Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Temer ainda não caiu, está em coma, mas como seu colapso político é irreversível, o “Congresso da propina” começa a preparar-se para eleger, por via indireta, um sucessor “biônico”, ou seja, sem voto, como se dizia na ditadura. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, determinou estudos jurídicos e legislativos para a realização do pleito, que ele conduzirá na condição de presidente interino, após o afastamento de Temer. Se isso acontecer no início de junho, este “Colégio Eleitoral” redivivo consumará a escolha em agosto.
Por superstição, eu não gosto, como muitos brasileiros, de nada que acontece em agosto, especialmente na política. Seja quando for, este plano de driblar o eleitorado só não será imposto se as forças populares e democráticas forem capazes de produzir uma grande mobilização em defesa das eleições diretas imediatas. O “indireto”, seja ele quem for, continuará sofrendo do mal da ilegitimidade e submetendo o país à instabilidade política, com seus reflexos sociais e econômicos. O Brasil não reconheceria um presidente eleito pelo “Congresso da propina”. Este epíteto não é um xingamento nem constitui injúria. É uma caracterização assentada na triste realidade que nos vem sendo revelada.