quinta-feira, 8 de agosto de 2019

O preço do golpe da Previdência no Senado

Por Altamiro Borges

Com muita grana do laranjal de Jair Bolsonaro e o apoio ostensivo da cloaca empresarial e da mídia rentista, a Câmara Federal aprovou em segundo turno na noite desta quarta-feira (7) a deforma da Previdência Social. O trator foi implacável. Após recesso parlamentar de três semanas, os deputados votaram a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e todas as emendas em apenas duas tardes. Os partidos de esquerda ainda tentaram barrar algumas sacanagens, mas foram esmagados sem dó nem piedade.

Conforme relato da Rede Brasil Atual, “os destaques que a oposição apresentou na Câmara para reduzir as maldades da reforma da Previdência contra os trabalhadores foram derrubados na votação em plenário. Foi assim com os destaques que ‘resgatavam’ o abono anual do PIS/Pasep e o recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o que colocava fim no pagamento de pensão por morte em valor inferior a um salário mínimo se o beneficiário tiver outra fonte de renda formal”.

Aprovado na Câmara Federal, o golpe da Previdência segue agora para o Senado, onde também haverá dois turnos. A expectativa do “deus-mercado”, porém, é que a votação seja concluída “com tranquilidade” até meados de setembro. De acordo com reportagem de Mariana Schreiber na BBC-Brasil, o clima é de otimismo entre os abutres financeiros. “Os opositores da reforma esperavam que o recesso parlamentar, momento em que os deputados passam mais tempo em suas bases, em contato com os eleitores, pudesse aumentar a pressão contra a reforma, mas mesmo congressistas eleitos pelo Nordeste, região onde o governo tem menos força, disseram que estão convictos em seguir apoiando as mudanças na aposentadoria”.

Além da baixa pressão, os senadores também contam com a generosidade do governo federal. Na votação da Câmara Federal, o laranjal de Jair Bolsonaro – que iludiu os otários com a balela da “nova política” – liberou bilhões em emendas parlamentares. Somente em julho foram empenhados R$ 3 bilhões para “ajudar” os deputados em suas bases. Além da grana pesada, o governo também tem acenado descaradamente com a distribuição de cargos da máquina federal nos estados como forma de atrair votos.

“O jornal ‘Diário do Nordeste’ noticiou em 15 de julho que o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, solicitou indicações de 11 deputados do Ceará que apoiaram a reforma no primeiro turno, para órgãos como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, Companhia Docas do Ceará, Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)”, registra a matéria da BBC. O governo precisa do voto de ao menos 49 dos 81 senadores. Qual será o preço desse singelo e cívico apoio?

2 comentários:

Ernesto Batista Filho disse...

É um grave retrocesso nos diteitos socias da grande partebda populaçao. Até quando esse povo ficará anestesiado perante isso?

Anônimo disse...

A pergunta é: até quando as entidades de luta continuarão a aplicar a anestesia? Até quando os governadores de oposição farão acordos em favor da reforma? Até quando os políticos de esquerda farão discursos eleitoreiros ao invés de usar a tribuna para dizer ao povo que a luta só pode ser nas ruas?? No parlamento a derrota é certa. O povo é vítima