terça-feira, 13 de junho de 2017

A luta pela liberdade de expressão

Foto: Christian Braga
Do site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

O 3º Encontro de Blogueir@s e Ativistas Digitais de São Paulo reuniu mais de 100 pessoas do estado nos dias 9 e 10 de junho para discutir a liberdade de expressão em tempos de exceção. Com transmissão online pela TVT, o evento, que foi foi sediado no Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindisep), tem como produto final a Carta do 3º Encontro de Blogueir@s e Ativistas Digitais de São Paulo (leia abaixo).

Ao longo dos dois dias de atividades, o #3BlogProgSP realizou discussões sobre a participação do monopólio midiático na ruptura da ordem democrática e na sustentação ideológica do projeto golpista em curso no país, o papel de resistência e disputa de narrativa por parte das mídias alternativas e a luta pela democratização da comunicação no país.

Além dos debates, também ocorreram rodas de conversas sobre a relação da mídia hegemônica com as questões LGBT, das mulheres, do genocídio negro nas periferias e o racismo estrutural. Na parte prática, os participantes do Encontro puderam, também, participar de oficinas de produção de memes (conduzida pela Mídia Ninja), de transmissão ao vivo (pelos Jornalistas Livres) e de fotografia (com Sergio Silva, da Fundação Perseu Abramo).

Confira a carta aprovada ao final do #3BlogProgSP, que sintetiza o evento e seus encaminhamentos.

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Carta do 3º Encontro de Blogueir@s e Ativistas Digitais de São Paulo

Nós blogueiras, blogueiros e ativistas digitais, reunidos em São Paulo nos dias 09 e 10 de junho de 2017 para o 3º Encontro Estadual de Blogueir@s e Ativistas Digitais de SP, reafirmamos nosso compromisso com a luta pela liberdade de expressão, de imprensa e pela democratização dos meios de comunicação. Também confirmamos o nosso compromisso com a democracia e com o restabelecimento do Estado democrático de Direito do Brasil.

Reunidos para discutir e trazer à tona temas relevantes da conjuntura, sob à perspetiva da comunicação, denunciamos o papel da mídia tradicional que tem participado como agente político ativo em diversas pautas e atacam os direitos humanos das e dos cidadãs e cidadãos do país.

A mesma mídia que foi protagonista do golpe jurídico-midiático-parlamentar do Brasil, que destituiu em 2016 a presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff e instaurou o governo golpista de Michel Temer e sua corja, se alia aos empresários e ruralistas mais uma vez em uma ofensiva pela retirada de direitos do povo brasileiro.

Repudiamos a mídia corporativa que propagandeia a reforma trabalhista como uma modernização, e não como a precarização e o fim da CLT e de direitos já consolidados que é. Repudiamos os jornalões que enganam a população com a tese de um falso déficit da previdência, colocando como solução, mais uma vez, a reforma que acabará com a aposentadoria.

Repudiamos também a mídia sensacionalista que incentiva e sustenta o genocídio da população negra deste país. Assim como a mídia machista e patriarcal que estabelece padrões de beleza, de gênero, de sexualidade, de família e de vida que ignoram a complexidade e a diversidade da população brasileira.

Entendemos que mídia alternativa e independente, por sua vez, precisa se munir e estar preparada para fazer o contraponto à mídia corporativa. Os comunicadores populares devem exercer o papel de informar e de formar a população acerca destas pautas. Para nós, o fortalecimento da rede de comunicadores, movimentos sociais e culturais, sindicatos, partidos e agentes políticos progressistas é a nossa maior ferramenta para furar o cerco da grande mídia e atingirmos esse objetivo.

O Brasil é um dos países com maior concentração dos meios de comunicações do mundo. Desta forma, a internet e os ativistas digitais são componentes estratégicos para a construção de uma contranarrativa àquela capitalista, racista, machista, patriarcal e LGBTfóbica estabelecida nos grandes meios.

Em São Paulo, enfrentamos também ataques dos governos tucanos de Geraldo Alckmin e João Doria, que juntos empreendem uma ofensiva entreguista e desumana. Avança a tentativa de privatização de equipamentos públicos, em especial os culturais e educacionais.

Nós comunicadoras e comunicadores também nos colocamos ao lado das companheiras e companheiros do movimento cultural em defesa da cultura. Pelo descongelamento das verbas do setor, contra desmonte de políticas culturais já consolidadas na cidade, em defesa das bibliotecas públicas, contra a censura de artistas, em defesa do VAI e demais programas.

Nós blogueiras, blogueiros e ativistas digitais também entendemos como ações fundamentais para o próximo período:

- Criar um canal com os participantes do encontro para que esse diálogo seja continue;

- Construir espaços de participação, fazer pontes, romper com nossas próprias bolhas e melhorar as articulações com os diversos espaços parceiros;

- Nos apropriar de linguagens atuais e mais leves para chegar a todas as camadas da sociedade;

- Dialogar mais nas periferias, em especial com o efervescente movimento cultural;

- Ampliar a nossa coberturas para as periferias e interiores, sem reproduzir esteriótipos;

- Combater e denunciar padrões machistas, racistas e lgbtfóbicos em todos os espaços, inclusivo nos nossos;

- Debater demarcadores de interseccionalidade;

- Construir unidade de ação de luta;

- Disputar as narrativas hegemônicas;

- Fortalecer a rede de comunicadores, movimentos sociais e culturais, sindicatos, partidos e agentes políticos progressistas para ampliar o alcance das pautas progressistas;

Fora Temer! Fora Alckmin! Fora Doria! Nenhum direito a menos! DIRETAS JÁ! Viva a liberdade de expressão!

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