Por Rodrigo Lentz, no site da Fundação Maurício Grabois:
A declaração pública do novo presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, de que “a intervenção militar” de 1964 não foi “nem golpe, nem revolução”, mas um “movimento”, é um espirro de gasolina na fogueira política que nos encontramos desde junho de 2013.
Visto de forma isolada, do ponto de vista acadêmico, nomear de “movimento de 1964” é uma distorção imprudente sobre a participação civil no golpe de 1964. Em verdade, boa parte de empresários, ruralistas, políticos, jornalistas, juízes, advogados, religiosos e organizações sociais conspiraram para impedir a posse de João Goulart e dar o chamado “golpe branco” do parlamentarismo em 1961. Depois seguiram com os militares para desestabilizar e derrubar o governo eleito pela soberania popular. Por isso, historiadores, como o evocado por Toffoli, Daniel Araão Filho, argumentam, com razão, que existiu um “movimento civil militar” no golpe 1964, evento esse reconhecido como autoritário por ampla historiografia, nacional e internacional. E militares, com razão, reclamam que assumiram sozinhos o ônus de quebrar as regras do jogo democrático e colocar em prática uma ditadura. A Globo, por exemplo, só foi admitir “seu erro” em 2013, quase cinquenta anos depois e, mesmo assim, sem assumir suas responsabilidades, especialmente por acobertar a tortura, o desaparecimento e a execução sumária de opositores [1].
Visto de forma isolada, do ponto de vista acadêmico, nomear de “movimento de 1964” é uma distorção imprudente sobre a participação civil no golpe de 1964. Em verdade, boa parte de empresários, ruralistas, políticos, jornalistas, juízes, advogados, religiosos e organizações sociais conspiraram para impedir a posse de João Goulart e dar o chamado “golpe branco” do parlamentarismo em 1961. Depois seguiram com os militares para desestabilizar e derrubar o governo eleito pela soberania popular. Por isso, historiadores, como o evocado por Toffoli, Daniel Araão Filho, argumentam, com razão, que existiu um “movimento civil militar” no golpe 1964, evento esse reconhecido como autoritário por ampla historiografia, nacional e internacional. E militares, com razão, reclamam que assumiram sozinhos o ônus de quebrar as regras do jogo democrático e colocar em prática uma ditadura. A Globo, por exemplo, só foi admitir “seu erro” em 2013, quase cinquenta anos depois e, mesmo assim, sem assumir suas responsabilidades, especialmente por acobertar a tortura, o desaparecimento e a execução sumária de opositores [1].