Por Iago Montalvão, na revista CartaCapital:
Já não é mais segredo para ninguém que o Ministério da Educação é hoje a pasta mais desastrosa no governo Bolsonaro. Isso porque há uma disputa acirradíssima entre ministros em uma competição em que vence aquele que é mais irresponsável, atrapalhado, arrogante e incompetente. Nesses quesitos, Weintraub tem dado show.
Muitos são os setores que apontam a completa impossibilidade de que esse ministro continue no cargo. Há quase uma unanimidade nessa questão e essa é sim a frente mais ampla que já se formou, a que exige a demissão de Weintraub.
Entre os que defendem que 2019 sob essa gestão do MEC foi um ano perdido para a educação estão diversos veículos da imprensa; a comissão externa de avaliação do MEC criada na Câmara dos Deputados e a própria Comissão de Educação; um número expressivo de deputados da oposição e da base do governo; bem como variadas entidades e movimentos da área da educação. Entre os que já se posicionaram defendendo a retirada de Weintraub do cargo de ministro da Educação a lista é ainda mais extensa, e conta com figuras do Partido Novo, uma resolução do MBL e até mesmo um editorial do site O Antagonista, um veículo fortemente alinhado ao governo Bolsonaro.
É claro que todas essas opiniões reforçam o fato de que o MEC está voltado para um verdadeiro processo de destruição da educação brasileira enquanto trava sua cruzada ideológica. Para nós, do movimento estudantil, o problema é ainda mais profundo: trata-se de um projeto que visa minar políticas públicas importantes, como o Enem, o Sisu, o Prouni e o Fies, e ao mesmo tempo negar métodos e estudos pedagógicos para substituir qualquer vestígio de uma educação crítica, emancipadora, democrática, por valores conservadores, reacionários e mercadológicos.
Nesse sentido, não é nenhum absurdo afirmar que são fortes os indícios de que esse amontoado de trapalhadas e equívocos podem na verdade fazer parte de um propósito e não são frutos de uma sabotagem. A educação superior era, por exemplo, desde sua fundação e até pouco tempo atrás, uma exclusividade das elites no Brasil. Programas como o Enem, o Sisu, o Prouni, o Fies e as cotas, são uma pequena, mas importante, tentativa de ampliar e democratizar o acesso do povo brasileiro nas universidades, e hoje já é possível ver com nitidez a diferença na composição social e étnica do ensino superior.
Logo, é difícil acreditar que erros tão grotescos no Enem, que não se equiparam a erros anteriores, são frutos de simples deslizes ou sabotagem. Reforçam esse argumento os fatos de que o governo foi alertado diversas vezes sobre os riscos que esse exame corria, desde quando apresentaram uma comissão de avaliação (censura) de conteúdo nas questões que estariam na prova que até hoje não chegou a conhecimento público, passando pelas trocas sucessivas na presidência e na equipe do Inep que levaram a descontinuidades com fortes prejuízos condução do Enem. Se soma ainda a dispensa de licitação utilizada pelo MEC na escolha da gráfica responsável pelas provas, que deixaram nas mãos de uma gráfica menos preparada para essa finalidade e que no final das contas foi responsabilizada pelos erros por apontamento do próprio ministério.
É ainda mais difícil acreditar que esses erros são fruto de deslizes quando o governo negou qualquer transparência aos estudantes e ao povo brasileiro e deixou um clima de insegurança como nunca se viu em edições anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio. Se instalou um verdadeiro caos, uma enxurrada de reclamações e ações de estudantes e famílias contra os resultados do Enem e uma guerra judicial de decisões que suspendiam os resultados do Sisu até que o MEC provasse que as correções foram devidamente feitas. O governo ainda assim sustentou a posição de não abrir o jogo e passar a limpo o que ocorreu. Hoje, com o resultado liberado fruto da decisão do STJ, após dois recursos da AGU, muitos estudantes não sabem se sua nota foi de fato corrigida, o que pode significar uma vaga perdida na universidade por irresponsabilidade do governo.
Só um novo “tsunami da educação” poderá varrer essa incompetência do MEC e, claro, contribuir para derrotar o governo Bolsonaro. Nós estudantes já estamos nos preparando para contra-atacar com o retorno do calendário letivo. Lançaremos uma campanha intitulada “Eu defendo a Educação!” para envolver estudantes, entidades, artistas e toda a sociedade na defesa das nossas universidades e escolas, da ciência e da inovação. Dentre as atividades dessa campanha estarão festivais universitários, ações de pesquisa e extensão em praças e comunidades (“Aula na Rua”) e é claro uma jornada de lutas com paralisações e manifestações de rua. A primeira já está marcada para o dia 18 de março, junto com professores e trabalhadores da educação para parar o Brasil.
Derrotar Weintraub, ainda que haja a absurda chance de vir coisa pior, é uma lição que precisamos dar ao governo. Ninguém que seja tão nocivo a educação pode seguir em paz nessa posição. Assim criamos condições de avançar. Em defesa da educação: fora Weintraub!
Muitos são os setores que apontam a completa impossibilidade de que esse ministro continue no cargo. Há quase uma unanimidade nessa questão e essa é sim a frente mais ampla que já se formou, a que exige a demissão de Weintraub.
Entre os que defendem que 2019 sob essa gestão do MEC foi um ano perdido para a educação estão diversos veículos da imprensa; a comissão externa de avaliação do MEC criada na Câmara dos Deputados e a própria Comissão de Educação; um número expressivo de deputados da oposição e da base do governo; bem como variadas entidades e movimentos da área da educação. Entre os que já se posicionaram defendendo a retirada de Weintraub do cargo de ministro da Educação a lista é ainda mais extensa, e conta com figuras do Partido Novo, uma resolução do MBL e até mesmo um editorial do site O Antagonista, um veículo fortemente alinhado ao governo Bolsonaro.
É claro que todas essas opiniões reforçam o fato de que o MEC está voltado para um verdadeiro processo de destruição da educação brasileira enquanto trava sua cruzada ideológica. Para nós, do movimento estudantil, o problema é ainda mais profundo: trata-se de um projeto que visa minar políticas públicas importantes, como o Enem, o Sisu, o Prouni e o Fies, e ao mesmo tempo negar métodos e estudos pedagógicos para substituir qualquer vestígio de uma educação crítica, emancipadora, democrática, por valores conservadores, reacionários e mercadológicos.
Nesse sentido, não é nenhum absurdo afirmar que são fortes os indícios de que esse amontoado de trapalhadas e equívocos podem na verdade fazer parte de um propósito e não são frutos de uma sabotagem. A educação superior era, por exemplo, desde sua fundação e até pouco tempo atrás, uma exclusividade das elites no Brasil. Programas como o Enem, o Sisu, o Prouni, o Fies e as cotas, são uma pequena, mas importante, tentativa de ampliar e democratizar o acesso do povo brasileiro nas universidades, e hoje já é possível ver com nitidez a diferença na composição social e étnica do ensino superior.
Logo, é difícil acreditar que erros tão grotescos no Enem, que não se equiparam a erros anteriores, são frutos de simples deslizes ou sabotagem. Reforçam esse argumento os fatos de que o governo foi alertado diversas vezes sobre os riscos que esse exame corria, desde quando apresentaram uma comissão de avaliação (censura) de conteúdo nas questões que estariam na prova que até hoje não chegou a conhecimento público, passando pelas trocas sucessivas na presidência e na equipe do Inep que levaram a descontinuidades com fortes prejuízos condução do Enem. Se soma ainda a dispensa de licitação utilizada pelo MEC na escolha da gráfica responsável pelas provas, que deixaram nas mãos de uma gráfica menos preparada para essa finalidade e que no final das contas foi responsabilizada pelos erros por apontamento do próprio ministério.
É ainda mais difícil acreditar que esses erros são fruto de deslizes quando o governo negou qualquer transparência aos estudantes e ao povo brasileiro e deixou um clima de insegurança como nunca se viu em edições anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio. Se instalou um verdadeiro caos, uma enxurrada de reclamações e ações de estudantes e famílias contra os resultados do Enem e uma guerra judicial de decisões que suspendiam os resultados do Sisu até que o MEC provasse que as correções foram devidamente feitas. O governo ainda assim sustentou a posição de não abrir o jogo e passar a limpo o que ocorreu. Hoje, com o resultado liberado fruto da decisão do STJ, após dois recursos da AGU, muitos estudantes não sabem se sua nota foi de fato corrigida, o que pode significar uma vaga perdida na universidade por irresponsabilidade do governo.
Só um novo “tsunami da educação” poderá varrer essa incompetência do MEC e, claro, contribuir para derrotar o governo Bolsonaro. Nós estudantes já estamos nos preparando para contra-atacar com o retorno do calendário letivo. Lançaremos uma campanha intitulada “Eu defendo a Educação!” para envolver estudantes, entidades, artistas e toda a sociedade na defesa das nossas universidades e escolas, da ciência e da inovação. Dentre as atividades dessa campanha estarão festivais universitários, ações de pesquisa e extensão em praças e comunidades (“Aula na Rua”) e é claro uma jornada de lutas com paralisações e manifestações de rua. A primeira já está marcada para o dia 18 de março, junto com professores e trabalhadores da educação para parar o Brasil.
Derrotar Weintraub, ainda que haja a absurda chance de vir coisa pior, é uma lição que precisamos dar ao governo. Ninguém que seja tão nocivo a educação pode seguir em paz nessa posição. Assim criamos condições de avançar. Em defesa da educação: fora Weintraub!
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