quinta-feira, 1 de dezembro de 2022
Lula manda e as Forças Armadas obedecem
1º de janeiro de 2003 |
A expectativa a respeito da escolha do ministro da Defesa e dos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica está no mesmo nível da ansiedade – e da histeria – do mercado financeiro acerca da definição dos ministros da área econômica.
Na montagem do governo Lula I [2003/2006], a definição do ministro da Defesa transcorreu com naturalidade; sem sobressaltos. O anúncio do titular da Pasta, embaixador José Viegas, somente aconteceu em 23 de dezembro de 2002, no último lote de anúncios do ministério.
No contexto brasileiro atual, contudo, a questão militar e a gestão econômica são os dois assuntos mais sensíveis do processo de transição do governo eleito.
Lula organiza e monta seu terceiro governo flanqueado, por um lado, pelas cúpulas militares; e, por outro lado, por setores poderosos do capital. E é, ainda, restringido pelo esquema corrupto do orçamento secreto do Congresso Nacional.
Mal-estar na indicação de Múcio para Defesa
Charge: Fredy Varela |
A candidatura de José Múcio para o Ministério da Defesa ameaça transformar-se no primeiro grande conflito político do governo Lula.
Num universo habituado a se mover em silêncio, as tensões provocadas pela indicação são crescentes.
Quadro experiente do conservadorismo brasileiro, que passou o regime de 64 nas asas do PFL e adjacências, Múcio tem sido apontado como o gerente ideal para administrar uma das mais delicadas questões políticas da República -- o lugar dos comandantes militares em nossa democracia.
A questão é complexa, porém.
Sabemos que no artigo 142 a Carta de 1988 consagra subordinação das Forças Armadas ao poder civil ao dizer que elas constituem "instituições nacionais, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República".
Tempo certo da questão trabalhista
Foto: Cláudio Kbene/Divulgação |
Ao reler os contos de Machado de Assis temos as mesmas sensações de um avarento ao recontar as moedas de seu tesouro. Cada um deles, assim como cada uma delas, é um novo deslumbramento.
É o que acontece com o conto “Tempo de crise”, de 1873, em que se narram as especulações políticas sobre uma troca de governo. Com exceção do dito “lamber os vidros por dentro”, que à época queria dizer o mesmo que “trocar as meias sem tirar os sapatos”, de hoje, o conto é de uma atualidade e precisão surpreendentes ( o que se passava na Rua do Ouvidor passa-se agora aceleradamente nas redes sociais).
Cabem todas as dúvidas e opiniões de quem participa ou de quem apenas comenta, que são muitas.
A linguagem e o autoengano bolsonarista
Por Jair de Souza
O povo brasileiro está vivenciando um momento crucial para a história de toda a humanidade. O porvir dos embates que estão se desenrolando em nosso país vai ser também, em grande medida, determinante para o desenlace da luta global contra o ressurgimento do nazismo.
A análise da evolução histórica do capitalismo nos mostra que o fascismo é um dos recursos extremos ao qual as forças do grande capital apelam em seus intentos de aniquilar a resistência popular em períodos de sérias crises existenciais para esse sistema de exploração social. As peculiaridades adotadas pelo fascismo sofrem variações em função das especificidades presentes em cada povo, região ou momento em que o mesmo aparece.
O povo brasileiro está vivenciando um momento crucial para a história de toda a humanidade. O porvir dos embates que estão se desenrolando em nosso país vai ser também, em grande medida, determinante para o desenlace da luta global contra o ressurgimento do nazismo.
A análise da evolução histórica do capitalismo nos mostra que o fascismo é um dos recursos extremos ao qual as forças do grande capital apelam em seus intentos de aniquilar a resistência popular em períodos de sérias crises existenciais para esse sistema de exploração social. As peculiaridades adotadas pelo fascismo sofrem variações em função das especificidades presentes em cada povo, região ou momento em que o mesmo aparece.
quarta-feira, 30 de novembro de 2022
terça-feira, 29 de novembro de 2022
Fascismo: a educação chora por Aracruz
Por Gilson Reis
Estarrecida, destruída, inconformada, sangrando, dilacerada, chorando lágrimas de tristeza incontida. Assim está a educação, assim está cada um de nós, seres humanos, brasileiros e brasileiras com um mínimo de humanismo, compaixão e empatia.
A cidade de Aracruz, no norte do Espírito Santo, depois de ser afogada pelas lamas da Samarco/Vale - no maior crime ambiental da história do Brasil, que destruiu o Rio Doce, uma das maiores bacias hidrográficas do País -, agora se vê diante de um dos mais bárbaros crimes contra a educação e a infância/juventude.
Na manhã da última sexta-feira (25), um adolescente de 16 anos, filho de um militar que cultua o fascismo com prática de vida - e, portanto, como modelo de educação e formação do filho -, acordou decidido a matar. Armou-se com armas letais, instrumentos de adoração do pai, e foi à caça de estudantes e professores de duas escolas do bairro de Coqueiral, na triste e melancólica Aracruz.
Estarrecida, destruída, inconformada, sangrando, dilacerada, chorando lágrimas de tristeza incontida. Assim está a educação, assim está cada um de nós, seres humanos, brasileiros e brasileiras com um mínimo de humanismo, compaixão e empatia.
A cidade de Aracruz, no norte do Espírito Santo, depois de ser afogada pelas lamas da Samarco/Vale - no maior crime ambiental da história do Brasil, que destruiu o Rio Doce, uma das maiores bacias hidrográficas do País -, agora se vê diante de um dos mais bárbaros crimes contra a educação e a infância/juventude.
Na manhã da última sexta-feira (25), um adolescente de 16 anos, filho de um militar que cultua o fascismo com prática de vida - e, portanto, como modelo de educação e formação do filho -, acordou decidido a matar. Armou-se com armas letais, instrumentos de adoração do pai, e foi à caça de estudantes e professores de duas escolas do bairro de Coqueiral, na triste e melancólica Aracruz.
Despesa com juros não tem teto
Por Paulo Kliass, no site Vermelho:
Uma vez confirmados os resultados do processo das eleições de outubro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as especulações e pressões exercidas pelos representantes do sistema financeiro voltaram-se imediatamente para a formação do novo governo. Apesar do silêncio criminoso do Bolsonaro e de sua recusa em assumir publicamente a derrota nas urnas, ampliam-se a cada dia as dificuldades políticas para que ele consiga promover algum tipo de golpe, com a ajuda do comando das Forças Armadas, para impedir a posse de Lula em 1º de janeiro próximo.
Uma vez confirmados os resultados do processo das eleições de outubro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as especulações e pressões exercidas pelos representantes do sistema financeiro voltaram-se imediatamente para a formação do novo governo. Apesar do silêncio criminoso do Bolsonaro e de sua recusa em assumir publicamente a derrota nas urnas, ampliam-se a cada dia as dificuldades políticas para que ele consiga promover algum tipo de golpe, com a ajuda do comando das Forças Armadas, para impedir a posse de Lula em 1º de janeiro próximo.
A violência que nos dilacera
Por Cristina Serra, em seu blog:
O massacre em Aracruz, no Espírito Santo, nos dilacera como sociedade e nos lembra que escolas deixaram de ser o lugar seguro onde crianças, jovens e mestres devem florescer juntos.
O Brasil foi inscrito no mapa dessa tragédia em abril de 2011, numa escola do bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, quando um ex-aluno abriu fogo e matou 12 crianças e adolescentes. De lá para cá, contam-se, pelo menos, mais 11 atentados e carnificinas em escolas e creches. Há diferenças nas motivações e execução, mas os crimes se assemelham na brutalidade e covardia contra vítimas indefesas.
No caso de Aracruz, que resultou na morte de quatro pessoas, há um componente de alarmante gravidade. O assassino de 16 anos usava uma suástica nazista na roupa e demonstrou profissionalismo incomum ao arrombar o portão de duas escolas, dirigir o carro e usar as armas do crime. As armas pertencem ao pai, um policial militar que publicou post sobre o livro de Hitler, “Minha luta”, base da ideologia nazista e de todos os seus horrores.
O massacre em Aracruz, no Espírito Santo, nos dilacera como sociedade e nos lembra que escolas deixaram de ser o lugar seguro onde crianças, jovens e mestres devem florescer juntos.
O Brasil foi inscrito no mapa dessa tragédia em abril de 2011, numa escola do bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, quando um ex-aluno abriu fogo e matou 12 crianças e adolescentes. De lá para cá, contam-se, pelo menos, mais 11 atentados e carnificinas em escolas e creches. Há diferenças nas motivações e execução, mas os crimes se assemelham na brutalidade e covardia contra vítimas indefesas.
No caso de Aracruz, que resultou na morte de quatro pessoas, há um componente de alarmante gravidade. O assassino de 16 anos usava uma suástica nazista na roupa e demonstrou profissionalismo incomum ao arrombar o portão de duas escolas, dirigir o carro e usar as armas do crime. As armas pertencem ao pai, um policial militar que publicou post sobre o livro de Hitler, “Minha luta”, base da ideologia nazista e de todos os seus horrores.
O jogo de chantagens de Campos Neto no BC
Por Luis Nassif, no jornal GGN:
Coube a José Roberto Afonso, maior especialista em política tributária do país – funcionário aposentado do BNDES e professor do IDP em Portugal – o feito de desmascarar uma chantagem usual, da qual se vale o Banco Central para firmar seu poder.
As afirmações foram feitas em entrevista ao jornal Valor Econômico.
O autor, no caso, foi Roberto Campos Neto, presidente do BC. Recentemente, em um evento, Campos Neto alertou para os riscos fiscais do país.
Simultaneamente, o presidente do BTG-Pactual, André Esteves, alertou para o risco do investidor desistir de adquirir títulos públicos.
Sobre Campos Neto, o julgamento foi duro: “Espero que tenha sido um momento de amnésia temporária (de Campos Neto). Já que não tem Ministro da Fazenda, espero que ele tenha se confundido e esquecido que é presidente do BC”.
Coube a José Roberto Afonso, maior especialista em política tributária do país – funcionário aposentado do BNDES e professor do IDP em Portugal – o feito de desmascarar uma chantagem usual, da qual se vale o Banco Central para firmar seu poder.
As afirmações foram feitas em entrevista ao jornal Valor Econômico.
O autor, no caso, foi Roberto Campos Neto, presidente do BC. Recentemente, em um evento, Campos Neto alertou para os riscos fiscais do país.
Simultaneamente, o presidente do BTG-Pactual, André Esteves, alertou para o risco do investidor desistir de adquirir títulos públicos.
Sobre Campos Neto, o julgamento foi duro: “Espero que tenha sido um momento de amnésia temporária (de Campos Neto). Já que não tem Ministro da Fazenda, espero que ele tenha se confundido e esquecido que é presidente do BC”.
Os generais que se rebaixam
Charge: Venes |
A anunciada decisão dos comandantes militares de deixarem seus cargos antes da posse do presidente eleito, para que não tenham de bater continência a Lula, é – espera-se – o último episódio da aventura suicida em que as Forças Armadas se lançaram desde que acharam que Jair Bolsonaro seria o caminho para uma impossível volta ao mando que tiveram sobre o país durante a ditadura.
Nem tanto pelo destino dos comandantes – que deixam os cargos, rumo a uma confortável aposentadoria, livre dos limites impostos aos civis – mas pelo mau exemplo que dão aos seus comandados, que veem seus chefes, por razões de ordem meramente político-ideológica, recusarem-se à disciplina e à fidalguia indispensáveis a quem deveria ser o espelho de suas tropas.
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