sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Fraudar o passado como tática eleitoral

Por Bepe Damasco, em seu blog:


A direita, a extrema-direita, e até o boquirroto Ciro Gomes, sabem que não serão páreo para Lula se na campanha eleitoral tentarem debater o presente e o futuro do país.

Imagina, no calor da campanha eleitoral, uma comparação entre os governos petistas e o de Bolsonaro sobre temas como emprego e desemprego, geração de renda, preço dos combustíveis, aumento do salário mínimo, inflação, combate à fome e à miséria?

Seria até covardia.

Agora, projetemos uma discussão de Lula com os candidatos da dita terceira via acerca da imagem do Brasil no mundo, políticas de desenvolvimento econômico, soberania energética, posição do país entre as maiores economias do planeta, realizações na área da educação, política externa, redução da dívida pública, reservas internacionais do país e papel da Petrobras.

Outro 7 x 1.

Não, as candidaturas do campo conservador e do fascismo irão até defender com vigor algumas bandeiras caras ao neoliberalismo mais tacanho, tais como a reforma trabalhista, a reforma da previdência e o teto de gastos.

Mas já há fartas sinalizações de que o centro da tática desesperada para tentar impedir a eleição de Lula será outro.

O recente artigo do chefe da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira, na Folha de São Paulo (“a sociedade não vai esquecer o passado do PT”), a nomeação de um novo delegado para reabrir o caso da farsa da facada e o anúncio pela Globo Play de uma minissérie a respeito do assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, são só a ponta do iceberg do jogo sujo que vem por aí.

Nesta empreitada de revolver de forma fraudulenta o passado para influir na eleição os candidatos do marcado financeiro e do fascismo contarão certamente com amplo apoio do cartel da mídia brasileira, cuja expertise em mentir e manipular a realidade com fins políticos dispensa comentários.

Sou capaz de apostar que os mantras da campanha do antipetismo serão “PT e Lula ladrões”, “Mensalão”, “Petrolão”.

O problema é saber se a opção por enlamear a campanha eleitoral vai colar, como em 2018, quando todas as pesquisas indicavam que a corrupção estava no topo das preocupações das pessoas, mercê da Lava Jato e de anos a fio de bombardeio midiático contra o PT. Hoje o assunto aparece em quarto lugar nos levantamentos, atrás de emprego, saúde e educação.

A inteligência da campanha de Lula, por óbvio, não morderá a isca e evitará esse tipo de debate, em nome do que de fato interessa para o povo e para o Brasil.

Mas seria um erro não monitorar permanentemente o efeito no eleitorado desses golpes abaixo da linha da cintura, para, se for o caso, reagir à altura.

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