quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Finalmente Jair Messias diz uma verdade!

Por Eric Nepomuceno

Bem: é preciso reconhecer que antes ele disse outra verdade, quando assegurou que não pretendia construir um novo Brasil mas ‘desconstruir’ o que existia. E também é preciso reconhecer que ele vem ‘desconstruindo’ tudo com uma voracidade e um ódio sem precedentes.

E qual a segunda das duas únicas verdades que ele proferiu desde que assentou sua deplorável figura na poltrona presidencial?

Que no Brasil o jornalismo é uma espécie em extinção.

Devo admitir que pela primeira e única vez estou de acordo com Jair Messias.

Por razões radicalmente diferentes, é claro. Mas de acordo.

O jornalismo, ao menos o praticado pela minha geração e talvez pelas duas ou três que vieram imediatamente depois, começou a desaparecer há muito, muito tempo. Mais exatamente a partir de 1985, quando a ditadura acabou (ao menos formalmente...) e um civil retomou a presidência.

A vergonhosa entrega do patrimônio nacional

Por Cézar Manoel de Medeiros, na revista Teoria e Debate:

As privatizações e as concessões efetivadas no Brasil desde o início da década de 1990 não vêm resultando em investimentos conforme o esperado. Ao contrário, as empresas alienadas e a maioria das concessionárias ficaram estagnadas ou foram desativadas.

A maioria absoluta foi adquirida por empresas estrangeiras, cujo processo decisório para realização de investimentos passou a ser de suas matrizes no exterior.

As aquisições das empresas estatais na década de 1990, mesmo tendo sido realizadas com títulos públicos pelos valores de faces de cada título a vencer em mais de 20 a 25 anos sem qualquer deságio (denominadas moedas podres), logo, sem comprometer dispêndios financeiros próprios e não menos grave as empresas foram alienadas por preços aviltados devido a avaliações subestimadas via cálculo do valor presente usando elevadas taxas de desconto, superestimativa da evolução de custos operacionais e subestimativa da evolução de receitas.

O Brasil virou Ninguém

Por Gilberto Maringoni

O Brasil perde relevância. Paul Krugman termina sua coluna sobre o ataque dos EUA – publicado ontem na FSP e em vários jornais – da seguinte maneira:

“As autoridades de Trump parecem surpresas com as consequências uniformemente negativas do assassinato de Suleimani: o regime iraniano está fortalecido, o Iraque tornou-se hostil, e ninguém se manifestou em nosso apoio”.

Ninguém, não.

O Brasil apoiou.

Sandices de Bolsonaro e o inferno da guerra

Por Renato Rovai, em seu blog:

O Brasil tem uma das diplomacias mais competentes do planeta há algumas décadas. Não entramos em bola dividida. Sempre nos colocamos como solução para a paz.

Mas com o amadorismo de Ernesto Araújo e a sandice de Bolsonaro estamos próximos a nos envolver numa guerra que não é nossa e com a qual só temos muito a perder, mesmo que ela não atinja nosso território.

O contra-ataque do Irã às bases dos EUA são apenas a ponta do iceberg do que pode vir a ocorrer. O mundo pode estar vivendo o preâmbulo de uma 3a guerra mundial se o Congresso americano não interditar Trump.

Araújo joga a bomba e sai de férias

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:

O chanceler Ernesto Araújo fez como o menino que atira uma pedra na vidraça da vizinha, e no meio do estrondo sai correndo e se esconde.

É inacreditável que ele esteja de férias no exterior numa hora destas.

Mas Bolsonaro informou que está, e que só quando ele voltar (onde estará descansando off-line neste mundo conectado?) irão conversar sobre a cobrança de explicações do Irã, após o Brasil ter oferecido respaldo eloquente ao ataque de Trump que matou o general iraniano Soleimani.

Os últimos sinais são de que Bolsonaro, na ausência do chanceler olavista, agora está confuso, sofrendo pressões internas para que o governo fique “pianinho”, conforme o colunista Lauro Jardim, de O Globo, disse ter ouvido de ministro palaciano.

A mobilização contra as privatizações

Ataque ao Irã foi ato terrorista

Lunáticos, desqualificados e perigosos

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Brasil comporta-se como um imbecil

A antidiplomacia do prejuízo "grátis"

Por Fernando Brito, em seu blog:

A convocação da representação diplomática brasileira em Teerã para explicar-se sobre a nota do Itamarati condenando um “terrorismo” que, se aconteceu, foi no ato de assassinar-se a mísseis uma autoridade de um país com o qual temos relações diplomáticas.

Claro que bastaria uma manifestação de que o país se preocupava com uma escalada de violência, que se fixava na sua posição histórica de soberania dos estados nacionais e que integraria qualquer esforço internacional de pacificação.

Mas não, era necessário exibir-se ao chefe, chamando de terrorista – e até duvidando que tivesse a patente de general – a alguém que estava dentro de um caixão, envolvido pela dor de milhões de pessoas.

Os riscos do alinhamento automático aos EUA


Ontem (6) veio a público a notícia de que a chancelaria do Irã pediu explicações ao Brasil por conta da nota do Itamaraty sobre a morte do general Qassim Soleimani, assassinado em um ataque promovido pelos Estados Unidos na sexta-feira (3).

A nota do Ministério de Relações Exteriores manifestava “seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo”, dizendo ainda “que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo.”

A conversa se deu com a encarregada de negócios da embaixada, Maria Cristina Lopes, que representou o governo brasileiro, já que o embaixador do país no Irã, Rodrigo Azeredo, está em férias. O teor da conversa não foi revelado.

Reação de Bolsonaro viola a Constituição

Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:

Num país onde a Constituição afirma, no parágrafo VII do artigo 4o., que um dos princípios das relações internacionais da Republica Federativa do Brasil é a "solução pacífica dos conflitos", o apoio de Bolsonaro à operação de guerra que assassinou Suleimani configura mais um ataque de seu governo aos fundamentos de nossa democracia.

É muito grave. Mas não é só.

O gesto também pode expor as brasileiras e brasileiros a riscos mais graves do que se costuma imaginar. Em 2004 e 2005, quando seus governos foram solidários com George W Bush na invasão do Iraque, a população civil da Espanha e da Inglaterra pagou a conta com o sangue de mortos e feridos que nada tinham a ver com a história.

Pesquisa escancara machismo contra Dilma

Por Lu Sudré, no jornal Brasil de Fato:

O processo de impedimento da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) foi marcado pela violência em diversos sentidos, a começar pela linguagem. É o que constata pesquisa de doutorado realizada por Perla Haydee da Silva, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Defendida no fim do segundo semestre do ano passado, a tese avaliou as construções discursivas contra a petista durante o impeachment.

Consequências do apoio de Bolsonaro a Trump

Por Alexandre Putti, na revista CartaCapital:

O ano de 2020 começou com uma crise que deixou o mundo em alerta. Um ataque feito pelos EUA, nesta sexta-feira 03, matou o líder militar mais importante do Irã, o general Qassen Soleimani, uma das figuras mais respeitadas do país.

O ataque aconteceu no aeroporto de Bagdá, no Iraque, e logo em seguida foi assumido pelo governo americano. Imediatamente houve uma comoção no país e potencias como China e Rússia declararam apoio ao governo iraniano, que prometeu se vingar da morte de seu líder.

A movimentação deixou uma insegurança no ar e uma suposta terceira guerra mundial dominou as redes sociais nesta sexta-feira. O assunto foi o mais comentado no Twitter durante todo o dia.

Terrorismo de Estado e Soleimani

Foto: Atta Kenare/AFP
Por Marcelo Zero

Os EUA praticam terrorismo de Estado há muito tempo.

Fazem o que querem, muitas vezes à margem do sistema de segurança coletiva da ONU, sempre que consideram necessário ou desejável.

Deflagram guerras, derrubam governos, torturam e assassinam em nome da “democracia”, dos “direitos humanos”, do “combate ao terrorismo” e da suposta necessidade de “salvar vidas americanas”, as únicas que importam.

Estudo da Universidade de Brown estima, de forma bastante conservadora, que, em apenas três países, Iraque, Afeganistão e Paquistão, as guerras e conflitos promovidos pelos EUA mataram diretamente ao menos 480 mil pessoas, desde 2002.

domingo, 5 de janeiro de 2020

A carnificina no Iraque e o capacho dos EUA

Editorial do site Vermelho:

Os ataques assassinos dos Estados Unidos no Iraque, amplamente repudiados, têm significado histórico e sentido geopolítico. Apesar da política sistemática de Washington de disseminar violência no Oriente Médio, eles ganham maiores dimensões por ter exterminado Qassim Suleimani, líder da Guarda Revolucionária do Irã e figura estratégica da resistência anti-imperialista no Oriente Médio.

É verdade que Donald Trump, desde que entrou na cena política, se soube na contramão do direito internacional. Por qualquer ângulo que se olhe para ele, é impossível não ver um criminoso de guerra. Além dos tiques primitivos, seu governo padece de escândalos potencialmente explosivos. Só que nenhum desses fatos justifica uma operação desse calibre.

O poder das milícias ameaça a República

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Por que os mandantes do assassinato de Marielle Franco ainda estão livres, leves e soltos, quase dois anos após esse atentado de terrorismo político-miliciano?

Para encontrar a resposta a essa singela pergunta, recomendo a leitura do artigo “Em defesa da República - Desafio da sociedade em 2020 é iniciar concertação contra o milicianismo”, de Oscar Vilhena Vieira, publicado hoje na Folha.

Vilhena vai direto ao ponto:

“Para o milicianismo não há cidadãos ou direitos (…) Os que não se curvam à extorsão nada recebem. Os que se insubordinam são eliminados, como ocorreu com Marielle Franco”.

Cebrapaz condena atentado terrorista dos EUA

Do site do Cebrapaz:

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) condena energicamente o criminoso atentado de 2 de janeiro que, por ordem do presidente dos Estados Unidos da América, resultou no assassinato de oito militares iranianos de alta patente, entre eles o general Qassem Soleimani, eminente figura em seu país e em toda a região do Oriente Médio.

Soleimani era uma das maiores autoridades da Defesa do país persa e comandou a luta contra grupos terroristas na Síria e no Iraque. Ajudou países amigos na luta contra ataques e ocupações militares dos sionistas israelenses e imperialistas estadunidenses.

Os efeitos do ataque dos EUA ao Irã

Charge: Gianfranco Uber/Itália
Por José Luís Fiori e Rodrigo Leão, no site Carta Maior:

O reconhecimento do presidente Donald Trump, e a comemoração de algumas autoridades norte-americanas, transformam o “ataque americano ao aeroporto de Bagdá”, numa operação direcionada e bem sucedida de eliminação de um general iraniano de alta patente, em território iraquiano, por cima de toda e qualquer ideia de direito internacional, ou de respeito pela “soberania” das nações, ou pelos “direito universal”’ dos indivíduos. Deste ponto de vista, a ação norte-americana só pode ter sido uma de duas coisas: um assassinato internacional, premeditado e por cima da lei, ou então foi um “ato de guerra”, ou mais precisamente, uma “declaração de guerra’ feita sem o consentimento do Congresso norte-americano.

Lei de Abuso de Autoridade e crimes de Moro

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Depois de uma discussão no Congresso Nacional que se arrastou por dois anos, entrou em vigor no dia 03 de janeiro a Lei de Abuso de Autoridade, nº 13.869.

A nova lei torna passível de punição, com multa, prisão e pagamento de indenização às vítimas, agentes de segurança, juízes e membros do Ministério Público que incorram em 45 tipos de conduta.

Analisando os termos da lei, salta aos olhos a constatação de que se ela vigorasse desde 2014, ano em que o câncer judicial chamado Lava Jato começou a adoecer o Brasil, Moro, Dallagnol e companhia estariam atrás das grades, condenados a longas penas de prisão, além de completamente falidos, tantas seriam as multas aplicadas.

Examinemos as violações cometidas por Moro, com base na hipótese dele pegar pena máxima em cada um dos crimes previstos pela nova lei: