terça-feira, 4 de outubro de 2022

O voto evangélico não pode ser perdido

Foto: Ricardo Stuckert
Por Fernando Brito, em seu blog:

Análise após análise do resultado das eleições, há um fator que deve merecer toda a atenção e que, até agora, mereceu apenas algumas leves menções.

Admitindo que as pesquisas subestimaram os resultados de Jair Bolsonaro, não será exagero dizer que ele teve de 25 a 30 pontos acima de Lula no eleitorado evangélico, algo como 25 a 30% da população.

Uma percentagem sobre a outra, isso dá, por baixo, uma vantagem ao fascista de 6% do eleitorado nacional, muito mais que a votação de Simone Tebet e Ciro Gomes. Por cima, mais que a dos dois somados.

Não deixar que essa deformação das eleições pela orientação religiosa cresça e até diminuí-la tanto quanto possível é essencial para enfrentarmos o 2° turno.

A ultradireita contra a Arca de Noé

Charge: Aroeira
Por Paulo Nogueira Batista Jr.

Estamos em estado de choque, leitor. Começo este artigo na noite de domingo, dia do primeiro turno. Tinha um outro artigo, praticamente pronto, para publicar na segunda-feira seguinte, intitulado “O terceiro turno”, no qual fazia considerações sobre a pretensão do poder econômico-financeiro de colonizar o futuro governo Lula. Um resumo chegou a ser publicado na revista Carta Capital. A versão completa foi, porém, engavetada para uma ocasião mais oportuna, por motivos óbvios.

A bolsonarização do Brasil e do Congresso

Charge: Gilmar
Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:


Vimos todos que o bolsonarismo é maior do que o imaginado e o mensurado pelos institutos de pesquisa. Que a vitória de Bolsonaro em 2018 não foi fenômeno sazonal produzido pela demonização da política e o antilulopetismo, filhos da Lava Jato. O resultado do primeiro turno nos mostra também que o bolsonarismo entranhou-se e deitou raízes mais fundas na sociedade brasileira, e que agora chegou ao Congresso a polarização entre a esquerda e a extrema direita, reduzindo a força da direita fisiológica, que de resto continuará servindo a Bolsonaro, na hipótese tenebrosa de sua reeleição.

Para alcançar 2023, focar na 'pauta do povo'

Charge: Serko
Por Paulo Kliass, no site Outras Palavras:

A apuração dos resultados do primeiro turno das eleições aponta para um conjunto de surpresas a respeito do comportamento dos eleitores em comparação com aquilo que era projetado pelas pesquisas de intenção de voto. É bem verdade que os números finais e nacionais para o Presidente da República confirmaram a tendência de que Lula chegasse à frente de Bolsonaro, faltando apenas 1,5% para que não houvesse mais necessidade de um segundo turno para a definição do próximo ocupante do cargo.

Mobilização total para eleger Lula

Foto: Ricardo Stuckert
Do site da CTB:

Em reunião realizada no dia 4 de outubro de 2022 a Direção Executiva Nacional da CTB debateu a conjuntura e aprovou a seguinte resolução política:

1- O pronunciamento das urnas no último domingo, 2 de outubro, significa uma grande vitória para o candidato das forças progressistas, cujo adversário teve a seu favor o orçamento secreto e o poder
governamental, que usou de forma despudorada e ilícita, ao lado da campanha de calúnias e Fake News nas redes sociais. O primeiro turno acentuou a polarização política do país entre as forças democráticas e de esquerda e a extrema direita;

PDT declara apoio a Lula no segundo turno

Reprodução do Twitter
Da revista Fórum:

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, revelou em coletiva realizada nesta terça-feira (4) que o seu partido, de maneira unânime, vai apoiar a candidatura de Lula (PT) no segundo turno da disputa presidencial.

A decisão foi tomada pela direção executiva do partido em reunião que contou com a participação de Ciro Gomes, que disputou o pleito nacional pelo PDT e terminou em quarto lugar com 3% das intenções de votos.

“Toda a executiva nacional do partido, mais os presidentes estaduais, deputados, decidimos de forma unânime apoiar a candidatura mais próxima de nós, que é a do Lula. Nós estamos chamando de a candidatura 12+1", brincou Lupi.

O Brasil sob a névoa da guerra

Taguatinga Norte (DF), 02/10/22
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Por Cristina Serra, em seu blog:


No cenário de águas turvas que as pesquisas de opinião não conseguiram captar completamente, o eleitor deu seu recado e o retrato do Brasil que sai das urnas neste primeiro turno não é bonito.

É verdade que Lula mantém capacidade extraordinária de liderança, a despeito do imenso investimento das forças de direita e de extrema direita para desconstruir sua trajetória desde a Lava Jato. Mas o patamar de votos de Bolsonaro zera completamente o jogo. Na guerra, é uma oportunidade de ouro.

A dianteira de Tarcísio de Freitas, em São Paulo, e as eleições para governador no Rio de Janeiro e em Minas Gerais reforçam as trincheiras de Bolsonaro. A eleição de figuras que simbolizam tudo o que seu governo fez de mais cruel (Pazuello, Salles, Damares, Tereza Cristina, Mário Frias, Mourão etc) também diz muito sobre um Brasil medonho e que é dolorosamente real.

Precisamos conversar sobre as eleições

Charge: Pataxó
Por Maria Inês Nassif, no site Viomundo:


Dificilmente os processos históricos são interrompidos por uma explosão. Para superar o momento traumático que vivemos, é preciso erigir solidamente um movimento que a ele se oponha, e com força para superá-lo.

É preciso construir uma contraposição dialética à destruição, a um momento movido pela irracionalidade do eleitor.

Esse movimento de oposição ao fascismo tem que se mostrar sólido em seus alicerces e capaz de oferecer segurança às multidões que aderiram ao individualismo como forma de proteção contra o caos e a insegurança.

Isso explica a impossibilidade de eliminar o bolsonarismo com uma simples banana de dinamite.

Vai ser preciso muito mais do que uma explosão, porque o bolsonarismo é uma construção histórica – e contra ele apenas vencerá a consolidação, no seu outro lado, de uma construção histórica democrática e antifascista.

Os 5 mandamentos da campanha de Lula

Foto: Ricardo Stuckert
Por André Cintra, no site Vermelho:


Após conquistar um recorde de 57,2 milhões de votos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se prepara para “ir a campo” e impulsionar sua campanha no segundo turno. O embate inicial nas urnas, neste domingo (2), terminou com uma vantagem de 6,1 milhões de votos de Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL). É a primeira vez que um candidato a reeleição ao Planalto termina o turno inicial em segundo lugar.

Apesar da desvantagem, Bolsonaro parece desconfortável com a urgência de pleitear adesões à sua candidatura. Ainda no domingo, em bate-papo com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, ele destratou as presidenciáveis Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) com apelidos pejorativos. À imprensa, minutos depois, o presidente sublinhou que a prioridade é ter o apoio do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Ânimo! Vamos ganhar as eleições!

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Desculpem, mas dá pra ganhar

Charge: Aroeira
Por Gilberto Maringoni

1. O resultado das eleições deste 2 de outubro é impactante em vários aspectos. O primeiro e mais evidente é o da falha gritante das pesquisas: elas não captaram a força do bolsonarismo e de seus agregados na sociedade brasileira.

2. O Brasil é muito mais conservador do que supunha nossa vã filosofia. Para qualquer um, que se paute por um pensamento democrático e progressista, é chocante ver gente como Hamilton Mourão, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Ricardo Salles, Mario Frias, Damares Alves, Magno Malta e semelhantes serem consagrados pelo voto popular. Temos aqui o enraizamento social da extrema-direita após os quase 700 mil mortos da pandemia, os 33 milhões com fome, a apologia das armas e de tudo o mais. O fascismo não nos é mais um corpo estranho; foi naturalizado. Ao mesmo tempo, esse é o país que gera o fenômeno Boulos, que trafega em sentido contrário, com um milhão de votos.

Sem ilusão

Foto: Ricardo Stuckert
Por Manuel Domingos Neto

Lula teve mais votos do que seu adversário. Governadores progressistas foram eleitos no primeiro turno. Outros, podem ganhar no segundo. O PT aumentou sua bancada na Câmara... Polianas apaziguam almas inquietas. Preferem não encarar o perigo.

O fato é que um Mourão sem carisma toma a vaga de um ícone da resistência democrática. O impiedoso Pazzuello é campeão de votos no Rio. Um ex-juiz destroçador de empregos, de capacidades técnicas e de instituições ganha cadeira no Senado. Um destruidor de florestas e um astronauta que menospreza a ciência são consagrados no poderoso e civilizado estado de São Paulo. Um desconhecido supera Haddad se apresentando como cumpridor de “missão do Capitão”.

Reunião do comando da campanha Lula-Alckmin

Lula atinge recorde de votos em 1º turno

Como em quatro retrocedemos tanto?

O tamanho da esquerda na Câmara Federal

Como entender o 1º turno surpreendente

Lula vencerá no segundo turno

Charge: Simanca
Por Jeferson Miola, em seu blog:

É compreensível o espanto com o resultado do primeiro turno. Afinal, o desempenho de Bolsonaro foi 5% superior ao detectado nas pesquisas de opinião ao longo de meses, a diferença pró-Lula em MG não se confirmou e o bolsonarismo foi exitoso em SP e no RJ.

Além disso, a extrema-direita – especialmente a facção bolsonarista, mais que a moro-lavajatista – cresceu significativamente e elegeu destacados expoentes do fascismo.

O processo perturbador de fascistização do país, que se expressa, além de outras dimensões conhecidas, também no peso relevante que a extrema-direita terá no Congresso eleito, é um capítulo à parte, que deve ser encarado com absoluta primazia no imediato pós-segundo turno.

Neste momento, no entanto, é prioritário analisar o resultado eleitoral em si e buscar entender seus possíveis desdobramentos para a disputa final no próximo 30 de outubro:

Lula terá que fazer concessões ao centro

Charge: Wagner Passos
Por Helena Chagas, no site Brasil-247:


O ex-presidente Lula precisa apenas de dois pontos percentuais para ganhar no primeiro turno.

Embora a diferença de cinco pontos para Jair Bolsonaro seja curta, o petista é o favorito, dada a rejeição do presidente e a forte possibilidade de sua coligação obter os apoios do PDT de Ciro Gomes e do MDB de Simone Tebet. A soma de ambos no primeiro turno alcança sete pontos percentuais, e não será difícil transferir dois.

Uma coisa fica clara, porém: Lula terá que fazer alianças ao centro, e não apenas para vencer a eleição, mas principalmente para governar, se isso vier a ocorrer. A onda bolsonarista que varreu o Congresso deixou as forças de esquerda francamente minoritárias nas duas Casas.

A primavera está atrasada, mas virá

Foto: Ricardo Stuckert
Por Fernando Brito, em seu blog:

Aqui no Rio, a segunda-feira amanheceu chuvosa e acabrunhada, como conviria a um domingo em que a frustração da vitória insuficiente encheu a tantos de tristeza.

Por isso mesmo, não se deve deixar a cabeça a procurar erros e culpas, mas focar no que esta frustração não nos deixa ver.

A máquina de corrupção e ódio do Governo Federal foi vencida, apesar da maior distribuição de dinheiro da história.

Lula obteve, numericamente, a maior votação e, percentualmente, tão alta quanto em 2006, quando ganhou no 2° turno com 60% dos votos.