quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Uma conversa interditada no Brasil

Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

O hiato da passagem de ano, quando a sociedade se recolhe e o Estado Midiático opera a meia fase, produz um ensaio de desintoxicação que desnuda a asfixia da norma.

A norma é o agendamento diuturno da sociedade por interesses unilaterais que se apresentam como os de toda a nação.

O objetivo da parte que se avoca em expressão do todo é claro: interditar a conversa urgente da população brasileira com ela mesma.

A pressa do PSDB ameaça a democracia

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Depois que a Central Única dos Trabalhadores divulgou uma pesquisa demonstrando o apoio absoluto da maioria dos brasileiros às regras da aposentadoria e a defesa da Previdência Social, num patamar que seria mais adequado definir como unanimidade, cabe registrar um ponto essencial do momento político.

Para o governo Dilma Rousseff, que está diante da difícil tarefa de reconstruir um governo após o desastre consumado no primeiro ano de mandato, a pesquisa recorda a importância de preservar seus compromissos com valores que marcaram sua história e suas campanhas eleitorais, o que inclui a defesa da Previdência.

"Conselhão" e o desenvolvimento brasileiro

Editorial do site Vermelho:

“Convocarei o Conselho de Desenvolvimento Social, formado por trabalhadores, empresários e ministros, para discutir propostas de reformas para o nosso sistema produtivo, especialmente no aspecto tributário, a fim de construirmos um Brasil mais eficiente e competitivo no mercado internacional” – esta talvez seja a afirmação mais promissora feita pela presidenta Dilma Rousseff no artigo que publicou em 1º de janeiro (“Um feliz 2016 para o povo brasileiro”).

A Fazenda, entre o manual e a solução

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

A decisão do Ministro da Fazenda Nelson Barbosa de quitar de vez as chamadas “pedaladas” de 2015, valendo-se de recursos da Conta Única do Tesouro Nacional, é uma demonstração evidente do pragmatismo necessário contra a visão ideológica do ex-Ministro Joaquim Levy.

A Conta Única do Tesouro Nacional é uma reserva depositada no Banco Central, recebendo as disponibilidades financeiras da União. É uma maneira de não ficar dependente do caixa do Tesouro.

A sujeira no Réveillon e os vira-latas

Por Ivan Longo, na revista Fórum:



Vem circulando pelas redes sociais, desde o último dia 1º, uma montagem comparando a quantidade de lixo deixado em uma praia de Miami (EUA) e na praia de Copacabana (RJ) após a festa de Ano Novo. O intuito da postagem, que foi compartilhada por centenas de internautas, era o de depreciar o brasileiro diante do cidadão estadunidense, conforme sugeriu o próprio autor da montagem na legenda.

A democracia e os tambores da guerra

Por Immanuel Wallerstein, no site Outras Palavras:

Foi um mau ano para os partidos no poder que enfrentaram eleições. Eles vêm sofrendo derrotas completas ou ao menos relativas. O foco tem se voltado para as eleições em que os chamados partidos de direita saem-se melhor - às vezes, muito melhor - que partidos no poder considerados de esquerda. Exemplos notáveis são Argentina, Venezuela e Dinamarca. Talvez possa-se acrescentar os Estados Unidos.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Eduardo Cunha caminha para a forca?

Por Altamiro Borges

O Jornal do Brasil informa nesta terça-feira (5) que o ministro Teori Zavascki, relator do processo da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), concederá um prazo de 10 dias para que o correntista suíço Eduardo Cunha apresente a sua defesa. Ele foi acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de participação direta no esquema de corrupção da Petrobras e de interferir nas investigações usando seu cargo privilegiado de presidente da Câmara Federal. "O peemedebista, no entanto, só deve ser notificado em fevereiro, quando o STF, assim como o Congresso Nacional, retorna do recesso. A partir daí, serão contados os 10 dias concedidos pelo ministro. Com os feriados de Carnaval, também no início de fevereiro, o prazo acabará se estendendo por mais alguns dias".

Voos de Lu Alckmin não dão capa na 'Folha'

Por Altamiro Borges

A Folha de S.Paulo, o jornal que se jacta de só ter o rabo preso com os leitores, publicou nesta terça-feira (5) uma curiosa notinha - bem minúscula: "Presidente do Fundo Social de Solidariedade de São Paulo, a primeira-dama, Lu Alckmin, utilizou as aeronaves do governo mais vezes do que todos os secretários de Geraldo Alckmin somados desde 2011. Até 2015, a mulher do governador teve os helicópteros e jatos do Estado à disposição para 132 deslocamentos em que foi a passageira principal. Os auxiliares de Alckmin juntos foram passageiros principais em 76 ocasiões... O governo diz que Dona Lu 'desenvolve amplo trabalho voluntário, com agenda transparente'".

'Veja' dá nota 100 para Alckmin e Richa

Por Altamiro Borges

Em abril passado, o governador tucano Beto Richa ordenou uma violenta ação da tropa de choque da PM contra os professores em greve que resultou em mais de 200 feridos. O "massacre do Paraná", como o episódio ficou conhecido mundialmente, não virou capa da Veja. No final do ano, estudantes ocuparam mais de 100 escolas paulistas contra o projeto de "reorganização escolar" do governador tucano Geraldo Alckmin, que pretendia fechar várias unidades de ensino. A surpreendente revolta juvenil também não foi capa da revista da famiglia Civita. Agora, porém, a mesma publicação dá nota máxima (100) para os dois governantes do PSDB exatamente nos quesitos "educação" e "segurança".

Volkswagem é processada... nos EUA

Por Altamiro Borges

No mundo inteiro, o escândalo envolvendo a multinacional alemã Volkswagen, que fraudou milhões de carros com falsos dispositivos antipoluentes, segue repercutindo na imprensa e gerando processos na Justiça. No Brasil, porém, a mídia hegemônica pouco fala sobre o assunto. Adoradora da iniciativa privada, ela só faz escarcéu quando é para condenar a corrupção nos poderes públicos e nas estatais. Dependente da bilionária publicidade das empresas privadas, ela evita desgastar os seus anunciantes, renegando qualquer traço de independência na sua linha editorial. Área comercial e redação se unem nesta promiscuidade. Nesta segunda-feira (4), o Departamento de Justiça dos EUA abriu um processo contra a Volkswagen. A notícia não foi destaque nos jornalões, revistonas e emissoras de rádio e tevê.
   

Desconstrução midiática na América Latina

Por Frederico Füllgraf, no Observatório da Imprensa:

“… Nossos adversários dizem: ‘Sim, anos atrás, nós garantimos a liberdade de opinião a vocês’. Sim vocês a nós! Mas esta não é uma prova de que nós a devemos garantir a vocês! Que vocês a deram a nós é apenas uma prova do burros que são!” - Joseph Goebbels (discurso, 4/12/1935).

Estamos em guerra.

Em uma audiência para rádios e televisões católicas, ocorrida em março de 2014, ninguém menos que o Papa Francisco declarou: “Hoje, o clima midiático tem suas formas de envenenamento. As pessoas sabem, percebem, mas infelizmente se acostumam a respirar da rádio e da televisão um ar sujo, que não faz bem. É preciso fazer circular um ar mais limpo. Para mim, os maiores pecados são aqueles que vão na estrada da mentira, e são três: a desinformação, a calúnia e a difamação”. 

Globo blinda anunciantes de cerveja

Por Paulo Pimenta, no blog Viomundo:

A proximidade com o carnaval e a dependência econômica que a mídia tem da publicidade de cerveja levaram o jornal O Globo a isentar, desde agora, a combinação bebida e direção como uma das causas da violência no trânsito.

Em matéria deste domingo (3), o jornal “analisa” a ocorrência dos acidentes em rodovias federais e aponta suas causas. O Globo “não viu”, em nenhum momento, o consumo de bebidas alcoólicas com um fator preponderante para as vítimas das estradas.

As semelhanças entre Cunha e um psicopata

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:


Um homem que:

- É amoral;

- Não tem limites;

- Desconhece o que é empatia: caso veja alguém sangrar vai se preocupar em não sujar a roupa de sangue;

- Mente compulsivamente;

- Manipula tudo e todos;

- Jamais demonstra arrependimento.

O soluço conservador na América Latina

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A ideia-força do texto que você começa a ler é a de que a onda conservadora que se abateu precipuamente sobre a América do Sul é apenas um soluço e, como tal, passará logo. Essa ideia, porém, tornou-se transitiva porque vem sendo posta em dúvida a existência de uma onda conservadora.

O mais incrível é que essa ideia seduz setores da esquerda que, como todos sabemos, entende tão pouco de política que jamais conseguiu chegar sequer perto do poder e tem uma representação parlamentar para lá de pífia, apesar de atribuir isso a “falta de dinheiro por não se vender ao capital em troca de doações eleitorais”.

As barrigas da mídia que o ódio produz

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:


Cheio de problemas, acabei quase não postando durante o dia e, para não me demorar mais, me redimo com obra alheia, retirada do engraçadíssimo Barrigas 2015.

A elas, por minha conta, acrescento a obra de arte de Lauro Jardim, que estreou em O Globo com um “mico” antológico: a denúncia do delator sobre as “contas do filho do Lula” que não foram mencionas hora alguma pelo sujeito e que, com todo o “desmerecimento”, vai ilustrando o post, como hors concours.

Não enche o saco do Chico Buarque

O que falta para Janot prender Aécio?

O sonho (do golpe) não acabou

Por Maurício Dias, na revista CartaCapital:

Palcos das manifestações pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, ruas e avenidas de todas as capitais do País ficaram praticamente vazias no domingo 13. Esse resultado numérico, ao se levar em conta o minguado número divulgado pelos jornais, fontes insuspeitas no caso, em torno de 80 mil pessoas. Foram 350 mil na passeata anterior.

Surgiram várias interpretações para o retumbante fracasso. Há, porém, uma interpretação possivelmente especial. Talvez uma boa tradução política: a bolha do golpismo se desfez, estourada pela força da legalidade. Legalidade é uma referência fundamental, com lições aplicadas à esquerda e à direita, em dois outros importantes episódios de crise política na República.

Rico é 'sonegador'; pobre é 'caloteiro'

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:

Uma milícia branca armada até os dentes que toma um prédio público no Oregon e promete resistir contra a opressão do governo federal é composta de “ativistas armados''. Grupos por direitos civis que fecham vias públicas para protestar contra a violência policial contra negros por lá adotam práticas “terroristas''. A discussão sobre esse caso tomou a mídia dos Estados Unidos e Europa e há bons textos mostrando como um “dois pesos, duas medidas'' tem sido adotado para aborda-lo. Conhecemos bem essa prática:

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Salário mínimo e luta de classes

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

Ao longo dos últimos anos, alguns substantivos e adjetivos acabaram ficando meio esquecidos, deixados de lado até mesmo pela maioria dos analistas políticos progressistas. Determinadas expressões de análise da dinâmica social, então, nem pensar mais em utilizá-las. Pecado para uns, sintoma de abordagem jurássica pra outros, o fato é que chamar as coisas e os fenômenos pelos nomes adequados passou a ser um incômodo. Mencionar categorias como capitalismo, exploração da força de trabalho ou mais-valia ficou, digamos assim, “démodé”.