sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Os preconceitos que sustentam o bolsonarismo

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Em sessão da CPMI das Fake News, o depoente Hans River Nascimento, convocado pelo petista Rui Falcão, que caiu feito patinho na arapuca articulada pelo bolsonarismo, ataca Patricia Campos Mello, jornalista da Folha de S.Paulo, dizendo que ela ofereceu sexo em troca de informação. Imediatamente, perfis governistas no twitter, entre eles o próprio filho do presidente, Eduardo, se unem no ataque machista à repórter.

Os antepassados de Bolsonaro

Por Bernardo Ricupero, no site A terra é redonda:

Em 2016 fomos surpreendidos quando multidões vestidas de verde e de amarelo ocuparam as ruas das cidades brasileiras para defenderem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Bradavam palavras de ordem, como: “nossa bandeira jamais será vermelha”; “o gigante acordou”; “quero meu país de volta”.

De onde teria emergido essa massa que, de maneira aparentemente inédita, não tinha vergonha de defender teses de direita? O choque talvez tenha sido particularmente forte para aqueles que cresceram durante a chamada transição, período em que a lembrança de nossa última ditadura ainda estava fresca e mesmo um político como Paulo Maluf sentia a necessidade de se definir como de centro-esquerda.

Moro tinha razão: miliciano foi executado

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Num ato falho durante audiência na Câmara dos Deputados, o ministro bolsonarista Sérgio Moro afirmou que Adriano da Nóbrega, o miliciano amigo dos Bolsonaro, “foi assassinado” [mais aqui a respeito].

As fotografias publicadas pela revista Veja do corpo autopsiado do miliciano mostram que Moro tinha razão: o miliciano foi mesmo assassinado.

As imagens e legendas mostram que Adriano foi executado com tiros disparados a curta distância, conforme anotado no laudo da autopsia [aqui, imagens fortes]:


A ideologia da violência e do ódio

Editorial do site Vermelho:

Por mais dissimulada que a pessoa seja, uma hora suas ideias se revelam, de uma forma ou de outra. No caso do governo Bolsonaro, há uma linha de pensamento perpassando e unindo o seu conjunto, que se manifesta em definições como as do ministro da Economia Paulo Guedes de que os funcionários públicos são parasitas e as empregadas domésticas abusam do dólar barato, viajando para a Disney.

Paulo Guedes, posto ou paiol?

Por Sergio Araujo, no site Sul-21:

Considerado um dos responsáveis pela vitória de Jair Bolsonaro na eleição presidencial e escalado para ser o superministro da gestão do ex-capitão, Paulo Guedes, por suas declarações polêmicas, tem marcado sua passagem pelo ministério da Economia mais como um paiol de declarações bombásticas do que como “posto Ipiranga”, aquele que tem resposta para todos os desafios da economia, como foi rotulado pelo presidente.

Dois caminhos para enfrentar a corrupção

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Quem seria capaz de imaginar a União Europeia destruindo a Airbus; os EUA privando-se de seu sistema financeiro; os suecos investindo contra a Ericsson, ou os franceses sem a Alston? No último dia 31, a primeira destas empresas, maior fabricante mundial de aviões, firmou acordos simultâneos com procuradores dos EUA, França e Inglaterra. Queria livrar-se dos processos que documentaram uma sequência de crimes: em especial, pagamento de propinas a executivos de empresas aéreas, para que comprassem seus produtos. Conseguiu. Por meio de um dispositivo legal conhecido como Deferred Prosecution Agreement (DPA, algo como Acordo para Interrupção de Processo), pagará aproximadamente 4 bilhões de dólares à Justiça dos três países. Em contrapartida, sairá incólume e manterá intactos seus negócios.

A desinformação influencia eleições no mundo

Por Gabriela Arruda e Daiane Tadeu, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O uso de desinformação como ferramenta política ganhou força na última década e influenciou significativamente grandes acontecimentos e eleições ao redor do mundo. No entanto, engana-se quem pensa que essa estratégia é recente.

Ao longo da história, as conspirações e farsas circularam entre todas as classes sociais, sendo parte indissociável dos governos de reis, imperadores, democratas e ditadores, navegando pelo globo desde os papiros e pergaminhos até o surgimento das redes sociais.

Segundo um levantamento feito pela organização International Center for Journalists no estudo “A Short Guide To History of Fake News” publicado em julho de 2018, o uso da desinformação como ferramenta para a manipulação da opinião pública tem seus primeiros registros datados do século IV a.C.

Com Planalto militarizado, Bolsonaro se fecha

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

A troca do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) pelo general da ativa Walter Souza Braga Netto na Casa Civil da Presidência militarizou quase todos os cargos principais do Palácio do Planalto. Resta só um não fardado em posto-chave, o publicitário Fabio Wajngarten, chefe da Comunicação Social. Desse modo, Jair Bolsonaro começa 2020 reconciliado com as Forças Armadas da ativa.

A militarização do Planalto sinaliza ainda que Bolsonaro fechou-se aos políticos e não pretende pedir nada ao Congresso este ano. Mesmo enfraquecido, Lorenzoni era um canal que os parlamentares podiam procurar. O guichê oficial do Planalto para eles já tem um general da ativa, Luiz Eduardo Ramos, chefe da Secretaria de Governo. Agora, o alternativo tem outro, Braga Netto.

Sem o SUS a saúde pública vai para a UTI

Por Marcos Aurélio Ruy, no site CTB:

Viraliza na internet a entrevista do médico Drauzio Varella ao programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, nesta segunda-feira (10), na qual ele ressalta a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) para o Brasil não entrar na UTI.

De acordo com Varella, “os brasileiros não sabem o que é o SUS”. E mesmo com o bombardeio promovido pela mídia tradicional, por interesses comerciais, contra a saúde pública, pesquisa do Datafolha de 2018 aponta que 88% das brasileiras e brasileiros são contra a extinção do SUS.

Como um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, o SUS foi criado pela Constituição promulgada em 1988. Não é política do PT, portanto, como muitas vezes alegam seguidores do presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro e Guedes: aonde querem chegar?

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:

Bolsonaro militariza o governo e Guedes vem dando repetidos tiros, com sua língua incontida, na própria agenda reformista, vale dizer, tiros nos pés. Estão numa rota tão irracional que devemos nos perguntar: onde mesmo eles querem chegar. Guedes não tem superego, aquele censor interno que Freud nos revelou. Diz o que sente e pensa. Com esta de que o dólar alto é bom porque até as domésticas estavam indo para a Disney. Revelou o tamanho de seu preconceito contra os pobres, ecoando aquele incômodo de certa classe média que se julga elite, e da própria elite, na era Lula-Dilma, com os pobres que começaram a andar de avião, frequentar shoppings e mandar filhos para as faculdades particulares através do Prouni. Mas disso já se falou tanto. Importante é decifrar se o que os move é a inaptidão para seus papeis ou uma segunda intenção.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Indústria em queda inibe otimismo da mídia

Por Altamiro Borges

Parte da mídia monopolista – tendo à frente a Globo, a Folha e Veja – critica o laranjal de Jair Bolsonaro por seu conservadorismo nos costumes e seu autoritarismo na política. Outra parte – incluindo Record e SBT – apoia a brutal regressão nesses terrenos, sendo compensada pelo aumento das verbas da publicidade oficial. Já no terreno econômico, o conjunto da mídia hegemônica está totalmente coeso, em um pensamento único emburrecedor, na defesa da agenda ultraneoliberal do “parasita” Paulo Guedes. Tanto que difunde um falso otimismo na sociedade sobre os êxitos dessa agenda de desmonte do Estado, da nação e do trabalho.

Por que a mídia oculta a greve dos petroleiros

Paulo Guedes contra a chamada Classe C

Bolsonaro quer vender o Brasil

Por Vanessa Grazziotin, no jornal Brasil de Fato:

Eu queria aqui destacar o importante trabalho que desenvolveu o Brasil de Fato ao publicar uma edição especial do jornal em fevereiro deste ano, em que desmascara o que está por trás das privatizações e mostra como Bolsonaro pretende vender o Brasil, assim como o quanto essas ações serão prejudiciais ao Estado brasileiro.

Isso tudo sem falar que as privatizações não são apoiadas pela maioria da população mas que mesmo assim o governo segue firme querendo privatizar empresas importantes, como a Petrobrás - que já está sendo desmontada - os Correios, o setor elétrico e todos os demais setores.

Lula e a bravura de Francisco

Foto: Ricardo Stuckert
Por Moisés Mendes, no Diário do Centro do Mundo:

As alas mais radicais do reacionarismo da Igreja Católica estão odiando o papa Francisco. Mas o gesto que ele fez hoje, ao receber Lula, é mais do que um movimento de atrevimento político, é um reencontro do papa com Jorge Mario Bergoglio e seu passado em tempos de medo e horror.

Francisco consola o Bergoglio que, da segunda metade dos anos 70 e até bem pouco tempo, carregava o peso de uma suspeita desabonadora. Bergoglio teria sido não num colaboracionista, mas um chefe religioso vacilante diante da sangrenta ditadura argentina.

Bergoglio era líder dos jesuítas e teria afastado dois padres das suas atividades sociais com comunidades pobres – Orlando Yorio e Francisco Jalics –, diante da pressão dos militares. Livros e o filme Dois papas, de Fernando Meirelles, contam essa história.

Record, Globo e o "capitão Adriano"

Por Pedro Simon Camarão, no site da Fundação Perseu Abramo:

Domingo é o dia em que as principais emissoras de TV apresentam suas revistas eletrônicas. Na TV Globo, é o Fantástico. Na Record, o Domingo Espetacular. Ambos os programas exibiram reportagens sobre a morte do ex-policial militar carioca Adriano Magalhães da Nóbrega. Adriano é ex-capitão do Bope do Rio de Janeiro e foi expulso da corporação em 2014. Ele era procurado porque integrava um grupo de assassinos profissionais identificado como Escritório do Crime e ainda seria dirigente de um grupo de milicianos que explora a comunidade da Muzema, na zona Oeste do Rio de Janeiro.

Quem tem medo de Bernie Sanders

Por Glauco Faria, na Rede Brasil Atual:

Quando Bernie Sanders se lançou na corrida pela candidatura do Partido Democrata à presidência dos EUA, em 2016, poucos levaram a sério. No entanto, já na primeira das disputas daquele ano, em Iowa, o senador de Vermont se mostrou competitivo, ficando pouco atrás de Hillary Clinton.

Ali, a luz amarela acendeu para a cúpula da legenda. Se antes ele era visto apenas com menosprezo ou relativa antipatia pelos altos dirigentes, o quadro agora era outro. E o Comitê Nacional, que deveria ser neutro na competição, não hesitou em interferir no jogo.

Nas últimas semanas das prévias, o site WikiLeaks divulgou o que muitos já sabiam: Sanders era sabotado pela cúpula da legenda. A ex-comentarista da CNN, vice e posteriormente presidenta do Comitê, Donna Brazile, havia informado a campanha de Hillary a respeito de uma pergunta que seria feita a ela em um evento da emissora em março.

O "documentário" do MBL sobre o golpe

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

A mídia comercial, a direita e a extrema direita não cansam de repetir que há muitas “mentiras” no filme da Petra Costa sobre o golpe, Democracia em Vertigem, indicado ao Oscar de melhor documentário. Um dos grupos que acusa a cineasta de mentir é o MBL (Movimento Brasil Livre), que ajudou a consolidar a farsa do impeachment levando gente cúmplice ou desavisada às ruas a partir da reeleição de Dilma Rousseff, em 2014.

O desenvelhecimento do mundo

Moradores de Nuevo Amanecer, ex- acampamento Nueva Habana,
ícone de organização popular chilena nos anos 70, manifestam-se
nas ruas de Santiago (Gabriela Cruz)
Por Boaventura de Sousa Santos, no site Carta Maior:

Na vida pessoal, o envelhecimento depende menos da idade fisiológica do que da idade social. A idade social é inversamente proporcional à capacidade de pensar, sentir e viver o novo como futuro, como tarefa, como presente por experimentar. É-se tanto mais jovem quanto maior é a capacidade de viver a vida como se ela fosse uma experiência de constantes recomeços que apontassem, não para repetições do passado, mas antes para futuros – mapas por explorar e caminhos por trilhar com disponibilidade para enfrentar riscos, assumir ignorâncias e responder a desafios novos. É o futuro como antecipação, como "ainda não", como latência, como potência.

Lula e o Papa: sinal aos fariseus

Foto: Ricardo Stuckert
Por Fernando Brito, em seu blog:

Aos incomodados minions e adjacentes, que estão vociferando nas redes pelo Papa ter recebido Lula no Vaticano, para uma conversa sobre justiça social, urrando pelo fato de que Francisco dê a mão a quem chamam de ‘condenado”, vale lembrar.

Em setembro do ano passado, Jair Bolsonaro ajoelhou-se e recebeu a imposição das mãos de Edir Macedo, participou de lives com Silas Malafaia, viajou no avião presidencial com Marco Feliciano, para ficar apenas nos mais notórios nomes de outras religiões.

Não sei se é possível perceber a diferença de significado dos personagens…