Por Jeferson Miola, em seu blog:
Por algum tempo, o general Hamilton Mourão vestiu pele de cordeiro; quis apresentar-se como um déspota palatável caso Bolsonaro fosse afastado. Ele então posou de democrata, tolerante, racional, político aberto ao diálogo; se mimetizou de “civilizado e moderno”. Mas a camuflagem durou pouco.
Este figurino sempre soou artificial para o personagem truculento e autoritário que, todavia, transparece genuinamente no provocador e inoportuno artigo Opinião e princípios desta 4ª, 3/6.
No artigo, Mourão falsifica os fatos e ofende como “baderneiros e delinquentes umbilicalmente ligados ao extremismo internacional” os ativistas antifascistas que turbinam a reação e os protestos pacíficos e democráticos no país.
Mourão estimula a violência das polícias militares que obedecem mais aos comandos bolsonaristas que aos governadores dos Estados – vide PM do Ceará. Isso é gravíssimo e muito perigoso: “são caso de polícia, não de política”, sentencia o general Mourão.
O general usa um trocadilho de mau gosto para insinuar que os manifestantes, “sempre perdidos de armas na mão”, são usados por setores que querem “fazê-los de arma política”.
Em tom de ameaça, Mourão pergunta: “Aonde querem chegar? A incendiar as ruas do País, como em 2013? A ensanguentá-las, como aconteceu em outros países?” E, então, ele adverte que “o País já aprendeu quanto custa esse erro”.
Com inaudita desfaçatez, o general chega ao cúmulo de tratar como inocentes “exageros retóricos” os atos inconstitucionais promovidos por Bolsonaro com sua matilha fascista – e respaldados pelo ministro da Defesa e ministros militares – que pedem o fechamento do Congresso, do STF e intervenção militar com Bolsonaro no poder!
No artigo Mourão ainda reserva espaço para agredir o ministro do STF Celso de Mello, a quem acusa de irresponsável e “intelectualmente desonesto”.
Assim como um tigre não consegue se “destigrar”, Mourão jamais deixou de ser Mourão. Ele continua aquela mesma figura assombrosa que, nos debates eleitorais de 2018, não hesitou em se apresentar como Mourão em pele do Mourão em entrevista à Globo News:
– “Uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo”; é coisa de “notáveis”, disse;
– “ou as instituições solucionam o problema político […] ou então todos nós [FFAA] teremos que impor isso”;
– “Pô, por que que não vâmo derrubar esse troço todo?”;
– “Agora, qual é o momento para isso? Não existe fórmula de bolo. […] Nós temos planejamentos, muito bem feitos. Então no presente momento, o que que nós vislumbramos, os Poderes terão que buscar a solução. Se não conseguirem, né, chegará a hora que nós teremos que impor uma solução. E essa imposição ela não será fácil, ele trará problemas, podem ter certeza disso aí”;
– “o próprio presidente é o comandante-chefe das Forças Armadas, ele pode decidir isso. Ele pode decidir empregar as Forças Armadas”;
– “As Forças Armadas têm responsabilidade de garantir que o país se mantenha em funcionamento. Cruzamos os braços e deixamos que o país afunde?”;
– “Carlos Alberto Brilhante Ustra foi meu comandante […]. Um homem de coragem, um homem de determinação e que me ensinou muita coisa. […] Excessos foram cometidos? Excessos foram cometidos. Heróis matam”.
O artigo de Mourão é mais um fósforo aceso no ambiente deliberadamente umedecido com gasolina pelos militares de olhos em propósitos espúrios. O artigo dele foi escrito calculadamente para produzir tensões, caos, conflito e violência.
Mourão manda a mensagem de que protestar contra o governo é coisa de “baderneiros e delinquentes” [os inimigos internos] que estão “umbilicalmente ligados ao extremismo internacional” [financiados com o “ouro de Moscou”, na linguagem da ditadura] que “são caso de polícia, não de política”.
Bolsonaro já tinha mandado sua matilha não sair às ruas nos mesmos dias dos protestos antifascistas. Não fez isso como postura de estadista, apenas mandou uma senha para a matilha: recolhe sua facção, deixa somente os antifascistas no terreno de batalha, infiltra mercenários nos protestos pacíficos e democráticos pagos para produzirem violência, “baderna” e caos.
Com o caos instalado, Bolsonaro então pretexta a “intervenção constitucional” das Forças Armadas com base numa interpretação canalha do artigo 142 da Constituição.
O artigo do Mourão, neste sentido, cria burlescamente o clima para a escalada ditatorial.
Mourão em pele de Mourão é o mesmo que Mourão em pele de Bolsonaro.
Bolsonaro e Mourão são dois genocidas que idolatram facínoras como Brilhante Ustra; os dois idolatram o mesmo herói que mata; eles dois são seres vomitáveis.
Por algum tempo, o general Hamilton Mourão vestiu pele de cordeiro; quis apresentar-se como um déspota palatável caso Bolsonaro fosse afastado. Ele então posou de democrata, tolerante, racional, político aberto ao diálogo; se mimetizou de “civilizado e moderno”. Mas a camuflagem durou pouco.
Este figurino sempre soou artificial para o personagem truculento e autoritário que, todavia, transparece genuinamente no provocador e inoportuno artigo Opinião e princípios desta 4ª, 3/6.
No artigo, Mourão falsifica os fatos e ofende como “baderneiros e delinquentes umbilicalmente ligados ao extremismo internacional” os ativistas antifascistas que turbinam a reação e os protestos pacíficos e democráticos no país.
Mourão estimula a violência das polícias militares que obedecem mais aos comandos bolsonaristas que aos governadores dos Estados – vide PM do Ceará. Isso é gravíssimo e muito perigoso: “são caso de polícia, não de política”, sentencia o general Mourão.
O general usa um trocadilho de mau gosto para insinuar que os manifestantes, “sempre perdidos de armas na mão”, são usados por setores que querem “fazê-los de arma política”.
Em tom de ameaça, Mourão pergunta: “Aonde querem chegar? A incendiar as ruas do País, como em 2013? A ensanguentá-las, como aconteceu em outros países?” E, então, ele adverte que “o País já aprendeu quanto custa esse erro”.
Com inaudita desfaçatez, o general chega ao cúmulo de tratar como inocentes “exageros retóricos” os atos inconstitucionais promovidos por Bolsonaro com sua matilha fascista – e respaldados pelo ministro da Defesa e ministros militares – que pedem o fechamento do Congresso, do STF e intervenção militar com Bolsonaro no poder!
No artigo Mourão ainda reserva espaço para agredir o ministro do STF Celso de Mello, a quem acusa de irresponsável e “intelectualmente desonesto”.
Assim como um tigre não consegue se “destigrar”, Mourão jamais deixou de ser Mourão. Ele continua aquela mesma figura assombrosa que, nos debates eleitorais de 2018, não hesitou em se apresentar como Mourão em pele do Mourão em entrevista à Globo News:
– “Uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo”; é coisa de “notáveis”, disse;
– “ou as instituições solucionam o problema político […] ou então todos nós [FFAA] teremos que impor isso”;
– “Pô, por que que não vâmo derrubar esse troço todo?”;
– “Agora, qual é o momento para isso? Não existe fórmula de bolo. […] Nós temos planejamentos, muito bem feitos. Então no presente momento, o que que nós vislumbramos, os Poderes terão que buscar a solução. Se não conseguirem, né, chegará a hora que nós teremos que impor uma solução. E essa imposição ela não será fácil, ele trará problemas, podem ter certeza disso aí”;
– “o próprio presidente é o comandante-chefe das Forças Armadas, ele pode decidir isso. Ele pode decidir empregar as Forças Armadas”;
– “As Forças Armadas têm responsabilidade de garantir que o país se mantenha em funcionamento. Cruzamos os braços e deixamos que o país afunde?”;
– “Carlos Alberto Brilhante Ustra foi meu comandante […]. Um homem de coragem, um homem de determinação e que me ensinou muita coisa. […] Excessos foram cometidos? Excessos foram cometidos. Heróis matam”.
O artigo de Mourão é mais um fósforo aceso no ambiente deliberadamente umedecido com gasolina pelos militares de olhos em propósitos espúrios. O artigo dele foi escrito calculadamente para produzir tensões, caos, conflito e violência.
Mourão manda a mensagem de que protestar contra o governo é coisa de “baderneiros e delinquentes” [os inimigos internos] que estão “umbilicalmente ligados ao extremismo internacional” [financiados com o “ouro de Moscou”, na linguagem da ditadura] que “são caso de polícia, não de política”.
Bolsonaro já tinha mandado sua matilha não sair às ruas nos mesmos dias dos protestos antifascistas. Não fez isso como postura de estadista, apenas mandou uma senha para a matilha: recolhe sua facção, deixa somente os antifascistas no terreno de batalha, infiltra mercenários nos protestos pacíficos e democráticos pagos para produzirem violência, “baderna” e caos.
Com o caos instalado, Bolsonaro então pretexta a “intervenção constitucional” das Forças Armadas com base numa interpretação canalha do artigo 142 da Constituição.
O artigo do Mourão, neste sentido, cria burlescamente o clima para a escalada ditatorial.
Mourão em pele de Mourão é o mesmo que Mourão em pele de Bolsonaro.
Bolsonaro e Mourão são dois genocidas que idolatram facínoras como Brilhante Ustra; os dois idolatram o mesmo herói que mata; eles dois são seres vomitáveis.
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