Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:
Os mais ricos herdarão a Terra. Que já é deles, diga-se de passagem.
A vantagem competitiva? Ter sempre à mão uma boa dispensa com medicamentos, além de médicos competentes. Há um monte de políticos imortais aí para não me deixar mentir.
Digo parcela da população porque podem comprar remédios de ponta, que funcionam e têm poucos efeitos colaterais, por exemplo. Sucesso garantido graças a exigentes testes realizados à exaustão pelas maiores indústrias farmacêuticas do mundo em milhares de “voluntários'' de classes sociais mais baixas.
Afinal, testes de medicamentos envolvendo gente pobre na África que os olhos não veem, o coração não só não sente como agradece.
A relação de casos letais/investimento em cura é maior nas doenças que acometem a parte rica da população do que a parte pobre. A pesquisa para a busca da cura do câncer recebe muito mais que pesquisas para doenças causadas por parasitas que afetam bilhões e matam milhões.
E quando uma pessoa que tem acesso a recursos privados de saúde fica ruim, há chance maior de cura do que alguém que depende de si mesmo, do poder público e de suas filas. Não me excluo dessa, pois tenho acesso a bons médicos e conto com um bom plano de saúde que já me tiraram do Cabo da Boa Esperança uma série de vezes.
Como já publiquei neste espaço, parte da população vive no século 21 da medicina, enquanto outros ainda engatinham pela Idade Média das esperas em hospitais, dos remédios inacessíveis, da falta de saneamento básico e da inexistência de ações preventivas.
Na prática, quem consegue jogar xadrez com a Morte e enganá-la por um tempo são os mais ricos, que possuem os meios para tanto. Mas os mais pobres, por mais que tenham força de vontade e queiram continuar vivendo, não necessariamente conseguem a mesma façanha.
Vão apenas empurrando com a barriga, apesar de tudo e de todos, ajudando com seu trabalho e, algumas vezes, como cobaias, os que ganharam na loteria da vida a terem uma existência mais feliz.
Se a saúde não fosse tratada como um grande negócio global, mas como um direito humano realmente tutelado pela comunidade internacional, a palavra “prevenção'' sairia da frieza dos dicionários e evitaria que algumas coisas saíssem do controle.
Ou seja, que doenças pudessem ser tratadas com a gravidade que merecem quando ainda são “coisa de pobre''.
O problema é que, mais cedo ou mais tarde, alguma “coisa de pobre'' bate à porta dos ricos. Foi assim com o pânico do ebola e está sendo assim com a zika.
Pois, às vezes, vírus e bactérias cismam em ignorar regras sociais e, sem reconhecer quem são os eleitos pela vida, fazem estragos.
A vantagem competitiva? Ter sempre à mão uma boa dispensa com medicamentos, além de médicos competentes. Há um monte de políticos imortais aí para não me deixar mentir.
Digo parcela da população porque podem comprar remédios de ponta, que funcionam e têm poucos efeitos colaterais, por exemplo. Sucesso garantido graças a exigentes testes realizados à exaustão pelas maiores indústrias farmacêuticas do mundo em milhares de “voluntários'' de classes sociais mais baixas.
Afinal, testes de medicamentos envolvendo gente pobre na África que os olhos não veem, o coração não só não sente como agradece.
A relação de casos letais/investimento em cura é maior nas doenças que acometem a parte rica da população do que a parte pobre. A pesquisa para a busca da cura do câncer recebe muito mais que pesquisas para doenças causadas por parasitas que afetam bilhões e matam milhões.
E quando uma pessoa que tem acesso a recursos privados de saúde fica ruim, há chance maior de cura do que alguém que depende de si mesmo, do poder público e de suas filas. Não me excluo dessa, pois tenho acesso a bons médicos e conto com um bom plano de saúde que já me tiraram do Cabo da Boa Esperança uma série de vezes.
Como já publiquei neste espaço, parte da população vive no século 21 da medicina, enquanto outros ainda engatinham pela Idade Média das esperas em hospitais, dos remédios inacessíveis, da falta de saneamento básico e da inexistência de ações preventivas.
Na prática, quem consegue jogar xadrez com a Morte e enganá-la por um tempo são os mais ricos, que possuem os meios para tanto. Mas os mais pobres, por mais que tenham força de vontade e queiram continuar vivendo, não necessariamente conseguem a mesma façanha.
Vão apenas empurrando com a barriga, apesar de tudo e de todos, ajudando com seu trabalho e, algumas vezes, como cobaias, os que ganharam na loteria da vida a terem uma existência mais feliz.
Se a saúde não fosse tratada como um grande negócio global, mas como um direito humano realmente tutelado pela comunidade internacional, a palavra “prevenção'' sairia da frieza dos dicionários e evitaria que algumas coisas saíssem do controle.
Ou seja, que doenças pudessem ser tratadas com a gravidade que merecem quando ainda são “coisa de pobre''.
O problema é que, mais cedo ou mais tarde, alguma “coisa de pobre'' bate à porta dos ricos. Foi assim com o pânico do ebola e está sendo assim com a zika.
Pois, às vezes, vírus e bactérias cismam em ignorar regras sociais e, sem reconhecer quem são os eleitos pela vida, fazem estragos.
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