Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:
Como romper com o pensamento único dos grandes meios de comunicação em um cenário de concentração midiática e ausência de diversidade e pluralidade de opiniões e ideias? Essa questão foi o norte da discussão sobre “Ética, Jornalismo e Mídia Alternativa na Disputa pela Informação”, ocorrida neste sábado (27/5), durante o 3º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (3ENDC).
O debate contou com a participação de nomes de peso das mídias alternativas do país. Laura Capriglione, dos Jornalistas Livres; Renato Rovai, da Revista Fórum; e Altamiro Borges, autor do Blog do Miro. Além deles, também compuseram a mesa Beth Costa, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), e Gilson Reis, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee).
Para Laura Capriglione, discutir ética no jornalismo é algo imprescindível quando você tem uma mídia tão comprometida com o golpe em curso no país e um determinado projeto de país. “Estamos vivendo no reino da pós-verdade e a mídia alternativa cumpre um papel fundamental na atualidade: dá a possibilidade de as pessoas checarem as informações e as verdades que elas consomem da mídia hegemônica”, diz.
Segundo ela, esse escancaramento do enviesamento dos meios tradicionais tem aberto brechas para o ganho de credibilidade de veículos progressistas e coletivos de mídia independente. “Estamos cada vez mais nos credenciando como uma alternativa para a verdade com credibilidade na rede”, opina. Como exemplo, Capriglione recorda das correntes de mensagens na Internet, espalhando boatos como a possibilidade de Dilma Rousseff confiscar dinheiro da poupança dos brasileiros.
“Com todas as dificuldades que as mídias alternativas estão enfrentando, temos conseguido nos consolidar como uma ilha de excelência e credibilidade dentro da rede”, avalia. “Temos gente boa, competente, fazendo essa contranarrativa. Temos vencido eles nos trending topics. Desafio é pensar como fazer essas iniciativas prosperarem”.
Guerrilha comunicacional incomoda o monopólio
Não devemos nem subestimar, nem superestimar as mídias contra-hegemônicas, alerta Altamiro Borges. Para o presidente do Barão de Itararé, trata-se de uma guerrilha diante de um exército regular, que são os grandes grupos de comunicação privados. “Essa mídia alternativa incomoda bastante, a ponto de se tornar pauta frequente do lado de lá”, sublinha. “Impressiona como certos colunistas de jornalões gostam de bater na mídia alternativa. Ou o Serra, por exemplo, ao ponto de nos chamar de ‘blogueiros sujos’. Até o ‘juizeco’ do Paraná lembrou de nós, de forma venenosa, no depoimento de Lula em Curitiba”.
Na avaliação de Borges, a tendência é que essa guerrilha cresça cada vez mais. “O risco grande é de restringirem o uso da Internet, atacando o Marco Civil e “pedagiando” os serviços na rede”, opina.
Para ele, a mídia não queria o golpe por causa de pedaladas ou corrupção, mas sim para emplacar as reformas que foram rechaçadas nas urnas. Borges aponta que 91% da cobertura da Globo é a favor das reformas. “O fato novo é que a Globo percebeu que Temer estava caindo pelas tabelas e tendo dificuldades de tocar as reformas. A emissora opta, agora, por chutar fora o Temer, seguindo em campanha pelas reformas”, afirma. No entanto, ele faz uma ressalva: essa posição rachou o campo midiático. Meios como a Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo têm se chocado com a Globo em relação ao governo Temer.
Já Renato Rovai, da Revista Fórum, aponta para o risco iminente de, em tempos da chamada pós-verdade, profissionais e veículos ‘rifarem’ a sua reputação. “Nessa disputa, muitos estão perdendo elementos que garantam um nível razoável de credibilidade, e isso ocorre dos dois lados”, avalia. “Isso tem que ser discutido. Debate sobre fake news é muito importante e devemos cobrar padrões de ética e de condutas no nosso campo”.
Beth Costa, da Fenaj, chama a atenção para o fato de que, ao mesmo tempo em que vivemos uma era de abundância de informação, há um processo de subaproveitamento dela. “Os grandes meios de comunicação vem abrindo mão de fazer jornalismo para fazer pura propaganda ideológica, como se estivessem falando em nome de toda a sociedade”, argumenta. De acordo com ela, o desafio é fortalecer a lógica da rede quando se trata de meios alheios à esfera da mídia hegemônica.
3ENDC
O 3ENDC, promovido pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, começou na noite da sexta, 26 de maio, com um Ato Público em Defesa da Liberdade de Expressão, e vai até este domingo, 28/5. O evento está sendo realizado na Universidade de Brasília (UnB), apoiadora da iniciativa.
Como romper com o pensamento único dos grandes meios de comunicação em um cenário de concentração midiática e ausência de diversidade e pluralidade de opiniões e ideias? Essa questão foi o norte da discussão sobre “Ética, Jornalismo e Mídia Alternativa na Disputa pela Informação”, ocorrida neste sábado (27/5), durante o 3º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (3ENDC).
O debate contou com a participação de nomes de peso das mídias alternativas do país. Laura Capriglione, dos Jornalistas Livres; Renato Rovai, da Revista Fórum; e Altamiro Borges, autor do Blog do Miro. Além deles, também compuseram a mesa Beth Costa, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), e Gilson Reis, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee).
Para Laura Capriglione, discutir ética no jornalismo é algo imprescindível quando você tem uma mídia tão comprometida com o golpe em curso no país e um determinado projeto de país. “Estamos vivendo no reino da pós-verdade e a mídia alternativa cumpre um papel fundamental na atualidade: dá a possibilidade de as pessoas checarem as informações e as verdades que elas consomem da mídia hegemônica”, diz.
Segundo ela, esse escancaramento do enviesamento dos meios tradicionais tem aberto brechas para o ganho de credibilidade de veículos progressistas e coletivos de mídia independente. “Estamos cada vez mais nos credenciando como uma alternativa para a verdade com credibilidade na rede”, opina. Como exemplo, Capriglione recorda das correntes de mensagens na Internet, espalhando boatos como a possibilidade de Dilma Rousseff confiscar dinheiro da poupança dos brasileiros.
“Com todas as dificuldades que as mídias alternativas estão enfrentando, temos conseguido nos consolidar como uma ilha de excelência e credibilidade dentro da rede”, avalia. “Temos gente boa, competente, fazendo essa contranarrativa. Temos vencido eles nos trending topics. Desafio é pensar como fazer essas iniciativas prosperarem”.
Guerrilha comunicacional incomoda o monopólio
Não devemos nem subestimar, nem superestimar as mídias contra-hegemônicas, alerta Altamiro Borges. Para o presidente do Barão de Itararé, trata-se de uma guerrilha diante de um exército regular, que são os grandes grupos de comunicação privados. “Essa mídia alternativa incomoda bastante, a ponto de se tornar pauta frequente do lado de lá”, sublinha. “Impressiona como certos colunistas de jornalões gostam de bater na mídia alternativa. Ou o Serra, por exemplo, ao ponto de nos chamar de ‘blogueiros sujos’. Até o ‘juizeco’ do Paraná lembrou de nós, de forma venenosa, no depoimento de Lula em Curitiba”.
Na avaliação de Borges, a tendência é que essa guerrilha cresça cada vez mais. “O risco grande é de restringirem o uso da Internet, atacando o Marco Civil e “pedagiando” os serviços na rede”, opina.
Para ele, a mídia não queria o golpe por causa de pedaladas ou corrupção, mas sim para emplacar as reformas que foram rechaçadas nas urnas. Borges aponta que 91% da cobertura da Globo é a favor das reformas. “O fato novo é que a Globo percebeu que Temer estava caindo pelas tabelas e tendo dificuldades de tocar as reformas. A emissora opta, agora, por chutar fora o Temer, seguindo em campanha pelas reformas”, afirma. No entanto, ele faz uma ressalva: essa posição rachou o campo midiático. Meios como a Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo têm se chocado com a Globo em relação ao governo Temer.
Já Renato Rovai, da Revista Fórum, aponta para o risco iminente de, em tempos da chamada pós-verdade, profissionais e veículos ‘rifarem’ a sua reputação. “Nessa disputa, muitos estão perdendo elementos que garantam um nível razoável de credibilidade, e isso ocorre dos dois lados”, avalia. “Isso tem que ser discutido. Debate sobre fake news é muito importante e devemos cobrar padrões de ética e de condutas no nosso campo”.
Beth Costa, da Fenaj, chama a atenção para o fato de que, ao mesmo tempo em que vivemos uma era de abundância de informação, há um processo de subaproveitamento dela. “Os grandes meios de comunicação vem abrindo mão de fazer jornalismo para fazer pura propaganda ideológica, como se estivessem falando em nome de toda a sociedade”, argumenta. De acordo com ela, o desafio é fortalecer a lógica da rede quando se trata de meios alheios à esfera da mídia hegemônica.
3ENDC
O 3ENDC, promovido pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, começou na noite da sexta, 26 de maio, com um Ato Público em Defesa da Liberdade de Expressão, e vai até este domingo, 28/5. O evento está sendo realizado na Universidade de Brasília (UnB), apoiadora da iniciativa.
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