana Rousseff tem o pior emprego do mundo, neste momento. Sem ajuste fiscal, o Brasil perde o grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco e pode sofrer um efeito sistêmico, ou crise cambial. Uma brusca e violenta desvalorização do real faria a inflação explodir. Os efeitos seguintes seriam uma forte crise no emprego, na renda etc. Com ajuste fiscal, o Brasil se safa do buraco, mas quem o conduzir será odiado pelo conjunto do espectro político, da direita à esquerda. E pela esmagadora maioria da opinião pública.
Quem quer Dilma fora do poder acha que a saída dela poderia evitar o ajuste. Não iria rolar. A situação ficaria ainda pior do que está, pois até que ela fosse impedida a economia teria ido para o buraco. Quem herdasse o governo teria uma missão muito mais dura pela frente e, devido à ignorância de grandes setores do eleitorado, seria colocado na cruz em lugar do PT e de Dilma.
Seja como for, é positivo para o país que esses fanáticos de ultradireita se isolem. Como são estupidamente radicais, continuarão dinamitando pontes com a política formal e assustando o espectro político com seu radicalismo.
Seja por oportunismo ou por apreço real pela democracia, a reação de Graziano mostra que ainda há cabeças pensantes na oposição. E mostra que até o PSDB está ciente de que não adianta destruir o país para retomar o poder. Menos mal.
Xico Graziano é assessor especial do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e diretor do site Observador Político, ligado ao IFHC (Instituto Fernando Henrique Cardoso). Uma semana após a eleição presidencial do ano passado ele já começara a se estranhar com os movimentos que pedem “impeachment” de Dilma Rousseff.
Coordenador digital de Aécio Neves durante a campanha presidencial de 2014, o ex-deputado federal pelo PSDB Xico Graziano foi atacado nas redes sociais em novembro do ano passado por criticar um protesto a favor do impeachment de Dilma Rousseff.
À época, Graziano declarou que falar em impeachment contra a petista uma semana após sua vitória nas urnas era “absurdo” e “antidemocrático”. A opinião gerou polêmica e o tucano foi acusado de ser “comunista” e “petralha”.
Após os protestos antipetistas de 15 de março e 12 de abril, a pressão de movimentos como Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre e Revoltados On Line obrigou o PSDB, sem lá muita convicção, a encomendar um parecer ao jurista Miguel Reale Júnior sobre a viabilidade de encaminhar à Câmara dos Deputados um pedido de impeachment da presidente recém-reeleita.
Tudo isso foi jogo de cena do PSDB, pois é amplamente conhecido o fato de que não existem elementos para abrir um processo de cassação de Dilma Rousseff por crime de responsabilidade, o que permitiria interromper seu mandato recém-obtido nas urnas.
O parecer do jurista encomendado pelo PSDB apenas disse a realidade: “ainda” não haveria “elementos” para abertura de processo de impeachment contra a presidente da República. A frase é curiosa, pois induz à crença de que esses elementos como que estariam germinando e passarem a existir seria mera questão de tempo.
Aécio Neves declarou publicamente, pois, a suposta inviabilidade de atender aos movimentos que querem porque querem exterminar um mandato eletivo concedido pela maioria do eleitorado brasileiro. A reação desses movimentos foi destemperada e passaram a insultar Aécio, Fernando Henrique Cardoso e o próprio PSDB.
Foram usados termos como “traidor”, “arregão”, “covarde” e outras pérolas.
Eis que Graziano volta ao palco e faz um duro ataque aos fanáticos de extrema direita que querem o impeachment com ou sem motivo, como se fosse natural exigir que seja jogado no lixo o desejo da maioria dos eleitores, expresso na eleição presidencial de 2014, bastando, para isso, qualquer desculpa.
Vale ler o “desabafo” de Graziano ante os insultos disparados pelos fanáticos contra FHC e Aécio.
A irritação de Graziano, porém, não se deve aos seus supostos pendores democráticos. Ao chamar os extremistas de direita de “ignorantes políticos” ele pareceu ter buscado um substituto para o adjetivo “burros”. Nesse “desabafo”, ele até tenta explicar por que não faz sentido pedir “agora” o impeachment de Dilma Rousseff.
O trecho abaixo, escrito por Graziano, deixa muito clara a razão de ele não querer mexer com isso “neste momento”.
“(…) Quem venceu, que enfrente a crise. Afinal, foram eles, do PT, que enfiaram o país nessa desgraceira. Que paguem por sua irresponsabilidade e safadeza. Quem quer sentar naquela cadeira para pagar o mico do PT? Lula e Dilma que se fritem (…)”
Entendeu, leitor? O que Graziano pensa, de fato, não é que pedir o impeachment de Dilma sem amparo de provas é antidemocrático. Ele calcula um fato: quem quer que seja que esteja na Presidência da República agora vai ter que aplicar o ajuste fiscal e, assim, arcar com uma imensa onda de impopularidade, que virá da direita, do centro e até da própria esquerda.
Dilma está sofrendo ataques de todos os lados, até do PT.
O fato é que se a economia estivesse bem e a direita tivesse a mesma maioria no Congresso que tem neste momento, não hesitaria em inventar qualquer desculpa para derrubar Dilma Rousseff, sobretudo se ela estivesse sofrendo a mesma crise de impopularidade.
Assim como o ex-presidente Fernando Collor foi derrubado sem amparo de provas, o mesmo poderia ser feito contra Dilma. Porém, como já se disse várias vezes neste espaço – e como Graziano, inclusive, disse, claramente, em seu texto no Facebook, supra reproduzido:
“Quem quer sentar naquela cadeira para pagar o mico do PT?”
Dilma Vana Rousseff tem o pior emprego do mundo, neste momento. Sem ajuste fiscal, o Brasil perde o grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco e pode sofrer um efeito sistêmico, ou crise cambial. Uma brusca e violenta desvalorização do real faria a inflação explodir. Os efeitos seguintes seriam uma forte crise no emprego, na renda etc. Com ajuste fiscal, o Brasil se safa do buraco, mas quem o conduzir será odiado pelo conjunto do espectro político, da direita à esquerda. E pela esmagadora maioria da opinião pública.
Quem quer Dilma fora do poder acha que a saída dela poderia evitar o ajuste. Não iria rolar. A situação ficaria ainda pior do que está, pois até que ela fosse impedida a economia teria ido para o buraco. Quem herdasse o governo teria uma missão muito mais dura pela frente e, devido à ignorância de grandes setores do eleitorado, seria colocado na cruz em lugar do PT e de Dilma.
Seja como for, é positivo para o país que esses fanáticos de ultradireita se isolem. Como são estupidamente radicais, continuarão dinamitando pontes com a política formal e assustando o espectro político com seu radicalismo.
Seja por oportunismo ou por apreço real pela democracia, a reação de Graziano mostra que ainda há cabeças pensantes na oposição. E mostra que até o PSDB está ciente de que não adianta destruir o país para retomar o poder. Menos mal.
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