Por Altamiro Borges
O Grupo Folha – que vendeu recentemente sua cota no jornal ‘Valor Econômico’ para o Grupo Globo e segue demitindo jornalistas – tem se esforçado para esconder a grave crise que atinge o decadente império. Mas sua situação é cada vez mais dramática. Neste domingo (25), a empresa confessou – sem admitir – a tragédia que atormenta a famiglia Frias. “A Folha é o primeiro jornal brasileiro a ter circulação digital maior do que a impressa. Sua edição digital alcançou em agosto, segundo o IVC (Instituto Verificador de Comunicação), mais de metade do total da sua circulação. Dos 316,5 mil exemplares de média diária no mês, 161,8 mil ou 51% foram relativos à edição digital do jornal, contra 154,7 mil (49%) da impressa”.
O jornal só deixou de informar aos seus incautos leitores que o seu alcance sofreu brutal retração nos últimos anos. Na década de 1980, a Folha chegou a ter mais de um milhão de exemplares vendidos em bancas e por assinatura. Hoje, a edição impressa atinge somente 154,7 mil exemplares. Já a tática marota de compensar a violenta queda de circulação com o número de leitores online (161,8 mil) não convence nenhum conhecedor do mercado editorial. Todos sabem que a versão na internet reduz drasticamente o valor dos anúncios publicitários. Mesmo as assinaturas da edição digital – o chamado modelo "paywall" – não compensam as perdas financeiras com a queda da versão impressa. Em síntese: a Folha caminha para a falência, mas se recusa a admitir!
O problema evidentemente não atinge apenas a Folha, mas o jornal – que diz ter o rabo preso com o leitor – deveria ao menos ser mais honesto com o seu leitorado cada vez mais reduzido. Como aponta a matéria deste domingo, o crescimento da participação digital na circulação dos principais jornais brasileiros é uma tendência que se estende também para o jornal “O Globo”, cuja circulação digital chegou a 48% em agosto, “O Estado de S. Paulo” (39%) e “Zero Hora” (36%). Este aumento confirma que a sociedade, principalmente a juventude, está migrando do impresso para a internet. No mundo todo, este fenômeno leva à falência dos jornais – só nos EUA foram fechados 120 diários nos dez últimos anos. A internet também afeta as emissoras de tevê, com a queda crescente da audiência. O resultado é o agravamento da crise do modelo de negócios dos velhos impérios midiáticos. A Folha seria mais honesta se admitisse a tragédia.
Nos últimos dias, porém, ela fez questão de valorizar o seu passe – o que só confirma uma velha máxima do escritor francês Honoré de Balzac: “quem se jacta muito dos seus feitos é porque poucos feitos têm para se jactar”. Na semana passada ela fez alarde com o resultado de uma pesquisa que aponta que “a Folha é o jornal mais lido por deputados”. Segundo a sondagem, feita pelo Instituto FSB, “solicitados a mencionar até três jornais como fonte de informação, 65% dos parlamentares apontaram a Folha em primeiro lugar. Em seguida aparecem ‘O Estado de S. Paulo’ (41%), ‘O Globo’ (31%), ‘Valor Econômico’ (14%) e ‘Correio Braziliense’ (12%)”. Este resultado talvez ajude a explicar porque o nível dos nossos parlamentares seja o mais reacionário dos últimos tempos.
Já neste mesmo domingo (25), a Folha divulgou na maior caradura que “a imprensa faz uma cobertura crítica do governo Michel Temer”. A intenção canhestra foi aparentar a neutralidade e a imparcialidade de uma mídia que foi protagonista do “golpe dos corruptos” e uma das principais responsáveis pelo assalto ao Palácio do Planalto da gangue do velho traíra. Segundo a cínica matéria, “a Folha vem publicando reportagens críticas ao governo do presidente Michel Temer (PMDB) desde o início da sua interinidade, em maio, e depois de sua posse definitiva após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), no final de agosto. Entre os veículos de maior circulação no país, a Folha se destacou com notícias envolvendo ministros, assessores e ações do presidente”.
Haja cinismo. Com certeza, a parcialidade da Folha – que tem o rabão preso com os golpistas – ajuda a explicar a decadência do império midiático da famiglia Frias!
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O Grupo Folha – que vendeu recentemente sua cota no jornal ‘Valor Econômico’ para o Grupo Globo e segue demitindo jornalistas – tem se esforçado para esconder a grave crise que atinge o decadente império. Mas sua situação é cada vez mais dramática. Neste domingo (25), a empresa confessou – sem admitir – a tragédia que atormenta a famiglia Frias. “A Folha é o primeiro jornal brasileiro a ter circulação digital maior do que a impressa. Sua edição digital alcançou em agosto, segundo o IVC (Instituto Verificador de Comunicação), mais de metade do total da sua circulação. Dos 316,5 mil exemplares de média diária no mês, 161,8 mil ou 51% foram relativos à edição digital do jornal, contra 154,7 mil (49%) da impressa”.
O jornal só deixou de informar aos seus incautos leitores que o seu alcance sofreu brutal retração nos últimos anos. Na década de 1980, a Folha chegou a ter mais de um milhão de exemplares vendidos em bancas e por assinatura. Hoje, a edição impressa atinge somente 154,7 mil exemplares. Já a tática marota de compensar a violenta queda de circulação com o número de leitores online (161,8 mil) não convence nenhum conhecedor do mercado editorial. Todos sabem que a versão na internet reduz drasticamente o valor dos anúncios publicitários. Mesmo as assinaturas da edição digital – o chamado modelo "paywall" – não compensam as perdas financeiras com a queda da versão impressa. Em síntese: a Folha caminha para a falência, mas se recusa a admitir!
O problema evidentemente não atinge apenas a Folha, mas o jornal – que diz ter o rabo preso com o leitor – deveria ao menos ser mais honesto com o seu leitorado cada vez mais reduzido. Como aponta a matéria deste domingo, o crescimento da participação digital na circulação dos principais jornais brasileiros é uma tendência que se estende também para o jornal “O Globo”, cuja circulação digital chegou a 48% em agosto, “O Estado de S. Paulo” (39%) e “Zero Hora” (36%). Este aumento confirma que a sociedade, principalmente a juventude, está migrando do impresso para a internet. No mundo todo, este fenômeno leva à falência dos jornais – só nos EUA foram fechados 120 diários nos dez últimos anos. A internet também afeta as emissoras de tevê, com a queda crescente da audiência. O resultado é o agravamento da crise do modelo de negócios dos velhos impérios midiáticos. A Folha seria mais honesta se admitisse a tragédia.
Nos últimos dias, porém, ela fez questão de valorizar o seu passe – o que só confirma uma velha máxima do escritor francês Honoré de Balzac: “quem se jacta muito dos seus feitos é porque poucos feitos têm para se jactar”. Na semana passada ela fez alarde com o resultado de uma pesquisa que aponta que “a Folha é o jornal mais lido por deputados”. Segundo a sondagem, feita pelo Instituto FSB, “solicitados a mencionar até três jornais como fonte de informação, 65% dos parlamentares apontaram a Folha em primeiro lugar. Em seguida aparecem ‘O Estado de S. Paulo’ (41%), ‘O Globo’ (31%), ‘Valor Econômico’ (14%) e ‘Correio Braziliense’ (12%)”. Este resultado talvez ajude a explicar porque o nível dos nossos parlamentares seja o mais reacionário dos últimos tempos.
Já neste mesmo domingo (25), a Folha divulgou na maior caradura que “a imprensa faz uma cobertura crítica do governo Michel Temer”. A intenção canhestra foi aparentar a neutralidade e a imparcialidade de uma mídia que foi protagonista do “golpe dos corruptos” e uma das principais responsáveis pelo assalto ao Palácio do Planalto da gangue do velho traíra. Segundo a cínica matéria, “a Folha vem publicando reportagens críticas ao governo do presidente Michel Temer (PMDB) desde o início da sua interinidade, em maio, e depois de sua posse definitiva após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), no final de agosto. Entre os veículos de maior circulação no país, a Folha se destacou com notícias envolvendo ministros, assessores e ações do presidente”.
Haja cinismo. Com certeza, a parcialidade da Folha – que tem o rabão preso com os golpistas – ajuda a explicar a decadência do império midiático da famiglia Frias!
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