sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Ódio no Brasil. A guerra ainda não começou

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:

Políticos, religiosos e parte da mídia inflamam a população, desumanizando o adversário e transformando o jogo democrático em uma luta do bem contra o mal. Quando um grupo de pessoas passa a desejar e a festejar a morte daqueles que foram desumanizados, os políticos, os religiosos e essa parte da mídia dizem que não têm nada a ver com isso.

Líderes de certos movimentos travam guerras na internet, dizendo que a esquerda é a razão de toda a corrupção e dor que há no mundo. Quando um punhado de ignorantes resolve espancar quem ousa vestir roupas vermelhas ou quando médicos passam a divulgar e ridicularizar, nas redes sociais, prontuários médicos sigilosos de pacientes de esquerda, os líderes desses movimentos dizem que não têm nada a ver com isso.

Segredo não combina com vitrine do STF

Montagem extraída do blog A justiceira de esquerda
Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Os caminhos que levaram a escolha de Luiz Fachin para irá ocupar o lugar de Teori Zavaski como relator da Lava Jato em sua fase atual, na função mais importante da história do STF, devem ser explicados e esclarecidos para os brasileiros.

O país tem o direito de conhecer o logaritmo que leva a escolha do novo relator. Também deve ser informado sobre outros fatores que podem ter influenciado na escolha, como a carga de trabalho de cada ministro disponível.

Essa visão pode parecer estranha, já que a maioria das pessoas está habituado a associar um ambiente de reserva e reclusão ao funcionamento da Justiça. Na verdade, me parece a consequência natural do modo de funcionamento assumido pelo STF no início desta década, e que marca seu comportamento até aqui.

Uma vítima da injusta perseguição a Lula

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

A mulher de Lula, dona Marisa, morreu hoje após dez dias internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, vítima de um AVC (acidente vascular-cerebral). Imediatamente, as redes sociais se encheram de mensagens de pesar e solidariedade ao ex-presidente, mas também de repugnantes manifestações de ódio. Marisa, uma mulher honesta e digna, foi tratada por “cidadãos de bem” como se fosse ladra e corrupta, mesmo tratamento que seu marido tem recebido nos últimos anos por parte de políticos de direita, da Justiça a serviço de partidos, da imprensa hegemônica e da elite a quem ela representa.

Faxina ética não pode excluir a imprensa

Por Sergio Araujo, no site Sul-21:

Com o clamor das ruas ainda ecoando pelos corredores dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, pedindo a valorização da ética e da moralidade como pilares de uma nova era para a política e para a administração pública do país, observamos uma espécie de euforia midiática pela prisão de grandes figurões do cenário nacional.

O curioso é que foi justamente a mídia a principal responsável pela criação de vários dos mitos hoje encarcerados. Eike Batista por exemplo. Endeusado pela imprensa como exemplo de empreendedor bem sucedido, a criadora desse estereótipo age agora como carrasco impiedoso. Ou não é isso que ocorre na massificação das imagens de políticos e empresários indiciados pela Lava Jato e humilhantemente expostos em roupas de presidiário, com a cabeça raspada e habitando celas fétidas?

Mais um dia de popstar para Sergio Moro

Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

Podemos dizer, sem medo de errar, que Sérgio Moro é o juiz mais midiático da história do Brasil. Joaquim Barbosa teve seus momentos, mas Moro, O Justiceiro, o supera de longe.

Só hoje há três notícias envolvendo o herói coxinha em destaque nos portais da velha imprensa.

A primeira: Moro mandou soltar Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT, que estava preso desde junho do ano passado.

Obviamente era mais uma prisão cautelar, ou seja, sem que o cidadão sequer tenha sido julgado. Oficialmente a prisão foi determinada para que Ferreira não atrapalhasse as investigações.

Marisa Letícia, a bordadora de estrelas

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

Marisa Letícia Lula da Silva bordou a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores. A estrela que foi ganhando forma com seu trabalho haveria de iluminar a história brasileira. A luz que se apaga agora deixa ainda presente o calor de sua memória. Há a política que se exerce com ações públicas, mas há a política, tão ou mais necessária, que se tece no dia a dia, em relações marcadas pela coragem e ancoradas no amor e na solidariedade com os próximos.

Aécio, Lava-Jato e a Andrade Gutierrez

Por Jeferson Miola

A empreiteira Andrade Gutierrez trapaceou a justiça para ajudar o PSDB e, a despeito dos crimes de falso testemunho e ocultação da corrupção tucana, assim mesmo foi premiada pela Lava Jato com acordos de delação, redução de penas e preservação da fortuna amealhada no assalto ao dinheiro público.

No processo que tramita no TSE sobre os gastos da campanha presidencial da chapa Dilma-Temer, o ex-presidente da empreiteira, Otávio Azevedo, prestou falso testemunho para incriminar Dilma, mentindo ter doado R$ 1 milhão de dinheiro supostamente proveniente de propina para a campanha dela de 2014.

A solidariedade à revolução sandinista

Enviado por Leonardo Severo:

Autor de livros sobre o papel da mídia e a América Latina, o jornalista Leonardo Wexell Severo, conselheiro do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, está organizando, junto com o seu irmão Leandro, ex-secretário de Comunicação de São Carlos, o livro “Nicarágua, a flor mais linda do meu querer”. O trabalho, que inclui reportagem fotográfica, relata a história da solidariedade brasileira à revolução sandinista e a luta anti-imperialista. Abaixo, uma pequena entrevista com Leonardo, que continua coletando material para a obra a ser lançada ainda neste ano.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Marisa Letícia? Dor, mas também raiva

Por Nirlando Beirão, na revista CartaCapital:

Por mais que se respeite o espírito cordato de Iemanjá, em seu dia festivo de hoje, não dá para separar na morte de dona Marisa a emoção da dor e um forte sentimento de raiva. Muita raiva. E uma tremenda sensação de injustiça.

Penso, por exemplo, naquelas duas patetas que foram fazer plantão de ódio diante do Sírio Libanês, quando a companheira de Lula foi internada.

Batiam naquela velha tecla, com seus cartazes ridículos: vai para o SUS, não para o Sírio.

Deu Fachin no sorteio da Lava-Jato, claro!

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Dou o braço a torcer.

Merval Pereira tinha razão.

O algoritmo do STF escolheu Edson Fachin como novo relator da Lava Jato.

A gente tinha alguma dúvida, por vício de acreditar na Justiça. Acho que vício é palavra melhor, a esta altura, do que esperança.

Mas “deu” aquilo que em futebol chama-se de “passe telegrafado”.

O AVC de Marisa Letícia e a Lava-Jato

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Arrisca ser uma simplificação culpar diretamente o juiz Sérgio Moro pela morte da ex-primeira dama Marisa Letícia.

Mas como dissociar seu AVC da pressão a que estava sendo submetida?

Em 1997, o jornalista Elio Gaspari colocou o infarto de Paulo Francis na conta de Joel Rennó, ex-presidente da Petrobras que acionou Francis nos EUA.

Rennó, escreveu Elio, era um “estrategista vitorioso” porque “seu processo ocupou um espaço surpreendente na alma de Francis”.

Marisa Letícia, uma brasileira

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

A morte de dona Marisa Letícia é a síntese dolorosa da força do ódio inoculado nas veias do Brasil nos últimos anos contra o PT, contra ela, Lula e a família, contra tudo o que representaram desde 2003. Sua ausência na vida do ex-presidente terá consequências pessoais e políticas mas haverá tempo para falar de Lula sem Marisa. A hora é de recordar uma mulher do povo, uma brasileira de fibra que silenciosamente ajudou a escrever páginas importantes da história contemporânea. Neste tempo, o aneurisma que era inofensivo há dez anos foi se expandindo sob o martelar constante das injúrias, implicâncias, achincalhes, preconceitos e, finalmente, da perseguição implacável contra os Lula da Silva, indiciados e denunciados sem provas para evitar banir o ex-presidente da política.

O assassinato de Dona Marisa

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Por Renato Rovai, em seu blog:

A morte de Dona Marisa Letícia não foi natural. Ela foi sendo assassinada aos poucos por um conluio, cujo pilar foi a mídia tradicional com destaque ultraespecial às Organizações Globo, à grande maioria do Judiciário envolvido nas investigações da Lava Jato e a uma classe política corrupta que se lambuzou em acusações sem provas contra ela e sua família.

Dona Marisa Letícia sempre foi uma mulher simples, mas não simplória como alguns idiotas imaginavam. Fui o primeiro jornalista a entrevistá-la para uma publicação de caráter nacional ainda em 1989, quando Lula disputava sua primeira eleição presidencial.

Dilma: “Estamos juntos, presidente Lula"

Por Dilma Rousseff, em seu site:

Hoje é um dia triste para todos nós, que conhecemos e admiramos Dona Marisa Letícia. Sabemos do amor e da força que sempre emprestou ao presidente Lula. Uma mulher de fibra, batalhadora que conquistou espaço e teve importante papel político.

Dona Marisa foi o esteio de sua família, a base para que Lula pudesse se dedicar de corpo e alma à luta pela construção de um outro Brasil, mais justo, mais solidário e menos desigual, desde as primeiras reuniões sindicais na Vila Euclides, passando pela fundação do PT e da CUT, até a chegada à Presidência da República.

Elegia para Marisa Letícia Lula da Silva

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A ele te dedicaste por décadas tantas
Como séculos, silente e loquaz,
Olhar sorridente, voz ausente
Regaço do exaurido, elixir do guerreiro

Torturada, nem um lamento te escapou
Da boca ou do olho, da voz ou do alhar
Desafiaste o carrasco, silêncio impávido,
Sereno, negando súplica, capitulação

Marisa Letícia: Não há de ser inutilmente!


Por Leandro Fortes, em sua página no Facebook:

A morte de Dona Marisa Letícia é o triunfo físico da narrativa de ódio reinaugurada pela direita brasileira, a partir da vitória eleitoral de Dilma Rousseff, em 2014, contra as forças reacionárias capitaneadas pela candidatura de Aécio Neves, do PSDB.

Em sua insana odisseia pela retomada do poder, ainda quando o TSE contabilizava os últimos votos das eleições presidenciais, Aécio e sua turma de mascarados se agregaram, não sem uma sinalização evidente, aos primeiros movimentos da Operação Lava Jato e com ela partiram, sob os auspícios do juiz Sergio Moro, para a guerra de tudo ou nada que se seguiu.

Marisa Letícia: Eterna companheira

Por Flávia Martinelli, no site Jornalistas Livres:

Foi num palácio. O Palácio da Alvorada. E era domingo festivo: Dia das Mães, 11 de maio de 2003, ano do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos jardins, acontecia um churrasco. Diante da corte de fotógrafos, jornalistas e curiosos, Lula ajoelha-se aos pés de sua mulher. A primeira-dama, então, pousa os pés sobre a perna do marido. E ele amarra o cadarço solto do tênis dela.

No dia seguinte, UAU, a foto sai estampada na capa dos principais jornais e revistas do país. Mais uma vez, o Brasil inteiro se derretia com a demonstração explícita de afeto do presidente por sua companheira, Marisa Letícia Lula da Silva. A vida de dona Marisa, no entanto, nunca foi de Cinderela. Nem Marisa sonhou ser princesa. Lula sempre a tratou como rainha, fato. Mas isso nada tem a ver com os jardins palacianos do flagra em Brasília. A majestade de dona Marisa Letícia já vinha de muito, muito antes do cargo de primeira-dama.

Morre Marisa Letícia: tristeza e revolta!

Do blog A justiceira de esquerda
Por Altamiro Borges

A confirmação da morte cerebral de Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula, é muito triste e revoltante. Estive com ela em dezembro passado num belo jantar na residência de uma grande jornalista. Já tinha estado com ela em outras ocasiões mais formais – em solenidades e eventos políticos. Este foi meu primeiro contato mais direto, mais íntimo, com “dona” Marisa. O impacto foi muito positivo. Ela se mostrou uma pessoa carinhosa, risonha, cheia de histórias e com excelentes sacadas. Bem informada sobre o complexo quadro político, ela também não perdeu a oportunidade para aporrinhar Lula, demonstrando a sua enorme ascendência sobre o ex-presidente.

O zumbi da Base de Alcântara

Por Marcelo Zero, no site Outras Palavras:

No Brasil, há mortos-vivos. Quando você pensa que eles já se foram, acabam retornando do mundo dos mortos para nos assustar.

Um deles é o famigerado Acordo de Alcântara.

Em abril de 2000, os EUA e o Brasil (sob gestão tucana) assinaram acordo bilateral com o objetivo, em tese singelo, de permitir que empresas norte-americanas pudessem usar a nossa Base de Alcântara para lançar os seus satélites.

Conforme informações do governo da época, tal uso poderia gerar recursos de monta (cerca de US$ 30 milhões ao ano, numa avaliação muito otimista) para reativar a base que ainda está subutilizada. Para as empresas norte-americanas, este uso seria proveitoso, em razão do fato de que o Centro de Lançamentos de Alcântara está bastante próximo da linha do Equador, o que diminui significativamente os custos dos lançamentos.

Eike e a celebração ritual do linchamento

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O linchamento, moral ou físico, é ritual tão antigo quanto a civilização. A crucificação de Cristo foi celebrada. É o momento em que o pequeno pode atingir o grande, em que o anônimo se vinga dos célebres, o medíocre consegue seu momento de destaque. E todos se igualam, se democratizam na forma de manifestação ancestral: o ato de devorar a alma do inimigo, que pode ser qualquer um que as circunstâncias colocam do lado errado da onda.