domingo, 5 de maio de 2019

Helicóptero e avião bloqueados irritam Neymar

Por Altamiro Borges

Agora está explicado o motivo da sinistra reunião do pai do craque Neymar com o ministro Paulo Guedes, da Economia, e das constrangedoras selfies com o “capetão” Jair Bolsonaro. Segundo reportagem publicada na Folha na semana passada, o objetivo foi tentar liberar os bens bloqueados por sonegação fiscal do bilionário jogador, incluindo um avião e um helicóptero. Até agora, aparentemente, o bajulador do presidente não teve sucesso – mas a bola segue rolando e pode haver um daqueles tapetões tão famosos no mundo do futebol.

De acordo com as informações coletadas pelos repórteres Diego Garcia, Luciano Trindade e Camila Mattoso, “a família de Neymar ainda discute no Carf, órgão vinculado à Receita Federal, o pagamento de R$ 69 milhões em impostos cobrados por conta de um processo por sonegação fiscal. A última tentativa do pai do jogador, Neymar da Silva Santos, foi uma reunião com o ministro Paulo Guedes para discutir a ação que bloqueou vários bens, como um helicóptero, um avião e parte dos capitais sociais de suas empresas”.

Os valores das aeronaves do craque

O jornal teve acesso aos documentos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que mostram que as duas aeronaves “estão registradas como tendo ‘ordem judicial de indisponibilidade’, o que significa que os bens não podem ser negociados. ‘Os bens foram arrolados como garantia do débito. Continuam na propriedade da pessoa, mas é um procedimento normal feito pela Receita. Eles ficam guardados como garantia, mas Neymar não perde a propriedade’, diz o advogado do atleta no caso, Marcos Neder”.

A primeira aeronave bloqueada é o avião Cessna Citation-680, de 2008. Em pesquisa em sites especializados, a Folha encontrou modelos com valores que variam de US$ 4 milhões (R$ 15,9 milhões) a US$ 18 milhões (R$ 71,5 milhões). A segunda é um helicóptero Eurocopter France 130 B4, ano 2012, com valor aproximado de US$ 2 milhões (R$ 7,9 milhões). Ambas fazem parte da frota da Neymar Sport & Marketing, a principal empresa em nome do atleta. O jornal ainda dá mais detalhes sobre os luxos do craque bolsonarista:

Heliponto na mansão de Mangaratiba

“Em sua mansão em Mangaratiba, no litoral fluminense, que vale R$ 24 milhões e possui 10.200 m², existe um heliponto homologado pela Anac. Em 2016, ano que comprou a casa, o pai do atleta também adquiriu dois lotes no condomínio Portobello, que totalizam pouco mais de 3.000 m². O objetivo foi construir um estacionamento para o avião. Assim, o jato Cessna fica abrigado de chuva e sol. No local, o atleta também anda com seu iate particular, veículo que também é citado nas sentenças do processo na Receita”.

Ainda segundo a matéria, “outras três empresas do jogador estão com cotas do seu capital social arroladas por conta do processo com a Receita: a N&N Consultoria (arrolamento de 50%), a N&N Administração de Bens (50%) e a Neymar Store (80%)”. No último dia 17 de abril, o pai do jogador, que comanda as empresas do atleta, esteve em Brasília e se reuniu com o ministro Paulo Guedes. Na sequência, o sorridente sonegador tirou fotos com o “capetão” Jair Bolsonaro – que agradeceu o apoio dado por Neymar ao seu governo.

Craque agride torcedor e time

“Oficialmente, o estafe do jogador disse que o encontro se deveu ao fato de a NR Sports, empresa que cuida da carreira do jogador, estar entre as 10 mil maiores contribuintes do Brasil. O Ministério da Economia deu, posteriormente, uma resposta diferente. Informou que ‘o empresário pretendia prestar esclarecimentos sobre processo pendente de julgamento no âmbito administrativo fiscal’. Acrescentou que Neymar da Silva Santos ‘apresentou seus esclarecimentos ao ministro Paulo Guedes, sendo usual a concessão de audiências ao setor privado’... Braço direito do jogador, Altamiro Bezerra acompanhou o pai de Neymar na visita a Brasília. O empresário fez campanha pela eleição de Jair Bolsonaro no pleito de 2018”.

O bloqueio do avião Cessna Citation e do helicóptero Eurocopter France talvez ajude a explicar a fase difícil do jogador no PSG, que perdeu a final da Copa da França no final de abril. Ao subir a rampa para receber a medalha de vice-campeão, o brasileiro agrediu com um soco um torcedor na arquibancada. O caso será julgado pelo Comitê Disciplinar da Federação Francesa de Futebol e Neymar pode até ser suspenso por causa da agressão. O craque também disparou críticas aos seus colegas em entrevista coletiva, afirmando que “esse não é um time que vai longe”. O treinador do PSG não gostou da sua atitude. “Isso não é algo para falar em uma entrevista, é algo para ser discutido internamente”, rebateu.

0 comentários: