terça-feira, 3 de março de 2020
Coronavírus e a insensatez de Guedes
Por Paulo Kliass, no site Outras Palavras:
Os grandes meios de comunicação praticamente não falam de outra coisa. Afinal, o quadro de risco grave na saúde pública mundial não pode ser desprezado de modo algum. Depois de o fenômeno do coronavírus ter ultrapassado os limites da cidade de Wuhan, na província chinesa de Hubei, o surgimento de novos casos se dá em ritmo geométrico e alcança praticamente todos os cantos do planeta.
Em nossas terras, a identificação de novos casos suspeitos também cresce em escala assustadora, mas boa parte deles ainda estão sendo descartados logo após a realização dos primeiros exames de laboratório. O fato concreto, porém, é que o surgimento dessa nova epidemia recoloca no centro do debate alguns dos elementos essenciais da política levada a cabo pelo governo Bolsonaro.
Os grandes meios de comunicação praticamente não falam de outra coisa. Afinal, o quadro de risco grave na saúde pública mundial não pode ser desprezado de modo algum. Depois de o fenômeno do coronavírus ter ultrapassado os limites da cidade de Wuhan, na província chinesa de Hubei, o surgimento de novos casos se dá em ritmo geométrico e alcança praticamente todos os cantos do planeta.
Em nossas terras, a identificação de novos casos suspeitos também cresce em escala assustadora, mas boa parte deles ainda estão sendo descartados logo após a realização dos primeiros exames de laboratório. O fato concreto, porém, é que o surgimento dessa nova epidemia recoloca no centro do debate alguns dos elementos essenciais da política levada a cabo pelo governo Bolsonaro.
Bernie Sanders e a salvação do capitalismo
Por Tarso Genro, no site Sul-21:
Penso que estão equivocados os que de boa fé combatem Bernie Sanders como perigoso inimigo do sistema capitalista. Pode-se dizer que ele é, na verdade, inimigo do sistema do capital -tal qual ele está constituído na época da sua financeirização absoluta - quando o controle dos seus fluxos globais e a distribuição dos seus recursos para financiar guerras de conquista, empoderamento sobre fontes de energia e controle político de territórios, estão sob a tutela das redes financeiras de especulação sem produção e sem trabalho vivo. Bernie quer é a salvação do capitalismo com democracia política e menos desigualdade e os seus críticos, em geral, defendem o ressecamento do regime liberal-democrático, mesmo que ele se encaminhe para o fascismo, com todas as mazelas, violências e hierarquias sociais que ele representa. O enigma Bernie simboliza, na política americana, a dúvida recorrente da política moderna -na sua maturidade ou decadência- sobre se a democracia liberal ainda é compatível com o sistema do capital, ou não. Quero que seja, mas acho que não é.
Penso que estão equivocados os que de boa fé combatem Bernie Sanders como perigoso inimigo do sistema capitalista. Pode-se dizer que ele é, na verdade, inimigo do sistema do capital -tal qual ele está constituído na época da sua financeirização absoluta - quando o controle dos seus fluxos globais e a distribuição dos seus recursos para financiar guerras de conquista, empoderamento sobre fontes de energia e controle político de territórios, estão sob a tutela das redes financeiras de especulação sem produção e sem trabalho vivo. Bernie quer é a salvação do capitalismo com democracia política e menos desigualdade e os seus críticos, em geral, defendem o ressecamento do regime liberal-democrático, mesmo que ele se encaminhe para o fascismo, com todas as mazelas, violências e hierarquias sociais que ele representa. O enigma Bernie simboliza, na política americana, a dúvida recorrente da política moderna -na sua maturidade ou decadência- sobre se a democracia liberal ainda é compatível com o sistema do capital, ou não. Quero que seja, mas acho que não é.
O imperialismo e a dependência
Por Armando Boito, no site A terra é redonda:
A política econômica do Governo Bolsonaro sugere que devem ser revistas algumas teses consagradas sobre o capitalismo e o Estado brasileiro no período recente. Talvez, seria melhor dizer, devem ser retificadas. Escrevo este texto com a intenção de iniciar um debate sobre essa retificação.
Dois fatos ocorridos no início do mês de fevereiro servem como ponto de partida para a reflexão. O Banco Central voltou a reduzir a taxa Selic e o Ministério da Fazenda suspendeu alguns obstáculos legais que dificultavam a participação das construtoras estrangeiras em obras de infraestrutura no Brasil. Não são fatos isolados. Quem acompanha o noticiário sabe que o Governo Bolsonaro tem tomado várias medidas que não são propriamente do agrado de segmentos importantes do capital financeiro e outras tantas que atendem amplamente os interesses do capital internacional.
A política econômica do Governo Bolsonaro sugere que devem ser revistas algumas teses consagradas sobre o capitalismo e o Estado brasileiro no período recente. Talvez, seria melhor dizer, devem ser retificadas. Escrevo este texto com a intenção de iniciar um debate sobre essa retificação.
Dois fatos ocorridos no início do mês de fevereiro servem como ponto de partida para a reflexão. O Banco Central voltou a reduzir a taxa Selic e o Ministério da Fazenda suspendeu alguns obstáculos legais que dificultavam a participação das construtoras estrangeiras em obras de infraestrutura no Brasil. Não são fatos isolados. Quem acompanha o noticiário sabe que o Governo Bolsonaro tem tomado várias medidas que não são propriamente do agrado de segmentos importantes do capital financeiro e outras tantas que atendem amplamente os interesses do capital internacional.
As esquerdas precisam se entender
Por José Dirceu, no site Metrópoles:
Está na boca do povo, nos jornalões, nas redes, o debate sobre frentes, seja Democrática, Ampla ou de Esquerda.
Parte-se do pressuposto de que a Frente, qual seja ela, é imprescindível diante da ameaça real de autoritarismo e obscurantismo, de retrocesso nas liberdades democráticas conquistadas na luta contra a ditadura militar e consagradas na Constituição de 1988. As diferentes forças políticas e sociais devem se unir para impedir o avanço do autoritarismo do governo Bolsonaro.
Frente de Esquerda, na prática mais simples, torna-se mais difícil hoje. Estamos falando de aliança entre PT, PDT, PSB, PSol e PC do B. Tudo indica que não há acordo entre esses partidos sobre 2022, embora estejam do mesmo lado na oposição a Bolsonaro e concordem com os riscos que ele representa.
Está na boca do povo, nos jornalões, nas redes, o debate sobre frentes, seja Democrática, Ampla ou de Esquerda.
Parte-se do pressuposto de que a Frente, qual seja ela, é imprescindível diante da ameaça real de autoritarismo e obscurantismo, de retrocesso nas liberdades democráticas conquistadas na luta contra a ditadura militar e consagradas na Constituição de 1988. As diferentes forças políticas e sociais devem se unir para impedir o avanço do autoritarismo do governo Bolsonaro.
Frente de Esquerda, na prática mais simples, torna-se mais difícil hoje. Estamos falando de aliança entre PT, PDT, PSB, PSol e PC do B. Tudo indica que não há acordo entre esses partidos sobre 2022, embora estejam do mesmo lado na oposição a Bolsonaro e concordem com os riscos que ele representa.
Bolsonaro e um novo "punho de ferro"
Por Fernando Rosa, no blog Senhor X:
O presidente da República está convocando em suas redes sociais uma mobilização contra o Congresso Nacional, segundo informaram os jornais nesta terça-feira, 26. A manifestação prevista para o dia 15 de março foi deflagrada na semana passada por grupos de ultra-direita, com apoio público do general Heleno. Ou seja, o capitão Bolsonaro e o general Heleno parecem sonhar com os “gloriosos” e efervescentes dias pré-golpe de 31 de março de 1964.
segunda-feira, 2 de março de 2020
Petardo: Bolsonaro envenena os brasileiros
Por Altamiro Borges
O "capetão" vai envenenar o povo brasileiro. A Folha informa que "o Brasil nunca importou tantos agrotóxicos como em 2019. Quase 335 mil toneladas de inseticidas, herbicidas e fungicidas desembarcaram no país de janeiro a dezembro". Volume é recorde histórico, 16% maior do que em 2018.
***
Ainda segundo a Folha, o laranjal de Bolsonaro libera de forma acelerada o uso de agrotóxicos. No ano passado, foram registrados 474 novos pesticidas, a maior quantidade dos últimos 14 anos. Hoje, o Brasil tem 2.247 agrotóxicos registrados. Um crime para as gerações futuras.
***
A expansão sem controle dos agrotóxicos sacia o apetite dos ruralistas e das multinacionais. Empresas como a suíça Syngenta e as alemãs Bayer e Basf obtêm seus maiores lucros no Brasil. "A Syngenta menciona o país como destaque nas vendas de agrotóxicos em 2019", relata a Folha.
O "capetão" vai envenenar o povo brasileiro. A Folha informa que "o Brasil nunca importou tantos agrotóxicos como em 2019. Quase 335 mil toneladas de inseticidas, herbicidas e fungicidas desembarcaram no país de janeiro a dezembro". Volume é recorde histórico, 16% maior do que em 2018.
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Ainda segundo a Folha, o laranjal de Bolsonaro libera de forma acelerada o uso de agrotóxicos. No ano passado, foram registrados 474 novos pesticidas, a maior quantidade dos últimos 14 anos. Hoje, o Brasil tem 2.247 agrotóxicos registrados. Um crime para as gerações futuras.
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A expansão sem controle dos agrotóxicos sacia o apetite dos ruralistas e das multinacionais. Empresas como a suíça Syngenta e as alemãs Bayer e Basf obtêm seus maiores lucros no Brasil. "A Syngenta menciona o país como destaque nas vendas de agrotóxicos em 2019", relata a Folha.
Bolsonaro explora brechas para ditadura
Por Jeferson Miola, em seu blog:
Este texto constitui a 2ª parte do artigo O assobio do Bolsonaro à matilha, que pode ser lido aqui. Nele, afirmamos que com o assobio à matilha fascista representado na convocação de manifestações hostis ao Congresso e ao STF, Bolsonaro confirma seu desapreço pela débil institucionalidade ainda vigente no regime de exceção e sulca o caminho para o avanço ditatorial no país.
O assobio do Bolsonaro à matilha tem similitude histórica com o processo de esgarçamento institucional, político e social por meio do qual Hitler se alçou ao poder e implantou o regime nazista na Alemanha dos anos 1930.
Este texto constitui a 2ª parte do artigo O assobio do Bolsonaro à matilha, que pode ser lido aqui. Nele, afirmamos que com o assobio à matilha fascista representado na convocação de manifestações hostis ao Congresso e ao STF, Bolsonaro confirma seu desapreço pela débil institucionalidade ainda vigente no regime de exceção e sulca o caminho para o avanço ditatorial no país.
O assobio do Bolsonaro à matilha tem similitude histórica com o processo de esgarçamento institucional, político e social por meio do qual Hitler se alçou ao poder e implantou o regime nazista na Alemanha dos anos 1930.
"Pobre no avião, sinto o cheiro de longe"
Por Esther Solano, na revista CartaCapital:
Cena-1
Há dez anos moro no Brasil. Uma das coisas que mais me impressionaram quando aqui cheguei foi o elevador de serviço. Nunca havia visto um. São os objetos cotidianos os que carregam mais crueldade, porque a crueldade deles é aquela que se repete todo dia, a todo instante, sem descanso, um ciclo infinito e ao mesmo tempo tão costumeiro que ninguém lhe presta atenção.
Na época, quando vi o primeiro, não entendia sua utilidade, pensei que era um elevador exclusivo para quando o prédio ou algum apartamento individual passasse por reforma. Pensei ser estupidez e um desperdício sem sentido ter um elevador só para isso, até que certo dia entendi o seu real significado. Vários amigos haviam me falado que por esse elevador subia e descia “o serviço”, mas acho que eu não tinha realmente captado a magnitude do significado que expressava essa palavra.
Há dez anos moro no Brasil. Uma das coisas que mais me impressionaram quando aqui cheguei foi o elevador de serviço. Nunca havia visto um. São os objetos cotidianos os que carregam mais crueldade, porque a crueldade deles é aquela que se repete todo dia, a todo instante, sem descanso, um ciclo infinito e ao mesmo tempo tão costumeiro que ninguém lhe presta atenção.
Na época, quando vi o primeiro, não entendia sua utilidade, pensei que era um elevador exclusivo para quando o prédio ou algum apartamento individual passasse por reforma. Pensei ser estupidez e um desperdício sem sentido ter um elevador só para isso, até que certo dia entendi o seu real significado. Vários amigos haviam me falado que por esse elevador subia e descia “o serviço”, mas acho que eu não tinha realmente captado a magnitude do significado que expressava essa palavra.
Moro, o afilhado e a apologia do motim
Por Fernando Brito, em seu blog:
Sérgio Moro sai às redes sociais para capitalizar o fim do motim policial no Ceará.
Seu afilhado de casamento e diretor da Força Nacional de Segurança , Aginaldo de Oliveira, subiu ontem ao palanque, fardado, numa assembleia de amotinados para pedir calma, porque eles seriam protegidos.
“Acreditem: vocês são gigantes, vocês são monstros, vocês são corajosos; demonstraram isso ao longo desses dez, onze, doze dias que estão aqui dentro desse quartel, em busca de melhoria da classe, e vão conseguir. Vão conseguir! Sem palavras para dizer a coragem que vocês estão tendo ao longo desses dias”.
Sérgio Moro sai às redes sociais para capitalizar o fim do motim policial no Ceará.
Seu afilhado de casamento e diretor da Força Nacional de Segurança , Aginaldo de Oliveira, subiu ontem ao palanque, fardado, numa assembleia de amotinados para pedir calma, porque eles seriam protegidos.
“Acreditem: vocês são gigantes, vocês são monstros, vocês são corajosos; demonstraram isso ao longo desses dez, onze, doze dias que estão aqui dentro desse quartel, em busca de melhoria da classe, e vão conseguir. Vão conseguir! Sem palavras para dizer a coragem que vocês estão tendo ao longo desses dias”.
A resposta das ruas a Bolsonaro
Do site Vermelho:
As centrais sindicais, movimento social e partidos políticos intensificam nesta semana a mobilização para uma série de atos políticos em defesa da democracia, do emprego, dos serviços públicos e da educação.
A atitude de Bolsonaro em compartilhar vídeo convocando manifestação contra o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal) acabou ampliando a pauta de reivindicação dos movimentos.
A paralisação nacional da educação em defesa dos serviços públicos, marcada para próximo dia 18, por exemplo, terá como tema também a defesa da democracia.
Antes, mais dois atos nos dias 8 (Dia Internacional da Mulher) e 14 de março (Memória da morte da vereadora Marielle Franco) devem ganhar peso por conta do clima político.
As centrais sindicais, movimento social e partidos políticos intensificam nesta semana a mobilização para uma série de atos políticos em defesa da democracia, do emprego, dos serviços públicos e da educação.
A atitude de Bolsonaro em compartilhar vídeo convocando manifestação contra o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal) acabou ampliando a pauta de reivindicação dos movimentos.
A paralisação nacional da educação em defesa dos serviços públicos, marcada para próximo dia 18, por exemplo, terá como tema também a defesa da democracia.
Antes, mais dois atos nos dias 8 (Dia Internacional da Mulher) e 14 de março (Memória da morte da vereadora Marielle Franco) devem ganhar peso por conta do clima político.
Sindicalismo e o tripé equilibrado
Por João Guilherme Vargas Netto
Para agir corretamente nos dias de hoje é preciso equilibrar o tripé com a defesa da democracia, o respeito às instituições e a exigência de medidas emergenciais que aliviem o sufoco do povo.
Mas o estardalhaço das redes sociais e o apelo desenfreado às ruas tiram o foco das questões que dão fundamento à crise e daquelas que dizem respeito aos interesses dos trabalhadores e do povo.
Qual dirigente sindical, qual ativista, qual trabalhador pode acompanhar as tratativas e negociações a respeito do orçamento nacional e o uso de suas emendas pelos parlamentares? Qual de nós pode afirmar, com conhecimento de causa, a quantas andam a MP 905, as PECs governamentais, as reformas tributária e administrativa? E como estão a retomada do crescimento e a criação de empregos?
Para agir corretamente nos dias de hoje é preciso equilibrar o tripé com a defesa da democracia, o respeito às instituições e a exigência de medidas emergenciais que aliviem o sufoco do povo.
Mas o estardalhaço das redes sociais e o apelo desenfreado às ruas tiram o foco das questões que dão fundamento à crise e daquelas que dizem respeito aos interesses dos trabalhadores e do povo.
Qual dirigente sindical, qual ativista, qual trabalhador pode acompanhar as tratativas e negociações a respeito do orçamento nacional e o uso de suas emendas pelos parlamentares? Qual de nós pode afirmar, com conhecimento de causa, a quantas andam a MP 905, as PECs governamentais, as reformas tributária e administrativa? E como estão a retomada do crescimento e a criação de empregos?
A decadência do Brasil enquanto nação
Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual:
Desde a sua fundação enquanto colônia, o Brasil se constituiu no formato de um entreposto do comércio externo.
Através da grande empresa colonial portuguesa, o território foi dominado pela gerência da terra, opressão da população indígena local e organização da produção para a instalação do ciclo de exportação extrativista.
A arte de governar estabelecida pela grande empresa colonial impôs de forma inédita o domínio transoceânico pela metrópole portuguesa no século 16. Assim, o Brasil colônia estava simultaneamente integrado com a África pelo tráfico escravista e com a Europa pela exportação de primários e a importação de bens de maior valor agregado de cada época.
Através da grande empresa colonial portuguesa, o território foi dominado pela gerência da terra, opressão da população indígena local e organização da produção para a instalação do ciclo de exportação extrativista.
A arte de governar estabelecida pela grande empresa colonial impôs de forma inédita o domínio transoceânico pela metrópole portuguesa no século 16. Assim, o Brasil colônia estava simultaneamente integrado com a África pelo tráfico escravista e com a Europa pela exportação de primários e a importação de bens de maior valor agregado de cada época.
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