Jair Bolsonaro não engana ninguém, no Brasil e no mundo: ele representa uma ameaça à democracia. Foi assim que o instituto Freedom House – sediado em Washington, no Estados Unidos – classificou seu governo retrógrado.
Aquela é uma organização que se dedica a avaliar as condições da democracia no mundo.Em seu mais recente relatório, intitulado "Liberdade no Mundo - 2019", classificou os países como “livres”, “parcialmente livres” e “não livres”. Nele, o Brasil figura como “livre” - classificação que pode ser entendida como se usasse uma figura de linguagem comum em análises econômicas: com viés de baixa. "Livre", mas com muitas restrições que configuram a ameaça à democracia ali referida: ataque aos direitos civis e degradação dos direitos políticos.
Segundo o relatório o Brasil está entre os dez países onde ocorreu “importantes acontecimentos em 2018 que afetaram sua trajetória democrática”. Relaciona o “desdém" aos princípios democráticos manifestados rotineiramente por Bolsonaro, sobretudo na campanha eleitoral de 2018, repetidos no exercício da presidência da República, para justificar a ameaça que representa à democracia.
E coloca o Brasil ao lado de outras nações nas quais a direita prevalece nos últimos anos. como em países da Europa (a Hungria, sobretudo) e nos EUA, que "deram impulso a grupos semelhantes ao redor do mundo, como se observou na recente eleição de Jair Bolsonaro,” movimentos que "danificam as democracias por dentro, por meio de sua atitude de menosprezo pelos direitos políticos e civis”.
A ameaça à democracia registrada pela Freedom House é vivida cotidianamente pelos brasileiros, que assistem à degradação da política no país. Que se manifesta nas inúmeras contradições deste governo, entre os grupos que o compõem e com a sociedade brasileira.
Na primeira pesquisa feita sobre a avaliação do governo, divulgada na terça-feira (26), pela CNT/MDA, o resultado foi ruim para Bolsonaro, e registra um descompasso entre o presidente e a sociedade - Bolsonaro é aprovado por 38,9% das pessoas. O menor índice de aprovação de um governo desde o primeiro governo de Lula. Em 2003, por exemplo, Lula teve a aprovação de 56,6% no início de seu primeiro mandato. No início do segundo mandato, em 2007 foi 49,5%.
Aparentemente os brasileiros, aos poucos, se desencantam com o eleito de outubro passado. Mas há também contradições dentro do governo. A mais recente se acentuou na reunião do Grupo de Lima, em Bogotá, na segunda feira (25), que tratou da crise na Venezuela. Nela, coube ao general Hamilton Mourão, vice presidente da República – rejeitar uma ação militar e defender a negociação e a não intervenção nos assuntos internos de um país soberano, atacada pelo chanceler Ernesto Araújo - que, submisso aos EUA, defendia uma ação bélica contra o governo legítimo de uma nação soberana.
No Brasil, mais do que em outro lugar, as palavras do presidente da Freedom House, Michael Abramowitz, cabem como uma luva: “raramente a necessidade de defender as regras da democracia foi tão urgente".
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