Por Eric Nepomuceno, de Buenos Aires, para o blog Nocaute:
A esta altura, pouca coisa é tão monótona e previsível como constatar que a Argentina de Mauricio Macri é o reflexo do Brasil de Michel Temer, e vice-versa. A mesma política de terra arrasada, de desprezo por tudo que foi construído – por coincidência – de 2003 a 2015. Além de assassinar o futuro, querem matar a memória, o passado.
Há que se recordar, em todo caso, que entre os dois existe uma diferença essencial. Mauricio Macri é um presidente legítimo, chegou onde está pelo voto soberano da maioria do eleitorado de seu país.
Michel Temer é um usurpador barato, um traidor vil, um presidente ilegítimo. Chegou onde está graças a 61 senadores golpistas.
Tirando isso, o resto é feito de puras coincidências. Os dois estão mergulhados num mar de corrupção, cercados de corruptos por todos os lados. Em alguns aspectos Macri se esmera em superar seu clone. Por exemplo: dos 370 cargos mais importantes do seu governo, nada menos que 114 não apenas vieram do setor privado como foram, até assumir seus postos, altos executivos. Empresas como a Shell ou a Techint, bancos como o JP Morgan, o Deutsche Bank e o HSBC estão muitíssimo bem representados, e até a gigante rede de farmácias Farmacity está no poder.
Mais tímido, entre um calhorda e outro, Michel Temer se contentou em nomear para a presidência do Banco Central um alto executivo (e, claro, acionista) do Itaú. Assim, enquanto Temer, o ilegítimo, destroça conquistas de décadas, comprometendo o futuro de gerações, Macri faz igualzinho e, ao mesmo tempo, dá mostras de uma mesquinharia atroz.
Sua última novidade: eliminar o nome de Nestor Kirchner da paisagem. Literalmente: um de seus asseclas, Hernán Lombardi, ministro de Meios Públicos, quer, por decreto, proibir que espaços e edifícios públicos tenham o nome de ex presidentes antes que tenham se passado vinte anos de sua morte. O alvo evidente chama-se Nestor Kirchner, o mais popular presidente argentino desde Juan Domingo Perón, e que morreu há seis anos. E seu efeito leva de roldão Raúl Alfonsín, o primeiro presidente democraticamente eleito depois da mais sanguinária das ditaduras que sufocaram o país, a que durou de 1976 a 1983, e que morreu há sete anos.
Por quê? Ora, simples: os dois tiveram uma estatura política e moral que jamais será alcançada, nem em seus melhores sonhos, pela figurinha opaca de Mauricio Macri. Ele já tinha mostrado a que veio: assim que assumiu, mandou retirar da Casa Rosada os retratos do ex presidente chileno Salvador Allende, de Juan Domingo Perón, do Che Guevara e, claro, de Nestor Kirchner. E foi avançando para trás: mudou radicalmente a política externa, correu para sentar-se no colo de Washington, chamou de volta o FMI para saber o que fazer e agora tenta apagar Nestor Kirchner da memória coletiva.
O primeiro passo será mudar o nome do esplendoroso Centro Cultural Nestor Kirchner. Depois será a vez de praças, ruas e avenidas espalhadas pelo país que insiste em homenagear o homem que governou para as maiorias – exatamente o contrário de Macri. Mauricio Macri sabe do peso que o nome – e a memória – de Nestor Kirchner tem em seu país. Michel Temer sabe a mesma coisa com relação a Lula da Silva.
Os governos de Nestor Kirchner e Lula da Silva deixaram marcas na história.
Mauricio Macri e Michel Temer deixarão, na melhor das hipóteses, manchas. E, pelo que se viu até agora, difíceis de se limpar.
A esta altura, pouca coisa é tão monótona e previsível como constatar que a Argentina de Mauricio Macri é o reflexo do Brasil de Michel Temer, e vice-versa. A mesma política de terra arrasada, de desprezo por tudo que foi construído – por coincidência – de 2003 a 2015. Além de assassinar o futuro, querem matar a memória, o passado.
Há que se recordar, em todo caso, que entre os dois existe uma diferença essencial. Mauricio Macri é um presidente legítimo, chegou onde está pelo voto soberano da maioria do eleitorado de seu país.
Michel Temer é um usurpador barato, um traidor vil, um presidente ilegítimo. Chegou onde está graças a 61 senadores golpistas.
Tirando isso, o resto é feito de puras coincidências. Os dois estão mergulhados num mar de corrupção, cercados de corruptos por todos os lados. Em alguns aspectos Macri se esmera em superar seu clone. Por exemplo: dos 370 cargos mais importantes do seu governo, nada menos que 114 não apenas vieram do setor privado como foram, até assumir seus postos, altos executivos. Empresas como a Shell ou a Techint, bancos como o JP Morgan, o Deutsche Bank e o HSBC estão muitíssimo bem representados, e até a gigante rede de farmácias Farmacity está no poder.
Mais tímido, entre um calhorda e outro, Michel Temer se contentou em nomear para a presidência do Banco Central um alto executivo (e, claro, acionista) do Itaú. Assim, enquanto Temer, o ilegítimo, destroça conquistas de décadas, comprometendo o futuro de gerações, Macri faz igualzinho e, ao mesmo tempo, dá mostras de uma mesquinharia atroz.
Sua última novidade: eliminar o nome de Nestor Kirchner da paisagem. Literalmente: um de seus asseclas, Hernán Lombardi, ministro de Meios Públicos, quer, por decreto, proibir que espaços e edifícios públicos tenham o nome de ex presidentes antes que tenham se passado vinte anos de sua morte. O alvo evidente chama-se Nestor Kirchner, o mais popular presidente argentino desde Juan Domingo Perón, e que morreu há seis anos. E seu efeito leva de roldão Raúl Alfonsín, o primeiro presidente democraticamente eleito depois da mais sanguinária das ditaduras que sufocaram o país, a que durou de 1976 a 1983, e que morreu há sete anos.
Por quê? Ora, simples: os dois tiveram uma estatura política e moral que jamais será alcançada, nem em seus melhores sonhos, pela figurinha opaca de Mauricio Macri. Ele já tinha mostrado a que veio: assim que assumiu, mandou retirar da Casa Rosada os retratos do ex presidente chileno Salvador Allende, de Juan Domingo Perón, do Che Guevara e, claro, de Nestor Kirchner. E foi avançando para trás: mudou radicalmente a política externa, correu para sentar-se no colo de Washington, chamou de volta o FMI para saber o que fazer e agora tenta apagar Nestor Kirchner da memória coletiva.
O primeiro passo será mudar o nome do esplendoroso Centro Cultural Nestor Kirchner. Depois será a vez de praças, ruas e avenidas espalhadas pelo país que insiste em homenagear o homem que governou para as maiorias – exatamente o contrário de Macri. Mauricio Macri sabe do peso que o nome – e a memória – de Nestor Kirchner tem em seu país. Michel Temer sabe a mesma coisa com relação a Lula da Silva.
Os governos de Nestor Kirchner e Lula da Silva deixaram marcas na história.
Mauricio Macri e Michel Temer deixarão, na melhor das hipóteses, manchas. E, pelo que se viu até agora, difíceis de se limpar.
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