Por Marcelo Auler, em seu blog:
Sem dúvida esse não era o objetivo. Mas aconteceu. A entrevista do diretor de gestão da Casa da Moeda, Fabio Rito Barbosa, ao Jornal GloboNews – Edição das 10h, na manhã de sexta-feira (10/01) serviu como o estopim que provocou a paralisação dos cerca de 2 mil funcionários da estatal. Como pano de fundo está a insatisfação com a proposta de privatização que o governo Bolsonaro, com incentivo das Organizações Globo, promete fazer. Assim como o corte de benefícios trabalhistas, já anunciados.
Não foi um efeito direto, de a entrevista – malvista pelos servidores da casa – ter gerado a paralisação. Contribuiu, e muito, a iniciativa desastrada de Barbosa. Uma demonstração clara que o diretor não tem conhecimento mínimo das regras de um administrador e sequer fair-play para enfrentar situações mais delicadas.
No refeitório da casa, no longínquo bairro de Santa Cruz – zona Oeste do Rio, limítrofe com o município de Itaguaí – Barbosa foi recebido por um “servidor mais debochado” que decidiu puxar aplausos pela entrevista concedida. Uma ironia, pois ela desagradou a todos, ao insistir na necessidade do corte nos custos com pessoal em nome da viabilização da sobrevivência da empresa – seja ela estatal ou privada. Para alguns servidores, o diretor reverberou dados enganosos.
Humilhado e decidido a reprimir o servidor, o diretor de gestão sequer pensou em chamá-lo via os canais competentes, qual seja, o gerente da área ou o chefe de seção. Preferiu, provavelmente seguindo os ensinamentos truculentos do presidente Jair Bolsonaro, apelar para os seguranças.
Em uma demonstração clara de desconhecimento das regras de administração empresarial, Barbosa, movido pela sua raiva pessoal, trabalhou com o fígado. Certamente nem levou em conta os desentendimentos que a diretoria, há seis meses à frente da estatal, cultiva com seus empregados. Até mesmo pelo recorrente discurso do governo de privatiza-la. Proposta que já fez o próprio Bolsonaro, por Medida Provisória, retirar da estatal o monopólio que ela desfrutava.
São desentendimentos públicos, tal como divulgou, em novembro passado, a Rede Brasil Atual em – Trabalhadores da Casa da Moeda denunciam perseguição de indicados por Bolsonaro. Mas que na sexta-feira foram esquecidos pelo diretor de gestão.
Mais ainda. Barbosa deve ter esquecido que no último dia 1 de janeiro venceu o Acordo Coletivo de Trabalho firmado entre a empresa e o Sindicato Nacional dos Moedeiros. Não houve entendimento para renová-lo. Com isso, a própria administração – da qual ele participa – anunciou o fim de benefícios que constavam de cláusulas trabalhistas antigas. O que aumentou ainda mais o descontentamento dos empregados.
Sem essas cláusulas, por exemplo, aumentará a participação de cada um em despesas como o custo do transporte (passará de 1% para 6% dos salários) e até mesmo do plano de saúde, cujo desconto chegava, no máximo, a 50%. Patamar que poderá ser agora o mínimo.
Ainda assim, Barbosa exigiu que os seguranças – também empregados da Casa da Moeda – levassem o “servidor mais debochado” à sua presença.
Forçado, o funcionário foi conduzido ao diretor. Espontaneamente, todos os demais servidores decidiram cruzar os braços. Por solidariedade, optaram por se concentrar no prédio da administração da empresa – as unidades de produção ficam em prédios diferentes. Mesmo prédio para onde o colega foi levado.
A movimentação dos funcionários, com cantos foi considerada por eles histórica. “Absolutamente TODOS os funcionários estavam lá. Ninguém “roeu a corda”. Foi um dia histórico”, comentou, aqui no site, servidor da Casa da Moeda identificado como Angel.
Corrigindo informaçao que veiculamos inicialmente de forma errada, no mesmo comentário explicou que os gritos de “covarde” que se ouve no vídeo abaixo foi dirigido “para o diretor que apareceu na porta achando que tinha pouca gente. Quando viu a quantidade voltou com medo”.
Aos poucos o movimento, inicialmente a favor do “servidor mais debochado”, ganhou outra proporção. Os trabalhadores, concentrados no saguão do prédio da administração, passaram a exigir a presença dos líderes do Sindicato Nacional dos Moedeiros.
O detalhe é que esses líderes sindicais estavam impedidos de ingressar na Casa da Moeda, por decisão da nova administração. A direção da estatal, pressionada, não teve alternativa. Prevaleceu a vontade dos empregados mobilizados., A diretoria foi obrigada a ceder. Os sindicalistas foram chamados.
Terminado o expediente, os empregados parados estavam, parados permaneceram. Nenhum deles – apesar de ser sexta-feira – saiu de onde estava, no saguão do prédio da administração. A diretoria foi obrigada a negociar. Os ônibus – são mais de cinquenta – que transportam os trabalhadores para seus bairros permaneceram no estacionamento. Vazios. Nenhum deles pode sair enquanto os trabalhadores não tivessem um mínimo de garantia, como reivindicavam. Permaneceram mobilizados.
Uma manifestação que só se encerrou às 20h00, mesmo instante em que um áudio circulou pelas redes sociais noticiando a paralisação dos servidores da Casa da Moeda. Falou-se que foi motivada pela privatização. Não desta vez. Muito embora o sentimento contrário à mesma possa ter ajudado.
O grande mobilizador dos empregados foi a desastrosa atitude do diretor de gestão, Barbosa. Provocou a defesa do “servidor mais debochado”. As fontes do Blog não souberam explicar como ficou a situação dele.
Mas, do desastrado comportamento do diretor, surgiu uma luz de esperança para os empregados da Casa da Moeda. A negociação da diretoria com o Sindicato Nacional dos Moedeiros parece ter recomeçado. A promessa é de que ela será retomada na segunda-feira (13/04).
Há quem garanta que os diretores – Barbosa à frente – deixaram o prédio da administração da Casa da Moeda escoltados por seguranças. Não se sabe se por alguma ameaça real ou por puro medo. O fato é que a passagem deles pelos manifestantes gerou protestos. Nada lisonjeiros.
O saldo positivo, mesmo sem se conhecer o destino do “servidor mais debochado”, é que os empregados sentiram, ao vivo e a cores, que mobilizados têm força. Foi, sem dúvida, uma lição neste momento de apatia da sociedade brasileira. Muito provavelmente, lá em Santa Cruz, renderá frutos no futuro próximo. Afinal, como tem sido regra normal no governo Bolsonaro, o despreparo dos diretores da empresa ficou patente. Já os empregados deram demonstração de mobilização.
Certamente tirarão proveito dela, daqui para a frente, em defesa do próprio emprego e dos benefícios que conquistaram há tempo. Tal como bem definiu nossa fonte:
“As negociações vão continuar na segunda por conta da manifestação. Conseguimos a atenção da diretoria e demonstramos que estamos unidos por uma única causa: conservar nossos empregos e os direitos adquiridos por lutas anteriores”.
Ao que parece, a privatização da Casa da Moeda ficou um pouco mais difícil. Com a ajuda da GloboNews.
Não foi um efeito direto, de a entrevista – malvista pelos servidores da casa – ter gerado a paralisação. Contribuiu, e muito, a iniciativa desastrada de Barbosa. Uma demonstração clara que o diretor não tem conhecimento mínimo das regras de um administrador e sequer fair-play para enfrentar situações mais delicadas.
No refeitório da casa, no longínquo bairro de Santa Cruz – zona Oeste do Rio, limítrofe com o município de Itaguaí – Barbosa foi recebido por um “servidor mais debochado” que decidiu puxar aplausos pela entrevista concedida. Uma ironia, pois ela desagradou a todos, ao insistir na necessidade do corte nos custos com pessoal em nome da viabilização da sobrevivência da empresa – seja ela estatal ou privada. Para alguns servidores, o diretor reverberou dados enganosos.
Humilhado e decidido a reprimir o servidor, o diretor de gestão sequer pensou em chamá-lo via os canais competentes, qual seja, o gerente da área ou o chefe de seção. Preferiu, provavelmente seguindo os ensinamentos truculentos do presidente Jair Bolsonaro, apelar para os seguranças.
Em uma demonstração clara de desconhecimento das regras de administração empresarial, Barbosa, movido pela sua raiva pessoal, trabalhou com o fígado. Certamente nem levou em conta os desentendimentos que a diretoria, há seis meses à frente da estatal, cultiva com seus empregados. Até mesmo pelo recorrente discurso do governo de privatiza-la. Proposta que já fez o próprio Bolsonaro, por Medida Provisória, retirar da estatal o monopólio que ela desfrutava.
São desentendimentos públicos, tal como divulgou, em novembro passado, a Rede Brasil Atual em – Trabalhadores da Casa da Moeda denunciam perseguição de indicados por Bolsonaro. Mas que na sexta-feira foram esquecidos pelo diretor de gestão.
Mais ainda. Barbosa deve ter esquecido que no último dia 1 de janeiro venceu o Acordo Coletivo de Trabalho firmado entre a empresa e o Sindicato Nacional dos Moedeiros. Não houve entendimento para renová-lo. Com isso, a própria administração – da qual ele participa – anunciou o fim de benefícios que constavam de cláusulas trabalhistas antigas. O que aumentou ainda mais o descontentamento dos empregados.
Sem essas cláusulas, por exemplo, aumentará a participação de cada um em despesas como o custo do transporte (passará de 1% para 6% dos salários) e até mesmo do plano de saúde, cujo desconto chegava, no máximo, a 50%. Patamar que poderá ser agora o mínimo.
Ainda assim, Barbosa exigiu que os seguranças – também empregados da Casa da Moeda – levassem o “servidor mais debochado” à sua presença.
Forçado, o funcionário foi conduzido ao diretor. Espontaneamente, todos os demais servidores decidiram cruzar os braços. Por solidariedade, optaram por se concentrar no prédio da administração da empresa – as unidades de produção ficam em prédios diferentes. Mesmo prédio para onde o colega foi levado.
A movimentação dos funcionários, com cantos foi considerada por eles histórica. “Absolutamente TODOS os funcionários estavam lá. Ninguém “roeu a corda”. Foi um dia histórico”, comentou, aqui no site, servidor da Casa da Moeda identificado como Angel.
Corrigindo informaçao que veiculamos inicialmente de forma errada, no mesmo comentário explicou que os gritos de “covarde” que se ouve no vídeo abaixo foi dirigido “para o diretor que apareceu na porta achando que tinha pouca gente. Quando viu a quantidade voltou com medo”.
Aos poucos o movimento, inicialmente a favor do “servidor mais debochado”, ganhou outra proporção. Os trabalhadores, concentrados no saguão do prédio da administração, passaram a exigir a presença dos líderes do Sindicato Nacional dos Moedeiros.
O detalhe é que esses líderes sindicais estavam impedidos de ingressar na Casa da Moeda, por decisão da nova administração. A direção da estatal, pressionada, não teve alternativa. Prevaleceu a vontade dos empregados mobilizados., A diretoria foi obrigada a ceder. Os sindicalistas foram chamados.
Terminado o expediente, os empregados parados estavam, parados permaneceram. Nenhum deles – apesar de ser sexta-feira – saiu de onde estava, no saguão do prédio da administração. A diretoria foi obrigada a negociar. Os ônibus – são mais de cinquenta – que transportam os trabalhadores para seus bairros permaneceram no estacionamento. Vazios. Nenhum deles pode sair enquanto os trabalhadores não tivessem um mínimo de garantia, como reivindicavam. Permaneceram mobilizados.
Uma manifestação que só se encerrou às 20h00, mesmo instante em que um áudio circulou pelas redes sociais noticiando a paralisação dos servidores da Casa da Moeda. Falou-se que foi motivada pela privatização. Não desta vez. Muito embora o sentimento contrário à mesma possa ter ajudado.
O grande mobilizador dos empregados foi a desastrosa atitude do diretor de gestão, Barbosa. Provocou a defesa do “servidor mais debochado”. As fontes do Blog não souberam explicar como ficou a situação dele.
Mas, do desastrado comportamento do diretor, surgiu uma luz de esperança para os empregados da Casa da Moeda. A negociação da diretoria com o Sindicato Nacional dos Moedeiros parece ter recomeçado. A promessa é de que ela será retomada na segunda-feira (13/04).
Há quem garanta que os diretores – Barbosa à frente – deixaram o prédio da administração da Casa da Moeda escoltados por seguranças. Não se sabe se por alguma ameaça real ou por puro medo. O fato é que a passagem deles pelos manifestantes gerou protestos. Nada lisonjeiros.
O saldo positivo, mesmo sem se conhecer o destino do “servidor mais debochado”, é que os empregados sentiram, ao vivo e a cores, que mobilizados têm força. Foi, sem dúvida, uma lição neste momento de apatia da sociedade brasileira. Muito provavelmente, lá em Santa Cruz, renderá frutos no futuro próximo. Afinal, como tem sido regra normal no governo Bolsonaro, o despreparo dos diretores da empresa ficou patente. Já os empregados deram demonstração de mobilização.
Certamente tirarão proveito dela, daqui para a frente, em defesa do próprio emprego e dos benefícios que conquistaram há tempo. Tal como bem definiu nossa fonte:
“As negociações vão continuar na segunda por conta da manifestação. Conseguimos a atenção da diretoria e demonstramos que estamos unidos por uma única causa: conservar nossos empregos e os direitos adquiridos por lutas anteriores”.
Ao que parece, a privatização da Casa da Moeda ficou um pouco mais difícil. Com a ajuda da GloboNews.
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