Jair Bolsonaro nada tem a ver com o leão com o qual quis comparar-se ao postar o vídeo que causou gargalhadas em todos os continentes. O leão de quatro patas é chamado de Rei das Selvas, por sua força, caminhar altivo e seu poderoso urro.
O ex-capitão expulso do Exército é bem o contrário. Suas flexões de solo mostram-no como um fracote que apenas mexe com o pescoço, ao invés de realizar o exercício. Deve ter levado muita bronca do seu instrutor na caserna, por ser um enganador até nisso. Superou suas humilhações transformando a flexão de pescoço num ato presidencial, aplaudido pela corja de puxa-sacos de sempre.
O caminhar altivo do leão das selvas e sua imponente juba, nada têm a ver com o ridículo tropejar e os trajes carnavalescos do indigitado Jair. Ninguém ri de um leão; todos riem do Jair fantasiado que nos envergonhou no Japão. Faltaram umas cem medalhas no paletó, para ficar mais parecido com Mussolini ou Idin Amim Dada, todas autoconcedidas.
E o urro, coitado, é um miado tíbio, a desafiar toda uma Nação, não assusta, faz lamentar tanta mediocridade.
O único governante que chamava-se Leão foi um rei no Egito, cuja existência não guarda registros, apenas uma ou duas citações e teria vivido entre 3.500 e 3200 antes de Cristo. Uma coincidência entre Jair e o rei Leão: o egípcio, do período Neolítico, pertence ao que os arqueólogos chamam de "Dinastia 00".
Outra diferença entre o Leão egípcio e Jair é que nem o primeiro, nem qualquer outro governante no mundo criava hienas.
Jair as cria. Cria hienas mentais, nos seus delírios de luta contra a Humanidade, e também as cria em casa! Ensinou-as a morderem pedaços de poder e dinheiro público, desde que foram paridos. Suas hienas familiares são insaciáveis e mordem o próprio leão-criador. Nós, "hienas" de esquerda, estamos até com os dentes embotados, porque a família devora-se internamente: só nos sobrará a carniça do "leão" e a limpeza do território.
Combater essas hienas domesticadas por Jair é uma questão ecológica, ou elas devoram o Brasil inteiro! Uma delas, o zero-zero qualquer coisa (eu me confundo com os filhotes, quem é o gay enrustido referido por Joice, quem é o pinto-pequeno, segundo sua ex-namorada, quem é o miliciano, ou todos são tudo isso?) acaba de abocanhar um bom naco do "leão".
Eduardo acaba de propor um novo AI-5, caso as esquerdas (ou seja, todo mundo que não pertence as milícias fluminenses, confraria das hienas bozonaristas) "nos radicalizemos". Pensa, na sua burrice zoológica, que teria a seu lado todas as Forças Armadas brasileiras, o tolinho...
Ele não sabe que só entre 1964 e 1970, a ditadura dos generais/EUA puniu pelo menos 1.487 militares, entre os quais 53 oficiais-generais; 274 oficiais superiores (major prá cima); 113 oficiais subalternos (tenentes); 936 sargentos, suboficiais, cabos, marinheiros e tarifeiros. Os dados foram pesquisados nos arquivos militares pelo historiador Cláudio Bezerra de Araújo, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
A Comissão da Verdade, que ouviu e pesquisou vítimas da (outra) ditadura, calcula que em todo o período 64-85, entre 6.500 e 7.500 militares das três Forças foram perseguidos, reformados a força, presos, torturados ou mortos pelo regime.
Os militares respeitam os grandes líderes, defensores da Pátria, mais ou menos da esquerda, mais ou menos de direita. Nomes como o general Ladário Pereira Telles, comandante do então III Exército; do almirante Pedro Paulo de Araújo Suzano, ex-ministro da Marinha; do contra-almirante Cândido Aragão, comandante respeitadíssimos no valente Corpo de Fuzileiros Navais, do brigadeiro Ruy Moreira Lima (herói da FAB) são lembrados até hoje, pertencem a História dos militares brasileiros.
Ou o nome do exemplar capitão Sérgio Miranda de Carvalho, que foi expulso por negar-se a cumprir a ordem do brigadeiro fascista João Paulo Burnier, que planejou explodir o Gasômetro do Rio de Janeiro para culpar os "comunistas", prender os democratas fluminenses e jogá-los, vivos ou mortos, em alto-mar.
Ou o nome do exemplar capitão Sérgio Miranda de Carvalho, que foi expulso por negar-se a cumprir a ordem do brigadeiro fascista João Paulo Burnier, que planejou explodir o Gasômetro do Rio de Janeiro para culpar os "comunistas", prender os democratas fluminenses e jogá-los, vivos ou mortos, em alto-mar.
Os militares não são hienas, a não ser na cabecinha dos Bolsonaro, que as cria, imaginando-se um leão. O "leão conservador" que ele pensa virá para salvá-lo, passa ao largo do seu drama.
Bolsonaro cava sua própria cova, sem participação das esquerdas, e muito menos, sem qualquer possibilidade de socorro pelos militares, com exceção de meia-dúzia de generais que ele aliciou via ração mais farta.
* Antonio Barbosa Filho é jornalista, coordenador do Centro de Estudos Barão de Itararé no Vale do Paraíba, e autor de "Audálio, deputado".
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