sábado, 27 de fevereiro de 2016

Doria, Matarazzo e as bicadas no PSDB

Por Altamiro Borges

O PSDB vai às urnas neste domingo (28) para definir quem será o seu candidato às eleições para a prefeitura de São Paulo. Três nomes disputam as prévias: o “líder empresarial” e apresentador de tevê João Doria, apoiado pelo governador Geraldo Alckmin; o vereador das “abotoaduras de ouro” Andrea Matarazzo, bancado pelos caquéticos José Serra e FHC; e o azarão Ricardo Tripoli. A disputa degringolou nas últimas semanas, com várias denúncias de compra de votos e muitas baixarias nas redes sociais. As bicadas no ninho tucano são sangrentas e indicam que o PSDB sairá novamente dividido para o pleito paulistano – decisivo para os projetos futuros da oposição direitista.

Os barões da mídia, que tutelam e blindam os tucanos, estão temerosos com o possível racha. A revista Época, da famiglia Marinho, não esconde sua agonia: “Há 12 anos, os líderes do PSDB se encontravam unidos em torno de um único nome para competir na corrida municipal. O consenso fortaleceu a sigla, a máquina partidária trabalhou em conjunto e o ex-ministro José Serra conseguiu desbancar a reeleição da então prefeita Marta Suplicy (PT), que chegara a alcançar a liderança isolada no começo da campanha. Foi a última vez que os tucanos elegeram um prefeito na capital paulista. Nas duas eleições posteriores, a falta de unidade do PSDB ajudou a colocar a administração do maior colégio eleitoral do Brasil nas mãos dos adversários. Em outubro próximo, um racha semelhante poderá atrapalhar, mais uma vez, os planos políticos do partido”.

Quem é Doria? Vai tomar no c...!

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), 27 mil filiados da sigla estão aptos a participar das prévias. A eleição ocorrerá em urnas eletrônicas espalhadas por 58 pontos da capital. Se nenhum dos três postulantes obtiver 50% mais um dos votos, um segundo turno será realizado no dia 20 de março – o que deverá acirrar ainda mais os ânimos no ninho. E a “guerra”, conforme adverte a revista da famiglia Marinho, não terá reflexos apenas no pleito paulistano. “A disputa interna em torno da eleição municipal é só um sintoma da guerra nacional que acomete os quadros do PSDB”. Geraldo Alckmin e José Serra são os verdadeiros contendores, enquanto Aécio Neves torce à distância pela carnificina dos paulistas.

De fato, para a alegria do mineiro, as penas já estão voando no ninho tucano de São Paulo. Nesta semana, a Comissão de Ética do PSDB decidiu investigar a denúncia de que João Doria “comprou” os filiados. Em nota, o presidente municipal da sigla, vereador Mário Covas Neto, o Zuzinha, reagiu: “Declaro repulsa a essas práticas ilegais e que contrariam frontalmente o que prega o partido”. Em um áudio vazado pela Folha serrista – que torce por Andrea Matarazzo –, o tucano Anderson Silva Carvalho, o “Celebridade”, afirmou que “todos que estão com o Doria estão sendo ajudados. Só não posso passar o valor para você e que dia cada um recebe porque fica antiético. Mas isso eu falo: todos foram ajudados... Ninguém quer trampar de graça. Ninguém quer sair da sua casa para ir votar no Doria, por exemplo. Quem é Doria? Vai tomar no c...!".

O assessor de Andrea Matarazzo

As bicadas sangrentas, porém, não atingem apenas o “novato” João Doria, o fracassado criador do movimento golpista “Cansei”. Também nesta semana, o Ministério Público Estadual decidiu investigar o uso do Programa de Ação Cultural no desvio de recursos públicos para um bar que tem como sócio Luís Sobral, que foi assessor de Andrea Matarazzo na Secretaria Estadual de Cultura (2010-2012) e seu chefe de gabinete na Câmara Municipal. O esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolveria recursos do Teatro Municipal na gestão do ex-diretor-geral José Herencia, que é sócio de Luis Sobral no Clube das Artes. Nesta semana, a prefeitura paulistana interveio na instituição que comandava o teatro.

No meio deste tiroteio, João Doria promete ir votar nas prévias deste domingo acompanhado pelo governador Geraldo Alckmin – que já foi lançado pelo bajulador como candidato à Presidência da República. Já Andrea Matarazzo deverá ter a companhia de José Serra – depois das revelações bombásticas da sua ex-amante, Mirian Dutra, FHC tem evitado aparecer em público. Quem sobreviverá às sangrentas bicadas tucanas?

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