segunda-feira, 6 de maio de 2019

Anarcocapitalistas ganham espaço no Brasil

Por João Filho e Alexandre Andrada, no site The Intercept-Brasil:

O mercado das ideias alucinógenas anda saturado. É terraplanismo, é negacionismo climático, é movimento anti-vacina, é olavismo. Há groselhas para todos os gostos no submundo do pensamento. O mais novo hit é o anarcocapitalismo, um engodo teórico que vem fazendo sucesso na internet entre os jovens de direita, entre empresários e no governo Bolsonaro. Há o incrível caso de um diretor no Ministério da Economia que ganha dinheiro do estado, veja só, para defender o fim do … estado.

A desigualdade e a erosão da democracia

Por Tomás Rigoletto Pernías, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

É razoável supor que, num país democrático, o governo seja capaz de conter facilmente o crescimento da desigualdade social empregando políticas públicas que redistribuam a renda e desconcentrem a riqueza. O raciocínio é elementar: na medida em que a riqueza se concentra cada vez mais nas mãos de uma ínfima minoria, a vasta maioria da população irá, por meio dos mecanismos de representação democrática, eventualmente reverter a concentração da riqueza exercendo seu poder de maioria eleitoral. Aqueles prejudicados pela crescente desigualdade social poderiam influenciar as políticas públicas, modificando a distribuição dos frutos econômicos e, assim, revertendo a concentração da renda e da riqueza. São suposições razoáveis e, à primeira vista, aparentemente factíveis.

A defesa da democracia exige coragem

Por Aldo Fornazieri, no Jornal GGN:

É forçoso reconhecer que, até agora, o desgaste do governo Bolsonaro se deve muito mais aos seus desatinos do que a uma atuação consistente das oposições. Com efeito, Bolsonaro mostra-se absolutamente despreparado para o cargo que exerce e não passa dia que não promova algum mal-estar. Seu governo volta-se para a destruição dos débeis pilares de uma democracia incompleta e parcial. Os poucos avanços e consolidações que ocorreram em algumas áreas – a exemplo da educação, da saúde, da habitação, da agricultura familiar, dos direitos, do meio ambiente, entre outras – vêm sendo atacados e demolidos de forma impiedosa e cruel. Bolsonaro e alguns de seus ministros, a exemplo de Ricardo Salles, são vistos como pessoas deploráveis e indesejáveis em setores crescentes das sociedades e dos governos de outros países. A incultura, a insciência e o caráter néscio deste governo causam indignação, repulsa e vergonha.

Exército protege Bolsonaro de protestos

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

De um lado, pais, alunos e professores de colégios federais no Rio, com faixas e cartazes.

Do outro lado da calçada, tropas do Polícia do Exército com metralhadoras.

No meio, ficou o presidente Jair Bolsonaro cercado de generais, incluindo o vice Mourão.

Esta cena bélica, em frente ao Colégio Militar do Rio, que comemora 130 anos, poderá se tornar corriqueira depois que o governo decidiu abrir guerra contra as universidades e instituto federais, com o corte de 30% das verbas para este ano.

Os protestos contra Bolsonaro, ao entrar no seu quinto mês de governo, estão saindo das redes sociais para as ruas e, quando isso começa, ninguém sabe como vai acabar.

"Imprensa deve muito à causa da democracia"

Por Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

Com uma homenagem a Julian Assange, fundador do Wikileaks preso em Londres por ter ajudado a divulgar documentos comprovando crimes de governos e corporação internacionais, a jornalista Eleonora de Lucena, copresidente do Tutaméia, começou sua participação em seminário realizado no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, três de maio.

“Assange é hoje, no mundo, a pessoa que encarna a luta pela liberdade de imprensa e as ameaças que sofre a liberdade de imprensa. Até o silêncio sobre o caso dele, em muitos lugares do mundo, revela muito sobre o momento que a gente está vivendo.”

Nem todos os economistas se rendem

Por Paulo Kliass, no site Outras Palavras:

Dia sim, outro também, os grandes meios de comunicação oferecem alguma manchete para seus leitores afirmando que “os economistas” pensam isso ou propõem aquilo. Nossos jornalões e as redes de televisão não se cansam de se apoiar na suposta narrativa técnica, neutra e isentona dessa entidade inatingível chamada de “os economistas” para oferecer suporte para medidas de política econômica de inspiração conservadora. Em geral, diga-se de passagem, trata-se de decisões a respeito das quais a maioria do povo nem imagina a natureza e muito menos as consequências.

Recado de NY: Bolsonaro é uma aberração

Por Jeferson Miola, em seu blog:

A mensagem que Nova Iorque transmitiu ao mundo é muito representativa. A cidade mais cosmopolita do planeta tratou Bolsonaro como uma aberração intolerável, que tem de ser repelida.

A repulsa de Nova Iorque à presença de Bolsonaro no seu território simboliza a resistência à barbárie e ao que ele significa enquanto antítese radical dos valores humanos e civilizatórios.

Com seus atos, idéias e gestos, Bolsonaro atesta que é muito mais que uma aberração política; ele é, principalmente, uma monstruosidade humana.

Lula dá uma lição de resistência

Por Mino Carta, na revista CartaCapital:

A entrevista de Lula à Folha de S.Paulo e ao El País ainda vibra nesta redação e o que nos toca em primeiro lugar é a lição de altivez e desassombro que a marca para sempre. As palavras do ex-presidente sobre as razões que o levam a manter a resistência a partir da prisão curitibana nos comovem e nos empolgam.

domingo, 5 de maio de 2019

Helicóptero e avião bloqueados irritam Neymar

Por Altamiro Borges

Agora está explicado o motivo da sinistra reunião do pai do craque Neymar com o ministro Paulo Guedes, da Economia, e das constrangedoras selfies com o “capetão” Jair Bolsonaro. Segundo reportagem publicada na Folha na semana passada, o objetivo foi tentar liberar os bens bloqueados por sonegação fiscal do bilionário jogador, incluindo um avião e um helicóptero. Até agora, aparentemente, o bajulador do presidente não teve sucesso – mas a bola segue rolando e pode haver um daqueles tapetões tão famosos no mundo do futebol.

Ainda líder, Globo perde força na TV aberta

Por Altamiro Borges

Em seus levantamentos sobre audiência na televisão brasileira, o jornalista Ricardo Feltrin postou no site UOL nesta quarta-feira (1) um dado que explica os temores da famiglia Marinho. Mesmo ainda mantendo folgada liderança na TV aberta, a Globo segue perdendo participação – o que, com certeza, tem reflexos negativos no bilionário e hermético mundo da publicidade. A notinha do colunista é emblemática:

Bolsonaro extingue conselhos e STF reage

Por Altamiro Borges

O ministro Marco Aurélio Mello decidiu submeter ao pleno do Supremo Tribunal Federal uma ação ajuizada pelo PT contra o decreto do “capetão” Jair Bolsonaro que extingue os conselhos, comitês e outros colegiados da administração pública federal. Ainda não há data definida para o julgamento da liminar, mas a tendência é que o assunto seja agendado pelo ministro Dias Toffoli, presidente do STF, antes que o decreto fascistoide entre em vigor, em 28 de junho, e destrua o pouco que ainda resta de canais democráticos no Brasil.

Indústria afunda e agrava a crise econômica

Por Altamiro Borges

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de divulgar que a produção industrial em março caiu 1,3%, na comparação com fevereiro. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a queda foi de 6,1% – a maior desde a paralisação dos caminhoneiros. Para a mídia ultraliberal, que apostou todas as suas fichas na recuperação econômica a partir do golpe do impeachment de Dilma Rousseff, a informação é desesperadora. “Queda no setor industrial reforça a retração no crescimento da economia brasileira”, destacou a Folha em título bem pessimista.

A “marxismo cultural” e o macro-fascismo

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Felix Guattari faleceu em 1992 aos 62 anos. Filósofo, estudioso, crítico e intérprete da psicanálise, deixou uma obra inquietante e desbravadora dos novos tempos da subjetividade moderna e das novas formas de revolucionarização da vida. Refiro-me a ele porque estamos vivendo uma época em que os instrumentos de interpretação histórica vindos da economia e da teoria política - aplicados sem mediações - são mais insuficientes do que antes para pensar o presente de crise da economia e da moralidade política democrática, ora vivida no Brasil e no mundo.

Governo sabota a agricultura familiar

Por Rodrigo Gomes, na Rede Brasil Atual:

O BNDES suspendeu novamente o repasse de verbas para investimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) estima em R$ 800 milhões o montante que deixará de ser repassado aos trabalhadores, sendo que projetos da ordem de R$ 350 milhões já haviam sido apresentados, apenas no Banco do Brasil, que representa metade desse tipo de financiamento. Além disso, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) deixou de repassar ao menos R$ 6 bilhões dos R$ 30 bilhões anunciados para a safra 2018/2019 da agricultura familiar.

A destruição como tática de uma estratégia

Por Altair Freitas, no site Vermelho:

O que pretende o governo Bolsonaro? Por que é "conservador nos costumes e liberal na economia"? São mesmo um bando de boçais governando o Brasil?

O bolsonarismo é uma força destrutiva. Reparem que, em quatro meses de governo, todas as iniciativas fundamentais dele e seus ministros são para destruir, desmontar, desqualificar, serviços públicos, direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, a educação pública, a cultura, as históricas posições da diplomacia brasileira no campo externo, e tudo o mais relacionado às regulamentações que o Estado Nacional estabeleceu sobre o capital privado visando diminuir ao menos um pouco sua natural selvageria e anseio pelo lucro fácil a qualquer preço. E vem muito mais por aí, caso sigam governando.

Bolsonaro e a destruição das universidades

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Mais recente protagonista do circo de horrores em exibição em tantos países neste momento, o correto entendimento dos horizontes políticos de Jair Bolsonaro é um aspecto crucial da luta política de 2019.

Desde 1 de janeiro, a democracia e o bem-estar dos brasileiros encontram, no Planalto, um adversário que está longe de ser banal. A prova mais recente ficou clara no debate em torno das universidades públicas, que levou alunos e professores a organizar a paralisação nacional marcada para 15 de maio.

Num editorial (4/5/2019), o Estado de S. Paulo observa que Bolsonaro "mostra desconhecimento, despreza estatísticas e comete erros factuais" em seus tuítes sobre ensino superior no país. Tentando justificar um corte drástico de 30% ele escreveu que "poucas universidades públicas têm pesquisas e, dessas poucas, grande parte está na iniciativa privada."

Bolsonaro quer desmontar os bancos públicos

Juristas chamam Dallagnol de “171”

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Não está na maioria dos jornais, mas saiu no Valor: em jantar promovido em São Paulo pelo site jurídico Conjur, quando o presidente do STF disse que o Ministério Público “não pode querer ser o dono do poder, criando, inclusive, do nada, recursos para tal finalidade” e que isso “tem até nome no Código Penal”, a platéia gritou:

– 171, 171!

A crise de hegemonia e a tutela militar

Por Emiliano José, na revista Teoria e Debate:

Não parece haver muitas dúvidas estarmos vivendo uma crise hegemônica no país, e se quiséssemos fixar uma data para sua deflagração aberta não seria difícil cravar 2013, quando teve início a luta para a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, e isso se dava quando as condições começavam a ficar propícias. Tanto pela conjuntura econômica quanto pela insatisfação da juventude, que não havia sentido de perto, não vivera os efeitos da era Lula, com todos seus benefícios, e reclamava mais e mais direitos. As classes dominantes souberam cavalgar as manifestações daquele ano, sobretudo a mídia, virar o jogo e seguir adiante criando o caldo de cultura que iria desembocar no golpe de 2016.

Brasil tem 39 milhões no trabalho informal

Por Anelize Moreira e Marcos Hermanson, no jornal Brasil de Fato:

Dentro dos vagões do metrô, dos ônibus e trens das grandes cidades, trabalhando entre estações e vivendo o risco de ser pego pela fiscalização, vendedores oferecem aos passageiros fones de ouvido, doces, suportes para celulares e toda sorte de mercadorias. Fora dos vagões, no entorno dos pontos de ônibus, das estações e terminais de transporte coletivo, vendem produtos diversos como frutas, café, sucos e bolos em barracas.

Com roupas, relógios e acessórios ocupam as calçadas, no centro comercial dos bairros, ou estão no trânsito levando algum passageiro ao seu destino. Segundo a Pnad Contínua do IBGE, 39,5 milhões de trabalhadores estão na informalidade no primeiro trimestre deste ano, o que corresponde a 43% da população ocupada no país. O Brasil de Fato foi às ruas ouvir trabalhadores e trabalhadoras informais e compreender as perspectivas do trabalho que exercem.