Por Renato Rovai, em seu blog:
O tempo, senhor da razão, cuidou de ir mostrando cada vez com mais nitidez quais as reais intenções daqueles que lideram a campanha pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff. E quanto mais eles foram revelando os dentes caninos, mais gente foi se posicionando do outro lado.
A resistência a favor da democracia e contra o golpe hoje já permite dizer que é possível virar o jogo e impedir que o Brasil volte a se tornar uma republiqueta de bananas.
O dia 18 foi a chave da virada.
Naquele dia aconteceram manifestações em todas as capitais do Brasil. E em todas, praticamente sem exceção, houve mais participação do que o previsto por todos os lados da política.
E como quem foi naqueles eventos não estava atendendo a um chamado da Globo, que tem paralisado sua programação para convocar o golpe, o resultado é que se produziram no embalo deles centenas de outros que estão acontecendo aos poucos e reunindo milhares.
Quase todas as universidades federais fizeram atos ou manifestações nos últimos dias. E a maior parte desses eventos acabou tendo que ser ampliado para telões instalados fora dos teatros.
Ao mesmo tempo, estudantes da PUC-SP reagiram a uma manifestação de provocadores, apanharam da PM do Alckmin, que tem agido com absoluta parcialidade nesses conflitos, e no dia seguinte realizaram um ato que vai ficar na história da PUC de novo.
Ontem foram os estudantes do Mackenzie, que querem livrar a instituição do que parecia ser o seu destino, apoiar movimentos de direita. Teve conflito de novo na rua Maria Antônia, mas dessa vez eram mackenzistas que estavam lá para gritar não vai ter golpe.
Os atos de cultura estão cada vez mais repletos de artistas se posicionando.
O teatro e o cinema do Rio fizeram dois encontros fantásticos na Lapa. E ontem, para celebrar esse posicionamento, a diretora Ana Muylaert, ao receber um prêmio da Globo, disse que Jéssica, a personagem do Que Horas Ela Volta, existe, e é filha de Lula e Dilma.
Tom Zé lançou um manifesto contra o golpe e artistas como Tico Santa Cruz, Maeda Jinkings, Fernando Anitelli, Zé de Abreu, Mônica Iozzi, Letícia Sabatella, Elza Soares, Wagner Moura e tantos com suas falas tiram o verniz de que estar na moda é gritar “fora Dilma”.
Ao mesmo tempo em que a OAB vai para o lado de lá, juristas e advogados de todo o Brasil fazem atos e questionam a ação golpista.
Jornalistas em todas as redações já começam a questionar a linha editorial de seus veículos e a audiência da mídia não alinhada não para de crescer.
O Brasil começa a se mexer de um jeito que não estava nas contas da Globo, a verdadeira central do golpe.
Mesmo assim eles mantêm a marcha.
Da mesma forma que transformaram os imensos atos do dia 18 em algo menor, iludindo até jornalistas experientes, agora vão apressar a ação de impeachment porque sentem o bafo das ruas na nuca.
Essa reação do “não vai ter golpe” terá de ser ainda mais consistente, mais forte.
Eles sabem que estão perdendo a exclusividade das ruas, que foi o que lhes deu legitimidade para chegar ao ponto atual. E é isso que explica, por exemplo, o juiz Sérgio Moro ter colocado em sigilo a lista da Odebrecht que cita 312 políticos. E a Globo não tê-la divulgado no JN.
Eles sabem que listas como essa embaralham o jogo porque demonstram que o sistema político brasileiro é controlado pelas grandes corporações. E que não é punição seletiva que vai acabar com isso.
Ao contrário, quanto menos democracia, menos combate a corrupção. Sempre foi assim, sempre será. É a possibilidade de contraditório que faz com que os podres de todos os lados sejam combatidos e revelados.
Os dias que virão serão duríssimos.
Os que agitam os batedores de panelas acelerando o passo para não perder o time. E os contra o golpe resistindo quase sem comando em todas as partes do país.
O golpe acontece em broadcasting e a resistência é quase toda distribuída em redes.
Não é uma parada fácil, mas cada vez mais parece possível derrotar o que parecia invencível.
O “não vai ter golpe” pode ser a chave de um novo país que virá se o impeachment for derrotado. Ele não aceita mais ser massa de manobra da Globo e ao mesmo tempo vai cobrar a fatura do PT e dos seus líderes, que, por tantos erros cometidos, estão colocando quase tudo a perder.
O tempo, senhor da razão, cuidou de ir mostrando cada vez com mais nitidez quais as reais intenções daqueles que lideram a campanha pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff. E quanto mais eles foram revelando os dentes caninos, mais gente foi se posicionando do outro lado.
A resistência a favor da democracia e contra o golpe hoje já permite dizer que é possível virar o jogo e impedir que o Brasil volte a se tornar uma republiqueta de bananas.
O dia 18 foi a chave da virada.
Naquele dia aconteceram manifestações em todas as capitais do Brasil. E em todas, praticamente sem exceção, houve mais participação do que o previsto por todos os lados da política.
E como quem foi naqueles eventos não estava atendendo a um chamado da Globo, que tem paralisado sua programação para convocar o golpe, o resultado é que se produziram no embalo deles centenas de outros que estão acontecendo aos poucos e reunindo milhares.
Quase todas as universidades federais fizeram atos ou manifestações nos últimos dias. E a maior parte desses eventos acabou tendo que ser ampliado para telões instalados fora dos teatros.
Ao mesmo tempo, estudantes da PUC-SP reagiram a uma manifestação de provocadores, apanharam da PM do Alckmin, que tem agido com absoluta parcialidade nesses conflitos, e no dia seguinte realizaram um ato que vai ficar na história da PUC de novo.
Ontem foram os estudantes do Mackenzie, que querem livrar a instituição do que parecia ser o seu destino, apoiar movimentos de direita. Teve conflito de novo na rua Maria Antônia, mas dessa vez eram mackenzistas que estavam lá para gritar não vai ter golpe.
Os atos de cultura estão cada vez mais repletos de artistas se posicionando.
O teatro e o cinema do Rio fizeram dois encontros fantásticos na Lapa. E ontem, para celebrar esse posicionamento, a diretora Ana Muylaert, ao receber um prêmio da Globo, disse que Jéssica, a personagem do Que Horas Ela Volta, existe, e é filha de Lula e Dilma.
Tom Zé lançou um manifesto contra o golpe e artistas como Tico Santa Cruz, Maeda Jinkings, Fernando Anitelli, Zé de Abreu, Mônica Iozzi, Letícia Sabatella, Elza Soares, Wagner Moura e tantos com suas falas tiram o verniz de que estar na moda é gritar “fora Dilma”.
Ao mesmo tempo em que a OAB vai para o lado de lá, juristas e advogados de todo o Brasil fazem atos e questionam a ação golpista.
Jornalistas em todas as redações já começam a questionar a linha editorial de seus veículos e a audiência da mídia não alinhada não para de crescer.
O Brasil começa a se mexer de um jeito que não estava nas contas da Globo, a verdadeira central do golpe.
Mesmo assim eles mantêm a marcha.
Da mesma forma que transformaram os imensos atos do dia 18 em algo menor, iludindo até jornalistas experientes, agora vão apressar a ação de impeachment porque sentem o bafo das ruas na nuca.
Essa reação do “não vai ter golpe” terá de ser ainda mais consistente, mais forte.
Eles sabem que estão perdendo a exclusividade das ruas, que foi o que lhes deu legitimidade para chegar ao ponto atual. E é isso que explica, por exemplo, o juiz Sérgio Moro ter colocado em sigilo a lista da Odebrecht que cita 312 políticos. E a Globo não tê-la divulgado no JN.
Eles sabem que listas como essa embaralham o jogo porque demonstram que o sistema político brasileiro é controlado pelas grandes corporações. E que não é punição seletiva que vai acabar com isso.
Ao contrário, quanto menos democracia, menos combate a corrupção. Sempre foi assim, sempre será. É a possibilidade de contraditório que faz com que os podres de todos os lados sejam combatidos e revelados.
Os dias que virão serão duríssimos.
Os que agitam os batedores de panelas acelerando o passo para não perder o time. E os contra o golpe resistindo quase sem comando em todas as partes do país.
O golpe acontece em broadcasting e a resistência é quase toda distribuída em redes.
Não é uma parada fácil, mas cada vez mais parece possível derrotar o que parecia invencível.
O “não vai ter golpe” pode ser a chave de um novo país que virá se o impeachment for derrotado. Ele não aceita mais ser massa de manobra da Globo e ao mesmo tempo vai cobrar a fatura do PT e dos seus líderes, que, por tantos erros cometidos, estão colocando quase tudo a perder.
3 comentários:
O DIA SEGUINTE
“A mentira é, verdadeiramente, um vício maldito” (Montaigne, Ensaios,Capítulo IX)
A divulgação da lista da Odebrecht apenas deu a todos a confirmação do que se suspeitava: temos um sistema político corrupto, que se estende a todos os poderes.
Fica então a pergunta sobre os verdadeiros motivos dessa campanha midiática contra Presidente Dilma e do pedido de impeachment.
Em notáveis artigos, o economista Adriano Benayon procura demonstrar que esta campanha vem desde 1954, quando levou Getúlio Vargas ao suicídio. O mote da corrupção esteve sempre associado à deposição violenta dos executivos. Mas jamais foi comprovado que Getúlio Vargas, Leonel Brizola ou João Goulart tenham cometido qualquer ato de improbidade. E todos tiveram suas vidas vasculhadas, esmiuçadas, por seus algozes e por historiadores e jornalistas. Nada, rigorosamente nada, foi encontrado, o que levou um dos mais acerbos opositores de Getúlio Vargas, o senador Afonso Arinos, a escrever no Jornal do Brasil que o “mar de lama” jamais existiu.
Não eram pessoas diferentes, estes políticos, apenas os uniu um interesse maior no Brasil, na constituição de um país soberano, que tivesse sua riqueza distribuída entre seus nacionais, ao invés de enriquecer as potências coloniais.
Há, entre outras casuísticas razões, uma diferença entre 1954 e 2016.
Em 1954 o sistema industrial norte-americano dominava o mundo ocidental e se espalhava por boa parte da Ásia. Era a razão dos nacionalistas da época terem no Tio Sam o inimigo do Brasil, pois os Estados Unidos da América (EUA) era o país mais industrializado e suas empresas espalhavam-se pelo mundo.
Desde as duas últimas décadas do século XX, esta situação foi alterada. Se podemos dizer que o sistema industrial governava os EUA, hoje quem governa aquele país e a quase totalidade do mundo é um sistema mais antigo e cruel: o sistema financeiro.
Suas origens remontam à Inglaterra do século XVII, quando a aristocracia derrotou o absolutismo monárquico e criou, sob seu controle, o banco privado que emitiria a moeda inglesa: o Banco da Inglaterra, em 1694. Foi esta medida que impediu a Inglaterra ter uma elite industrial, como os EUA, que absorveu todo o ganho da expansão colonial dos séculos XVIII ao XX, e, atualmente, com a total ausência de controles, resultado das políticas neoliberais, domina todos os governos. Todos, não. Os BRICS são seus inimigos, as políticas nacionalistas são os obstáculos a seu domínio sobre os governos.
Ainda que nem todos os entusiastas da saída da Presidente Dilma saibam a quem servem, o capital financeiro internacional sabe perfeitamente o que quer.
Assim, poderá acontecer, no day after, o mesmo fenômeno que ocorreu após a vitória do Movimento de 1964: Lacerda cassado e morto, Juscelino, que votou no Marechal Castelo Branco igualmente cassado e morto e várias outras personalidades civis, inclusive representativas do empresariado da época, destituídas por falência de suas empresas ou acidentes.
Diferentemente do capital industrial que precisa de consumidores e operários, o capital financeiro só precisa de governos dóceis e sistemas virtuais de comunicação. Assim, corre o mundo – pois é a única ação efetivamente globalizada – desempregando pessoas, empobrecendo países e concentrando cada vez mais a riqueza. Apenas sugiro a consulta às estatísticas que este capital mesmo divulga por seus agentes internacionais: FMI, Banco Mundial (WB), OCDE e outros.
Não serei o técnico de segunda-feira, acertando o resultado do jogo de domingo, quando a CBF e sua sócia midiática ainda não montavam o calendário esportivo. Digo apenas o que me parece óbvio. Nosso dia seguinte será mais uma tentativa de destruir o sentimento nacional, o nacionalismo que ainda existe em nosso povo com suas falsas e ferozes razões como no épico camoniano.
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado.
Na verdade a virada começou na dia 13, em que ficou claro que a direita não conseguiria dar o golpe nas ruas. Foi mais do mesmo. Chegaram ao seu limite, com globo e tudo. Aí começou o refluxo.
No dia 18 as águas começaram fluir na direção contrária ao golpe e só fará crescer.
... se o impeachment for derrotado... não será, pois NAO VAI TER GOLPE! e o tiro está saindo pela culatra coxaiada insana!
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