Por Marcelo Zero
O lamentável atentado contra Bolsonaro, que deve ser condenado por todos, embora possa ter algum impacto de curto prazo na opinião pública, não terá consequências significativas nos resultados das eleições.
Isso por dois motivos principais.
Em primeiro lugar, porque, apesar das especulações surgidas, o atentado foi obra clara de um indivíduo completamente desequilibrado, desses que fala sozinho e acredita em teorias da conspiração.
Um esquizofrênico que vive fora da realidade. Não, foi, portanto, um atentado político, como foram os disparos contra a Caravana de Lula e o bárbaro assassinato de Marielle Franco, até hoje não esclarecidos.
Não houve nenhuma conspiração contra o folclórico capitão.
Só um completo débil mental pode acreditar que o atentado foi fruto de uma conspiração petista, até mesmo porque nem o PT, nem qualquer outro partido, têm nada a lucrar com o incidente.
O único que lucrou, no curto prazo, foi o próprio Bolsonaro, com a publicidade gratuita e vitimizadora.
Em segundo, porque a reação dos bolsonaristas foi a pior possível.
Em vez de aproveitar a oportunidade para suavizar a sua imagem e demonstrar algum compromisso mínimo com a democracia e a civilização, eles se empenharam em reafirmar sua identidade de australopithecus da política nacional.
Com efeito, logo após o atentado, o presidente nacional do PSL, partido do Bolsonaro, em vez de demonstrar equilíbrio e defender a pacificação do processo político, soltou a consigna bélica: “Agora é guerra!”
Dessa forma, incitou a militância a partir para a violência contra petistas e esquerdistas de um modo geral, como sempre fizeram, aliás. O vice Mourão, o mesmo que acha que negros são malandros e que índios são indolentes, defendeu, no dia seguinte, a tortura e a ditadura em entrevista à Globo News. Comparou torturadores a “heróis”.
Com isso, os bolsonaristas demonstraram, mais uma vez, que não têm qualquer compromisso real com a democracia, os direitos humanos, a pacificação do processo político brasileiro e com princípios civilizatórios básicos.
Ao contrário, demonstraram que apostam na violência, no arbítrio e no autoritarismo como “soluções” para a crise que se instalou no Brasil. Vão resolver tudo na marra e com muitas armas. Se chegarem ao poder, vão prender ou “metralhar” petistas e oposicionistas, como já prometeu o capitão, por diversas vezes.
Como afirmou Brecht, a cadela do fascismo está sempre no cio. Sempre barulhenta e descontrolada. Ele é incapaz de controlar sua natureza violenta.
Essas atitudes e esses discursos podem ter impacto positivo nos leitores de Bolsonaro em uma minoria que pode tender para o autoritarismo deslavado, para a patologia sociopolítica do protofascismo brasileiro.
Mas têm um impacto negativo na maior parte da população, que rejeita a violência e o machismo e o racismo exacerbado dos seguidores do capitão.
Mesmo vitimizado pelo atentado, Bolsonaro, em médio prazo, continuará a assustar a maior parte dos eleitores. Assustar não apenas pela violência protofascista, mas também pelo despreparo e pela ausência de propostas.
Bolsonaro é um vácuo pleno de ódio.
Seduz um seleto grupo de analfabetos políticos e de ressentidos. Sua inteligência limítrofe o limita a cerca de 20% do eleitorado.
Em comparação a ele, Hitler e Mussolini eram grandes pensadores políticos.
O grande problema de Bolsonaro é sua intrínseca pequenez política e intelectual.
Há décadas na obscuridade como um parlamentar absolutamente medíocre, foi subitamente catapultado ao estrelato político pelo ódio ao petismo promovido pelos golpistas e sua mídia venal.
A não ser que haja uma aposta maciça do capital e das forças golpistas em sua candidatura, ele não tem envergadura para ganhar as eleições, mesmo sem Lula, que o derrotaria com grande facilidade.
Além disso, boa parte da população percebe que a violência social, institucional e política afeta muito mais as forças populares e de esquerda.
Quem sofre atentados diários são os jovens negros, que são assassinados como moscas, num verdadeiro genocídio, que Bolsonaro na certa deseja ampliar com sua política de armamento dos “cidadãos de bem”.
São 63 jovens negros assassinados por dia. Sessenta e três atentados diários que não aparecem nos telejornais dos cidadãos de bem.
Nos últimos 4 anos, 24 lideranças populares e progressistas sofreram atentados e foram assassinadas no Brasil.
Ninguém deu bola. Mesmo Marielle Franco, que apareceu nos jornais, não teve seu caso elucidado até agora. Na época, seguidores de Bolsonaro afirmaram que ela era amante de traficantes.
Todos os presidentes até agora ilegitimamente afastados do cargo foram do campo progressista: Getúlio, Jango e Dilma. Os da direita têm vida fácil assegurada pela mídia oligárquica e pelos engavetadores de processos.
Durante a ditadura, que Bolsonaro et caterva tanto defendem, centenas de militantes políticos de esquerda foram sequestrados, barbaramente torturados e assassinados.
Milhares de outros foram perseguidos e tiveram de se exilar. Ao contrário do que aconteceu em países como Argentina, aqui no Brasil os torturadores e os assassinos não sofreram nada. Ganharam medalhas e hoje são citados por Bolsonaro e Mourão como “heróis”.
Lula, o grande líder popular da nossa História, foi preso, num processo mentiroso e injusto, para evitar a derrota do golpe e da sua agenda antipopular e antinacional, que Bolsonaro e todos os outros candidatos golpistas apoiam.
Bolsonaro deverá sair em 10 dias do hospital, mas Lula continuará preso por 12 anos, por crimes que nunca cometeu. Quem sofreu a maior violência?
No entanto, a mesma mídia que se comove com o incidente com Bolsonaro, trata esse horrendo atentado contra a democracia, que é a prisão sem provas de Lula, já condenada pela ONU, como algo inteiramente natural.
Todos os dias, dezenas de milhões de brasileiros sofrem com aquilo que Gandhi denominava de “a pior forma de violência”, a miséria. Miséria que será ampliada, caso Bolsonaro ou outro candidato golpista consiga se eleger.
De novo, essa horrível forma de violência, esse atentado diário contra milhões de brasileiros, é algo inteiramente ignorado pela mídia oligárquica e pelo golpistas. Mas as vítimas sentem na pele.
Por isso, pouca gente do povo vai engolir a inversão de papéis insinuada pelo atentado contra Bolsonaro.
Pouca gente vai acreditar, no médio prazo, que o algoz é vítima.
Historicamente, as grandes vítimas violência no Brasil são os pobres, os negros, os índios, as mulheres, os gays e, do ponto de vista político, as lideranças populares e progressistas.
Homem branco machista de classe média e de direita nunca foi vítima. Em geral, é algoz.
O lamentável atentado contra Bolsonaro não vai mudar essa verdade histórica.
E não creio que vá mudar, de forma automática, o resultado das eleições.
Isso por dois motivos principais.
Em primeiro lugar, porque, apesar das especulações surgidas, o atentado foi obra clara de um indivíduo completamente desequilibrado, desses que fala sozinho e acredita em teorias da conspiração.
Um esquizofrênico que vive fora da realidade. Não, foi, portanto, um atentado político, como foram os disparos contra a Caravana de Lula e o bárbaro assassinato de Marielle Franco, até hoje não esclarecidos.
Não houve nenhuma conspiração contra o folclórico capitão.
Só um completo débil mental pode acreditar que o atentado foi fruto de uma conspiração petista, até mesmo porque nem o PT, nem qualquer outro partido, têm nada a lucrar com o incidente.
O único que lucrou, no curto prazo, foi o próprio Bolsonaro, com a publicidade gratuita e vitimizadora.
Em segundo, porque a reação dos bolsonaristas foi a pior possível.
Em vez de aproveitar a oportunidade para suavizar a sua imagem e demonstrar algum compromisso mínimo com a democracia e a civilização, eles se empenharam em reafirmar sua identidade de australopithecus da política nacional.
Com efeito, logo após o atentado, o presidente nacional do PSL, partido do Bolsonaro, em vez de demonstrar equilíbrio e defender a pacificação do processo político, soltou a consigna bélica: “Agora é guerra!”
Dessa forma, incitou a militância a partir para a violência contra petistas e esquerdistas de um modo geral, como sempre fizeram, aliás. O vice Mourão, o mesmo que acha que negros são malandros e que índios são indolentes, defendeu, no dia seguinte, a tortura e a ditadura em entrevista à Globo News. Comparou torturadores a “heróis”.
Com isso, os bolsonaristas demonstraram, mais uma vez, que não têm qualquer compromisso real com a democracia, os direitos humanos, a pacificação do processo político brasileiro e com princípios civilizatórios básicos.
Ao contrário, demonstraram que apostam na violência, no arbítrio e no autoritarismo como “soluções” para a crise que se instalou no Brasil. Vão resolver tudo na marra e com muitas armas. Se chegarem ao poder, vão prender ou “metralhar” petistas e oposicionistas, como já prometeu o capitão, por diversas vezes.
Como afirmou Brecht, a cadela do fascismo está sempre no cio. Sempre barulhenta e descontrolada. Ele é incapaz de controlar sua natureza violenta.
Essas atitudes e esses discursos podem ter impacto positivo nos leitores de Bolsonaro em uma minoria que pode tender para o autoritarismo deslavado, para a patologia sociopolítica do protofascismo brasileiro.
Mas têm um impacto negativo na maior parte da população, que rejeita a violência e o machismo e o racismo exacerbado dos seguidores do capitão.
Mesmo vitimizado pelo atentado, Bolsonaro, em médio prazo, continuará a assustar a maior parte dos eleitores. Assustar não apenas pela violência protofascista, mas também pelo despreparo e pela ausência de propostas.
Bolsonaro é um vácuo pleno de ódio.
Seduz um seleto grupo de analfabetos políticos e de ressentidos. Sua inteligência limítrofe o limita a cerca de 20% do eleitorado.
Em comparação a ele, Hitler e Mussolini eram grandes pensadores políticos.
O grande problema de Bolsonaro é sua intrínseca pequenez política e intelectual.
Há décadas na obscuridade como um parlamentar absolutamente medíocre, foi subitamente catapultado ao estrelato político pelo ódio ao petismo promovido pelos golpistas e sua mídia venal.
A não ser que haja uma aposta maciça do capital e das forças golpistas em sua candidatura, ele não tem envergadura para ganhar as eleições, mesmo sem Lula, que o derrotaria com grande facilidade.
Além disso, boa parte da população percebe que a violência social, institucional e política afeta muito mais as forças populares e de esquerda.
Quem sofre atentados diários são os jovens negros, que são assassinados como moscas, num verdadeiro genocídio, que Bolsonaro na certa deseja ampliar com sua política de armamento dos “cidadãos de bem”.
São 63 jovens negros assassinados por dia. Sessenta e três atentados diários que não aparecem nos telejornais dos cidadãos de bem.
Nos últimos 4 anos, 24 lideranças populares e progressistas sofreram atentados e foram assassinadas no Brasil.
Ninguém deu bola. Mesmo Marielle Franco, que apareceu nos jornais, não teve seu caso elucidado até agora. Na época, seguidores de Bolsonaro afirmaram que ela era amante de traficantes.
Todos os presidentes até agora ilegitimamente afastados do cargo foram do campo progressista: Getúlio, Jango e Dilma. Os da direita têm vida fácil assegurada pela mídia oligárquica e pelos engavetadores de processos.
Durante a ditadura, que Bolsonaro et caterva tanto defendem, centenas de militantes políticos de esquerda foram sequestrados, barbaramente torturados e assassinados.
Milhares de outros foram perseguidos e tiveram de se exilar. Ao contrário do que aconteceu em países como Argentina, aqui no Brasil os torturadores e os assassinos não sofreram nada. Ganharam medalhas e hoje são citados por Bolsonaro e Mourão como “heróis”.
Lula, o grande líder popular da nossa História, foi preso, num processo mentiroso e injusto, para evitar a derrota do golpe e da sua agenda antipopular e antinacional, que Bolsonaro e todos os outros candidatos golpistas apoiam.
Bolsonaro deverá sair em 10 dias do hospital, mas Lula continuará preso por 12 anos, por crimes que nunca cometeu. Quem sofreu a maior violência?
No entanto, a mesma mídia que se comove com o incidente com Bolsonaro, trata esse horrendo atentado contra a democracia, que é a prisão sem provas de Lula, já condenada pela ONU, como algo inteiramente natural.
Todos os dias, dezenas de milhões de brasileiros sofrem com aquilo que Gandhi denominava de “a pior forma de violência”, a miséria. Miséria que será ampliada, caso Bolsonaro ou outro candidato golpista consiga se eleger.
De novo, essa horrível forma de violência, esse atentado diário contra milhões de brasileiros, é algo inteiramente ignorado pela mídia oligárquica e pelo golpistas. Mas as vítimas sentem na pele.
Por isso, pouca gente do povo vai engolir a inversão de papéis insinuada pelo atentado contra Bolsonaro.
Pouca gente vai acreditar, no médio prazo, que o algoz é vítima.
Historicamente, as grandes vítimas violência no Brasil são os pobres, os negros, os índios, as mulheres, os gays e, do ponto de vista político, as lideranças populares e progressistas.
Homem branco machista de classe média e de direita nunca foi vítima. Em geral, é algoz.
O lamentável atentado contra Bolsonaro não vai mudar essa verdade histórica.
E não creio que vá mudar, de forma automática, o resultado das eleições.
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