Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Ao mesmo tempo em que Michel Temer se segura como pode na cadeira presidencial, a cada dia mais isolado e enfraquecido, para não perder o foro privilegiado, aliados e oposicionistas movimentam-se abertamente na busca de um nome de consenso para por no seu lugar.
Só que não está fácil antecipar a saída do ainda titular do Planalto, e muitos menos encontrar uma solução constitucional para o impasse político criado com as delações da JBS.
E a renúncia está fora dos planos de Temer, como ele já anunciou várias vezes.
Qualquer que seja o caminho escolhido para encurtar o mandato do presidente - impeachment, cassação no TSE, convocação de eleições diretas ou indiretas - os rituais de passagem são demorados e, com isso, Temer vai ganhando tempo, que é seu principal objetivo no momento.
A fórmula mais rápida e menos traumática seria a cassação da chapa Dilma-Temer no julgamento marcado para começar no dia 6 de junho, mas nada garante que o desfecho possa acontecer ainda este ano.
Como de costume, os ministros podem pedir vistas (o governo acabou de nomear dois novos integrantes do tribunal), sem prazo para devolver o processo e, caso perca o mandato, Temer já comunicou que vai recorrer em todas as instâncias.
Enquanto isso, a cada dia que passa, nomes de possíveis substitutos para uma disputa no colégio eleitoral entram e saem das listas de apostas.
A semana começou com o favoritismo do ex-ministro Nelson Jobim, um político-jurista que circula com desenvoltura em todos os partidos e poderes, mas nesta sexta-feira ele já foi rebaixado a possível ministro da Justiça num eventual governo comandado pelo tucano Tasso Jereissatti, tendo Rodrigo Maia como vice.
"Não contem comigo", avisou Jobim na véspera, em almoço com investidores promovido pelo banco BTG Pactual, onde é sócio, quando lhe perguntaram sobre uma possível candidatura presidencial. Ministro, então, nem pensar.
Com passagem marcada para uma longa viagem ao exterior, o ex-ministro não quer nem falar no assunto, alegando motivos profissionais e familiares, mas em política nunca se sabe.
Senador e ex-governador do Ceará, Jereissati teria dificuldades para impor seu nome na Câmara, dona de 513 votos no colégio eleitoral (o Senado tem 81), o que favorece Rodrigo Maia, outro presidenciável indireto.
O desespero é tamanho com a falta de opções viáveis que, na quinta-feira, começou a circular o nome do governador paulista Geraldo Alckmin, do PSDB. O tucano já descartou seu nome e indicou os de Tasso e FHC.
Talvez se torne necessário importar algum executivo estrangeiro para ocupar o cargo, como sugeri aqui no começo do ano quando Barack Obama ficou desempregado depois de passar a presidência para Donald Trump.
Ficha limpíssima, saiu do governo americano aplaudido pelo mundo todo, tem um currículo invejável e, além de tudo, fala bem inglês.
Tem o detalhe de que não nasceu no Brasil, mas Rodrigo Maia também não (nasceu no Chile, quando seu pai era exilado político). Nada que uma pequena mudança na lei não resolva. Por que não?
O outro lado da história
Acostumamo-nos tanto com o pensamento único na mídia nativa que ouvir o outro lado da história foi uma agradabilíssima surpresa.
De um lado da mesa,estava o jornalista Mario Sergio Conti, apresentador do programa "Diálogos", na Globo News.
De outro, o ex-ministro Gilberto Carvalho, apresentado como um quadro histórico do PT.
Durante meia hora, já tarde da noite, chegando do trabalho, voltei a me sentir partícipe de um diálogo de fato democrático, sem cartas marcadas.
Um perguntava o que deveria perguntar e o outro respondia na lata como um militante político daqueles de antigamente.
Conti já havia entrevistado outros petistas em seu programa, abrindo espaço para o contraditório, mas nenhum tinha defendido com tanto empenho o lado derrotado na guerra política que dividiu o Brasil.
Gilberto tinha acabado de sair da batalha campal de Brasília e veio dar a entrevista em São Paulo. Deu uma uma versão bem diferente da oficial.
Quem está contando a verdade?
Para saber, só vendo o programa que pode ser resgatado na internet nestes mil canais que existem hoje em ida.
Foi, para mim, acima de tudo, um momento de grandeza do jornalismo e do que restou da velha militância em nosso país, qualquer que seja o nosso lado nesta interminável guerra política.
Quem foi?
Ao anunciar a retirada das tropas do Exército de Brasília, no dia seguinte ao protesto que acabou em confronto entre manifestantes e a polícia, com atos de vandalismo e barbárie dos dois lados, o ministro da Defesa Raul Jungmann, que me lembra muito o personagem do "sambarilove" no modo de falar, disse que o governo quer identificar e punir os responsáveis pelos prejuízos causados ao patrimônio público.
Acho ótimo que isso seja feito. Assim, finalmente, saberemos quem são e de onde vêm os pequenos grupos de alucinados chamados de "black-blocs", que aparecem no meio das manifestações com pedras, paus e coquetéis molotov, apesar da revista que é feita pela polícia.
Não se deve descartar a ação de agentes provocadores infiltrados, como aconteceu no ano passado aqui em São Paulo, quando um oficial foi detido antes de um protesto, e de quem nunca mais se ouviu falar.
Vida que segue.
Ao mesmo tempo em que Michel Temer se segura como pode na cadeira presidencial, a cada dia mais isolado e enfraquecido, para não perder o foro privilegiado, aliados e oposicionistas movimentam-se abertamente na busca de um nome de consenso para por no seu lugar.
Só que não está fácil antecipar a saída do ainda titular do Planalto, e muitos menos encontrar uma solução constitucional para o impasse político criado com as delações da JBS.
E a renúncia está fora dos planos de Temer, como ele já anunciou várias vezes.
Qualquer que seja o caminho escolhido para encurtar o mandato do presidente - impeachment, cassação no TSE, convocação de eleições diretas ou indiretas - os rituais de passagem são demorados e, com isso, Temer vai ganhando tempo, que é seu principal objetivo no momento.
A fórmula mais rápida e menos traumática seria a cassação da chapa Dilma-Temer no julgamento marcado para começar no dia 6 de junho, mas nada garante que o desfecho possa acontecer ainda este ano.
Como de costume, os ministros podem pedir vistas (o governo acabou de nomear dois novos integrantes do tribunal), sem prazo para devolver o processo e, caso perca o mandato, Temer já comunicou que vai recorrer em todas as instâncias.
Enquanto isso, a cada dia que passa, nomes de possíveis substitutos para uma disputa no colégio eleitoral entram e saem das listas de apostas.
A semana começou com o favoritismo do ex-ministro Nelson Jobim, um político-jurista que circula com desenvoltura em todos os partidos e poderes, mas nesta sexta-feira ele já foi rebaixado a possível ministro da Justiça num eventual governo comandado pelo tucano Tasso Jereissatti, tendo Rodrigo Maia como vice.
"Não contem comigo", avisou Jobim na véspera, em almoço com investidores promovido pelo banco BTG Pactual, onde é sócio, quando lhe perguntaram sobre uma possível candidatura presidencial. Ministro, então, nem pensar.
Com passagem marcada para uma longa viagem ao exterior, o ex-ministro não quer nem falar no assunto, alegando motivos profissionais e familiares, mas em política nunca se sabe.
Senador e ex-governador do Ceará, Jereissati teria dificuldades para impor seu nome na Câmara, dona de 513 votos no colégio eleitoral (o Senado tem 81), o que favorece Rodrigo Maia, outro presidenciável indireto.
O desespero é tamanho com a falta de opções viáveis que, na quinta-feira, começou a circular o nome do governador paulista Geraldo Alckmin, do PSDB. O tucano já descartou seu nome e indicou os de Tasso e FHC.
Talvez se torne necessário importar algum executivo estrangeiro para ocupar o cargo, como sugeri aqui no começo do ano quando Barack Obama ficou desempregado depois de passar a presidência para Donald Trump.
Ficha limpíssima, saiu do governo americano aplaudido pelo mundo todo, tem um currículo invejável e, além de tudo, fala bem inglês.
Tem o detalhe de que não nasceu no Brasil, mas Rodrigo Maia também não (nasceu no Chile, quando seu pai era exilado político). Nada que uma pequena mudança na lei não resolva. Por que não?
O outro lado da história
Acostumamo-nos tanto com o pensamento único na mídia nativa que ouvir o outro lado da história foi uma agradabilíssima surpresa.
De um lado da mesa,estava o jornalista Mario Sergio Conti, apresentador do programa "Diálogos", na Globo News.
De outro, o ex-ministro Gilberto Carvalho, apresentado como um quadro histórico do PT.
Durante meia hora, já tarde da noite, chegando do trabalho, voltei a me sentir partícipe de um diálogo de fato democrático, sem cartas marcadas.
Um perguntava o que deveria perguntar e o outro respondia na lata como um militante político daqueles de antigamente.
Conti já havia entrevistado outros petistas em seu programa, abrindo espaço para o contraditório, mas nenhum tinha defendido com tanto empenho o lado derrotado na guerra política que dividiu o Brasil.
Gilberto tinha acabado de sair da batalha campal de Brasília e veio dar a entrevista em São Paulo. Deu uma uma versão bem diferente da oficial.
Quem está contando a verdade?
Para saber, só vendo o programa que pode ser resgatado na internet nestes mil canais que existem hoje em ida.
Foi, para mim, acima de tudo, um momento de grandeza do jornalismo e do que restou da velha militância em nosso país, qualquer que seja o nosso lado nesta interminável guerra política.
Quem foi?
Ao anunciar a retirada das tropas do Exército de Brasília, no dia seguinte ao protesto que acabou em confronto entre manifestantes e a polícia, com atos de vandalismo e barbárie dos dois lados, o ministro da Defesa Raul Jungmann, que me lembra muito o personagem do "sambarilove" no modo de falar, disse que o governo quer identificar e punir os responsáveis pelos prejuízos causados ao patrimônio público.
Acho ótimo que isso seja feito. Assim, finalmente, saberemos quem são e de onde vêm os pequenos grupos de alucinados chamados de "black-blocs", que aparecem no meio das manifestações com pedras, paus e coquetéis molotov, apesar da revista que é feita pela polícia.
Não se deve descartar a ação de agentes provocadores infiltrados, como aconteceu no ano passado aqui em São Paulo, quando um oficial foi detido antes de um protesto, e de quem nunca mais se ouviu falar.
Vida que segue.
2 comentários:
Se não houvesse hipocrisia, o bicão MiSHELL seria substituído pelo Obama ou pela Liliana Ayalde.
Este Golpe (via TOGA) é "made in U$A", assim como foi o Golpe (via FARDA) de 1964.
O Brasil precisa continuar Colônia dos U$A ...
Os ricos precisam continuar explorando os pobres ...
ABAIXO o GOLPE !!!
ANULEM o IMPEDIMENTO FAJUTO !!!
ANULEM os ATOS dos ENTREGUISTAS !!!
VOLTA da DILMA !!!
FORA: Globo e o resto do PiG, MiSHELL, 2/3 do Senado e da Cãmara, Gilmar e o todo o $TF Golpista, Janot, Moro e todo o Judiciário Golpista, Daiello d toda a PolíCIA Federal Golpista ...
KKKKKKKKKKK charge genial!!
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