Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Não há mandiocada verbal que traduza o tamanho da estupidez, da desonestidade, da boçalidade, da indecência política, do machismo e da ignorância que levaram Michel Temer a autorizar e seu marqueteiro Elsinho Mouco a criar a peça publicitária em que desencavam uma fala da presidente deposta Dilma Rousseff sobre o papel da mandioca na formação da cultura nacional. Para começar, mentem. A inserção do PMDB apresenta a fala de Dilma como sendo de 2016, num esforço para justificar o golpe, quando ela foi feita em 2015, quando a então presidente participou da abertura dos Jogos Indígenas. Dilma saudou a mandioca como um dos elementos fundadores da cultura nacional mas eles apresentam a fala como sinal de sua alienação, como se em plena crise se dedicasse a falar sobre abobrinhas e mandiocas.
A desonestidade, quando está no DNA de um governo, aparece nas grandes questões (como nesta capitulação ao lobby dos ingleses para favorecer a Shell no pré-sal, revelada por The Guardian e reproduzida pelo Brasil247) e se reproduz em fatos menores. É com uma desonestidade gritante que a peça de Mouco, autorizada por Temer, coloca uma apresentadora dizendo: "Não dá pra esquecer: 2016, com a economia em frangalhos, Dilma Rousseff anunciava a mandioca como uma das mais importantes conquistas do país".
Dilma não estava anunciando mandioca nenhuma. Invocava um pressuposto da antropologia cultural, o de que toda civilização baseia-se numa cultura alimentar dominante, no caso a mandioca que nos foi legada pelos índios, tornando-se, juntamente com o milho, uma das bases da formação do Brasil. Claude Levy-Strauss, um dos maiores intérpretes desta civilização dos trópicos, em “O cru e o cozido” ensinou-nos muito sobre o papel dos alimentos. Gilberto Freyre, em Casa Grande & Senzala, reconheceu a importância da mandioca na construção do nosso caldeirão cultural: nele os índios, os africanos e os portugueses jogaram seus ingredientes e o seu “saber fazer”, disso resultando boa parte do que somos. Somos também o que comemos.
Temer e Mouco, por toscos que são, não podem alcançar princípios antropológicos nem o sentido do que disse Dilma em 2015: “eu quero saudar a mandioca, uma das maiores conquistas nacionais”, frase que aparece no vídeo, desacompanhada das considerações que ela fez sobre o papel do tubérculo (e do milho) na construção civilizatória brasileira. Mas talvez tenham entendido o que ela disse mas estejam exacerbando na desonestidade: mentem sobre a data e descontextualizam completamente a fala de Dilma. E muito sutilmente, sugerem um duplo sentido quando dizem que, em plena crise, ela “desenterrou a mandioca”. Chulos e machistas.
Em matéria de desrespeito, a criatividade política está devendo uma homenagem a Temer. Em 2015, logo depois de um aumento da gasolina, começou a circular (vendido por m site) aquele adesivo em que uma Dilma de pernas abertas era colocada nos carros, na entrada do abastecimento do tanque. No ato do abastecimento, criava-se a impressão de que ela estava sendo penetrada sexualmente. O adesivo gerou muita revolta, muitos protestos de mulheres e foi tirado de circulação pela Justiça por ofensa à honra. Naquele tempo, o preço da gasolina passou de R$3,09 para R$ 3,29. Agora, com a gasolina custando até mais que R$ 4,00, qual seria o adesivo merecido por Temer? Mas talvez por ser homem, os criadores nacionais ficaram com a imaginação bloqueada.
É duro viver no bananão, país governado por gente estúpida, machista e desprovida de limites em tudo.
Não há mandiocada verbal que traduza o tamanho da estupidez, da desonestidade, da boçalidade, da indecência política, do machismo e da ignorância que levaram Michel Temer a autorizar e seu marqueteiro Elsinho Mouco a criar a peça publicitária em que desencavam uma fala da presidente deposta Dilma Rousseff sobre o papel da mandioca na formação da cultura nacional. Para começar, mentem. A inserção do PMDB apresenta a fala de Dilma como sendo de 2016, num esforço para justificar o golpe, quando ela foi feita em 2015, quando a então presidente participou da abertura dos Jogos Indígenas. Dilma saudou a mandioca como um dos elementos fundadores da cultura nacional mas eles apresentam a fala como sinal de sua alienação, como se em plena crise se dedicasse a falar sobre abobrinhas e mandiocas.
A desonestidade, quando está no DNA de um governo, aparece nas grandes questões (como nesta capitulação ao lobby dos ingleses para favorecer a Shell no pré-sal, revelada por The Guardian e reproduzida pelo Brasil247) e se reproduz em fatos menores. É com uma desonestidade gritante que a peça de Mouco, autorizada por Temer, coloca uma apresentadora dizendo: "Não dá pra esquecer: 2016, com a economia em frangalhos, Dilma Rousseff anunciava a mandioca como uma das mais importantes conquistas do país".
Dilma não estava anunciando mandioca nenhuma. Invocava um pressuposto da antropologia cultural, o de que toda civilização baseia-se numa cultura alimentar dominante, no caso a mandioca que nos foi legada pelos índios, tornando-se, juntamente com o milho, uma das bases da formação do Brasil. Claude Levy-Strauss, um dos maiores intérpretes desta civilização dos trópicos, em “O cru e o cozido” ensinou-nos muito sobre o papel dos alimentos. Gilberto Freyre, em Casa Grande & Senzala, reconheceu a importância da mandioca na construção do nosso caldeirão cultural: nele os índios, os africanos e os portugueses jogaram seus ingredientes e o seu “saber fazer”, disso resultando boa parte do que somos. Somos também o que comemos.
Temer e Mouco, por toscos que são, não podem alcançar princípios antropológicos nem o sentido do que disse Dilma em 2015: “eu quero saudar a mandioca, uma das maiores conquistas nacionais”, frase que aparece no vídeo, desacompanhada das considerações que ela fez sobre o papel do tubérculo (e do milho) na construção civilizatória brasileira. Mas talvez tenham entendido o que ela disse mas estejam exacerbando na desonestidade: mentem sobre a data e descontextualizam completamente a fala de Dilma. E muito sutilmente, sugerem um duplo sentido quando dizem que, em plena crise, ela “desenterrou a mandioca”. Chulos e machistas.
Em matéria de desrespeito, a criatividade política está devendo uma homenagem a Temer. Em 2015, logo depois de um aumento da gasolina, começou a circular (vendido por m site) aquele adesivo em que uma Dilma de pernas abertas era colocada nos carros, na entrada do abastecimento do tanque. No ato do abastecimento, criava-se a impressão de que ela estava sendo penetrada sexualmente. O adesivo gerou muita revolta, muitos protestos de mulheres e foi tirado de circulação pela Justiça por ofensa à honra. Naquele tempo, o preço da gasolina passou de R$3,09 para R$ 3,29. Agora, com a gasolina custando até mais que R$ 4,00, qual seria o adesivo merecido por Temer? Mas talvez por ser homem, os criadores nacionais ficaram com a imaginação bloqueada.
É duro viver no bananão, país governado por gente estúpida, machista e desprovida de limites em tudo.
0 comentários:
Postar um comentário