Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
A derrota no futebol sempre dói mas, para os mexicanos, a volta da seleção para casa, depois de perder ontem para o Brasil, deve ter sido uma dor mitigada pelo resultado eleitoral de domingo, quando elegeram presidente, por larga margem de votos, o candidato progressista Andrés Manoel López Obrador, o AMLO.
Mais que uma alternância no poder, que raramente escapou ao PRI desde 1929, a vitória de Obrador será um teste para a democracia mexicana e para os limites do mercado, desafiado a assimilar um governante contrário às receitas neoliberais, começando por sua proclamação da vitória: “para o bem de todos, primeiro os pobres”.
A eleição do primeiro presidente mexicano de centro-esquerda foi festejada pela esquerda continental que, depois de tantas derrotas, como no Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Colômbia, viu na vitória de AMLO um sinal de que pode estar chegando ao fim o ciclo de restauração conservadora neoliberal na América Latina.
Assim festejaram, nas redes sociais, cubanos, venezuelanos, argentinos, brasileiros e todos mais.
A confirmação ou desmentido deste prognóstico será dado pelo Brasil, em outubro, numa eleição de resultado tão incerto, pois o líder nas pesquisas deve ser impedido de concorrer e o segundo colocado é de extrema-direita.
Governantes de todo o mundo cumprimentam AMLO. Até mesmo Trump, que ele irá tourear em muitas questões, como a do muro na fronteira e a renegociação do Nafta. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, saudou sua vitória em nota.
E AMLO, nas primeiras falas depois de eleito, deu razão aos que o compararam ao Lula de 2002.
Pregou a reconciliação nacional e prometeu respeito a todas as liberdades: empresarial, de expressão, de culto, de associação, sexual e de crenças.
Como Lula em 2002, tratou de acalmar o mercado, prometendo manter a disciplina fiscal e financeira, honrar os contratos e respeitar a autonomia do Banco do México, autoridade monetária do país. Se tais promessas lembram a Carta ao Povo Brasileiro, a prioridade aos mais pobres lembra o Fome Zero, bandeira levantada por Lula no dia da vitória.
AMLO, portanto, deu alguns sinais de que tentará implementar seu programa de mudanças dentro das regras democráticas.
Seu partido, o Morena, pode ter conquistado maioria parlamentar, o que dará mais segurança para ousar mudanças.
Resta saber se o poder econômico – o mercado, as transnacionais e o grande irmão do Norte – assimilarão sua vitória ou tentarão sabotar seu governo, como já fizeram no passado (como no Chile de Allende) e até mais recentemente (como no Brasil de Dilma).
Sobras para Lula
O pré-candidato do PT não deixou de ganhar com as comparações que muitos jornais do mundo fizeram entre ele e Obrador.
O Financial Times, ao perguntar “AMLO é Lula?”, destacou pontos positivos da biografia do ex-presidente que faltariam ao mexicano: “Lula foi líder sindical, trabalhava com as empresas e sabia o que significava um acordo sobre a folha de pagamento”.
Já AMLO, segundo o jornal, seria “um ativista social, com pouca experiência sobre empresas e sobre como funcionam”.
Se no passado estes traços de Lula foram virtudes, por que teriam deixado de sê-lo agora?
O Wall Street Journal diz que Lula moderou suas ideias iniciais, ao passo que AMLO continuaria sendo um esquerdista.
Outros disseram que Obrador está mais para Lula que para Hugo Chávez.
De todo modo, as comparações foram boas para o petista, embora o mercado trate Lula-2018 como bicho-papão.
Candidatos no palco
O dia promete uma algaravia eleitoral.
A CNI sabatinará seis presidenciáveis, em ato com a participação de 2 mil empresários: Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL), Henrique Meirelles (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos).
No Congresso, os partidos de esquerda, embora não conseguindo a unidade eleitoral, lançarão hoje o manifesto por uma frente parlamentar comprometida “com a reconstrução e o desenvolvimento do Brasil”.
Lá estarão PT, PSB, PDT, PCdoB e PSOL, através de suas fundações.
A derrota no futebol sempre dói mas, para os mexicanos, a volta da seleção para casa, depois de perder ontem para o Brasil, deve ter sido uma dor mitigada pelo resultado eleitoral de domingo, quando elegeram presidente, por larga margem de votos, o candidato progressista Andrés Manoel López Obrador, o AMLO.
Mais que uma alternância no poder, que raramente escapou ao PRI desde 1929, a vitória de Obrador será um teste para a democracia mexicana e para os limites do mercado, desafiado a assimilar um governante contrário às receitas neoliberais, começando por sua proclamação da vitória: “para o bem de todos, primeiro os pobres”.
A eleição do primeiro presidente mexicano de centro-esquerda foi festejada pela esquerda continental que, depois de tantas derrotas, como no Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Colômbia, viu na vitória de AMLO um sinal de que pode estar chegando ao fim o ciclo de restauração conservadora neoliberal na América Latina.
Assim festejaram, nas redes sociais, cubanos, venezuelanos, argentinos, brasileiros e todos mais.
A confirmação ou desmentido deste prognóstico será dado pelo Brasil, em outubro, numa eleição de resultado tão incerto, pois o líder nas pesquisas deve ser impedido de concorrer e o segundo colocado é de extrema-direita.
Governantes de todo o mundo cumprimentam AMLO. Até mesmo Trump, que ele irá tourear em muitas questões, como a do muro na fronteira e a renegociação do Nafta. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, saudou sua vitória em nota.
E AMLO, nas primeiras falas depois de eleito, deu razão aos que o compararam ao Lula de 2002.
Pregou a reconciliação nacional e prometeu respeito a todas as liberdades: empresarial, de expressão, de culto, de associação, sexual e de crenças.
Como Lula em 2002, tratou de acalmar o mercado, prometendo manter a disciplina fiscal e financeira, honrar os contratos e respeitar a autonomia do Banco do México, autoridade monetária do país. Se tais promessas lembram a Carta ao Povo Brasileiro, a prioridade aos mais pobres lembra o Fome Zero, bandeira levantada por Lula no dia da vitória.
AMLO, portanto, deu alguns sinais de que tentará implementar seu programa de mudanças dentro das regras democráticas.
Seu partido, o Morena, pode ter conquistado maioria parlamentar, o que dará mais segurança para ousar mudanças.
Resta saber se o poder econômico – o mercado, as transnacionais e o grande irmão do Norte – assimilarão sua vitória ou tentarão sabotar seu governo, como já fizeram no passado (como no Chile de Allende) e até mais recentemente (como no Brasil de Dilma).
Sobras para Lula
O pré-candidato do PT não deixou de ganhar com as comparações que muitos jornais do mundo fizeram entre ele e Obrador.
O Financial Times, ao perguntar “AMLO é Lula?”, destacou pontos positivos da biografia do ex-presidente que faltariam ao mexicano: “Lula foi líder sindical, trabalhava com as empresas e sabia o que significava um acordo sobre a folha de pagamento”.
Já AMLO, segundo o jornal, seria “um ativista social, com pouca experiência sobre empresas e sobre como funcionam”.
Se no passado estes traços de Lula foram virtudes, por que teriam deixado de sê-lo agora?
O Wall Street Journal diz que Lula moderou suas ideias iniciais, ao passo que AMLO continuaria sendo um esquerdista.
Outros disseram que Obrador está mais para Lula que para Hugo Chávez.
De todo modo, as comparações foram boas para o petista, embora o mercado trate Lula-2018 como bicho-papão.
Candidatos no palco
O dia promete uma algaravia eleitoral.
A CNI sabatinará seis presidenciáveis, em ato com a participação de 2 mil empresários: Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL), Henrique Meirelles (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos).
No Congresso, os partidos de esquerda, embora não conseguindo a unidade eleitoral, lançarão hoje o manifesto por uma frente parlamentar comprometida “com a reconstrução e o desenvolvimento do Brasil”.
Lá estarão PT, PSB, PDT, PCdoB e PSOL, através de suas fundações.
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