Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Devem ir para as ruas do Rio de Janeiro nesta terça-feira as tropas do Exército enviadas pelo governo federal, em meio a protestos de PMs contra o atraso nos salários.
Tropas das Forças Armadas completam hoje uma semana no Espírito Santo, onde o governo estadual enfrenta um motim da PM, que já deixou mais de 140 mortos.
"O governo federal resolveu colocar as Forças Armadas à disposição de toda e qualquer hipótese de desordem no território brasileiro", justificou o presidente Michel Temer.
É este o clima no país do carnaval, a dez dias do início da folia oficial.
Em Brasília, atendendo a pedido do Palácio do Planalto, um juiz proibiu os jornais Folha e O Globo de publicarem informações sobre a tentativa de um hacker chantagear a primeira-dama Marcela Temer.
Censura nos jornais, algo que não era registrado desde a ditadura militar, tropas nas ruas para garantir a segurança pública, o que falta ainda para voltarmos a 1964?
Entre a realidade e a fantasia, no atropelo dos fatos que são negados, imagens do passado voltam a ameaçar o futuro da nossa democracia.
Ao ser perguntado pela Folha sobre a censura nos jornais, no final de um pronunciamento em que anunciou o contrário do que vem fazendo, o presidente Temer cortou o assunto:
"Não houve isso. Você sabe que não houve".
Como não houve? Às 9h02 de segunda-feira, a Folha recebeu uma intimação do juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, da 21ª Vara Cível de Brasília, para retirar a reportagem sobre Marcela Temer do site do jornal.
Quem pediu a censura foi o subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo Vale Rocha, que tem gabinete no Palácio do Planalto e já atuou como advogado particular da família Temer em outros casos.
Como advogado de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara que está preso em Curitiba acusado de corrupção, Rocha foi o autor de processos contra vários jornalistas. Domina bem o assunto.
Os personagens desta trama contra a imprensa são bem conhecidos em Brasília.
Coordenador-geral da Secretaria da Escola de Formação Jurídica do Distrito Federal, o juiz Hilmar Raposo Filho condenou, em 2014, a revista Carta Capital a pagar indenização ao ministro Gilmar Mendes, do STF.
Enquanto alguns líderes da base aliada do governo defendiam a decisão do juiz, o professor Joaquim Falcão, do curso de Direito da Fundação Getúlio Vargas, foi preciso na crítica:
"Trata-se de uma decisão que tem como consequência a dupla censura. Ofende duplamente direitos. O direito da imprensa de informar e o direito do leitor de ser informado".
O que falta ainda?
Faltava o que o governo mais temia: a volta às ruas dos paneleiros e marchadeiros contra a corrupção. Não falta mais.
Na mesma segunda-feira, os principais grupos pró-impeachment Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua anunciaram que estão organizando uma manifestação em defesa da Lava Jato para o próximo dia 26 de março, na mesma avenida Paulista dos patos amarelos do ano passado.
Coordenador do Vem Pra Rua, o empresário Rogério Chequer fez questão de esclarecer que desta vez não se trata de um protesto contra o governo:
"Queremos deixar bem claro que este não é um ato de `Fora Temer´. Somos a favor das reformas, mas elas não podem ser carta branca para a impunidade".
Menos mal para o governo que as oposições ainda não se manifestaram. Se marcarem algum ato para o mesmo dia e local, as Forças Armadas poderão ter mais trabalho.
E vida que segue.
Devem ir para as ruas do Rio de Janeiro nesta terça-feira as tropas do Exército enviadas pelo governo federal, em meio a protestos de PMs contra o atraso nos salários.
Tropas das Forças Armadas completam hoje uma semana no Espírito Santo, onde o governo estadual enfrenta um motim da PM, que já deixou mais de 140 mortos.
"O governo federal resolveu colocar as Forças Armadas à disposição de toda e qualquer hipótese de desordem no território brasileiro", justificou o presidente Michel Temer.
É este o clima no país do carnaval, a dez dias do início da folia oficial.
Em Brasília, atendendo a pedido do Palácio do Planalto, um juiz proibiu os jornais Folha e O Globo de publicarem informações sobre a tentativa de um hacker chantagear a primeira-dama Marcela Temer.
Censura nos jornais, algo que não era registrado desde a ditadura militar, tropas nas ruas para garantir a segurança pública, o que falta ainda para voltarmos a 1964?
Entre a realidade e a fantasia, no atropelo dos fatos que são negados, imagens do passado voltam a ameaçar o futuro da nossa democracia.
Ao ser perguntado pela Folha sobre a censura nos jornais, no final de um pronunciamento em que anunciou o contrário do que vem fazendo, o presidente Temer cortou o assunto:
"Não houve isso. Você sabe que não houve".
Como não houve? Às 9h02 de segunda-feira, a Folha recebeu uma intimação do juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, da 21ª Vara Cível de Brasília, para retirar a reportagem sobre Marcela Temer do site do jornal.
Quem pediu a censura foi o subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo Vale Rocha, que tem gabinete no Palácio do Planalto e já atuou como advogado particular da família Temer em outros casos.
Como advogado de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara que está preso em Curitiba acusado de corrupção, Rocha foi o autor de processos contra vários jornalistas. Domina bem o assunto.
Os personagens desta trama contra a imprensa são bem conhecidos em Brasília.
Coordenador-geral da Secretaria da Escola de Formação Jurídica do Distrito Federal, o juiz Hilmar Raposo Filho condenou, em 2014, a revista Carta Capital a pagar indenização ao ministro Gilmar Mendes, do STF.
Enquanto alguns líderes da base aliada do governo defendiam a decisão do juiz, o professor Joaquim Falcão, do curso de Direito da Fundação Getúlio Vargas, foi preciso na crítica:
"Trata-se de uma decisão que tem como consequência a dupla censura. Ofende duplamente direitos. O direito da imprensa de informar e o direito do leitor de ser informado".
O que falta ainda?
Faltava o que o governo mais temia: a volta às ruas dos paneleiros e marchadeiros contra a corrupção. Não falta mais.
Na mesma segunda-feira, os principais grupos pró-impeachment Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua anunciaram que estão organizando uma manifestação em defesa da Lava Jato para o próximo dia 26 de março, na mesma avenida Paulista dos patos amarelos do ano passado.
Coordenador do Vem Pra Rua, o empresário Rogério Chequer fez questão de esclarecer que desta vez não se trata de um protesto contra o governo:
"Queremos deixar bem claro que este não é um ato de `Fora Temer´. Somos a favor das reformas, mas elas não podem ser carta branca para a impunidade".
Menos mal para o governo que as oposições ainda não se manifestaram. Se marcarem algum ato para o mesmo dia e local, as Forças Armadas poderão ter mais trabalho.
E vida que segue.
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