sexta-feira, 28 de junho de 2019

Moro e o sargento da coca que "agiu sozinho"

As fotos na Internet, sobre carregamentos de 40 kg de cocaína,
comprovam a impossibilidade do sargento ter atuado sozinho
Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, declarou o óbvio: o tal sargento da aeronáutica não agiu sozinho. Têm-se, aí, um caso grave, um problema que já afetou Forças Armadas de diversos países, mais ainda aquelas que foram colocadas na linha de frente da luta contra a droga.

O abuso de autoridade e a majestade da lei

Editorial do site Vermelho:

A aprovação no Senado do projeto de lei que pune abuso de autoridade praticado por magistrados e integrantes do Ministério Público foi um passo institucional de suma importância. Ela avança na criação de um instrumento de contenção da marcha do arbítrio contra o Estado Democrático de Direito e ao mesmo tempo de aprimoramento da institucionalidade democrática do país. Numa conjuntura em que há uma inequívoca tendência ao retrocesso civilizatório, instituir essa medida equivale a acender uma luz na escuridão.

Ibope: segue a erosão de Bolsonaro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A pesquisa CNI-Ibope divulgada hoje confirma o que todos os levantamentos têm indicado e avança mais um degrau: o apoiamento público do governo de Jair Bolsonaro está se erodindo continuamente e ele ainda preserva seu núcleo mais fanático, embora esteja perdendo progressivamente outro tanto que lhe deu o voto em outubro.

Desta vez, porém, o número de insatisfeitos com o ex-capitão supera, pela primeira vez, o número de satisfeitos.

Lula sob custódia militar e sem direitos

Por Jeferson Miola, em seu blog:                   

Em 6 meses o STF adiou 3 vezes o julgamento do habeas corpus em que Lula pede sua liberdade devido à atuação interessada, documentalmente comprovada, de Sérgio Moro no processo farsesco para condená-lo, prendê-lo e afastá-lo da eleição presidencial.

O 3º adiamento dá a exata noção da anomalia do judiciário brasileiro, que está tutelado pelas facções militares hegemônicas.

Habeas corpus, no Direito, tem valor equivalente ao atendimento médico urgente, inadiável e improrrogável. Em nenhuma hipótese o socorro imediato pode ser negado se presentes os requisitos para seu pedido; sua negação pode levar a risco de morte do paciente.

'Democracia em Vertigem': golpe no estômago

Por Breno Altman, no site Opera Mundi:

O documentário “Democracia em Vertigem” não é para corações e mentes desavisados. Cada pedaço da narrativa é um golpe no estômago, flertando com a tessitura de uma tragédia shakespeariana.

Emociona e estremece o espectador como uma ficção do melhor cinema, mas sua matéria-prima e linguagem são forjados pela realidade mais bruta. O tempo voa, o ritmo é contagiante, levando a um estado de exaustão, dor e perplexidade frente à decomposição nacional.

Várias obras já foram produzidas sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a Operação Lava Jato. Nenhuma delas, no entanto, tentou ir tão fundo na perfuração das camadas sobre as quais se construiu a trajetória recente do país.

"Militares estão num governo de opereta"

Por Guilherme Pavarin, no site The Intercept-Brasil:

Os estudos de João Roberto Martins Filho são a prova de que, no Brasil, os conflitos se repetem, nunca cessam. Quando ele iniciou o mestrado, nos anos 1970, o país estava sob domínio dos militares e, nas ruas, a oposição mais ruidosa emergia da ala estudantil. Na época jovem acadêmico e fã de História, Martins se interessou pelo tema e se debruçou sobre documentos, entrevistas e livros para entender os grupos de estudantes na ditadura militar. O resultado lhe rendeu tese de mestrado na Unicamp, mas o principal fruto que colheu foi o fascínio pelo plano de fundo da pesquisa: as disputas internas das Forças Armadas do Brasil, assunto pouco explorado na academia.

Imagina se fosse o Lula!

Por Ayrton Centeno, no jornal Brasil de Fato:

Não há como saber, mas a frase “Imagina se fosse o Lula!” deve ser uma das mais repetidas neste ano da desgraça de 2019. Razões não faltam para tanto. Não é um episódio em determinado mês ou certa semana que aciona o gatilho. São motivações diárias e, em certa conjuntura, até horárias. A tamanho bombardeio de besteiras, vergonhas, violências ou mesmo crimes, as pessoas reagem apelando à mesma sentença, que parece tudo definir, dando voz ao nosso espanto e resumindo nossa condição estupefata diante do derretimento do país: “Imagina se fosse o Lula!”

Cadê a autocrítica da direita brasileira?

Por Róber Iturriet Avila, no site Brasil Debate:

Passados seis meses de governo Bolsonaro e três anos de uma aliança liberal-conservadora na gestão do país, já estão autorizadas as cobranças pelos resultados.

O governo Temer prometia que a redução de gastos públicos geraria crescimento econômico e a reforma trabalhista ampliaria o número de empregos. Os resultados concretos foram: estagnação, desemprego e ampliação do endividamento público. O lado positivo foi a redução da inflação e do nível de taxa de juros. Houve um entusiasmado apoio de inúmeros setores para a queda de Dilma Rousseff. Seriam eles responsáveis pelo desastre que tivemos desde então?

Petra Costa e a 'Democracia em Vertigem'

Petra Costa
Por Jordana Pereira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Em época de publicações do Intercept que revelam o esquema montado para prisão do ex-Presidente Lula que o tiraria das eleições 2018, é um alívio assistir ao novo documentário de Petra Costa. Um alívio que dói, mas que não deixa de ser um alívio. Dói, porque percebemos quão frágil foi a democracia que construímos e quão difícil será retomá-la. Golpe parlamentar, Lula preso, povo vivendo pior, um fascista presidente, sem muita perspectiva futura mais positiva. Como deixamos chegar até aqui? Dói. E é um alívio, porque a versão da história que contamos a nós mesmos desde 2013, finalmente, aparece completa legitimada pela tela. Como se ela materializada na narração da diretora se tornasse, finalmente, incontestável e com potencial de transcender as narrativas da esquerda. Os fatos se conectam, se organizam, se concatenam e geram a história concreta, aquela que estará nos livros de nossos netos. E é essa história que está ali estampada nas nossas caras, bem à nossa frente em forma coesa durante duas horas.

General Heleno, peça para sair!

Por Eugênio Aragão, no Diário do Centro do Mundo:

Errar é humano. Quem erra deve tentar de novo, de novo e de novo, até acertar. Se o erro causou dano a outrem, precisa o errante tirar as consequências de seu ato – isso se chama responsabilidade. Erramos, mas não podemos fugir de nossas responsabilidades, por vivermos todos na coletividade. O coletivo nos impõe a solidariedade inerente à comunidade de destino.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) é responsável pela incolumidade do Presidente da República e do próprio Estado, quando se trata de ameaças políticas a sua existência ou a sua funcionalidade. Para cumprir com essa grave tarefa, compete ao GSI organizar e manter os serviços de inteligência é contrainteligência do governo, articulando-se com órgãos setoriais da mesma natureza, sejam da polícia ou das Forças Armadas.

Os desafios da mídia alternativa

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

A imprensa brasileira tem se comportado lamentavelmente, com algumas exceções. Os quatro ou cinco principais veículos desempenham um papel de ‘think tank’ das classes conservadoras. Há um jornalismo de subserviência, unilateral.

A análise é do jornalista e escritor Bernardo Kucinski em entrevista ao Tutaméia (acompanhe no vídeo). Professor de jornalismo, ele avalia que a imprensa deveria ser “mais crítica e independente” em relação ao governo Bolsonaro.

De outro lado, opina que a mídia progressista deveria ser “menos panfletária, mais substantiva e analítica”. “Fazem campanha o tempo todo. Sinto falta de um jornalismo analítico na imprensa alternativa, com análises realistas e com mais profundidade. Há falta de meios”, diz.

Bolsonaro e cúpula do Exército em guerra fria

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

O Alto Comando do Exército, um grupo de 16 generais da ativa, escolheu em 24 de junho novos membros do time, para o lugar de dois que iriam para a reserva. O porta-voz de Jair Bolsonaro, Octávio do Rêgo Barros, era um concorrente e ficou de fora. Seus competidores eram melhores? Ou ele teria sido vítima de uma guerra fria existente entre o presidente e a cúpula das Forças Armadas?

Os militares estão contrariados com a resistência do presidente em se deixar domesticar por gente fardada que faz (ou fazia) parte do governo, conforme eles têm dito em conversas reservadas com parlamentares e empresários. Depois das manifestações de rua de seus apoiadores em 26 de maio, Bolsonaro radicalizou. Demitiu generais que tinham uma postura não-extremista.

A queda livre do governo do capitão

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Bolsonaro tinha 49% de ótimo/bom na primeira pesquisa do Ibope, em janeiro, quando ainda era o salvador da pátria.

Termina o primeiro semestre com apenas 32% de aprovação, o mesmo índice de quem considera seu governo ruim ou péssimo.

Em seis meses, perdeu 17 pontos de aprovação e triplicou a rejeição, que foi de 11% para 32%. É um fenômeno.

Às vésperas de deixar o governo, como bem lembrou hoje o próprio ex-presidente, Lula tinha 87% de aprovação no Ibope após oito anos de mandato.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Como as democracias se suicidam

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Sobre ser um belo e bem realizado documentário, ‘Democracia em vertigem’ é instigante ensaio sobre o processo político contemporâneo e nos sugere algumas reflexões a propósito dos caminhos e descaminhos da democracia brasileira, sempre forcejando por conquistar espaço e pouso em nossa história de país, nação e Estado (assim nessa ordem) autoritários.

Os lucros dos bancos e os privilegiados

Charge: Marcio Baraldi
Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

O governo do capitão vive espalhando aos quatro ventos que sua proposta de reforma previdenciária veio para acabar com os privilégios existentes em nosso País. E para tanto a PEC 06 distribuía maldades para dificultar o acesso aos benefícios no interior do Regime Geral da Previdência Social (RGPS). Só que para essa turma liderada pelo superministro Paulo Guedes, os verdadeiros privilegiados seriam aqueles que recebem alguma aposentadoria ou pensão do INSS. Uma insanidade! A grande maioria desses beneficiários é composta de pessoas que estão na base de nossa pirâmide da desigualdade.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Supremo insiste em permanecer Ínfimo

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Confesso que não esperava que Lula fosse libertado pelo STF, ontem.

Sei que não faltam argumentos para que ele seja colocado em liberdade antes de você acabar de ler esta nota.

Lula não só conquistou legalmente o direito ao regime semi-aberto como é vítima de uma perseguição judicional evidenciada em várias etapas do processo -- e agora confirmada pelas revelações do Intercept.

Mas sabemos que um julgamento dessa envergadura não envolve uma decisão técnica, a favor de Lula, mas uma decisão política, que pode ser desfavorável.

O militar com drogas no avião presidencial

Por Renato Rovai, em seu blog:

Um militar da Aeronáutica brasileira foi detido nesta terça-feira (25) no aeroporto de Sevilha, na Espanha. Hoje Bolsonaro que está indo ao Japão participar do G20 faria escala no mesmo aeroporto. Na última hora mudou-se a rota. O avião titular da presidência da República fez escala em Lisboa.

Sim, a nova do dia é que agora a presidência da República tem avião titular e reserva. E neste avião reserva o militar que o governo não identificou foi preso por suspeita de transportar drogas.

O ministério da Defesa de Bolsonaro diz que os fatos estão sendo apurados e que foi determinada a instauração de Inquérito Policial Militar (IPM). Nada mais. Como se traficar drogas a partir de agora passasse a ser considerado segredo de Estado.

Começou a 'Lua de Fel' de Bolsonaro

Por Artur Araújo, no site Outras Palavras:

Fonte insuspeita - o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) - comunica à praça que a fadinha das expectativas era de fato bruxa má. É o Valor Econômico quem conta, em matéria na edição de hoje.

“‘O efeito lua de mel do período pós-eleitoral foi zerado’, dizem os economistas Aloísio Campelo e Viviane Seda Bittencourt. Em resumo, a melhora que havia ocorrido após o pleito do fim do ano passado já foi devolvida. Em maio, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 2,9 pontos, para 86,6 pontos, enquanto o Índice de Confiança Empresarial (ICE) recuou 2 pontos, para 91,8 pontos. A análise faz parte do Boletim Macro do Ibre/FGV, que será divulgado hoje.”

A falência de uma grife chamada Macron

Por Leandro Gavião e Tanguy Baghdadi, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O espetáculo macabro do incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris completou dois meses. As análises sobre a reação do presidente Emmanuel Macron em face do episódio foram bastante heterogêneas. Alguns especialistas acreditavam que Macron seria, em alguma medida, responsabilizado pela tragédia. Outros, por sua vez, destacaram a celeridade com a qual o presidente se apresentou à imprensa, com a promessa de soluções para a reconstrução da Catedral e com um discurso em tom de união nacional, dispensando acusações vãs que pudessem explicar o incêndio.

Golpe atual "visa a jugular da soberania"

Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:

Miguel Nicolelis passou a maior parte de sua vida, 31 de 58 anos, fora do país, mas conta que só se sente realmente em casa no Brasil. Como nos últimos dias, antes de voltar aos Estados Unidos. Só que, recentemente, andar por aqui causa uma sensação de dubiedade. “É muito difícil voltar pra cá, por tudo o que eu imaginava, e ver como essa utopia vem sendo desmontada muito rapidamente”, diz o neurocientista, que participou ontem (25) à noite de debate no Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, na região central de São Paulo. Para ele, o momento é muito pior do que 1964, quando ainda havia projetos de país. “Esse golpe visa a jugular da soberania do Brasil”, afirma, ao lado da presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Flávia Calé.