domingo, 29 de janeiro de 2017

Este é um país que foi para trás

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Ao contrário da marchinha da ditadura – “este é um país que vai pra frente…” – o Brasil do golpe é, sem qualquer dúvida, um país que vai para trás: para trás no tempo, no grau de civilização e de convívio, tanto quanto vai nos indicadores econômicos.

Não vou tratar dos aspectos de psicologia coletiva, coisa que o Xico Sá faz, maravilhosamente, no artigo que publicou no El País, sobre a mobilização das “brigadas do ódio” diante do fato de Chico Buarque ter ganho o prêmio de literatura Roger Caillois, na França:


sábado, 28 de janeiro de 2017

Caiado, o demo-jagunço, ataca os sindicatos

Por Altamiro Borges

O jornalista João Franzin, da Agência Sindical, foi o primeiro a alertar para o artigo raivoso do demo Ronaldo Caiado contra o sindicalismo brasileiro. Numa mensagem sucinta e certeira, ele lembrou dos “quatro carvoeiros encontrados em fazenda da família do senador do DEM em condições de trabalho escravo” e arrematou: “O senador publica hoje na Folha artigo em que indica o Paraguai como modelo trabalhista para o Brasil seguir. É a casa grande em ação... se deixar, apagam o 13 de Maio do calendário nacional”. De fato, este deve ser o sonho do fundador da União Democrática Ruralista (UDR), que reunia famosos escravocratas e defendia o uso de milícias privadas, dos jagunços, contra trabalhadores rurais e comunidades indígenas.

Quem vazou a tomografia de Marisa?

Por Altamiro Borges

Segue o mistério sobre o vazamento criminoso da tomografia realizada pela ex-primeira dama Marisa Letícia, internada desde terça-feira passada (24) em decorrência de um grave Acidente Vascular Cerebral (AVC). Quando a imagem circulou nas redes sociais, a partir de uma postagem do jornalista Claudio Tognolli, um alucinado inimigo do ex-presidente Lula, o Hospital Sírio Libanês emitiu um comunicado oficial afirmando que o crime não fora cometido por seu corpo médico – composto por alguns notórios “coxinhas”. Agora, porém, a própria instituição privada mostra-se mais cautelosa.

Polícia protege Doria. Medo do quê?

Por Altamiro Borges

Nem bem começou a sua gestão e o demagogo João Doria parece que já está com medo da reação popular às suas políticas cinzentas e autoritárias. Nesta terça-feira (24), o jornal Agora – ligado ao Grupo Folha – revelou que o novo prefeito ordenou a montagem de um policiamento exclusivo para a sua residência. “Um carro e uma base comunitária da GCM (Guarda Civil Metropolitana) fazem vigilância em frente à casa do prefeito João Doria (PSDB), no Jardim Europa (zona oeste), desde 1º de janeiro, quando o tucano tomou posse. Há guardas-civis 24 horas por dia”, informa o jornalista William Correia.

Ministério Público: elitista e caro

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, conseguiu uma façanha. Em tempos de crise fiscal e congelamentos das verbas sociais por duas décadas, o Ministério Público da União, conglomerado comandado por ele, terá neste ano 1 bilhão de reais a mais do que em 2016. Um orçamento total de 6,6 bilhões, alta de 18%.

O reforço financeiro contribui para manter o MP brasileiro, incluídos aí as repartições estaduais, que não se vinculam a Janot, na folgada posição de mais caro do planeta. Um órgão a pagar, com dinheiro público, altos salários e mordomias e composto por um “segmento fortemente elitizado” da sociedade.

O "timing" e as provas contra Lula

Por Mauro Santayana, em seu blog:

Um delegado, em entrevista a uma revista semanal, declara que a Polícia Federal "perdeu" o "timing" para prender Lula.

Outro delegado, que já manifestou publicamente, nas redes sociais, por mais de uma vez, suas preferências políticas e que, criticado por isso, tentou censurar, na justiça, as manifestações de internautas contra ele, vem a público para afirmar que, na verdade, esse "timing" não passou, e que, em 30, 60 dias, será possível obter condições favoráveis para prender o ex-presidente, cuja esposa acaba de sofrer uma cirurgia para conter as sequelas de um AVC.

Eike Batista e o Brasil dos ricaços

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:

Há seis anos, quando um brasileiro figurou entre os oito mais ricos do mundo, segundo a relação da revista Forbes, muita gente comemorou por aqui. Dois anos mais tarde, quando ele chegou ao sétimo lugar, transformou-se em exemplo a ser seguido e orgulho nacional nas redes sociais.

Não consigo entender a mania de sentir prazer com a fortuna alheia e, do alto do orgasmo de cifras, fechar os olhinhos para os impactos, a ética ou natureza dos negócios alheios.

Se ainda fosse a família do empresário, seu parceiro no tênis, seu poodle, acionistas de suas empresas, políticos que receberam doações de campanha, enfim, quem se beneficiava diretamente com isso, vá lá. Mas, por Deus-Nossa-Senhora-Jesus-Maria-José, que tipo de sentimento de transferência faz outra pessoa festejar o fato de um compatriota aparecer entre os mais endinheirados do planeta?

Imperdível: Doria entrevista Eike Batista

Por Renato Rovai, em seu blog:

Na manhã de anteontem (26), a Polícia Federal foi cumprir o mandado de prisão contra o dono do grupo EBX, Eike Batista, e ele já estava em algum outro lugar do mundo. O mandado, porém, havia sido expedido pelo juiz Marcelo Bretas no dia 13. Mas isso não vem ao caso, convenhamos, afinal a Polícia Federal da dupla Temer/Alexandre de Moraes é absolutamente séria e comprometida com a Lava Jato.

O que vem ao caso é uma entrevista histórica feita, em 2011, pelo atual prefeito de São Paulo, João Doria Jr (PSDB), com o então homem mais rico do país e um dos mais ricos dos mundo, Ele mesmo, o sir Eike Batista.

O capitalismo do desastre de Trump

Por Naomi Klein, no site The Intercept-Brasil:

Já sabemos que o governo Trump pretende desregulamentar o mercado, travar uma guerra sem limites contra o “terrorismo islâmico radical”, destruir a ciência que estuda o aquecimento global e desencadear uma corrida por combustíveis fósseis. Essa é uma abordagem que certamente gerará um tsunami de crises e choques: choques econômicos, com bolhas de mercado estourando; choques de segurança, com efeitos internos da reação ao militarismo externo; choques ambientais, à medida que o meio ambiente é desestabilizado; e choques industriais, com vazamentos em oleodutos e colapsos de plataformas, que tendem a ocorrer, em especial, quando são pouco regulamentados.

Marisa Letícia, a guerreira

Por Marcelo Auler, em seu blog:

“Fizemos uma passeata das mulheres em 1980, quando os dirigentes sindicais estavam presos. Encheu de polícia. Os homens queriam dar apoio, mas dissemos não. Fizemos só com as mulheres“. (Marisa Letícia, em O Globo 09/08/2002).

Quem acompanha a vida de Marisa Letícia, ex-primeira dama, não tem como negar. Ela é uma guerreira. Por isso são grandes as chances dela vencer a “batalha” do aneurisma que rompeu na última quarta-feira (25/01), provocando-lhe um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e uma forte hemorragia, devidamente contornada a tempo.

Temer distorce dados da Previdência

Da Rede Brasil Atual:

O governo federal divulgou ontem (26) dados que apontam que a Previdência registrou, em 2016, déficit de R$ 149,73 bilhões, o que representaria um aumento de 74,5% em relação ao ano anterior, além de que esse "rombo" representaria 2,4% do PIB. Contudo, economistas, sindicalistas e pesquisadores seguem afirmando que o déficit não existe, porque se trataria de um cálculo distorcido.

A diferença se dá porque aqueles que enxergam o déficit observam apenas a relação entre o total de gastos com as aposentadorias e o valor arrecadado através da contribuição dos trabalhadores e empregadores. Mas, alertam esses estudiosos, não a análise não pode se basear apenas nisso.

Trump: uma nova etapa da história?

Por Leonardo Boff, em seu blog:

Já há anos se notava, um pouco em todas as partes do mundo, a ascensão de um pensamento conservador e de movimentos que se definiam como de direita. Com isso se sinalizava um tipo de sociedade na qual a ordem prevalecia sobre a liberdade, os valores tradicionais se impunham aos modernos, e a supremacia da autoridade se sobrepunha à liberdade democrática.

Esse fenômeno se deriva de muitos fatores mas principalmente pela erosão das referências de valor que conferiam coesão a uma sociedade e forneciam um sentido coletivo de convivência. O predomínio da cultura do capital com seu propósito ligado ao individualismo, à acumulação ilimitada de bens materiais e principalmente à competição deixando praticamente parco espaço para a cooperação, contaminou praticamente toda a humanidade, gerando confusão ético-espiritual e perda de sentimento de pertença a uma única humanidade, habitando uma Casa Comum. Emergiu a sociedade líquida, na linguagem de Bauman, na qual nada é sólido, acrescido com o espírito pós-moderno do every thing goes do vale tudo, na medida em que conta é o que realiza um objetivo buscado por cada um, consoante suas preferências.

Desocupados e a política da insensatez

Por Tiago Oliveira, no site Brasil Debate:

No último dia 29 de dezembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados referentes ao trimestre encerrado em novembro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). De ampla repercussão na opinião pública, o maior destaque foi dado ao contingente de desocupados, estimado em doze milhões de pessoas. Desde o início de 2015, vale frisar, foram acrescidos a este contingente cerca de 5,6 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, 2,9 milhões somente no ano passado, sem considerar os dados de dezembro, ainda não divulgados.

Doria vandaliza patrimônio público

Por Francisco Vagner e Fernando Sato, no site Jornalistas Livres:

Apagaram tudo

Pintaram tudo de cinza

Só ficou no muro tristeza e tinta fresca

[Gentileza, Marisa Monte] (*)


O grafite alastrou-se nos espaços públicos mundiais a partir da década de 1970, embalado pelo ritmo do hip hop e no contexto das lutas pelos direitos civis, dos black panthers e de diversas formas de questionamento ao capitalismo selvagem. De manifestação cultural remetida a pobres, pretos, imigrantes e moradores de guetos, alcançou rapidamente a aceitação do público geral e hoje compartilha das ruas mundo afora, além das mais caras galerias de arte dos diferentes países.

A epidemia de mortes no Japão

Por André Campos, no site Repórter Brasil:

O suicídio de uma funcionária da maior agência de publicidade do Japão gerou nova onda de debates sobre as mortes relacionadas ao excesso de trabalho naquele país. Há meses Matsuri Takahashi, uma funcionária da Dentsu, vinha fazendo mais de 100 horas extras mensais, e relatava nas redes sociais uma rotina exaustiva de pressão no trabalho e poucas horas de sono. Em dezembro de 2015, Matsuri pulou do alto do dormitório da Dentsu onde morava. O caso veio à tona apenas oito meses depois, quando uma investigação do governo federal enquadrou seu suicídio como mais um episódio de “karoshi” – termo cunhado pelos japoneses para designar as mortes causadas por jornadas extenuantes.

Sob Temer, mais pobres desistem do celular

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

A recessão da era Temer-Meirelles já ampliou o desemprego, tirou o Bolsa-Família de 1,5 milhão de famílias, reduziu o acesso aos planos de saúde, ao ensino privado e aos aviões, cortou milhares de aposentadorias por invalidez e auxílios-saúde.

Agora, mais uma revelação sobre o retrocesso social: os brasileiros estão falando menos ao celular, depois do exuberante crescimento do número de linhas e aparelhos no país nos últimos anos. Em 2016 houve uma redução de 5,33% na base de clientes das telefônicas, com perda de 13,747 milhões de linhas. Segundo a Anatel, esta involução na conectividade dos brasileiros foi mais acentuada nas regiões Norte e Nordeste.

A agenda sindical e trabalhista de 2017

Por Marcos Verlaine, no site do Diap:

Encaminhadas pelo governo Temer, as proposições de interesse do mercado em tramitação no Congresso Nacional têm o objetivo de retirar direitos dos trabalhadores e tornar o movimento sindical brasileiro irrelevante.

Não fosse a organização sindical dos trabalhadores brasileiros, por meio das centrais, confederações, federações, sindicatos e associações de trabalhadores, os direitos consignados na legislação trabalhista já teriam sido implodidos, tal como nos Estados Unidos. Lá diferente de aqui, os trabalhadores, segundo pesquisa de 2007, conduzida pelas universidades Harvard (EUA) e McGill (Canadá) aponta os EUA, dentre 173 nações membros da ONU, como um dos piores países do mundo em relação a direitos trabalhistas e políticas para a família, como licença-maternidade, auxílio-doença, férias e descanso semanal remunerados.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Dieese confirma: desemprego arrasa o Brasil

Por Altamiro Borges

O Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese) divulgou uma pesquisa nesta sexta-feira (27) que confirma que o desemprego subiu em todas as regiões do país em 2016, tornando-se a maior chaga dos brasileiros após a concretização do “golpe dos corruptos” que afastou Dilma Rousseff. De nada adianta a blindagem da mídia mercenária, que ainda tenta vender a miragem de que a economia está melhorando. O Judas Michel Temer já passa a ser visto pela sociedade como o exterminador de empregos – a exemplo do que ocorreu, no passado, com o detestado tucano FHC.

Crédito, dívidas e a desgraça Temer

Por Altamiro Borges

O Judas Michel Temer está no poder desde maio passado, quando o Senado aprovou a admissibilidade do impeachment de Dilma. A mídia privada e os empresários que financiaram o “golpe dos corruptos” – como o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, e o picareta Paulo Skaf, coronel da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) – garantiram que bastaria afastar a presidenta eleita para o Brasil voltar a crescer – “instantaneamente”. Mas já são dez meses do covil golpista e a economia segue afundando. Nesta semana, mais três indicadores confirmaram a desgraça patrocinada pelo usurpador Michel Temer.

Covardia e preconceito contra Marisa

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

As gatas pingadas de São Paulo que estrelaram um deprimente ato de preconceito contra a presença de Marisa Lula da Silva na UTI do Hospital Sírio Libanês, onde a primeira dama do Brasil entre 2003 e 2011 luta para recuperar-se de um AVC, ajudam a ilustrar uma cena que expressa os piores traços da camada dominante da sociedade brasileira mas não chega a ser novidade.

É uma forma de covardia. Para atingir Lula, ataca-se sua mulher – em coma induzido, neste momento. É um comportamento típico do Brasil atual. Com instituições em curto circuito, o debate político desaparece, o espaço democrático perde força e pode ficar sem sentido. Vale a pancadaria, a agressão, algo que Hanna Arendt chamou de banalidade do mal.