quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Fatos desmentem a 'retomada' econômica

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Não foi surpresa a queda forte, hoje, das previsões da retração do PIB brasileiro em 2016, nas previsões que as instituições financeiras fazem para o Boletim Focus, do Banco Central. Baixaram de -3,15% para 3,3% em uma semana e há poucas dúvidas de que isso vá baixar mais, nas próximas semanas.

Mesmo o “wishfull thinking” dos índices de confiança da indústria e dos serviços caíram, como revelam os dados divulgados esta manhã pela Fundação Getúlio Vargas.

A internet pode ajudar a democracia?

Por Lucas Pretti, no site da Fundação Maurício Grabois:

Estas são as primeiras eleições brasileiras desde 1994 em que empresas estão proibidas de financiar candidatos. A máxima parece consensual, e temos de celebrá-la: não haverá campanhas políticas – e, portanto, mandatos – limpas e legítimas se o dinheiro continuar vindo carregado de toma lá dá cá. O que parece uma golfada de esperança num sistema político desacreditado, na prática, porém, é apenas um suspiro. Enquanto a minirreforma eleitoral (Lei n. 13.965/2015) apontou para um futuro possível, a resolução n. 27.496 (de 1º de julho de 2016) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) trancou a janela de onde poderiam vir os novos ares: candidatos não podem usar plataformas de crowdfunding para arrecadar fundos.

A ignorância de Temer sobre Thatcher

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Perdemos já o direito de nos surpreendermos com com a obsolescência mental de Temer.

Mas ainda assim é difícil acreditar que ele tenha citado Margaret Thatcher como referência.

A esta altura?

Sabe-se, há muito tempo, qual foi o legado do thatcherismo - uma brutal concentração de renda. Thatcher fez um governo de ricos, por ricos e para ricos.

Reforma política e o golpe brando

Por Aldo Arantes, no Blog do Renato:

Existem livros de autores que procuram analisar fenômenos ocorridos no passado, para deles retirar ensinamentos. Outros tantos são publicados onde intelectuais se preocupam em estabelecer tendências e perspectivas para os acontecimentos futuros. Escolhi reunir em um volume o pensamento e os argumentos que surgiram de um movimento real do qual participo presentemente na sociedade brasileira ao lado de várias organizações da chamada sociedade civil – como a OAB, a CNBB, a UNE e tantas outras – dedicadas à luta democrática por uma Reforma Política para o Brasil.

As práticas fascistas nas escolas ocupadas

Por Hylda Cavalcanti, na Rede Brasil Atual:

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) anunciou hoje (1º), durante audiência pública no Senado Federal, que um grupo de senadores vai interpor no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) representação contra o juiz Alex Costa de Oliveira, da Vara da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). O magistrado autorizou o uso de práticas de tortura contra alunos que ocupam escolas públicas em Brasília e cidades-satélites, tais como cortes do fornecimento de água, luz e gás, além de outras, como forma de forçá-los a deixar os locais.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Giro à direita no Brasil. Por quanto tempo?

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

O prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella, resumiu sua vitória como um sonoro “não” da cidade tida como mais progressista do Brasil às bandeiras do aborto, da legalização das drogas e do ensino sobre diversidade sexual nas escolas. Ele de fato as combateu, mas não foram estas as bandeiras centrais de seu adversário Marcelo Freixo, do PSOL, no segundo turno. O que sua vitória simboliza é a conclusão da guinada do Brasil à direita, num giro sem precedentes depois da redemocratização, e que no primeiro turno teve na vitória de João Dória em São Paulo seu sinal mais eloquente. Não só dos caminhos que a esquerda seguir para se recuperar do tombo dependerá a duração deste ciclo, em que o Brasil será um país bem diferente. A partir de janeiro a direita estará governando o país e a maioria dos municípios, e de seus resultados dependerá a duração deste ciclo.

O MST não é organização criminosa

Por Cezar Britto e Paulo Freire

Em tempo de criminalização dos movimentos sociais ou daqueles que contestam o sistema patrimonialista brasileiro, muito se discute sobre a legalidade do MST e de outras organizações que lutam para fazer real a promessa constitucional de Reforma Agrária. Este debate ganhou maior volume após a recente decisão do STJ, notadamente em razão do julgamento do HC nº 371.135, por sua Sexta Turma, em 18 de outubro de 2016. É que apressadas interpretações, centradas em vícios ideológicos e preconceituosos, cuidaram de divulgar versões destoantes dos fatos e das manifestações postas em julgamento.

O comportamento da esquerda no RJ

Por Jandira Feghali

A política se expressa de muitas formas e, neste momento pós eleições municipais do Rio, vale uma pequena reflexão. As urnas falam e falam bem alto. Porém os gestos também falam alto, pois refletem uma visão de presente e de futuro, direcionam estratégias, determinam aliados, a relação com eles e compromissos reais com o povo.

A vitória da negação da política e o comando da prefeitura do Rio em mãos conservadoras são um retrocesso. Lamento sinceramente a derrota de Marcelo Freixo, candidato apoiado por nós do PCdoB e demais forças de esquerda no segundo turno.

Cunha e Marcelo no país de Moro

Por Mauro Santayana, em seu blog:

A notícia de que Marcelo Odebrecht teria, no longo processo a que está sendo submetido, protestado inocência e recusado bravamente o fechamento de um suposto acordo de delação premiada, contestando até mesmo a posição de seus advogados, além de discutir com procuradores, que finalmente teriam comemorado entusiasticamente a quebra de sua admirável resistência moral e psicológica, apenas reforça a convição - termo que está cada vez mais em voga ultimamente - de que o que ocorreu no caso de Odebrecht e de outros presos e empresas, não passa, em grande parte - para tempos "excepcionais", medidas "excepcionais" - de pressão, de extorsão e de tortura.

A política econômica e social do golpe

Por Marcio Pochmann, na revista Caros Amigos:

Tal como em 1964, os golpistas de 2016 também não se satisfizeram com a retirada arbitrária do presidente eleito democraticamente. Essa foi apenas a primeira parte, necessária para que a implantação de uma nova política econômica e social se tornasse possível, pois pelo voto isso dificilmente ocorreria.

Logo no início da ditadura civil-militar (1964-1985), alguns democratas descontentes com o governo de João Goulart declararam apoio ao golpe, imaginando tratar-se apenas de pontual e circunstancial limpeza política, capaz de permitir a imediata sequência do regime democrático. Ledo engano: concomitantemente com a imposição do Ato Institucional (AI) número 1, a política econômica e social antidemocrática foi sendo implementada, tendo como objetivo imediato o estabelecimento do teto dos gastos públicos.

Os dados ainda estão rolando no Brasil

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Assim que as urnas se fecharam, neste domingo, começou uma operação político-midiática para afirmar que uma página da história do país foi virada. A ampla vitória de candidatos ligados ao governo, na maior parte dos municípios, significaria que já não se pode falar em golpe. Os eleitores teriam confirmado, nas urnas, sua adesão a uma maré liberal-conservadora. Ela é expressa nas importantes vitórias do PSDB e na emergência de figuras como o pastor Crivella, da Igreja Universal. Após as eleições - e aqui está o pulo do gato - deveríamos aceitar como inevitáveis as contra-reformas propostas pelo governo Temer e pelo empresariado: PEC-241 (PEC-55 no Senado). Redução dos direitos previdenciários. Ataque à legislação trabalhista. Todo este raciocínio é manco e interesseiro (– como você verá no começo da tarde).

Lava-Jato e governo destroem a economia

Por Carlos Drummond, na revista CartaCapital:

Não bastassem a recessão brasileira, a crise mundial, a privatização e a desnacionalização impulsionadas pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra, e pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, e ainda a austeridade mais longa do mundo da PEC 241, chancelada pelo presidente Michel Temer, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles e a maioria da Câmara, o País sofrerá por mais um ano os prejuízos da desarticulação da sua principal cadeia produtiva, a de óleo e gás. O motivo é a recente prorrogação, pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal, da Lava Jato do juiz Sergio Moro e do MPF, até setembro de 2017.

Mais de 130 universidades estão ocupadas

Foto: Ana Miranda e Larissa Pinto/Mídia NINJA
Do site da UNE:

Em todas as regiões do Brasil universidades estão ocupadas por estudantes que protestam contra o governo Temer e a PEC 241. Aprovada na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (26), a "PEC do congelamento" tramita agora no Senado e deve entrar em votação no dia 29 de novembro.

Para pressionar o governo, a comunidade universitária (professores, técnicos e estudantes) tem deflagrado greves em universidades públicas de norte a sul do Brasil.

A operação Lava-jato, segundo Moro

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Os sucessos objetivos, mediáticos e ideológicos do que hoje se intitula ‘Operação Lava-jato’, com seus erros e acertos, é a reprodução, quase mutatis mutandi, da italiana mani pulite, que tem no juiz Sérgio Moro, no Brasil, seu principal cavaleiro e seu escrivão, seu principal teórico e seu principal executante, pois o que se vê, e o que ainda se verá, entre nós, já podia ser lido em seu artigo “Considerações sobre a ‘Operação Mani pulite’” (R. CEJ. Brasília.n.26. p. 56-62. Jul/set.2004). Destaco o ano de publicação (2004) e lembro que a operação brasileira foi desencadeada em 2014.

A operação italiana terminou numa farsa – a eleição de Berlusconi; a crise política brasileira rapidamente transita para uma crise institucional que pode cobrar alto preço à democracia representativa.

Lula e Juscelino nas lutas da história

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Num país indignado com a perseguição a Lula, o processo que levou à cassação de Juscelino Kubitschek, meio século atrás, merece uma reflexão. Políticos diferentes pela origem de classe e pela visão de mundo, Lula e JK possuíam importantes traços em comum, a começar pelo apego aos ideais desenvolvimentistas. Tanto Lula como JK foram os políticos mais populares de seu período histórico e enfrentaram um ambiente de caça política quando exibiam a condição de candidatos favoritos à uma eleição presidencial já em seu horizonte político. Se o destino de Lula permanece uma incógnita, a perda dos direitos políticos de JK, em junho de 1964, dois meses depois do golpe militar de abril, eliminou um dos principais obstáculos à consolidação da ditadura nascida no 1 de abril de 1964, abrindo caminho para novas cassações e à consolidação de um regime de força que se prolongou por duas décadas.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Os filhos do Cunha e o desespero de Temer

Por Altamiro Borges

Reportagem publicada no jornal O Globo neste sábado (29) deve ter causado angústia no presidiário Eduardo Cunha e desespero nos usurpadores que assaltaram o Palácio do Planalto. Ela informa que a força-tarefa da Lava-Jato investiga os dois filhos do correntista suíço – Danielle e Felipe Dytz da Cunha – pelo crime de lavagem de dinheiro. O ex-presidente da Câmara Federal, que foi descartado por seus comparsas após a concretização do "golpe dos corruptos", já disse várias vezes que não vai se calar caso sua família seja presa. Ele ameaçou ligar o ventilador no esgoto para atingir todos os que o traíram após o trabalho sujo do impeachment. O Judas Michel Temer está na linha de tiro!
    

Xadrez de um Supremo que se apequenou

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Cena 1 - de como Gilmar tornou-se o condestável da República

Gilmar Mendes tornou-se o mais influente dos brasileiros, e faz questão de exercer o poder em sua plenitude. Literalmente, Gilmar manda na República.

Preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e tem maioria de cinco votos. Com ele votam Henrique Neves, Napoleão Nunes Maia Filho, Luiz Fux e Antônio Herman de Vasconcellos Benjamin, um antipetista radical. Napoleão é professor no IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público), com salário estimado em R$ 40 mil mensais.

Segurem-se, o piloto sumiu!

ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br
Por Joaquim Palhares, no site Carta Maior:

O Brasil está desgovernado. Sequestrada a ordem democrática, os três poderes (Judiciário, Executivo e Legislativo) se golpeiam. Enquanto isso, o Estado mínimo, imposto pelo núcleo econômico do governo, essencialmente tucano, estrangula o Estado Social esculpido na Constituição Cidadã de 1988.

A desordem atinge todos os níveis. Basta acompanhar os sucessivos fatos:

"Lição de casa" e a mexicanização do Brasil

Por Danilo Sartorello Spinola, no site Brasil Debate:

Uma frase constantemente repetida na mídia político-econômica é a de que devemos fazer a “lição de casa”. Creio que é natural, inicialmente, aceitar tal afirmação, mas deve-se questionar do que de fato ela se trata.

Tentarei resumir seu significado. A “lição de casa” consiste em um discurso cuja base reside em ideias tecnicistas associadas a um determinado projeto de inserção no cenário internacional. Tal projeto é defendido por teóricos de orientação liberal, muitas vezes como o único correto e possível. Seus argumentos se baseiam em elementos econômicos – alocação de fatores, incentivos econômicos de mercado e respeito a preferências de agentes econômicos.

Faltou povo à candidatura Freixo!

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A apuração vai revelando uma vitória muito mais folgada do que os institutos de pesquisa haviam previsto para Marcello Crivella e ainda muito maior do que, na esquerda, em algum momentos muitos chegamos a sonhar.

O mapa aí em cima, mais do que qualquer discurso, explica para qualquer um que queira ver: faltou povo à candidatura Freixo.