terça-feira, 2 de maio de 2017

A greve geral e a correlação de forças

Por Jeferson Miola

“Governo não tem alternativa a não ser prosseguir com sua agenda”, editorial da FSP de 29/4/2017.

“Nenhuma boquinha terminou no Brasil sem certa dose de esperneio e gás lacrimogêneo. A sexta-feira que passou foi dedicada a isso. Vida que segue”. Gustavo Franco, desastroso presidente do BC de FHC, hoje banqueiro, no artigo “Reforma trabalhista: só o começo”, em O Globo de 30/4/2017.


O 28 de abril de 2017 entra para a história como o dia da mais contundente demonstração de resistência do conjunto do povo brasileiro ao pacto antinacional e escravocrata que as classes hegemônicas tentam impor com o golpe de Estado.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Violência da PM na greve exige resposta

O estudante Mateus Ferreira, Goiânia, 28/4/17
Por Altamiro Borges

No clima do estado de exceção que impera no país desde o "golpe dos corruptos" do ano passado, as forças policiais têm agido de forma violenta e arbitrária contra os movimentos sociais. Na histórica greve geral de sexta-feira passada (28), a PM voltou a esbanjar covardia em vários Estados. No Rio de Janeiro, bombas foram lançadas contra o palanque dos manifestantes durante o ato que transcorria em absoluta tranquilidade. Em Goiás, um comandante da PM revelou toda a sua crueldade ao atingir um jovem com seu cassetete. O estudante, que teve traumatismo craniano, segue internado em estado grave. Em São Paulo, a Polícia Militar também disparou bombas e balas de borracha e três ativistas do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) estão detidos como presos políticos. 

Bispos exorcizam retrocessos de Temer

Por Altamiro Borges

Na histórica greve geral de 28 de abril, que teve a adesão de mais de 40 milhões de trabalhadores em todo o país, a Igreja Católica cumpriu um papel de relevo. Após vários anos de omissão e até de cumplicidade com as forças reacionárias e golpistas, arcebispos, bispos e padres voltaram a clamar pelos fracos e oprimidos – o que prova a influência redentora do Papa Francisco. Vídeos dos sermões criticando as “reformas” trabalhista e previdenciária do “satanás” Michel Temer bombaram nas redes sociais. A presença dos religiosos nos atos e passeatas de sexta-feira emocionou as pessoas – crentes ou não – que aprenderam a admirar a Teologia da Libertação e seus corajosos difusores. A mensagem aprovada neste final de semana na Assembleia Ordinária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada no Santuário de Aparecida (SP), só confirma esta mudança de postura da cúpula da Igreja. Vale conferir:

Aula de reciclagem para jornalistas

Eike Batista e a esposa de Gilmar Mendes

Por Renato Rovai, em seu blog:

Em reportagem de 26 de janeiro deste ano o jornal Folha de S. Paulo informava que o advogado Sérgio Bermudes, que defendia o empresário Eike Batista nas causas cíveis, disse que ele estava entre Nova York e Miami e que teria viajado aos EUA para cuidar de um processo relacionado ao bloqueio de US$ 63 milhões em bens pela Justiça das Ilhas Cayman.

Naquele momento Eike Batista era procurado pela Polícia Federal por conta da deflagração da Operação Eficiência, uma fase da Operação Lava Jato, da qual ele era o principal alvo.

De onde vem a propina no capitalismo?

Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual:

O tema da corrupção tem sido continuamente colocado como central no Brasil de hoje pelos meios de comunicação, assim como transcorreu no período que antecedeu o golpe de estado de 1964. Comparativamente ao mundo, contudo, a percepção de corrupção no Brasil em 2016, por exemplo, equivaleu a dos anos de 1998 e 2002, segundo a indicação adotada pela Transparência Internacional desde o ano de 1995 em quase duzentas nações. Nos anos citados, o índice no Brasil ficou em torno de 40 pontos, de acordo com os critérios da pesquisa da ONG.

Temer e Macri: inimigos dos trabalhadores

Por Mário Augusto Jakobskind, no jornal Brasil de Fato:

Era comum em outras épocas quando se falava da Argentina em comparação com o Brasil se responder “eu sou você amanhã”, referindo-se a um ou a outro país. Mas agora isso entrou em desuso, porque nada mais igual nos tempos atuais do que Argentina e Brasil com governos que executam o mesmo tipo de política econômica que leva os respectivos países a um retrocesso sem tamanho e afeta negativamente a vida dos trabalhadores.

Pesquisa mostra o papel-chave de Lula

Polo Naval do Rio Grande (RS), 29/4/17. Foto: Ricardo Stuckert
Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A nova ascensão de Lula nas intenções de voto para 2018 é o melhor termômetro do sistema político brasileiro.

Lula subiu depois da liberação das delações da Odebrecht, a começar pelo risonho patriarca da maior empreiteira do país, fazendo insinuações de todo tipo, inclusive citando um nefasto general da ditadura para falar sobre seu caráter. Lula também atravessou a delação premiada de Leo Batista, o executivo da OAS que, como um aluno em exame de segunda época, refez o primeiro depoimento para tentar diminuir a própria pena, produzindo afirmações sob medida para atingir Lula. Nada.

O golpe e a mídia criaram Bolsonaro

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O golpe engendrado por Michel Temer, Eduardo Cunha e Aécio Neves, em conjunto com a mídia, resultou numa vitória de Pirro que pariu Jair Bolsonaro 2018.

A guinada direitista dos tucanos, o blábláblá neandertal contra o bolivarianismo, a corrupção, o financiamento de “movimentos de rua” e a obsessão da imprensa, puxada pela Globo, com o PT, resultaram na viabilização de uma alternativa fascista indigente.

JB vai se firmando como o antiLula prometido na Bíblia.

A nova pesquisa Datafolha, que traz Lula na liderança novamente, registra que Jair foi de 9% para 15% e de 8% para 14% em dois cenários, empatando com Marina Silva.

Os 80 anos da morte de Antonio Gramsci

Por Augusto C. Buonicore, no site da Fundação Maurício Grabois:

Sem dúvida nenhuma, o preconceito e o sectarismo estão por trás desse injustificável desconhecimento. Na década de 1990 a estes dois aspectos se juntou outro: a crise da perspectiva revolucionária e a capitulação de vários intelectuais e organizações do campo da luta pelo socialismo. Hoje, mais do que nunca, é necessário resgatar a história e as contribuições teóricas de homens como Lênin e Gramsci. Somente assim poderemos construir alternativas viáveis para a crise do socialismo e para a teoria que lhe serviu de suporte durante todo o século XX: o marxismo.

A infância e a adolescência na Sardenha

O abuso de autoridade e o juiz Moro

Por Roberto Requião, no site Carta Maior:

O juiz Sérgio Moro publicou em jornais desta terça-feira (25) um arrazoado contra o Projeto de Lei de abuso de autoridade. Citando especialmente a experiência norte-americana, complementada por argumentos de Rui Barbosa, ele pretendeu congelar no início do século passado e trazer para hoje conceitos de direito que estão inteiramente superados pela atualidade.

Ninguém é contra a independência da Magistratura, do Ministério Público e de autoridades democraticamente constituídas. Mas é um retrocesso na estrutura legal de qualquer democracia possibilitar que essas autoridades, abusando de direitos do cidadão, abusem da própria dignidade de sua investidura. Não se trata apenas de juízes. Trata-se do guarda da esquina que aborda um motorista para achacá-lo.

Greve geral: Temer, vaza!

Por Eugênio Aragão

Como se sentiu na sexta-feira, golpista? Não adianta fingir. Se desse, teria baixado o pau, né? Mas não baixou, porque lhe deu paúra. Gente demais. Mais de 30 milhões de trabalhadores paralisados em todo o País. E seu ministro da porrada, aquele da bancada ruralista, chama isso de pífio. A raposa falando das uvas. Para quem não tem popularidade e é avaliado como o pior "governante" da história do Brasil, tanta gente na rua não é um bom presságio.

Pífios são vocês. Traidores mesquinhos. Gente feia. Smeagols. Poderia ter entrado para a memória como pacificador, dando apoio à Presidenta Dilma Rousseff e articulando sua base parlamentar, mas preferiu comprar bancada para golpeá-la pelas costas com o Eduardo Cunha, que hoje apodrece na cadeia em Curitiba. E agora você distribui cargos num descarado clientelismo, como se a República fosse res privata sua. A Funai, por exemplo, não serve mais aos povos indígenas, serve ao PSC, "é do André Moura"... 

Apesar do massacre midiático, Lula dispara

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:



Principais informações do Datafolha divulgado de hoje na Folha, em dois artigos (sobre Temer aqui e sobre 2018 aqui), com pesquisa de campo realizada nos dias 26 e 27 de abril de 2017, após várias semanas de massacre midiático contra Lula:

1) As intenções de voto em Lula cresceram. O que não se sabe – mas pode-se especular – é quanto poderiam ter crescido não fosse o massacre midiático. Segundo o Datafolha, ele cresceu de 25% para 30% ou 31%, no primeiro turno, dependendo do cenário.

Lula e Dilma detonam a Globo golpista

Polo Naval do Rio Grande (RS), 29/4/17. Foto: Ricardo Stuckert
Do site Vermelho:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta eleita em 2014, Dilma Rousseff, apontaram, na tarde de sábado (29), em Rio Grande (RS), a Rede Globo como a direcionadora política do golpe que depôs Dilma em 2016 e que vem implementando medidas de desmonte de direitos e de políticas de desenvolvimento como a de fortalecimento da indústria naval brasileira.

“Este país sofreu um golpe. Eu fui afastada sem crime de responsabilidade por um bando de corruptos. É um golpe que tem na Rede Globo o seu principal partido político e que possui um objetivo muito claro: enquadrar o Brasil social, política e economicamente no neoliberalismo”, disse Dilma. Lula falou sobre o tema ao relatar quais são os seus dois principais desejos hoje.

domingo, 30 de abril de 2017

Doria, a greve geral e os “vagabundos”

Por Altamiro Borges

Animadinho com a decadência dos tucanos tradicionais – como Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, que despencam a cada pesquisa de opinião –, o midiático prefeito João Doria não vacila mais em se comportar como o presidencial do PSDB para 2018. A cada dia que passa, ele abandona mais a cidade de São Paulo e sobe no palanque com seu discurso raivoso, fascistoide. Sua estratégia consiste em seduzir o eleitorado de direita e centro-direita, que ganhou projeção com a recente onda conservadora no país – que resultou no impeachment de Dilma Rousseff e na sua vitória para a prefeitura paulistana. Nos últimos dias, no clima da greve geral contra as “reformas” de Michel Temer, o aliado “João Dólar” exibiu plenamente seus dotes. Chamou os grevistas de “vagabundos” e “preguiçosos” e ameaçou bater e arrebentar, lembrando a postura truculenta dos generais durante a ditadura.

A origem e o significado do 1º de Maio

Por Altamiro Borges

“Se acreditais que enforcando-nos podeis conter o movimento operário, esse movimento constante em que se agitam milhões de homens que vivem na miséria, os escravos do salário; se esperais salvar-vos e acreditais que o conseguireis, enforcai-nos! Então vos encontrarei sobre um vulcão, e daqui e de lá, e de baixo e ao lado, de todas as partes surgirá a revolução. É um fogo subterrâneo que mina tudo”. Augusto Spies, 31 anos, diretor do jornal Diário dos Trabalhadores.

"Se tenho que ser enforcado por professar minhas idéias, por meu amor à liberdade, à igualdade e à fraternidade, então nada tenho a objetar. Se a morte é a pena correspondente à nossa ardente paixão pela redenção da espécie humana, então digo bem alto: minha vida está à disposição. Se acreditais que com esse bárbaro veredicto aniquilais nossas idéias, estais muito enganados, pois elas são imortais''. Adolf Fischer, 30 anos, jornalista.


O caso das APAEs e a esposa de Sérgio Moro

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Circula na Internet um vídeo editado de palestra que proferi no mês passado em um evento em São Paulo. O vídeo é fiel ao que eu disse. Mas o título e o texto podem induzir a conclusões taxativas que não fiz ou passar a ideia de que o vídeo faz parte dessas guerrilhas que ocorrem periodicamente em redes sociais. As informações foram divulgadas em 2014 e 2015. Estão sendo agitadas agora.

O trecho em questão faz parte de um seminário no mês passado, do qual participei com a colega Helena Chagas.

Limitei-me a apontar indícios, indícios fortes, sem dúvida, que merecem ser investigados, mas não acusações frontais.

O bom jornalismo aderiu à greve

Por Marcelo Auler, em seu blog:

Em uma postagem na sexta-feira, dia 28/04, anunciei “Temer perdeu! Com ele a Câmara e a mídia“. Mostrei que, independentemente do sucesso que a greve teve, só os preparativos davam outra dimensão à luta política que estamos vivenciando. Apontei ainda, junto com Temer, a Câmara dos Deputados, em especial os parlamentares que aprovaram a Reforma Trabalhista, assim como a chamada mídia tradicional, também perderam. Os primeiros por aprovarem um Projeto de Lei que vai contra os interesses dos brasileiros, o que certamente refletirá nas próximas eleições. Já jornais e televisão, por terem tentado esconder uma movimentação que deu certo e que, ao dar certo, desmoralizou ainda mais o papel deles na sociedade atual

Globo fez pior agora do que nas Diretas-Já

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

Em 1983 eu era repórter da TV Bauru, afiliada da Globo no interior paulista. Porém, vivia “cedido” à emissora em São Paulo, cobrindo férias de colegas. Morava no Hotel Eldorado da rua Marquês de Itu, no Higienópolis, na capital paulista, como repórter do chão de fábrica.

Fui, como pessoa física, à primeira manifestação pelas Diretas Já em São Paulo, diante do estádio do Pacaembu, à qual compareceram cerca de 15 mil pessoas. Foi em 27 de novembro de 1983, poucos dias depois de meu aniversário.

Outros protestos já tinham acontecido antes, pedindo que a ditadura estabelecida em 1964 tivesse fim com eleições presidenciais diretas. Outras aconteceriam depois, com destaque para Curitiba, onde se reuniram cerca de 40 mil pessoas.

Greve geral e a centralidade do trabalho

Por Gilberto Maringoni, em seu blog:

1. A greve geral desta sexta (28) se constitui, em seu conjunto, em uma das mais expressivas manifestações populares da História do Brasil. A lembrança mais recorrente tem sido compará-la aos movimentos paredistas de 1983 e 1986.

2. É preciso ajustar a régua. Há uma grande diferença qualitativa. Em 1985, a economia brasileira vivia o ápice da participação da indústria na composição do PIB: 27,5%, porcentagem de país altamente industrializado. Hoje esse número está em torno de 10%.

3. Isso ensejou, ao longo dessas três décadas, o advento de inúmeras teorias dando conta da perda da centralidade do trabalho na sociedade e, logo, na organização social, em favor de outras pautas relevantes.