Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
Passado o choque de uma morte precoce e injusta, será preciso acompanhar, passo a passo, a investigação e a necessária punição dos doutorzinhos e doutorazinhas de instinto assassino que envergonharam o país com atos criminosos durante o AVC de Marisa Letícia, sem respeitar direitos de paciente e a privacidade de cidadã em luta pela vida.
A esse respeito, não custa lembrar que teriam honrado o diploma universitário se ajudassem a esclarecer as circunstâncias psicológicas de uma tragédia iniciada 24 horas depois que a Polícia Federal esteve no apartamento de Marisa e Lula em São Bernardo, revirou móveis, abriu pastas, levantou o colchão do quarto do casal.
Um dia será possível passar a limpo, como o próprio Lula deixou claro ao falar de facínoras, a perseguição movida pelo Ministério Público e pela Lava Jato. Após dois anos de inferno programado, até agora nada se apontou em acusações contra Marisa, o marido e os filhos. Restou um triplex imoral formado pela covardia, o interesse político e a manipulação midiática. Sua finalidade real era destruir reputações e alimentar um retrocesso político que se encontra aí, à vista de todos, e ainda pode se agravar.
Numa sociedade que, de uns tempos para cá, passou a fingir que aprendeu a respeitar a condição de suas mulheres e não costuma perder a chance de pronunciar palavras simpáticas sobre elas, o tratamento oferecido a Marisa desmascara a hipocrisia e denuncia o atraso real. Sublinha a duplicidade reservada às filhas, mães e avós, em particular aquelas nascidas em famílias de trabalhadores. Confirma a permanência de preconceitos de classe e de gênero, enraizados, invencíveis, desrespeitosos, que ajudam a humilhar para quebrar e descartar. No passado da ditadura, elas eram sequestradas e torturadas para descrever o caminho das pedras que podia levar aos maridos, namorados, filhos.
Era a visão da mulher como o elo mais fraco, que cede primeiro.
No Brasil de nossa época, os adversários de Lula sempre calcularam - erradamente - que seria possível contar com Marisa Letícia, antiga operária da Dulcora, uma das lendárias fábricas de doces de minha infância, para atingir a mais importante liderança popular de nossas lutas sociais após a Abolição. Foi assim desde a primeira campanha presidencial, a de 1989 e um segundo turno de virada, como todos podem recordar. Sempre se procurou um escândalo que pudesse se transformar em tragédia política, forçando a saída de cena do personagem indesejável.
Passado o choque de uma morte precoce e injusta, será preciso acompanhar, passo a passo, a investigação e a necessária punição dos doutorzinhos e doutorazinhas de instinto assassino que envergonharam o país com atos criminosos durante o AVC de Marisa Letícia, sem respeitar direitos de paciente e a privacidade de cidadã em luta pela vida.
A esse respeito, não custa lembrar que teriam honrado o diploma universitário se ajudassem a esclarecer as circunstâncias psicológicas de uma tragédia iniciada 24 horas depois que a Polícia Federal esteve no apartamento de Marisa e Lula em São Bernardo, revirou móveis, abriu pastas, levantou o colchão do quarto do casal.
Um dia será possível passar a limpo, como o próprio Lula deixou claro ao falar de facínoras, a perseguição movida pelo Ministério Público e pela Lava Jato. Após dois anos de inferno programado, até agora nada se apontou em acusações contra Marisa, o marido e os filhos. Restou um triplex imoral formado pela covardia, o interesse político e a manipulação midiática. Sua finalidade real era destruir reputações e alimentar um retrocesso político que se encontra aí, à vista de todos, e ainda pode se agravar.
Numa sociedade que, de uns tempos para cá, passou a fingir que aprendeu a respeitar a condição de suas mulheres e não costuma perder a chance de pronunciar palavras simpáticas sobre elas, o tratamento oferecido a Marisa desmascara a hipocrisia e denuncia o atraso real. Sublinha a duplicidade reservada às filhas, mães e avós, em particular aquelas nascidas em famílias de trabalhadores. Confirma a permanência de preconceitos de classe e de gênero, enraizados, invencíveis, desrespeitosos, que ajudam a humilhar para quebrar e descartar. No passado da ditadura, elas eram sequestradas e torturadas para descrever o caminho das pedras que podia levar aos maridos, namorados, filhos.
Era a visão da mulher como o elo mais fraco, que cede primeiro.
No Brasil de nossa época, os adversários de Lula sempre calcularam - erradamente - que seria possível contar com Marisa Letícia, antiga operária da Dulcora, uma das lendárias fábricas de doces de minha infância, para atingir a mais importante liderança popular de nossas lutas sociais após a Abolição. Foi assim desde a primeira campanha presidencial, a de 1989 e um segundo turno de virada, como todos podem recordar. Sempre se procurou um escândalo que pudesse se transformar em tragédia política, forçando a saída de cena do personagem indesejável.
Foram três décadas de esforço, investimento, trapaças, armadilhas, de qualquer tipo, origem, fundamento. Aguardavam por um depoimento, uma reação desesperada, um gesto de quem não aguenta mais. Uma confissão conveniente. Nada. Marisa não tremeu nem cedeu. Em várias conjuntura difíceis, desfavoráveis, manteve-se de pé. Revelou-se insubstituível. Num período de desafios extremos, quando a postura de determinados indivíduos, homens e mulheres, cumprem um papel decisivo, demonstrou caráter a altura.
E assim chegamos ao ódio que lhe devotavam nos últimos tempos, que denuncia a falta de escrúpulos, a vocação para o crime. É uma vergonha para o país, um risco para a democracia.
A capacidade de resistência, contudo, honra a memória de Marisa. Vamos entender: por maior que tenha sido a dor, não deixou uma existência de 66 anos como vítima. Foi uma vencedora: "a estrela que iluminou minha vida," escreveu Lula, na coroa de flores.
A sua maneira, frequentemente invisível, Marisa Letícia fez sua parte para que, mesmo em tempos tão difíceis, a luta dos trabalhadores pudesse continuar.
E assim chegamos ao ódio que lhe devotavam nos últimos tempos, que denuncia a falta de escrúpulos, a vocação para o crime. É uma vergonha para o país, um risco para a democracia.
A capacidade de resistência, contudo, honra a memória de Marisa. Vamos entender: por maior que tenha sido a dor, não deixou uma existência de 66 anos como vítima. Foi uma vencedora: "a estrela que iluminou minha vida," escreveu Lula, na coroa de flores.
A sua maneira, frequentemente invisível, Marisa Letícia fez sua parte para que, mesmo em tempos tão difíceis, a luta dos trabalhadores pudesse continuar.
0 comentários:
Postar um comentário