Editorial do site Vermelho:
A reiterada ameaça do deputado federal paulista Eduardo Bolsonaro, líder do PSL na Câmara dos Deputados, de rasgar a Constituição, por mais que seja uma diatribe, merece atenção. Ela faz parte de uma escalada autoritária que começou com objetivos bem definidos, mas seu itinerário é incerto. A essa altura dos acontecimentos, os limites aceitáveis por muitas forças que num primeiro momento fecharam os olhos para a gravidade dos acontecimentos já foram rompidos.
Esses rompantes ainda são histrionismos de círculos bolsonaristas, mas computados no conjunto de outras ameaças não são nada desprezíveis. Em mais uma crise do seu governo, recentemente o presidente Jair Bolsonaro fez graves ameaças à imprensa como resposta à denúncia que envolveu o seu nome no assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL do Rio de Janeiro. Ele e seu grupo desprezam as instituições, as agridem e até tentam desacreditá-las justamente para criar um ambiente favorável ao autoritarismo.
Esse núcleo do governo flerta com atalhos como esse - agora Eduardo Bolsonaro elevou o tom mais algumas oitavas ao falar até na reedição do Ato Institucional número (AI-5), o tacão da ditadura miliar no seu auge repressivo, editado em 1968 - desde sempre, mas não se deve subestimá-lo, tendo em vista que esse projeto de poder é, no todo, de coloração autoritária. As mediações democráticas não estão no seu cardápio; ele precisa fazer concessões por não reunir forças para impor o seu ditame.
Nesse ponto reside a essência da questão. Isolar essa via para derrotá-la o quanto antes é, acima de qualquer outra coisa, a demanda mais urgente. Para essa tarefa é possível reunir um conjunto de forças com amplas vantagens sobre o autoritarismo. O fundamental nesse momento é bloquear o caminho dessa escalada e, então, iluminar a arena política com propostas firmemente ancoradas na Constituição e regidas pelo Estado Democrático de Direito.
A diatribe de Eduardo Bolsonaro teve, além de tudo, a particularidade de ocorrer num momento em que o pendor autoritário do bolsonarismo se vê cercado por quase todos os lados, mas, como o Brasil se acostumou a ouvir ao longo da história, a democracia exige cuidados como a tenra planta. Por mais que essa conceituação tenha sido banalizada - desde a sua origem -, ela soa como alerta sempre que surgem processos como esse iniciado com a marcha golpista, que já avariou o Estado Democrático de Direito consideravelmente.
Nesse cenário de incertezas e de franco atiradores, o desafio é consolidar um movimento que tenha, sem titubeios, a democracia como valor inegociável. O país não pode mais seguir vagando sem rumo e sem projeto, nas mãos de aventureiros que, a vida já mostrou, não tem a menor responsabilidade com o destino do Brasil e dos brasileiros. É nesse vácuo que surgem as ideias tresloucadas dos Bolsonaro da vida.
A ameaça do frustrado candidato a embaixador do Brasil nos Estados Unidos serviu para mostrar quão grande são as possibilidades para a formação de um campo que se oponha à aventura autoritária bolsonarista. A grita geral contra a fala do filho do presidente foi importante, mas a essência do problema permanece. Esse é o seu modo de governar. Essa é a sua ideologia. Esse é o seu método de fazer política. E mais: ele tem um programa de governo para executar, uma dose amarga de um remédio que para salvar alguns aniquila muitos.
Ao se somar esses ingredientes, chega-se à conclusão de que o Brasil precisa, urgentemente, de instrumentos para conter a marcha autoritária e ao mesmo tempo façam com que os ventos soprem a favor de novos rumos. As forças democráticas têm enorme potencial para desenvolver estudos de primeira, argumentos sólidos e linhas de raciocínio claras, que apontem um novo caminho para o Brasil.
A reiterada ameaça do deputado federal paulista Eduardo Bolsonaro, líder do PSL na Câmara dos Deputados, de rasgar a Constituição, por mais que seja uma diatribe, merece atenção. Ela faz parte de uma escalada autoritária que começou com objetivos bem definidos, mas seu itinerário é incerto. A essa altura dos acontecimentos, os limites aceitáveis por muitas forças que num primeiro momento fecharam os olhos para a gravidade dos acontecimentos já foram rompidos.
Esses rompantes ainda são histrionismos de círculos bolsonaristas, mas computados no conjunto de outras ameaças não são nada desprezíveis. Em mais uma crise do seu governo, recentemente o presidente Jair Bolsonaro fez graves ameaças à imprensa como resposta à denúncia que envolveu o seu nome no assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL do Rio de Janeiro. Ele e seu grupo desprezam as instituições, as agridem e até tentam desacreditá-las justamente para criar um ambiente favorável ao autoritarismo.
Esse núcleo do governo flerta com atalhos como esse - agora Eduardo Bolsonaro elevou o tom mais algumas oitavas ao falar até na reedição do Ato Institucional número (AI-5), o tacão da ditadura miliar no seu auge repressivo, editado em 1968 - desde sempre, mas não se deve subestimá-lo, tendo em vista que esse projeto de poder é, no todo, de coloração autoritária. As mediações democráticas não estão no seu cardápio; ele precisa fazer concessões por não reunir forças para impor o seu ditame.
Nesse ponto reside a essência da questão. Isolar essa via para derrotá-la o quanto antes é, acima de qualquer outra coisa, a demanda mais urgente. Para essa tarefa é possível reunir um conjunto de forças com amplas vantagens sobre o autoritarismo. O fundamental nesse momento é bloquear o caminho dessa escalada e, então, iluminar a arena política com propostas firmemente ancoradas na Constituição e regidas pelo Estado Democrático de Direito.
A diatribe de Eduardo Bolsonaro teve, além de tudo, a particularidade de ocorrer num momento em que o pendor autoritário do bolsonarismo se vê cercado por quase todos os lados, mas, como o Brasil se acostumou a ouvir ao longo da história, a democracia exige cuidados como a tenra planta. Por mais que essa conceituação tenha sido banalizada - desde a sua origem -, ela soa como alerta sempre que surgem processos como esse iniciado com a marcha golpista, que já avariou o Estado Democrático de Direito consideravelmente.
Nesse cenário de incertezas e de franco atiradores, o desafio é consolidar um movimento que tenha, sem titubeios, a democracia como valor inegociável. O país não pode mais seguir vagando sem rumo e sem projeto, nas mãos de aventureiros que, a vida já mostrou, não tem a menor responsabilidade com o destino do Brasil e dos brasileiros. É nesse vácuo que surgem as ideias tresloucadas dos Bolsonaro da vida.
A ameaça do frustrado candidato a embaixador do Brasil nos Estados Unidos serviu para mostrar quão grande são as possibilidades para a formação de um campo que se oponha à aventura autoritária bolsonarista. A grita geral contra a fala do filho do presidente foi importante, mas a essência do problema permanece. Esse é o seu modo de governar. Essa é a sua ideologia. Esse é o seu método de fazer política. E mais: ele tem um programa de governo para executar, uma dose amarga de um remédio que para salvar alguns aniquila muitos.
Ao se somar esses ingredientes, chega-se à conclusão de que o Brasil precisa, urgentemente, de instrumentos para conter a marcha autoritária e ao mesmo tempo façam com que os ventos soprem a favor de novos rumos. As forças democráticas têm enorme potencial para desenvolver estudos de primeira, argumentos sólidos e linhas de raciocínio claras, que apontem um novo caminho para o Brasil.
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