Por Manuel Domingos Neto
Leio na “Folha” de hoje o bem informado repórter Igor Gielow anunciando que uma pretensa “ala militar” estaria cogitando acerca da formação de um “ministério de notáveis” visando salvar o governo Bolsonaro duramente ameaçado pela prisão do Queiroz.
Ao que me consta, conversas neste sentido se desenvolvem desde a semana passada, quando ficou clara a situação insustentável do Ministro da Educação.
A nomeação de “notáveis” para a equipe governamental seria uma “invertida de arrumação” diante da impopularidade do Presidente, dos impactos da pandemia, da degringolada economia e da constatada perda de prestígio das Forças Armadas.
Assim, seriam substituídos, além do Chanceler, os ministros da Educação e da Saúde.
Este esforço desesperado para salvar o governo tinha tudo para não dar certo. A queda de Weintraub, além de não ser suficiente “pacificar” os ministros do Supremo, não suspenderia necessariamente a criminosa destruição do sistema brasileiro de ensino e de pesquisa. A de Pazuello, um general da ativa, até poderia sinalizar o descolamento da farda em relação ao governo, mas não bastaria para definir uma postura minimamente responsável diante da pandemia. A de Ernesto Araújo não implicaria forçosamente em atitude responsável nas relações internacionais.
“Invertida de arrumação” é algo que não combina com Bolsonaro, portador da vontade de desarrumar, destruir e promover o caos. A índole do Presidente não combina estabilidade.
A prisão de Queiroz apenas revigora a crescente convicção da necessidade de remover Bolsonaro. Afastá-lo através de impeachment, porém, seria duvidoso. Tal expediente dependeria de votos do centrão, que costuma largar o osso quando não vê possibilidades para o dia seguinte.
O futuro imediato do país passa pelo togado e pelo fardado. Ambos são sensíveis aos clamores populares que podem rapidamente se tornar ensurdecedores.
Juízes e generais estão conversando. Não existe a possibilidade de os primeiros deliberarem sem garantia de que o instrumento de força acate suas deliberações. Assim, em últimos termos, a decisão maior está nas mãos do Alto Comando do Exército.
Multiplicam-se as declamações de que o militar deve ficar fora da política. Ora, o militar está mergulhado na política até os cabelos. Hoje, qualquer manifestação de um oficial de pijama é seguida com apreensão angustiada. O retorno efetivo ao quartel só pode ocorrer com os comandantes sinalizando de forma clara que deixarão os juízes deliberar e os políticos jogar o papel que lhes cabe.
A verdadeira “invertida de arrumação” passa forçosamente pela cassação da chapa Bolsonaro-Mourão e pela convocação de novas eleições.
A soberania popular foi aviltada por mentiras disseminadas pela internet, por intromissão militar no processo eleitoral, por coalizão da grande mídia contra a esquerda e por omissão ostensiva do Judiciário.
O resultado não deu certo. Não poderia dar certo. Bolsonaro não foi feito para resolver problemas, sua especialidade é a fanfarronice destrutiva.
Aos que acham insensato o país viver uma disputa eleitoral em plena pandemia, caberia lembrar: a permanência deste governo apenas agrava este e outros problemas.
Leio na “Folha” de hoje o bem informado repórter Igor Gielow anunciando que uma pretensa “ala militar” estaria cogitando acerca da formação de um “ministério de notáveis” visando salvar o governo Bolsonaro duramente ameaçado pela prisão do Queiroz.
Ao que me consta, conversas neste sentido se desenvolvem desde a semana passada, quando ficou clara a situação insustentável do Ministro da Educação.
A nomeação de “notáveis” para a equipe governamental seria uma “invertida de arrumação” diante da impopularidade do Presidente, dos impactos da pandemia, da degringolada economia e da constatada perda de prestígio das Forças Armadas.
Assim, seriam substituídos, além do Chanceler, os ministros da Educação e da Saúde.
Este esforço desesperado para salvar o governo tinha tudo para não dar certo. A queda de Weintraub, além de não ser suficiente “pacificar” os ministros do Supremo, não suspenderia necessariamente a criminosa destruição do sistema brasileiro de ensino e de pesquisa. A de Pazuello, um general da ativa, até poderia sinalizar o descolamento da farda em relação ao governo, mas não bastaria para definir uma postura minimamente responsável diante da pandemia. A de Ernesto Araújo não implicaria forçosamente em atitude responsável nas relações internacionais.
“Invertida de arrumação” é algo que não combina com Bolsonaro, portador da vontade de desarrumar, destruir e promover o caos. A índole do Presidente não combina estabilidade.
A prisão de Queiroz apenas revigora a crescente convicção da necessidade de remover Bolsonaro. Afastá-lo através de impeachment, porém, seria duvidoso. Tal expediente dependeria de votos do centrão, que costuma largar o osso quando não vê possibilidades para o dia seguinte.
O futuro imediato do país passa pelo togado e pelo fardado. Ambos são sensíveis aos clamores populares que podem rapidamente se tornar ensurdecedores.
Juízes e generais estão conversando. Não existe a possibilidade de os primeiros deliberarem sem garantia de que o instrumento de força acate suas deliberações. Assim, em últimos termos, a decisão maior está nas mãos do Alto Comando do Exército.
Multiplicam-se as declamações de que o militar deve ficar fora da política. Ora, o militar está mergulhado na política até os cabelos. Hoje, qualquer manifestação de um oficial de pijama é seguida com apreensão angustiada. O retorno efetivo ao quartel só pode ocorrer com os comandantes sinalizando de forma clara que deixarão os juízes deliberar e os políticos jogar o papel que lhes cabe.
A verdadeira “invertida de arrumação” passa forçosamente pela cassação da chapa Bolsonaro-Mourão e pela convocação de novas eleições.
A soberania popular foi aviltada por mentiras disseminadas pela internet, por intromissão militar no processo eleitoral, por coalizão da grande mídia contra a esquerda e por omissão ostensiva do Judiciário.
O resultado não deu certo. Não poderia dar certo. Bolsonaro não foi feito para resolver problemas, sua especialidade é a fanfarronice destrutiva.
Aos que acham insensato o país viver uma disputa eleitoral em plena pandemia, caberia lembrar: a permanência deste governo apenas agrava este e outros problemas.
1 comentários:
Antes de estabelecer se é insensato ou não convocar uma eleição em plena pandemia, é necessário verificar as condições políticas para realização desta eleição, situadas na correlação de forças no âmbito do TSE e condicionadas pelas pressões que se exercerão sobre os juízes desse tribunal a partir dos interesses das classes e frações de classe que se disputam na sociedade. Para mim, por mais cristalinas que venham a ser as provas das ilicitudes praticadas em 2018 para eleger a chapa Bolsonaro/Morão, a capacidade de os tribunais superiores adaptarem as sentenças à correlação de forças existentes no momento da decisão é que dará o veredicto final. À primeira vista, a anulação da eleição de 2018, seguida da realização de uma outra eleição, somente interessa às oposições ao governo Bolsonaro sustentadas pelas forças progressistas, pelo campo democrático e popular. O mercado financeiro, que tem como principal porta-voz a Globo, trabalha pelo impeachment de Bolsonaro, substituindo-o por Mourão e mantendo a politica econômico neoliberal, talvez, sem Guedes, para dar uma aparência de renovação. Por último, o melhor parágrafo do texto foi, para mim, por ser essa também é a minha convicção, o que chamou a atenção para o fato implícito nas decisões jurídicas dos últimos dias que comprometeram fundamente as bases de sustentação do bolsonarismo: "militares, juizes conversam entre si", eu somente acrecentaria que conversam também com os donos da grande mídia, e com os líderes dos principais partidos que podemos associar historicamente aos interesses da plutocracia financeira, ou seja, PSDB e DEM, configurando um esforço conjunto, orgânico, de homens que sabem que não podem deixar de representar os mesmos interesses de classe, seja nas casernas, nos parlamentos ou na grande mídia, sob pena de colapsar o sistema de dominação que exercem sobre o conjunto da sociedade em nome das oligarquias dominantes.
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