segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Por que o governo Temer ainda segue vivo?

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:

Todos os presidentes após a redemocratização poderiam ter sofrido impeachment. Haveria razões para tanto – ou elas nasceriam pelas mãos da inventividade política. Isso não aconteceu porque contaram com o apoio político do Congresso Nacional e o respeito do Supremo Tribunal Federal.

Um impeachment de Temer é, ainda hoje, algo impensável. Uma parte considerável dos deputados federais, senadores e da classe política deposita nele a esperança de que poderá frear, de alguma forma, a operação Lava Jato, impedindo-os de ir para o xilindró ou devolver milhões roubados. Menos impensável, mas ainda assim remota, é a chance de cassação da chapa Dilma-Temer durante a gestão Gilmar Mendes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Até aí, nada de novo.

O elo desconhecido entre Temer e Yunes

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Qual a razão do primeiro amigo de Michel Temer, José Yunes, ter entrado em pânico, quando seu nome apareceu em delação de executivo da Odebrecht, a ponto de procurar o Ministério Público Federal para uma delação sem sentido.

A jornalistas, Yunes disse que lhe foi solicitado por Elizeu Padilha – Ministro-Chefe licenciado da Casa Civil – que recebesse “documentos” em seu escritório. Os tais “documentos”, na verdade, eram propinas pagas pela Odebrecht e levadas até ele pelo notório doleiro Lúcio Funaro.

Aos jornalistas, Yunes declarou ter sido apanhado de surpresa. E, assim que se deu conta do ocorrido, procurou o amigo Temer, que o acalmou.

Lava-Jato rompe a aliança golpista

Foto: Ricardo Stuckert / Instituto lula
Por Mino Carta, na revista CartaCapital:

Uma pesquisa CNT-MDA informa que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva ganha as eleições presidenciais de 2018 com maioria relativa no primeiro turno e absoluta no segundo. Não há tucanos ou peemedebistas entre seus adversários mais cotados. No rol figuram Jair Bolsonaro, como fruto do discurso do ódio, e Marina Silva, a resultar da ilusão. Os números são trágicos para os golpistas no poder.

Pergunto aos meus intrigados botões que efeito haverá de ter a pesquisa sobre o comportamento da República de Curitiba em relação ao destino de Lula. No mês passado, dois graúdos delegados divergiam. Um dizia ter-se esgotado o timing para a prisão do ex-presidente, o outro não concordava. Em que medida a pesquisa divulgada na quarta-feira 15 atiça os propósitos de Sergio Moro e da sua turba de promotores milenaristas?

Lula vem aí – e isso é muito bom

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

No Brasil que transformou o Carnaval de 2017 num protesto inesquecível contra Michel Temer, o esforço para construir a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva ganhará novo fôlego após a Quarta-Feira de Cinzas.

Estimulado por personalidades ligadas à resistência democrática, a começar por Chico Buarque e Leonardo Boff, em conversas reservadas ocorridas nos últimos dias, Lula tem deixado claro que está inteiramente convencido de que deve assumir de uma vez por todas a candidatura a presidente da República na sucessão de Michel Temer.

Quando os interlocutores perguntam se estaria disposto a voltar à presidência do Partido dos Trabalhadores, que em 2017 enfrenta a mais grave crise em quase 40 anos de história, a resposta de Lula tem sido um não categórico. Ele deixa claro que compreende a necessidade de ocupar cargos na direção do partido e participar dos debates essenciais que irão ocorrer antes e depois do próximo Congresso, a realizar-se em junho.

Doria não tira Lula da mente e da boca

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O destempero e a falta de inteligência emocional na reação de Doria diante da hostilidade de foliões em Pinheiros tinha um elemento barbudo a mais.

A alturas tantas, no final de seu tour desastroso, um rapaz o xingou. Estavam perto do bar Pirajá, na Rua Pedroso de Morais. Doria ficou irritado. Enquanto entrava no carro, visivelmente transtornado, fez menção de partir para a briga.

E então chamou o outro de “Lula”. Antes de um vexame maior, os assessores o colocaram no veículo e todos partiram rumo ao desconhecido.

Doria tem uma fixação com Lula que é parte estratégia, parte patologia.

Reforma da Previdência: Minuto da verdade

Por Jandira Feghali, no Blog do Renato:

O governo Temer vem alardeando de forma manipulada dados do orçamento brasileiro e também da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para justificar a reforma da previdência. A OCDE usa dados da realidade dos 34 países, entre eles os mais industrializados e desenvolvidos do mundo, para a formulação de políticas públicas. Aqui, com realidade tão diversa, só com muita má fé ou desconhecimento do Brasil é que se justifica a perda de direitos para a maioria pobre do povo e a entrega ao mercado de parcela importante dos e das nossas trabalhadoras. É possível imaginar que podemos reformar a previdência de forma a igualar as regras de países como Canadá, Austrália, Suécia, Noruega, entre outros?

O ocaso deles já está em curso

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

No fascismo os dissidentes eram colocados em ilhas distantes e nas cadeias fétidas, no “stalinismo” nos “gulags” ou nos porões da Lubianca, nas ditaduras latino-americanas nas cadeias e na tortura, ou perante os pelotões informais de fuzilamento. No golpismo “suave”, a palavra blindada pela mídia, as repressões contra quem protesta contra as “reformas”: as saídas suaves e programadas do Governo, como se fossem atos de heroísmo para proteger o bem comum.

Quando nas “jornadas de junho” de 2013 a cobertura partidária e altamente politizada da Rede Globo e da maioria dos órgãos de comunicação do país desfecharam uma forte campanha contra a corrupção, uma boa parte da sociedade acreditou que o gigante iria “acordar”. E ninguém pensava que os propósitos políticos daquele amplo movimento, que uniu vastos setores da classe média “neutra”, grupos espontaneístas de várias origens, frações anticomunistas radicais, devedores do Tesouro Público, sonegadores de todas as ordens, conservadores e reacionários de todos os quadrantes, bem como pessoas sinceras que queriam passar o “país à limpo” - aqueles propósitos políticos - seriam tão claramente espúrios como estes que estamos assistindo hoje.

Equador, a “Stalingrado” dos Andes

Lenin Moreno
Por Igor Fuser, no site da UJS:

O defunto ainda está vivo, apesar de certas notícias exageradas que circulam por aí. Mas com sérios problemas de saúde, isso é verdade. O futuro da esquerda sul-americana retornou ao topo da agenda política regional com as eleições presidenciais do Equador, que decidirão sobre a continuidade ou o encerramento do projeto político iniciado há dez anos com a posse do presidente Rafael Correa – uma das faces mais visíveis do ciclo progressista nesta parte do mundo.

Eleito três vezes seguidas à presidência, sempre por ampla maioria, Correa está constitucionalmente impedido de concorrer a um novo mandato. Indicou como candidato pela legenda governista Aliança País seu vice, Lenin Moreno, que liderou as apurações no primeiro turno, encerrado nesta quinta-feira (23), onde obteve 39,3% dos votos.

Saídas de Serra e Padilha abalam Planalto

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por Hylda Cavalcanti, na Rede Brasil Atual:

As notícias da demissão do ministro das Relações Exteriores, o senador José Serra (PSDB-SP), por problemas na coluna, na noite de quarta-feira (22), e da licença do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, hoje (24), para fazer uma cirurgia na próstata, repercutiram amplamente nos três poderes. Principalmente, pelas versões desencontradas que envolvem estas informações e mostram mais uma grave crise no Executivo federal.

Padilha, que já teve problemas anteriores de pressão e estafa, anunciou a cirurgia na noite de ontem, pouco depois de ter tido seu nome envolvido em denúncias feitas pelo advogado José Yunes. A acusação de Yunes na Procuradoria-Geral da República (PGR) é que Padilha teria lhe pedido, em 2014, que recebesse um pacote de documentos no seu escritório, em São Paulo. Esse pacote, suspeito de ter dinheiro para pagamento de propinas, teria sido entregue pelo doleiro Lúcio Funaro, que, conforme o advogado, “teria sido usado como mula” pelo atual ministro da Casa Civil.

A bolinha de papel do Serra

Por Wadih Damous, no blog de Marcelo Auler:

Faz parte do consenso civilizatório o respeito ao sofrimento alheio. Ainda que a turba raivosa, que tomou conta das ruas, vomitou indignação e exigiu a deposição da Presidenta Dilma Rousseff, não tenha seguido essa regra e as redes sociais tenham virado parques de diversões de ensandecidos a desancarem sobre o luto de Lula, devemos nos compadecer da suposta indisposição de José Serra, que, pelo que contam as colunas entendidas da imprensa comercial, fartou-se de ser chanceler.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

"Musa golpista" derruba chefão da RedeTV!

Por Altamiro Borges

Nas marchas golpistas pelo "Fora Dilma", em 2015, uma figura excitou os falsos moralistas que se dizem defensores da família, da moral e dos bons costumes. Na época rotulada de "empresária", Ju Isen desfilou pela Avenida Paulista sempre com poucos trajes ou simplesmente nua. Entusiasmada com a fama, a "musa do impeachment" até sonhou em ser vereadora, o que não deu certo. Frustrada, ela sumiu dos holofotes da mídia privada. Nesta semana, porém, ela voltou a brilhar e, novamente, ajudou a produzir um impeachment: o do superintendente artístico da RedeTV!, Elias Abrão, que pediu demissão da emissora neste sábado (25).

Bolsonaro incentivou motim da PM do ES?

Por Altamiro Borges

Reportagem do Estadão deste sábado (25) reforça a tese de que o protesto da PM do Espírito Santo por melhores salários e contra o arrocho fiscal do governador golpista Paulo Hartung foi manipulado por seguidores do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). O extremista de direita, que já anunciou sua candidatura presidencial para 2018, é famoso por defender torturas e chacinas policiais. No clima de caos na sociedade, ele tenta alavancar suas ambições políticas. O jornal chegou a esta preocupante conclusão após realizar uma pesquisa nas redes sociais. Confira a bombástica reportagem:

O castelo na Espanha do "operador do PMDB"

Por Hildegard Angel, em seu blog:

Jorge Luz, o maior operador da corrupção do país, permanece na ativa desde os militares. Conforme o noticiário, na Petrobras ele age desde 1986, em conluio com o PMDB. Contudo, perto do tamanho de seu próprio enriquecimento, parecem irrisórios os 40 milhões de dólares que ele teria distribuído em propinas ao partido nas negociatas.

Só mesmo o detentor de imensa fortuna poderia ter adquirido, como ele fez, um dos castelos da duquesa de Alba, em Sevilha, após a morte, em 2014, da mulher mais rica da Espanha e maior colecionadora de títulos de nobreza do mundo – e por isso não precisava se ajoelhar nem para o Papa. Naquela ocasião, Luz interessou-se em obter a cidadania espanhola, empenhando-se para isso junto um amigo português, lobista com bom trânsito na realeza de Espanha.

O futebol não será televisionado

Por Rafael Duarte Oliveira Venancio, no site Jornalistas Livres:

Wilson Simonal eternizou de maneira célebre, na música Aqui é o País do Futebol, os versos que pautam, normalmente, as discussões políticas sobre o esporte:

“Brasil está vazio na tarde de domingo, né?

Olha o sambão, aqui é o país do futebol

No fundo desse país

Ao longo das avenidas

Nos campos de terra e grama

Brasil só é futebol

Nesses noventa minutos

De emoção e alegria

Esqueço a casa e o trabalho

A vida fica lá fora

Dinheiro fica lá fora

A cama fica lá fora

Família fica lá fora

A vida fica lá fora

E tudo fica lá fora”


Por mais que as Diretas Já tenham tido influência da Democracia Corinthiana, que o futebol tenha sido uma das principais portas da luta contra o preconceito racial com times como a Ponte Preta e o Vasco da Gama, o futebol é visto como um esporte de manutenção do status quo ou de reacionarismo. Muitas vezes nem é o esporte que faz isso, mas sim pessoas que utilizam a camisa esportiva para motivos extracampo.

Cinco falas polêmicas de Sergio Moro

Por Helena Borges, no site The Intercept-Brasil:

Em um evento na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, o juiz Sérgio Moro respondeu a acusações de uso político da Operação Lava Jato e mandou indiretas para seus críticos. A fala de Moro foi atrasada por protestos contra sua presença no evento. Cerca de dez estudantes e professores se manifestaram contra a forma como Moro conduz a Operação Lava Jato, que chamaram de “enviesada”. Manifestantes interromperam a fala do juiz no início do discurso, mas foram vaiados pelos presentes no auditório.

Confira aqui uma lista das falas de Moro e o contexto por trás das bordoadas.

No rastro da soja, o deserto verde

Por Mauricio Torres e Sue Branford, no site Outras Palavras:

Em apenas 40 anos, o norte do estado de Mato Grosso sofreu uma transformação profunda: o avanço do agronegócio substituiu o cerrado e a floresta amazônica por extensas monoculturas agrícolas, protagonizadas pela soja.

A soja entrou no estado a uma velocidade assustadora: a área sob cultivo pulou de 1,2 milhões de hectares em 1991 para 6,2 milhões de hectares em 2010 e para 9,4 milhões de hectares em 2016. Segundo o geógrafo Antônio Ioris, professor da Universidade de Cardiff, que pesquisa o avanço do agronegócio em Mato Grosso, um fator-chave neste processo foi a participação do órgão de pesquisa agrícola do governo federal: “As novas tecnologias desenvolvidas pela Embrapa para os solos ácidos e outros problemas permitem que a soja entre após uma crise do setor na década de 1980, dando novo fôlego à fronteira agrícola”. Entretanto, a grande expansão da soja aconteceria no final dos anos 1990, “beneficiada pelo boom das commodities e pela liberalização da economia”, completa Ioris.

A tempestade se aproxima de Temer

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Todos diziam que a revelação das delações da Odebrecht seriam um vendaval sobre o governo.

Ela (ainda) não veio, mas os ventos que a antecedem fizeram estragos evidentes no acampamento golpista, mesmo com a safra de notícias empurrando um “tout va bien, Madame La Marquise” da recuperação econômica, com um superavit das contas públicas visivelmente inflado e um desemprego que infla a cada mês.

O campo da política, porém, vai despencando com acontecimentos que surpreendem, não por incoerentes, mas por formarem um conjunto de “coincidências” , ainda que inesperadas.

Filho de Muhammad Ali e a ditadura nos EUA

Muhammad Ali Jr.
Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Filho do mais famoso boxeador de todos os tempos, Muhammad Ali Jr. ficou retido durante horas em um aeroporto na Flórida, nos Estados Unidos, no início de fevereiro, “acusado” de ser muçulmano, apenas por causa da aparência e do nome que carrega. Os policiais interrogaram o rapaz por duas horas perguntando: “Onde você arranjou este nome?” “Você é muçulmano?” A história foi revelada pelo jornal USA Today, na última sexta-feira.

Nascido Cassius Marcellus Clay Jr. em Louisville, Kentucky, o lutador de boxe Muhammad Ali trocou de nome em 1964, ao se converter ao islamismo. Até então, lutava como Cassius Clay. Seu filho Muhammad Ali Jr. nasceu na Filadélfia em 1972, ou seja, como o pai, é cidadão norte-americano. Quando respondeu aos oficiais do aeroporto que sim, é muçulmano, os policiais continuaram perguntando sobre sua religião e onde ele tinha nascido, como se Muhammad Jr. tivesse acabado de chegar do Oriente Médio.

Yunes e Marinho: a misteriosa sociedade

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

O Cafezinho teve acesso a um documento interessante, seguindo a trilha de reportagem iniciada pelo blog do Rovai, que por sua vez se baseou em post e documentos divulgados pelo blog Tabapuã Papers.

É o documento [aqui] oficial de criação da empresa Marau Administração de Bens, que integra um conjunto de documentos divulgados pelo Tabapuã Papers.

Nela, figuram como sócios, entre outros, José Roberto Marinho, um dos donos da Globo, Marcos Yunes – filho do “amigo de Temer” e ex-assessor presidencial, José Yunes -, e a offshore Shadowscape Corporation, que aparece no Panama Papers, um dos maiores vazamentos do mundo de contas em paraísos fiscais.

Nova crise põe Temer na berlinda

Por Afonso Benites, no site Carta Maior:

A sexta-feira de Carnaval foi um dia atípico no centro do poder brasileiro. Enquanto o Congresso Nacional estava às moscas, auxiliares do presidente Michel Temer (PMDB) praticamente sambavam em busca de explicações sobre o relato que atingiu em cheio o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), e ameaça chegar ao chefe do Executivo. As justificativas iam do formal “por enquanto, nada a declarar” ao “isso não tem nenhuma relação com o presidente”. Só no fim da tarde, apareceu uma nota de defesa.