Por Mauricio Dias, na revista CartaCapital:
Admitamos uma hipótese altamente improvável, para não dizer impossível, por amor ao raciocínio. E se o Congresso fosse chamado a tomar a decisão do impeachment de Dilma Rousseff?
Caso isso ocorresse será sempre , como em outros casos, um julgamento político que, na Câmara de Deputados, por exemplo, depende de 342 votos, em 513, para alcançar aquilo que, objetivamente, nas circunstâncias de agora, pode ser tratado como golpe. O número de apoios entre deputados é difícil de ser alcançado, a não ser que aconteça uma traição na base do governo.
Como se sabe, a fragilidade governista foi desencadeada pela baixa popularidade gerada no início do segundo governo, atacado pela corrosão da economia. Aí foi gerado o efeito dominó que atingiu as outras instâncias do poder, como ocorreu no Parlamento.
Senado e Câmara, sob controle dos peemedebistas Renan Calheiros e Eduardo Cunha, respectivamente, aprofundaram os problemas erguendo barreiras para descarrilar a economia. Os dois abalaram definitivamente a base de Dilma no Congresso. Tudo parece correr por um caminho marginal sem volta.
Daí nasce a seguinte interrogação: se houver uma hora decisiva, o PMDB sustentará seu apoio ao governo ou Renan e Cunha trairão a presidenta? Infiltrados na base governista, eles poderiam se tornar aquilo que é chamado historicamente de quinta-coluna?
Obviamente, sim. Nesse sentido, aliás, os dois sinalizam desde agora.
Até então a coisa era outra. O partido aliou-se ao PT e ganhou as eleições de 2006, 2010 e 2014. Em 2002, com a primeira vitória de Lula, os peemedebistas desfizeram a aliança com o PSDB e aderiram. Regalaram-se com o sucesso dos dois governos do presidente Lula e, justiça seja feita, foram fiéis aliados.
Amamentados pelo leite do poder, cresceram e engordaram. Têm mais de 2 milhões de filiados. Contam com 7 governadores, 80 deputados federais e 17 senadores. São, portanto, os mais fortes no Senado e na Câmara. Por outro lado, lideram o ranking da corrupção entre os partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral, conforme indica o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.
Entre 2000 e 2007, o partido perdeu, por cassação, 66 parlamentares.
Bem, o PT digeriu tudo isso e Michel Temer, presidente do PMDB, tornou-se vice-presidente. Sem “eles”, dizem os petistas, Lula e Dilma não governariam. Com isso, entretanto, há outros riscos. Surgidos principalmente após a morte de Ulysses Guimarães.
Os petistas não impuseram limites aos peemedebistas da base aliada, de 11 partidos. Muitos deles capazes de fazer qualquer pacto. Não há santos, mas, a exemplo das igrejas, o PMDB nunca fecha as portas. Entra quem quiser. Quem quiser também pode sair. E, em seguida, voltar.
Aconteceu assim com o ex-deputado Moreira Franco. Era do PMDB. Em 1977, entretanto, elegeu-se prefeito da cidade de Niterói (RJ) pelo PDS, então sustentáculo da ditadura. Recentemente Moreira veio a público com uma afirmação forte: “Não somos golpistas”. O plural talvez traia sua ligação com Michel Temer.
Esse brado pouco retumbante não explica tudo. Aponta, porém, o risco de, na hora H, Renan e Cunha, arautos do PMDB, apunhalarem Dilma, como Brutus apunhalou César.
Caso isso ocorresse será sempre , como em outros casos, um julgamento político que, na Câmara de Deputados, por exemplo, depende de 342 votos, em 513, para alcançar aquilo que, objetivamente, nas circunstâncias de agora, pode ser tratado como golpe. O número de apoios entre deputados é difícil de ser alcançado, a não ser que aconteça uma traição na base do governo.
Como se sabe, a fragilidade governista foi desencadeada pela baixa popularidade gerada no início do segundo governo, atacado pela corrosão da economia. Aí foi gerado o efeito dominó que atingiu as outras instâncias do poder, como ocorreu no Parlamento.
Senado e Câmara, sob controle dos peemedebistas Renan Calheiros e Eduardo Cunha, respectivamente, aprofundaram os problemas erguendo barreiras para descarrilar a economia. Os dois abalaram definitivamente a base de Dilma no Congresso. Tudo parece correr por um caminho marginal sem volta.
Daí nasce a seguinte interrogação: se houver uma hora decisiva, o PMDB sustentará seu apoio ao governo ou Renan e Cunha trairão a presidenta? Infiltrados na base governista, eles poderiam se tornar aquilo que é chamado historicamente de quinta-coluna?
Obviamente, sim. Nesse sentido, aliás, os dois sinalizam desde agora.
Até então a coisa era outra. O partido aliou-se ao PT e ganhou as eleições de 2006, 2010 e 2014. Em 2002, com a primeira vitória de Lula, os peemedebistas desfizeram a aliança com o PSDB e aderiram. Regalaram-se com o sucesso dos dois governos do presidente Lula e, justiça seja feita, foram fiéis aliados.
Amamentados pelo leite do poder, cresceram e engordaram. Têm mais de 2 milhões de filiados. Contam com 7 governadores, 80 deputados federais e 17 senadores. São, portanto, os mais fortes no Senado e na Câmara. Por outro lado, lideram o ranking da corrupção entre os partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral, conforme indica o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.
Entre 2000 e 2007, o partido perdeu, por cassação, 66 parlamentares.
Bem, o PT digeriu tudo isso e Michel Temer, presidente do PMDB, tornou-se vice-presidente. Sem “eles”, dizem os petistas, Lula e Dilma não governariam. Com isso, entretanto, há outros riscos. Surgidos principalmente após a morte de Ulysses Guimarães.
Os petistas não impuseram limites aos peemedebistas da base aliada, de 11 partidos. Muitos deles capazes de fazer qualquer pacto. Não há santos, mas, a exemplo das igrejas, o PMDB nunca fecha as portas. Entra quem quiser. Quem quiser também pode sair. E, em seguida, voltar.
Aconteceu assim com o ex-deputado Moreira Franco. Era do PMDB. Em 1977, entretanto, elegeu-se prefeito da cidade de Niterói (RJ) pelo PDS, então sustentáculo da ditadura. Recentemente Moreira veio a público com uma afirmação forte: “Não somos golpistas”. O plural talvez traia sua ligação com Michel Temer.
Esse brado pouco retumbante não explica tudo. Aponta, porém, o risco de, na hora H, Renan e Cunha, arautos do PMDB, apunhalarem Dilma, como Brutus apunhalou César.
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