domingo, 26 de março de 2017

O golpe como farsa e tragédia

Por Leonardo Boff, em seu blog:

A euforia dos golpistas que tiraram do poder uma presidenta legitimamente eleita com a forçação de argumentos jurídicos, terminou em poucas semanas. Agora que se conhecem as tramoias, nota-se a farsa que se transformou em tragédia nacional. Ocupam a cena, um presidente ilegítimo, fraco e parco de luzes, grande número de ministros e parlamentares denunciados pela Lava-Jato, que tentam propor com a maior celeridade possível, projetos claramente anti-povo e anti-nação. Pretendem levar até o fim o seu projeto de adesão irrestrita e agora sob Trump envergonhada, à logica do Império que busca nos alinhar a seus interesses geopolíticos.

A desilusão mandou recado neste domingo

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Há um sentido muito claro no fracasso das manifestações convocadas para este domingo, 25, por MBL, Vem Pra Rua e outros movimentos que fizeram grandes atos no ano passado a favor do impeachment: amplos setores da classe média desiludiram-se com o golpe que apoiaram e entenderam o sentido retrógrado do governo Temer. Também da elite econômica vieram mensagens de decepção. Algumas foram expressas ao próprio Temer num encontro com representantes do PIB na noite de sexta-feira.

Curitiba reúne 500 coxinhas em apoio a Moro

Por Esmael Morais, em seu blog:

Desmilinguiu o apoio à Lava Jato e ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba.

Apenas 500 coxinhas compareceram à manifestação convocada pelos grupos de extrema-direita Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL).

A Polícia Militar contabilizou oitocentas pessoas.

A concentração ocorreu na Praça Santos Andrade e, neste momento, segue rumo à Boca Maldita — centro político nervoso da capital paranaense.

O fracasso dos atos “moristas”

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

É óbvio que o resultado pífio das manifestações de hoje da direita mostra que está se dissolvendo a onda de histeria que a mídia, servido-se destes grupos – espalhava pelo país.

É claro que seus “pais” midiáticos não assumem o retumbante fracasso.

A Globonews não fez entradas especiais e, nas matérias dos telejornais regulares, só imagens do chão da Paulista, até agora, acompanhadas de intervenção de um “repórter amigo”. Só mais tarde algumas imagens do alto, mostrando que , mesmo com a providencial presença de uma enorme faixa para ocupar espaço, só havia gente em frente ao Masp, 70 ou oitenta metros.

Neoliberalismo, ordem contestada

Por Perry Anderson, no site Outras Palavras:

O termo “movimentos anti-sistêmicos” era comumente usado, há 25 anos [1], para caracterizar forças de esquerda, em revolta contra o capitalismo. Hoje, ele não perdeu relevância no Ocidente, mas seu sentido mudou. Os movimentos de revolta que se multiplicaram na última década não se rebelam mais contra o capitalismo, mas contra o neoliberalismo – os fluxos financeiros desregulados, os serviços privatizados e a desigualdade social crescente, uma variante específica do domínio do capital adotada na Europa e América desde aos anos 1980. A ordem econômica e política resultante foi aceita indistintamente por governos de centro-direita e centro-esquerda, de acordo com o princípio central do pensamento único e do dito de Margareth Thatcher, segundo o qual “não há alternativa”. Dois tipos de movimento agora mobilizam-se contra este sistema; e a ordem estabelecida estigmatiza-os – sejam de direita ou de esquerda – como a “ameaça populista”.

Stedile pede apoio ao Barão de Itararé

Trabalhadores na luta contra o golpe

sábado, 25 de março de 2017

Doria promove desmonte na cultura

Por Rodrigo Gomes, na Rede Brasil Atual:

Depois de congelar 43,5% do orçamento da Secretaria Municipal da Cultura, praticamente inviabilizando as ações da pasta para além da operação cotidiana dos equipamentos, a gestão do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), iniciou uma série de medidas que revoltaram trabalhadores e artistas da capital paulista. No início do mês, suspendeu um edital do Fomento à Dança, que já estava com todos os projetos prontos para análise da comissão julgadora. Nesta semana, comunicou os educadores do Programa de Iniciação Artística (PIÁ) e do Programa Vocacional que eles não poderiam dar sequência aos projetos bianuais, modelo criado na gestão de Fernando Haddad (PT).

A mídia no show da PF: quem paga a conta?

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

Estamos comendo e exportando carne estragada.

Em poucas palavras, foi isso que a Polícia Federal denunciou após deflagrar a Operação Carne Fraca, na sexta-feira da semana passada, para logo ganhar as manchetes no mundo inteiro. Foi um escarcéu.

Uma semana depois, o que aconteceu?

Você conhece alguém que passou mal por comer carne brasileira?

Até agora, a PF não apresentou um único laudo técnico comprovando suas graves acusações, e os responsáveis maiores pela operação desapareceram do noticiário.

Sumiram de cena o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, citado no esquema de corrupção montado entre fiscais e empresas, e o diretor geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, que não se manifestou até agora.

Mídia alia-se a Temer contra a aposentadoria

Por Bia Barbosa, no jornal Brasil de Fato:

Nesta terça-feira (21), o governo federal admitiu que a Reforma da Previdência, da maneira que foi proposta pela equipe de Temer, não passará no Congresso. As mobilizações têm crescido contra o projeto, e no último dia 15 milhares de brasileiros foram às ruas dizer não a esta brutal retirada de direitos. O governo admitiu que, por conta da resistência popular, não terá forças para passar a proposta no Congresso, e já começou a fazer mudanças no texto. Anunciou que vai retirar da reforma da Previdência os servidores estaduais, deixando para cada governador cuidar deste assunto em seu estado.

Quem vota em Lula

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

Tudo mundo anda falando no tamanho das intenções de voto em Lula nas próximas eleições e em quanto elas vêm crescendo. Uns ficam tristes, outros alegres, mas todos sabem que é isso que as pesquisas mostram.

Existem, no entanto, muitos equívocos a respeito do voto no ex-presidente. Vêm, de um lado, da informação distorcida que a mídia corporativa dissemina, por não conseguir, ela própria, entendê-lo ou não querer explicá-lo. De outro, derivam da recusa ideológica de parte da opinião pública em aceitá-lo, fruto de seus preconceitos e estereótipos.

A polarização política de mentira

Por Tiago Camarinha Lopes, no site Brasil Debate:

A crise pela qual o Brasil passa e a consequente polarização política do país é o resultado de dois fatores. O primeiro está vinculado com a diminuição da atividade econômica mundial. O segundo se refere ao aproveitamento das brechas criadas no processo de superação da crise por uma oposição torpe montada às pressas para depor a presidente Dilma.

O objetivo dessa trupe é resolver um grande problema que poderia atormentar os grupos minoritários do 1% no Brasil, caso o governo ambíguo e conciliatório do PT tivesse continuidade. Enquanto o primeiro fator deu o pontapé inicial para a polarização política, foi o segundo, associado ao circo midiático em torno da Lava Jato, que exacerbou a normalidade da luta de classes aos níveis dantescos de rixas e brigas que dificultavam a comunicação com nossos concidadãos.

A 'Carne Fraca' no Estado de Exceção

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – os policiais celebridades criados pela mídia

Este é o delegado Maurício Moscardi Grillo. É jovem, passou no concurso da Polícia Federal e é delegado há apenas cinco anos. E destoa dos colegas por dois pontos relevantes.

Primeiro, pelo exibicionismo. Ao contrário dos procuradores da Lava Jato, a PF sempre primou pela discrição. Grillo gosta dos holofotes, é boquirroto e cultiva frases de efeito, que possam repercutir na mídia.

Segundo, porque é um empreendedor de sucesso. Em 2015 inaugurou o San Marino Residence Hotel, em sua cidade, Bauru, mostrando uma desejável preocupação em garantir o futuro. É um prédio de quatro andares, de propriedade de uma empresa dele e da esposa, com capital social registrado de R$ 100 mil (https://goo.gl/ytIjUS).

Globo tirou Moro para dançar

Por Rodrigo Vianna, em seu blog:

Vamos recuperar os fatos.

Terça-feira (21 de março), o juiz Moro manda a PF bater à porta do blogueiro Eduardo Guimarães. Acontece a famigerada “condução coercitiva”: sem jamais ter sido intimado antes nesse processo, sem jamais ter se recusado a depor, Eduardo é arrastado de casa num camburão. Presta depoimento sem a presença de advogado. E é intimidado pela PF que, a mando do juiz Moro, quer saber:qual foi a fonte que passou a ele, Eduardo, a informação de que Lula seria vítima da etapa de número 24 da Lava-Jato? Eduardo avisou Lula ou assessores dele?

No mesmo dia 21 de março de 2017, milhares de pessoas se mobilizam e denunciam a ação autoritária do juiz de camisas negras. O sigilo da fonte é garantia constitucional! Mas Moro alega que Eduardo não é jornalista, e por isso não teria direito a tal proteção.

Morte da CLT e a volta dos abolicionistas

Por Wellington Calasans, no blog Cafezinho:

A ditadura militar não ousou acabar com a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. A turma do “grande acordo nacional, com STF, com tudo” (O Surubeiro – Senador e Vidente) vai acabar com todo e qualquer direito que possa dar dignidade ao trabalhador.

Se foi golpe, se a constituição foi rasgada, se o plebiscito pelo presidencialismo foi jogado no lixo, se existe uma constituição para Moro, outra para Gilmar Mendes, outra para o povo, etc. temos que trabalhar com a realidade deles. Esta realidade exige que sejamos insubordinados. É uma questão de sobrevivência.

Doria, MBL e a república dos moleques

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Lula chamou Dallagnol de moleque, mas quem anda merecendo o epíteto é o prefeito de São Paulo, João Doria.

Em tempo recorde, Doria foi inventado como político, eleito, traiu seu criador, se lançou à presidência e agora bate no velho prócer de seu partido, FHC.

Alkcmin conseguiu criar um monstro e não sabe mais o que fazer com ele. Um menino mimado cujas vontades não podem ser contrariadas.

O heroísmo de Eduardo Guimarães

Por Eugênio Aragão

Tem gente que conduz procedimentos investigatórios criminais e ações penais como se fossem um espetáculo de luta livre. Dão um péssimo exemplo para o país e provam o desprezo pelo Estado de Direito. Um desses implacáveis lutadores livres togados mora em Curitiba e dispõe de vasta claque num auditório ensandecido que entra em êxtase ao ver sangue vermelho escorrer pela sarjeta da república. Desconhece limites. Tudo pode. Os tribunais guardiões da ordem jurídica ora coonestam-no, ora se acumpliciam, ora se acovardam. É verdade que hoje há magistrado de cúpula que troveja indignação com sua forma extravagante de jurisdicionar, mas o faz com cinismo seletivo: enquanto o brigão forense desferia suas voadoras nos políticos que não são de sua afinidade, silenciava ou chegava, até, a aplaudir e ovacionar; hoje, tendo o encrenqueiro resolvido dar caneladas nos de seu rebanho, deblatera midiaticamente.

Dilma rechaça acusações no TSE

Foto: Roberto Stuckert Filho
Do site de Dilma Rousseff:

Os advogados da presidenta eleita Dilma Rousseff, deposta pelo golpe parlamentar de 2016, apresentaram, na noite de sexta-feira, 25, suas alegações finais ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na peça de 212 páginas, a defesa refuta as acusações de que a vitória nas eleições presidenciais de 2014 só teria sido possível porque a campanha de Dilma foi movida a farto dinheiro de origem suspeita. A ação foi movida pelo, candidato derrotado, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

Brasil precisa da pluralidade partidária

Editorial do site Vermelho:

O intenso debate político que ocorre no Brasil tem o objetivo de definir as regras para o exercício do poder político no país.

Neste debate, a direita e os conservadores defendem uma reforma partidária e eleitoral excludente e restritiva para favorecer apenas aos interesses das classes dominantes. Defendem, por exemplo, a adoção de alguma forma de voto distrital, querem impor a cláusula de barreira e proibir coligações partidárias nas eleições para deputados.

Falam em “farra partidária” para justificar as restrições que pretendem impor e dificultar a organização política das diferentes correntes de opinião da sociedade, sobretudo aquelas ligadas ao povo e aos trabalhadores.

sexta-feira, 24 de março de 2017

A volta triunfal dos mercadores de escravos

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Aprovado pela Câmara por 231 votos a favor, 188 contra e 8 abstenções, o projeto que libera a terceirização em todos os setores da economia vai ressuscitar, na prática, a figura dos mercadores de escravos que existiam no Brasil até a abolição da escravatura. O que é uma empresa terceirizadora senão uma versão contemporânea dos comerciantes que viviam da venda de escravos? A diferença é que existe salário –se é que se pode chamar assim um pagamento até 30% menor do que recebem os trabalhadores contratados diretamente.